Os Winchester Voltam Para a Escola

em domingo, 21 de outubro de 2018

Quando a gente pensa que não falta acontecer mais nada em Supernatural – literalmente, já tivemos de tudo: anjos, demônios, loira do banheiro, Wendigo, fantasma criança, fantasma velho, fantasma bizarro, fantasma bonzinho, Rei do Inferno, Bruxa Druida, médium, voodoo, necromancia, Adolf Hitler(!), Espantalho, Metamorfo, Monstros Clássicos do Cinema, deuses revoltados, semideuses atazanados, ninfas malucas, RPG, Feitiço do Tempo, Arcanjo pirado na batatinha, Caim, queda da quarta parede num episódio em que os meninos tiveram que encarnar os atores que interpretam Sam e Dean, ou seja, eles mesmos, Titanic salvo, depois naufragado de novo, desenhos animados, velho oeste, família Frankenstein, leviatãs, folclore de praticamente todas as partes do mundo, O Curioso Caso de Benjamin Button... Para falar a verdade, só estou sentindo falta do Saci Pererê, a Cuca do Sítio do Pica-Pau Amarelo e um especial com os Simpsons. Até crossover com o Scooby Doo nós tivemos – três temporadas depois desse episódio, mas tivemos. Enfim, quando a gente pensa que Supernatural não tem mais de onde tirar uma ideia avassaladora para comemorar seu episódio N° 200 (!!!), eis que os roteiristas sacam um musical escolar da cartola, e transformam um roteiro extremamente simples numa sessão nostalgia, com um imenso catálogo de referências às dez primeiras temporadas da série – incluindo as diferentes aberturas que vimos ao longo dos primeiros dez anos –, tão grande que se eu tiver que comentar cada uma ao longo da review, conectando-as às suas tramas correspondentes, essa review terá dez mil páginas!
Como não pretendo escrever um texto tão longo assim, só vou comentar as referências absolutamente indispensáveis – até porque, duvido que eu me lembre claramente do contexto de cada uma. São dez temporadas! Duzentos episódios! Cadê minha enciclopédia? Aliás, cadê meu cânone?
Bem, vamos do princípio. Como eu disse, esse é o episódio N° 200 de Supernatural, portanto era um momento de comemoração. Dá para contar nos dedos as séries não focadas em comédia que tenham alcançado tal marca. Aliás, acho que dá para contar nos dedos mesmo incluindo as séries de comédia. A maioria não chega tão longe assim. E o mais assombroso: chegar à marca de 200 episódios depois das duas temporadas [inclua o palavrão de sua preferência aqui] da novela mexicana linguiciana e abobrinhana – sim, eu sei que essas palavras não existem, mas foram as mais delicadas em que consegui pensar – que Sera Gamble tentou nos enfiar goela abaixo com aquela tragédia dos leviatãs, a mãe dos monstros, e o diabo a quatro que ela tentou conduzir entre a sexta e sétima temporadas. Sério, se Supernatural conseguiu sobreviver a isso, realmente o negócio da família está completamente assegurado até a centésima geração.
Curiosamente, eu tenho três episódios da sexta temporada e um da sétima na minha lista de favoritos da série, mas entre um e outro, existem episódios que literalmente me dão nojo. E não estou falando só pelos insetos bizarros; o contexto todo era nauseante demais.
Enfim, depois dessa longa explanação, só preciso acrescentar que Supernatural nunca erra quando resolve rir de si mesma, e nessas ocasiões sempre nos brinda com episódios cômicos dignos de aplausos.
Que foi o caso deste aqui, que além de homenagear a história da série, a trajetória de Sam e Dean Winchester e comemorar sua marca importante, mais uma vez derrubou a quarta parede para homenagear quem realmente é responsável pelo sucesso da série: os fãs. Queira ou não queira, produção nenhuma se sustenta sem eles. São eles que abastecem essa indústria, e ainda engrossam o cânone de cada universo com suas próprias ideias que vivem entupindo a internet.
Então, sem mais delongas, com vocês:

Eu sempre opto pelo título traduzido, mas neste caso, o termo é tão comum na nossa linguagem, que achei mais prático que a tradução.
O episódio começa no auditório da Academia Santo Afonso, uma escola exclusiva para meninas em Lint, Michigan, que está preparando um espetáculo musical baseado na série de livros “Supernatural”, de Carver Edlund – Chuck, para os íntimos –, que conta a trajetória de Sam e Dean Winchester, desde a morte da mãe na infância, até suas viagens caçando monstros. Chuck parou de publicar os livros na quinta temporada, deixando a saga incompleta, mas Marie, diretora e roteirista da peça criou sua própria versão para encerrar a história.
E ela não está muito satisfeita com o desempenho das atrizes principais, que interpretam Sam e Dean. Primeiro, porque Siobhan, que interpreta Dean, se recusa a usar o Samuleto, símbolo do amor fraterno dos Winchester – que eu sinceramente não lembro em qual momento da série desapareceu de cena –, e as meninas imediatamente começam uma treta, que só não terminou em pancadaria, porque a professora se levantou, e botou ordem no galinheiro prometendo cancelar a produção.
Daí a professora Chandler saiu da escola enchendo a cara e reclamando no celular, e acabou sendo misteriosamente sequestrada por um arbusto.
Uma coisa super natural. Pegaram o trocadilho?
E como professoras sendo tragadas por arbustos não é algo que acontece todo dia, lá vão nossos heróis resolver mais uma encrenca sobrenatural.
E musical.
Podem imaginar a surpresa dos nossos rapazes ao perceberem que o espetáculo que as meninas estão preparando é baseado na vida deles!?
De cara eles já veem Bobby Singer ensaiando a melhor entonação para chamá-los de idiotas. Depois eles veem o Castiel, com asas e tudo circulando pelo auditório. Depois assistem em primeira mão Dean Winchester cantando uma versão de The Road So Far, enquanto o resto do elenco apresenta uma pantomima contando como John e Mary Winchester eram felizes, até que o demônio de olhos amarelos apareceu, tentando roubar o bebê Sam de seu berço, no evento que resultou na morte da mãe deles.
A princípio, as meninas pensaram que os rapazes fossem representantes da editora, que elas fizeram questão de contatar para avisar que estavam montando uma versão dos livros do Chuck. Mas aí eles puxaram dois distintivos do FBI, ligeiramente parecidos com aqueles que as duas atrizes que os interpretam na peça estão usando para tirar fotos – nenhum dos dois é uma réplica exata dos distintivos verdadeiros do FBI, pois lá na terra do Tio Sam é crime falsificar esse tipo de documento, mesmo para usar em filmes e séries de TV –, e começaram a explicar que estavam lá para investigar o sumiço da professora de teatro.
Não sou especialista em autoridades legais, mas investigar pessoas desaparecidas não está na jurisdição do Departamento de Polícia local? Até Once Upon a Time, que cometeu uma infinidade de gafes no roteiro sabia disso. Desde quando os federais são pagos para procurar professoras alcoólatras?
Enfim...
A princípio, Dean está mais interessado em convencer as meninas de que ninguém canta em Supernatural. Mas essa é a interpretação da Marie. Embora, segundo Dean, se alguém cantasse em Supernatural, seria um rock clássico, e não aquela coisa melosa, e Marie informa que prepararam uma versão de Carry On My Wayward Son para o final do segundo ato, e se estão lembrados, era essa música que tocava no final da maioria dos episódios da primeira temporada.
Mas como a preferência musical dos Agentes Smith & Smith – e não estou falando de Brad e Angelina, tá, gente?! Não sei se era intenção dos roteiristas que alguém fizesse essa comparação – não é o foco da investigação, vamos falar do sumiço da Sra. Chandler.
Segundo Marie, a professora saiu do auditório por volta das nove e meia, e depois disso não a viram mais. Ela pode ter ido a um bar ou a uma loja de bebidas... Ou os dois. Porque, agora que estão autorizadas a fazer fofocas, as meninas ficam felizes em contar aos supostos agentes que sua professora tem passado a maior parte do tempo esvaziando copos, desde o divórcio difícil no ano passado.
Então os rapazes pedem que as meninas mostrem a sala da professora e os bastidores da peça.
Por ora, eles vão fingir que gostam do espetáculo, para que as meninas colaborem, mas embora Sam afirme ver certo charme em todo o valor da produção, Dean não está gostando nadinha de ser representado por meninas com barba postiça.
E eu já te aviso, bonitão, vai piorar! Confie em mim.
Enquanto xeretam por aí, guiados pelas estudantes, Dean dá uma boa examinada nos objetos de cena, tentando descobrir algum objeto amaldiçoado no meio das bugigangas, mas tudo ali parece normal: só um monte de facas de papelão forradas com papel alumínio, uma réplica do diário de John Winchester, tigelas – provavelmente afanadas na cozinha de casa –, armas de brinquedo, pedaços de cadáveres feitos de pano, amuletos artesanais...
Mas Marie é meio paranoica quanto a quem pode tocar seus objetos cenográficos, e não deixa Dean brincar com armas, mesmo ela sendo claramente um brinquedo.
Falando nisso...
Outra piadinha bastante significativa que os roteiristas fizeram questão de incluir no episódio. Mais ou menos desde que a série foi lançada os fãs lotam a internet com fanfics em torno de um possível relacionamento incestuoso entre os irmãos Winchester. Eu não sou particularmente fã dessa versão, e não vejo a relação dos dois por essa ótica. Não é nem a questão do homossexualismo; como eu já comentei aqui em outra postagem, desconfio de um provável sentimento do Castiel pelo Dean. Se a recíproca é verdadeira, aí eu prefiro deixar que os fãs decidam.
Aliás, falando no Cas e seu possível shipper com o Dean, teremos notícias disso daqui a pouco.
E sim, isso foi um spoiler do episódio, mas quando a review inteira é um spoiler, não tem sentido sinalizar. Como diria a Marie, tem um subtexto.
Enquanto Dean enfrenta sua saia justa com as covers Winchester, Sam interroga Maeve, assistente de produção, sobre ruídos estranhos durante os ensaios, e ela mostra a ele em primeira mão os efeitos sonoros que prepararam, e que ela mesma opera, que incluem portas rangendo, garras arranhando, gritos de horror, vento sobrenatural...
Quer mesmo saber sobre ruídos estranhos, Sam?
Luzes piscando também são efeitos planejados pela produção. Nada anormal nos bastidores. Pelo menos, não perto da mesa de som.
Quanto à sala da professora, está recheada de... garrafas vazias. O Chaves ali, faria a festa...
Agora, explique, Marie, que diabo é aquele protótipo de robô em cima da mesa? Sua professora era da turminha do Sheldon Cooper, fã de Guerra nas Estrelas?
Sim, Dean, você entendeu certo. A pequena Shakespeare aí tomou a liberdade de incluir monstros espaciais no roteiro. E a gente pensando que depois dos leviatãs da Sera Gamble nada mais bizarro poderia aparecer em Supernatural...
Como Chuck parou de escrever os livros depois da quinta temporada, ela decidiu terminar a história à sua maneira. Porque ela não comprou a ideia de Dean ter parado de caçar e sossegado o facho com a Lisa, nem do Sam ter voltado do inferno e esquecido de procurar o irmão.
Ah, é, também rola um boato de que o Dean fará uma operação de mudança de sexo no final da peça.
Mas a reação do Dean não pode ser relatada aqui, senão, em tempos do politicamente correto, podem tirar o meu blog do ar. Mas vou jogar uma imagem que talvez a descreva.
Certo, Shakespeare, tá na hora de o Agente Smith aí, sem parentesco com o outro Agente Smith do episódio, te contar o que realmente aconteceu com Sam e Dean nessa série. A história que o Chuck não publicou é a seguinte: Para começar, o Sam voltou do inferno sem alma. Daí o Castiel trouxe um bando de leviatãs do Purgatório – bem lembrado, aquele pandemônio foi culpa do Cas. Pau nele, gente! –, e enquanto tentavam resolver essa encrenca, eles perderam o Bobby. Depois disso o Dean e o Castiel ficaram presos no Purgatório – não lembro como –, o Sam atropelou um cachorro, e eles conheceram o Profeta, Kevin, que foi morto alguns episódios depois. E nesse meio tempo o Sam realizou uma série de testes tentando fechar os portões do inferno, o que quase custou a vida dele – de novo! –, e então o Dean acabou virando um Cavaleiro do Inferno, ao receber a marca de Caim. E quando essa temporada terminar, eles vão descobrir que a Escuridão é uma vadia pirada, mas não vamos adiantar as coisas.
É agora!
Dean e Marie retornam ao palco, para flagrar Dean e Castiel se pegando.
No sentido amoroso da coisa.
Relaxa, Dean, que isso não faz parte da peça. Acontece que a Siobhan, que interpreta você e a Kristen, que faz o Castiel – e que na verdade parece um garoto – são um casal na “vida real”. É nisso que dá castrarem a diversidade de gênero nessas escolas...
Claro que a cena foi criada de propósito, para referenciar o shipper favorito de alguns fãs, Destiel. Ou seria Deanstiel? Casdean?
Agora até o Sam quer ter um shipper com o Anjo da Guarda dos Winchester. Tudo tiração de sarro, para evitar que o Dean acabe, sem querer querendo, passando por cima da roteirista juvenil com o Impala. Imaginem só o trabalho que daria para limpar o para-choque depois...
Bem, o relatório do dia é o seguinte: Sam não encontrou nenhuma manifestação nos bastidores, tampouco um feitiço, e Dean também não descobriu nada de anormal nos adereços, exceto que não deveria ter espaçonaves, robôs ou ninjas em Supernatural.
E a julgar pela quantidade de garrafas vazias na sala da Sra. Chandler, a mulher deve estar caída por aí, em algum bar, ou na sarjeta. Aparentemente, esse caso é uma grande perda de tempo, não há nenhuma assombração envolvida.
Tem certeza, moço?
Porque naquela mesma noite, Maggie, a menina que interpretaria Sam na peça teve uma discussão acalorada com a Marie, porque a roteirista adolescente estava se achando o Steven Spielberg, e além do mais, Maggie estava de acordo com os Agentes Smiths a respeito das adições que Marie fez no roteiro, e concorda que se um elemento não está no cânone, não devia estar na peça. Ou seja, nada de espaçonaves, robôs e ninjas no musical!
Ela é outra que está disposta a levar o caso à Diretora, e pedir o cancelamento do show. De repente, um Espantalho doido aparece no estacionamento de bicicletas da escola para sequestrar Maggie e impedir que ela atrapalhe a produção.
Só que desta vez, o ataque teve uma testemunha, Marie, que ouviu os gritos da garota e correu para tentar ajudar.
E aí, meninos? Ainda acham que não tem assombração nessa história?
Além disso, a mesma flor que encontraram ao lado do celular da Sra. Chandler na noite em que ela sumiu, também apareceu na lixeira, próxima ao local onde Maggie foi vista pela última vez por Marie. Isso com certeza é uma pista.
Sem falar que o Espantalho que a levou se parece um pouco com o Espantalho da peça.
Embora a polícia tenha dito que Marie tem excesso de imaginação, os Agentes Smiths – que nada têm a ver com o vilão de Matrix, que fique claro! – acreditam que ela está falando a verdade, e decidem revelar suas verdadeiras identidades. O que, claro, arranca mais gargalhadas da pequena Shakespeare e sua assistente Mulan.
Porque, segundo Marie, os dois são velhos demais para serem Sam e Dean Winchester.
E se isso for verdade, começarei a frequentar alguns asilos a partir de hoje, porque velhos desse calibre teriam vaga garantida no meu cânone.
Mas as meninas estão dispostas a aceitar que os dois são caçadores, e contam que o Espantalho da peça não foi baseado nos livros – Sam e Dean enfrentaram um desses na primeira temporada –, mas numa lenda local que causava medo em Marie quando ela era criança. De acordo com a lenda, havia um Espantalho sinistro numa fazenda abandonada fora da cidade, e as pessoas diziam que se ele pegasse alguém, levava embora.
Se o Espantalho que ela viu atacando Maggie for o dessa lenda, talvez a atriz mirim e a professora ainda estejam vivas. E talvez a coisa que está atacando as pessoas no estacionamento da escola seja um Tulpa.
Melhor a gente nem querer saber...
Essa lenda veio do budismo tibetano, e os rapazes aí já enfrentaram um bicho desses na primeira temporada. Naquela época, eles descobriram um site que alimentava a lenda do Mordecai, um homem que supostamente teria matado suas seis filhas na década de 1930, e naquela época, havia tanta gente obcecada com essa lenda, que o espírito do monstro imaginário começou a atacar garotas que entravam em sua casa abandonada. Sam e Dean resolveram a questão queimando a casa, mas agora eles não podem queimar a escola. Terão que resolver de outro jeito.
Além disso, a história não faz sentido ali, pois é preciso uma quantidade enorme de energia psíquica para criar um Tulpa, e os livros do Chuck com certeza não estão na lista dos mais vendidos, e provavelmente os ingressos da peça das garotas também não esgotaram.
Mas pelo sim, ou pelo não, não custa tentar.
Como o Espantalho da peça é um adereço, talvez se o queimarem, o Tulpa seja destruído.
Lembrei da Coraline, não sei porque...
Mas de nada adiantou queimar o adereço das meninas, pois o monstro, como suspeitaram desde o princípio, não é um Tulpa. É Callíope, a musa da poesia épica. Ela está associada àquela flor-estrela que encontraram nas duas cenas de crimes. De acordo com a lenda, Callíope dá vida à criatura das histórias com as quais se sensibiliza. Ela usa manifestações, como o Espantalho, para inspirar o autor, e protegê-lo até que sua visão seja realizada. O problema é que ela devora o autor no final.
Ou seja, o Espantalho ainda está vivo, e Dean queimou o adereço da menina à toa. A única forma de destruir o Espantalho raptor das mal-humoradas é matando Callíope.
E como agora é o dela que está na reta, Marie está disposta a cancelar a peça, mas foi exatamente isso que Maggie e a professora tentaram fazer, e deu no que deu. O Espantalho protegeu Marie e sua obra. E Callíope não vai aparecer até que sua visão seja realizada.
Chega a tão aguardada noite do espetáculo. O elenco todo está a postos. E como Maggie desapareceu, Marie assume pessoalmente o papel de Sam Winchester.
É hora do show.
Siobhan-Dean entra em cena e começa a cantar sobre John e Mary com o bebê Sam, naquela primeira cena que os rapazes assistiram quando entraram pela primeira vez no auditório; e enquanto a cena se desenvolve no palco, Sam e Dean estão nos bastidores, armados com estacas, prontos para pegar Callíope e o Espantalho assim que derem as caras. O que só acontece no momento em que o Impala entra em cena. Pena que o Sam não entendeu o recado.

Pois é, tivemos uma pequena falha na comunicação. Mas graças a isso, Sam descobriu que Maggie e a Sra. Chandler estavam vivinhas da Silva e trancadas no porão da escola.
Pra você ver, né, Sam. O povo estava tão focado no musical, que nem se preocuparam em dar uma espiadinha no porão. Nem a tia da faxina passou por lá...
Eis que Callíope finalmente dá as caras, para jogar Sam na parede, chamá-lo de lagartixa...
Ops! Não desta vez. Ao contrário do que normalmente acontece, essa entidade bizarra não pareceu muito interessada no Winchester frequentemente assediado por tudo quanto é maluca nessa série. Aliás, seria uma das poucas vezes em que o Sam não teria o que reclamar, pelo menos quanto à aparência da criatura.
A propósito, Callíope também não gostou da versão da Marie para o final da história, com robôs e tentáculos no espaço. Por isso ela decidiu que terá os verdadeiros Sam e Dean Winchester de sobremesa, depois que devorar a autora.
Enquanto isso, o espetáculo continua lá em cima. Castiela está cantando uma música de ninar, que provavelmente é uma declaração de amor ao Dean, e Marie continua esperando que o Espantalho apareça para pegá-la.
O Espantalho finalmente aparece, depois que Deana simula um exorcismo no palco, e o verdadeiro Dean Winchester pula em cima dele. As atrizes juvenis tentam manter a concentração e agir como se não houvesse um caçador tomando porrada de um Espantalho atrás delas no palco, e quebrando partes do cenário em cima da assombração.
Enquanto isso, Sam distrai Callíope, fazendo-a contar o que a encantou nesse musical, para que Maggie possa silenciosamente se aproximar da Musa por trás e nocauteá-la com um livro.
Graças a isso, Sam pôde se libertar da parede, pegar a estaca que a professora chutou para ele, e acabar de uma vez com a monstrenga.
Nesse momento, Marie também conseguiu cravar a outra estaca no Espantalho lá no palco, fazendo-o se desintegrar no ar, cobrindo o pessoal da primeira fila com pozinho azul.
O engraçado é que, passado um momento de surpresa, o público começa a aplaudir de pé! Afinal, não é sempre que uma peça de teatro consegue produzir um efeito tão realista.
Se eles soubessem...
Então as cortinas se fecham para o intervalo, e as meninas aproveitam para agradecer os Winchester por salvarem o dia. E a vida da Marie. E da professora, e da Maggie, e de quem mais aquela Musa revoltada quisesse devorar.
E, segundo a miniatura de Mulan, se Sam cortasse um pouco o cabelo, daria um ótimo Dean.
Ah, relaxa, Sam. Você ainda é o favorito da roteirista desse musical.
Por falar nisso, resta ao Dean admitir que a peça não foi tão ruim quanto ele tinha imaginado, e incentivar a pequena Shakespeare a continuar escrevendo. Mas aqui entre nós, amiguinha: fique longe dos robôs, das espaçonaves e dos ninjas. Pelo menos nesse ponto até a Callíope concordou que você exagerou na licença poética. E patética.
E como finalmente chegaram a um denominador comum, Marie decide dar uma lembrancinha ao Dean, para que nunca esqueça essa sua aventura na escola delas: o Samuleto que começou a encrenca entre as meninas lá no início do episódio, e fez a professora se revoltar.
Não que Dean precise de um acessório para se lembrar do que sente pelo irmão. Mas já que é de graça...
Hora do nosso elenco juvenil encerrar o espetáculo com uma versão melancólica e emocionante de Carry On My Wayward Son, no tom exato da nostalgia que a canção carrega, daqueles momentos inesquecíveis das primeiras temporadas da série.
Até o Adam deu as caras nessa cena final. Lembram dele? O filho mais novo de John Winchester – também conhecido como Luke Castellan, filho de Hermes e ladrão do raio na saga do Percy Jackson –, que, segundo as meninas, está preso na jaula com o Lúcifer. Sinceramente, não lembro que fim ele levou na série. Só me lembro de uma aparição dele após o episódio centrado na descoberta de sua existência – em que os meninos descobriram que um ghoul estava se passando por ele, e que Adam e sua mãe já estavam mortos. Foi na época em que Sam e Dean estavam lutando contra a profecia que dizia que os dois seriam as cascas de Lúcifer e Miguel, respectivamente, e Miguel tentou enrolar Dean, fazendo-o acreditar que tinha se conformado em usar Adam como casca. Depois disso, se ele voltou a aparecer, ou eu perdi essa parte ou apaguei da mente.
Enfim...
Óbvio que a peça só podia terminar em aplausos. Não tivemos a oportunidade de ver a versão completa da Marie, com as espaçonaves, os robôs, os ninjas e tudo mais – não sei nem se o público da peça chegou a ver isso, já que o Espantalho bagunçou metade do espetáculo –, mas só a cena do início e a canção final já serviram para a gente ter uma ideia; e como episódio comemorativo, foi certeiro em homenagear aquilo que realmente faz de Supernatural esse sucesso inquestionável, que é o relacionamento desses dois irmãos, Sam e Dean Winchester. Tiveram sua dose de chororô meio irritante nas primeiras temporadas – principalmente por parte do Sam? Tiveram. Mas esses dois enfrentaram poucas e boas – e horríveis e péssimas –, nem sempre sobreviveram; literalmente foram e voltaram do Inferno e do Purgatório um pelo outro e continuam aí, firmes e fortes, e sempre dispostos a matar e morrer um pelo outro – até porque, se um morrer, sabemos que o outro fará o possível, o impossível e o improvável para trazê-lo de volta.
Mais do que monstros, anjos e demônios, esse é o verdadeiro pilar da série: o amor entre irmãos, e o que eles são capazes de fazer para conservar sua família.
Ok, o monstro do dia não foi dos melhores. Callíope não era exatamente assustadora, e mesmo a versão dela do Espantalho não foi muito mais assustador do que aquele que a Marie montou com sacos de estopa, galhos e botões velhos, mas eles não eram o foco do episódio. O foco era tudo aquilo que sempre foi importante em Supernatural, ou seja seus protagonistas, e os fãs; e brincar com essa relação de ambos os lados das câmeras, com ou sem a quarta parede foi uma maneira bastante divertida e correta de comemorar a marca. Sem falar que esse é, indubitavelmente, um dos melhores episódios da série. Na minha lista de exclusivos 15 episódios favoritos, esse aqui nunca perderá seu posto. Que, aliás, é o de número 6. A posição pode até variar, dependendo do que ainda está por vir, mas a probabilidade é bem pequena.
Bem, terminado o mistério, nossos heróis caem novamente na estrada, e Dean aproveita a deixa e o momento nostálgico para pendurar o amuleto no retrovisor do Impala.
E olha só quem também apareceu para ver o musical das meninas! Aproveitando o ingresso que elas deixaram para a editora na bilheteria da escola, senhoras e senhores, Carver Edlund em pessoa – mas podem chamá-lo de Chuck.
Só isso, Chuck? Sério? Só essas duas palavrinhas? Olha só, Marie, deixa que eu traduzo: na linguagem dos autores que tiveram suas histórias encenadas por um elenco de fãs, nada mal é mais ou menos o equivalente a isso:
Ficamos só com uma duvidazinha: Callíope veio mesmo atrás da Marie, autora da versão musical, ou do Chuck, autor dos livros que a inspiraram?
Falou, Maeve!
Na próxima postagem, vamos nos hospedar em mais um hotel, mas desta vez, a assombração é do bem; mau caráter é quem se hospeda lá...
Nos vemos lá! *-*

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