Quando
a gente pensa que não falta acontecer mais nada em Supernatural – literalmente,
já tivemos de tudo: anjos, demônios, loira do banheiro, Wendigo, fantasma criança,
fantasma velho, fantasma bizarro, fantasma bonzinho, Rei do Inferno, Bruxa
Druida, médium, voodoo, necromancia, Adolf Hitler(!), Espantalho, Metamorfo, Monstros Clássicos do Cinema, deuses revoltados, semideuses atazanados, ninfas
malucas, RPG, Feitiço do Tempo, Arcanjo pirado na batatinha, Caim, queda da
quarta parede num episódio em que os meninos tiveram que encarnar os atores que
interpretam Sam e Dean, ou seja, eles mesmos, Titanic salvo, depois naufragado
de novo, desenhos animados, velho oeste, família Frankenstein, leviatãs, folclore de praticamente todas as partes do mundo, O Curioso Caso de Benjamin
Button... Para falar a verdade, só estou sentindo falta do Saci Pererê, a Cuca
do Sítio do Pica-Pau Amarelo e um especial com os Simpsons. Até crossover com o Scooby Doo nós tivemos – três temporadas depois desse episódio, mas
tivemos. Enfim, quando a gente pensa que Supernatural não tem mais de onde
tirar uma ideia avassaladora para comemorar seu episódio N° 200 (!!!), eis que
os roteiristas sacam um musical escolar da cartola, e transformam um roteiro
extremamente simples numa sessão nostalgia, com um imenso catálogo de
referências às dez primeiras temporadas da série – incluindo as diferentes
aberturas que vimos ao longo dos primeiros dez anos –, tão grande que se eu
tiver que comentar cada uma ao longo da review, conectando-as às suas tramas
correspondentes, essa review terá dez mil páginas!
Como
não pretendo escrever um texto tão longo assim, só vou comentar as referências
absolutamente indispensáveis – até porque, duvido que eu me lembre claramente
do contexto de cada uma. São dez temporadas! Duzentos episódios! Cadê minha
enciclopédia? Aliás, cadê meu cânone?
Bem,
vamos do princípio. Como eu disse, esse é o episódio N° 200 de Supernatural, portanto
era um momento de comemoração. Dá para contar nos dedos as séries não focadas
em comédia que tenham alcançado tal marca. Aliás, acho que dá para contar nos
dedos mesmo incluindo as séries de
comédia. A maioria não chega tão longe assim. E o mais assombroso: chegar à
marca de 200 episódios depois das duas temporadas [inclua o palavrão de sua
preferência aqui] da novela mexicana linguiciana e abobrinhana – sim, eu sei
que essas palavras não existem, mas foram as mais delicadas em que consegui
pensar – que Sera Gamble tentou nos enfiar goela abaixo com aquela tragédia dos
leviatãs, a mãe dos monstros, e o diabo a quatro que ela tentou conduzir entre
a sexta e sétima temporadas. Sério, se Supernatural conseguiu sobreviver a
isso, realmente o negócio da família
está completamente assegurado até a centésima geração.
Curiosamente,
eu tenho três episódios da sexta temporada e um da sétima na minha lista de
favoritos da série, mas entre um e outro, existem episódios que literalmente me
dão nojo. E não estou falando só pelos insetos bizarros; o contexto todo era
nauseante demais.
Enfim,
depois dessa longa explanação, só preciso acrescentar que Supernatural nunca
erra quando resolve rir de si mesma, e nessas ocasiões sempre nos brinda com
episódios cômicos dignos de aplausos.
Que
foi o caso deste aqui, que além de homenagear a história da série, a trajetória
de Sam e Dean Winchester e comemorar sua marca importante, mais uma vez
derrubou a quarta parede para homenagear quem realmente é responsável pelo
sucesso da série: os fãs. Queira ou não queira, produção nenhuma se sustenta
sem eles. São eles que abastecem essa indústria, e ainda engrossam o cânone de
cada universo com suas próprias ideias que vivem entupindo a internet.
Então,
sem mais delongas, com vocês:
Eu
sempre opto pelo título traduzido, mas neste caso, o termo é tão comum na nossa
linguagem, que achei mais prático que a tradução.
O
episódio começa no auditório da Academia Santo Afonso, uma escola exclusiva
para meninas em Lint, Michigan, que está preparando um espetáculo musical
baseado na série de livros “Supernatural”, de Carver Edlund – Chuck, para os
íntimos –, que conta a trajetória de Sam e Dean Winchester, desde a morte da
mãe na infância, até suas viagens caçando monstros. Chuck parou de publicar os
livros na quinta temporada, deixando a saga incompleta, mas Marie, diretora e
roteirista da peça criou sua própria versão para encerrar a história.
E
ela não está muito satisfeita com o desempenho das atrizes principais, que
interpretam Sam e Dean. Primeiro, porque Siobhan, que interpreta Dean, se
recusa a usar o Samuleto, símbolo do amor fraterno dos Winchester – que eu
sinceramente não lembro em qual momento da série desapareceu de cena –, e as
meninas imediatamente começam uma treta, que só não terminou em pancadaria,
porque a professora se levantou, e botou ordem no galinheiro prometendo
cancelar a produção.
Daí
a professora Chandler saiu da escola enchendo a cara e reclamando no celular, e
acabou sendo misteriosamente sequestrada por um arbusto.
Uma
coisa super natural. Pegaram o
trocadilho?
E
como professoras sendo tragadas por arbustos não é algo que acontece todo dia,
lá vão nossos heróis resolver mais uma encrenca sobrenatural.
E
musical.
Podem
imaginar a surpresa dos nossos rapazes ao perceberem que o espetáculo que as
meninas estão preparando é baseado na vida deles!?
De
cara eles já veem Bobby Singer ensaiando a melhor entonação para chamá-los de
idiotas. Depois eles veem o Castiel, com asas e tudo circulando pelo auditório.
Depois assistem em primeira mão Dean Winchester cantando uma versão de The Road So Far, enquanto o resto do
elenco apresenta uma pantomima contando como John e Mary Winchester eram
felizes, até que o demônio de olhos amarelos apareceu, tentando roubar o bebê
Sam de seu berço, no evento que resultou na morte da mãe deles.
A
princípio, as meninas pensaram que os rapazes fossem representantes da editora,
que elas fizeram questão de contatar para avisar que estavam montando uma
versão dos livros do Chuck. Mas aí eles puxaram dois distintivos do FBI,
ligeiramente parecidos com aqueles que as duas atrizes que os interpretam na
peça estão usando para tirar fotos – nenhum dos dois é uma réplica exata dos
distintivos verdadeiros do FBI, pois lá na terra do Tio Sam é crime falsificar esse
tipo de documento, mesmo para usar em filmes e séries de TV –, e começaram a
explicar que estavam lá para investigar o sumiço da professora de teatro.
Não
sou especialista em autoridades legais, mas investigar pessoas desaparecidas
não está na jurisdição do Departamento de Polícia local? Até Once Upon a Time, que cometeu uma infinidade de gafes no roteiro sabia disso. Desde
quando os federais são pagos para procurar professoras alcoólatras?
Enfim...
A
princípio, Dean está mais interessado em convencer as meninas de que ninguém
canta em Supernatural. Mas essa é a interpretação da Marie. Embora, segundo
Dean, se alguém cantasse em Supernatural, seria um rock clássico, e não aquela
coisa melosa, e Marie informa que prepararam uma versão de Carry On My Wayward Son para o final do segundo ato, e se estão
lembrados, era essa música que tocava no final da maioria dos episódios da
primeira temporada.
Mas
como a preferência musical dos Agentes Smith & Smith – e não estou falando
de Brad e Angelina, tá, gente?! Não sei se era intenção dos roteiristas que
alguém fizesse essa comparação – não é o foco da investigação, vamos falar do
sumiço da Sra. Chandler.
Segundo
Marie, a professora saiu do auditório por volta das nove e meia, e depois disso
não a viram mais. Ela pode ter ido a um bar ou a uma loja de bebidas... Ou os
dois. Porque, agora que estão autorizadas a fazer fofocas, as meninas ficam
felizes em contar aos supostos agentes que sua professora tem passado a maior
parte do tempo esvaziando copos, desde o divórcio difícil no ano passado.
Então
os rapazes pedem que as meninas mostrem a sala da professora e os bastidores da
peça.
Por
ora, eles vão fingir que gostam do espetáculo, para que as meninas colaborem,
mas embora Sam afirme ver certo charme em todo o valor da produção, Dean não
está gostando nadinha de ser representado por meninas com barba postiça.
E
eu já te aviso, bonitão, vai piorar! Confie em mim.
Enquanto
xeretam por aí, guiados pelas estudantes, Dean dá uma boa examinada nos objetos
de cena, tentando descobrir algum objeto amaldiçoado no meio das bugigangas,
mas tudo ali parece normal: só um monte de facas de papelão forradas com papel
alumínio, uma réplica do diário de John Winchester, tigelas – provavelmente
afanadas na cozinha de casa –, armas de brinquedo, pedaços de cadáveres feitos
de pano, amuletos artesanais...
Mas
Marie é meio paranoica quanto a quem pode tocar seus objetos cenográficos, e
não deixa Dean brincar com armas, mesmo ela sendo claramente um brinquedo.
Falando
nisso...
Outra
piadinha bastante significativa que os roteiristas fizeram questão de incluir
no episódio. Mais ou menos desde que a série foi lançada os fãs lotam a
internet com fanfics em torno de um possível relacionamento incestuoso entre os
irmãos Winchester. Eu não sou particularmente fã dessa versão, e não vejo a
relação dos dois por essa ótica. Não é nem a questão do homossexualismo; como
eu já comentei aqui em outra postagem, desconfio de um provável sentimento do
Castiel pelo Dean. Se a recíproca é verdadeira, aí eu prefiro deixar que os fãs
decidam.
Aliás,
falando no Cas e seu possível shipper com o Dean, teremos notícias disso daqui
a pouco.
E
sim, isso foi um spoiler do episódio, mas quando a review inteira é um spoiler,
não tem sentido sinalizar. Como diria a Marie, tem um subtexto.
Enquanto
Dean enfrenta sua saia justa com as covers Winchester, Sam interroga Maeve,
assistente de produção, sobre ruídos estranhos durante os ensaios, e ela mostra
a ele em primeira mão os efeitos sonoros que prepararam, e que ela mesma opera,
que incluem portas rangendo, garras arranhando, gritos de horror, vento
sobrenatural...
Quer
mesmo saber sobre ruídos estranhos, Sam?
Luzes
piscando também são efeitos planejados pela produção. Nada anormal nos
bastidores. Pelo menos, não perto da mesa de som.
Quanto
à sala da professora, está recheada de... garrafas vazias. O Chaves ali, faria
a festa...
Agora,
explique, Marie, que diabo é aquele protótipo de robô em cima da mesa? Sua
professora era da turminha do Sheldon Cooper, fã de Guerra nas Estrelas?
Sim,
Dean, você entendeu certo. A pequena Shakespeare aí tomou a liberdade de
incluir monstros espaciais no roteiro. E a gente pensando que depois dos
leviatãs da Sera Gamble nada mais bizarro poderia aparecer em Supernatural...
Como
Chuck parou de escrever os livros depois da quinta temporada, ela decidiu
terminar a história à sua maneira. Porque ela não comprou a ideia de Dean ter
parado de caçar e sossegado o facho com a Lisa, nem do Sam ter voltado do
inferno e esquecido de procurar o irmão.
Ah,
é, também rola um boato de que o Dean fará uma operação de mudança de sexo no
final da peça.
Mas
a reação do Dean não pode ser relatada aqui, senão, em tempos do politicamente
correto, podem tirar o meu blog do ar. Mas vou jogar uma imagem que talvez a
descreva.
Certo,
Shakespeare, tá na hora de o Agente Smith aí, sem parentesco com o outro Agente
Smith do episódio, te contar o que realmente aconteceu com Sam e Dean nessa
série. A história que o Chuck não publicou é a seguinte: Para começar, o Sam
voltou do inferno sem alma. Daí o Castiel trouxe um bando de leviatãs do
Purgatório – bem lembrado, aquele pandemônio foi culpa do Cas. Pau nele, gente!
–, e enquanto tentavam resolver essa encrenca, eles perderam o Bobby. Depois
disso o Dean e o Castiel ficaram presos no Purgatório – não lembro como –, o
Sam atropelou um cachorro, e eles conheceram o Profeta, Kevin, que foi morto
alguns episódios depois. E nesse meio tempo o Sam realizou uma série de testes
tentando fechar os portões do inferno, o que quase custou a vida dele – de
novo! –, e então o Dean acabou virando um Cavaleiro do Inferno, ao receber a
marca de Caim. E quando essa temporada terminar, eles vão descobrir que a
Escuridão é uma vadia pirada, mas não vamos adiantar as coisas.
É
agora!
Dean
e Marie retornam ao palco, para flagrar Dean e Castiel se pegando.
No
sentido amoroso da coisa.
Relaxa,
Dean, que isso não faz parte da peça. Acontece que a Siobhan, que interpreta
você e a Kristen, que faz o Castiel – e que na verdade parece um garoto – são
um casal na “vida real”. É nisso que dá castrarem a diversidade de gênero
nessas escolas...
Claro
que a cena foi criada de propósito, para referenciar o shipper favorito de
alguns fãs, Destiel. Ou seria Deanstiel? Casdean?
Agora
até o Sam quer ter um shipper com o Anjo da Guarda dos Winchester. Tudo tiração
de sarro, para evitar que o Dean acabe, sem querer querendo, passando por cima
da roteirista juvenil com o Impala. Imaginem só o trabalho que daria para
limpar o para-choque depois...
Bem,
o relatório do dia é o seguinte: Sam não encontrou nenhuma manifestação nos
bastidores, tampouco um feitiço, e Dean também não descobriu nada de anormal
nos adereços, exceto que não deveria ter espaçonaves, robôs ou ninjas em
Supernatural.
E
a julgar pela quantidade de garrafas vazias na sala da Sra. Chandler, a mulher
deve estar caída por aí, em algum bar, ou na sarjeta. Aparentemente, esse caso
é uma grande perda de tempo, não há nenhuma assombração envolvida.
Tem
certeza, moço?
Porque
naquela mesma noite, Maggie, a menina que interpretaria Sam na peça teve uma
discussão acalorada com a Marie, porque a roteirista adolescente estava se
achando o Steven Spielberg, e além do mais, Maggie estava de acordo com os
Agentes Smiths a respeito das adições que Marie fez no roteiro, e concorda que
se um elemento não está no cânone, não devia estar na peça. Ou seja, nada de
espaçonaves, robôs e ninjas no musical!
Ela
é outra que está disposta a levar o caso à Diretora, e pedir o cancelamento do
show. De repente, um Espantalho doido aparece no estacionamento de bicicletas
da escola para sequestrar Maggie e impedir que ela atrapalhe a produção.
Só
que desta vez, o ataque teve uma testemunha, Marie, que ouviu os gritos da
garota e correu para tentar ajudar.
E
aí, meninos? Ainda acham que não tem assombração nessa história?
Além
disso, a mesma flor que encontraram ao lado do celular da Sra. Chandler na
noite em que ela sumiu, também apareceu na lixeira, próxima ao local onde
Maggie foi vista pela última vez por Marie. Isso com certeza é uma pista.
Sem
falar que o Espantalho que a levou se parece um pouco com o Espantalho da peça.
Embora
a polícia tenha dito que Marie tem excesso de imaginação, os Agentes Smiths –
que nada têm a ver com o vilão de Matrix, que fique claro! – acreditam que ela
está falando a verdade, e decidem revelar suas verdadeiras identidades. O que,
claro, arranca mais gargalhadas da pequena Shakespeare e sua assistente Mulan.
Porque,
segundo Marie, os dois são velhos demais para serem Sam e Dean Winchester.
E
se isso for verdade, começarei a frequentar alguns asilos a partir de hoje,
porque velhos desse calibre teriam vaga garantida no meu cânone.
Mas
as meninas estão dispostas a aceitar que os dois são caçadores, e contam que o
Espantalho da peça não foi baseado nos livros – Sam e Dean enfrentaram um
desses na primeira temporada –, mas numa lenda local que causava medo em Marie
quando ela era criança. De acordo com a lenda, havia um Espantalho sinistro
numa fazenda abandonada fora da cidade, e as pessoas diziam que se ele pegasse
alguém, levava embora.
Se
o Espantalho que ela viu atacando Maggie for o dessa lenda, talvez a atriz
mirim e a professora ainda estejam vivas. E talvez a coisa que está atacando as
pessoas no estacionamento da escola seja um Tulpa.
Melhor
a gente nem querer saber...
Essa
lenda veio do budismo tibetano, e os rapazes aí já enfrentaram um bicho desses
na primeira temporada. Naquela época, eles descobriram um site que alimentava a
lenda do Mordecai, um homem que supostamente teria matado suas seis filhas na
década de 1930, e naquela época, havia tanta gente obcecada com essa lenda, que
o espírito do monstro imaginário começou a atacar garotas que entravam em sua
casa abandonada. Sam e Dean resolveram a questão queimando a casa, mas agora
eles não podem queimar a escola. Terão que resolver de outro jeito.
Além
disso, a história não faz sentido ali, pois é preciso uma quantidade enorme de
energia psíquica para criar um Tulpa, e os livros do Chuck com certeza não
estão na lista dos mais vendidos, e provavelmente os ingressos da peça das
garotas também não esgotaram.
Mas
pelo sim, ou pelo não, não custa tentar.
Como
o Espantalho da peça é um adereço, talvez se o queimarem, o Tulpa seja
destruído.
Lembrei
da Coraline, não sei porque...
Mas
de nada adiantou queimar o adereço das meninas, pois o monstro, como
suspeitaram desde o princípio, não é um Tulpa. É Callíope, a musa da poesia
épica. Ela está associada àquela flor-estrela que encontraram nas duas cenas de
crimes. De acordo com a lenda, Callíope dá vida à criatura das histórias com as
quais se sensibiliza. Ela usa manifestações, como o Espantalho, para inspirar o
autor, e protegê-lo até que sua visão seja realizada. O problema é que ela
devora o autor no final.
Ou
seja, o Espantalho ainda está vivo, e Dean queimou o adereço da menina à toa. A
única forma de destruir o Espantalho raptor das mal-humoradas é matando
Callíope.
E
como agora é o dela que está na reta, Marie está disposta a cancelar a peça,
mas foi exatamente isso que Maggie e a professora tentaram fazer, e deu no que
deu. O Espantalho protegeu Marie e sua obra. E Callíope não vai aparecer até
que sua visão seja realizada.
Chega
a tão aguardada noite do espetáculo. O elenco todo está a postos. E como Maggie
desapareceu, Marie assume pessoalmente o papel de Sam Winchester.
É
hora do show.
Siobhan-Dean
entra em cena e começa a cantar sobre John e Mary com o bebê Sam, naquela
primeira cena que os rapazes assistiram quando entraram pela primeira vez no
auditório; e enquanto a cena se desenvolve no palco, Sam e Dean estão nos
bastidores, armados com estacas, prontos para pegar Callíope e o Espantalho
assim que derem as caras. O que só acontece no momento em que o Impala entra em
cena. Pena que o Sam não entendeu o recado.
Pois
é, tivemos uma pequena falha na comunicação. Mas graças a isso, Sam descobriu
que Maggie e a Sra. Chandler estavam vivinhas da Silva e trancadas no porão da
escola.
Pra
você ver, né, Sam. O povo estava tão focado no musical, que nem se preocuparam
em dar uma espiadinha no porão. Nem a tia da faxina passou por lá...
Eis
que Callíope finalmente dá as caras, para jogar Sam na parede, chamá-lo de
lagartixa...
Ops!
Não desta vez. Ao contrário do que normalmente acontece, essa entidade bizarra
não pareceu muito interessada no Winchester frequentemente assediado por tudo
quanto é maluca nessa série. Aliás, seria uma das poucas vezes em que o Sam não
teria o que reclamar, pelo menos quanto à aparência da criatura.
A
propósito, Callíope também não gostou da versão da Marie para o final da
história, com robôs e tentáculos no espaço. Por isso ela decidiu que terá os
verdadeiros Sam e Dean Winchester de sobremesa, depois que devorar a autora.
Enquanto
isso, o espetáculo continua lá em cima. Castiela
está cantando uma música de ninar, que provavelmente é uma declaração de amor
ao Dean, e Marie continua esperando que o Espantalho apareça para pegá-la.
O
Espantalho finalmente aparece, depois que Deana
simula um exorcismo no palco, e o verdadeiro Dean Winchester pula em cima dele.
As atrizes juvenis tentam manter a concentração e agir como se não houvesse um
caçador tomando porrada de um Espantalho atrás delas no palco, e quebrando
partes do cenário em cima da assombração.
Enquanto
isso, Sam distrai Callíope, fazendo-a contar o que a encantou nesse musical,
para que Maggie possa silenciosamente se aproximar da Musa por trás e
nocauteá-la com um livro.
Graças
a isso, Sam pôde se libertar da parede, pegar a estaca que a professora chutou
para ele, e acabar de uma vez com a monstrenga.
Nesse
momento, Marie também conseguiu cravar a outra estaca no Espantalho lá no
palco, fazendo-o se desintegrar no ar, cobrindo o pessoal da primeira fila com
pozinho azul.
O
engraçado é que, passado um momento de surpresa, o público começa a aplaudir de
pé! Afinal, não é sempre que uma peça de teatro consegue produzir um efeito tão
realista.
Se
eles soubessem...
Então
as cortinas se fecham para o intervalo, e as meninas aproveitam para agradecer
os Winchester por salvarem o dia. E a vida da Marie. E da professora, e da
Maggie, e de quem mais aquela Musa revoltada quisesse devorar.
E,
segundo a miniatura de Mulan, se Sam cortasse um pouco o cabelo, daria um ótimo
Dean.
Ah,
relaxa, Sam. Você ainda é o favorito da roteirista desse musical.
Por
falar nisso, resta ao Dean admitir que a peça não foi tão ruim quanto ele tinha
imaginado, e incentivar a pequena Shakespeare a continuar escrevendo. Mas aqui
entre nós, amiguinha: fique longe dos robôs, das espaçonaves e dos ninjas. Pelo
menos nesse ponto até a Callíope
concordou que você exagerou na licença poética. E patética.
E
como finalmente chegaram a um denominador comum, Marie decide dar uma
lembrancinha ao Dean, para que nunca esqueça essa sua aventura na escola delas:
o Samuleto que começou a encrenca entre as meninas lá no início do episódio, e
fez a professora se revoltar.
Não
que Dean precise de um acessório para se lembrar do que sente pelo irmão. Mas
já que é de graça...
Hora
do nosso elenco juvenil encerrar o espetáculo com uma versão melancólica e
emocionante de Carry On My Wayward Son,
no tom exato da nostalgia que a canção carrega, daqueles momentos inesquecíveis
das primeiras temporadas da série.
Até
o Adam deu as caras nessa cena final. Lembram dele? O filho mais novo de John
Winchester – também conhecido como Luke Castellan, filho de Hermes e ladrão do
raio na saga do Percy Jackson –, que, segundo as meninas, está preso na
jaula com o Lúcifer. Sinceramente, não lembro que fim ele levou na série. Só me
lembro de uma aparição dele após o episódio centrado na descoberta de sua
existência – em que os meninos descobriram que um ghoul estava se passando por ele, e que Adam e sua mãe já estavam
mortos. Foi na época em que Sam e Dean estavam lutando contra a profecia que
dizia que os dois seriam as cascas de Lúcifer e Miguel, respectivamente, e
Miguel tentou enrolar Dean, fazendo-o acreditar que tinha se conformado em usar
Adam como casca. Depois disso, se ele voltou a aparecer, ou eu perdi essa parte
ou apaguei da mente.
Enfim...
Óbvio
que a peça só podia terminar em aplausos. Não tivemos a oportunidade de ver a
versão completa da Marie, com as espaçonaves, os robôs, os ninjas e tudo mais –
não sei nem se o público da peça chegou a ver isso, já que o Espantalho
bagunçou metade do espetáculo –, mas só a cena do início e a canção final já
serviram para a gente ter uma ideia; e como episódio comemorativo, foi certeiro
em homenagear aquilo que realmente faz de Supernatural esse sucesso
inquestionável, que é o relacionamento desses dois irmãos, Sam e Dean
Winchester. Tiveram sua dose de chororô meio irritante nas primeiras temporadas
– principalmente por parte do Sam? Tiveram. Mas esses dois enfrentaram poucas e
boas – e horríveis e péssimas –, nem sempre sobreviveram; literalmente foram e
voltaram do Inferno e do Purgatório um pelo outro e continuam aí, firmes e
fortes, e sempre dispostos a matar e morrer um pelo outro – até porque, se um
morrer, sabemos que o outro fará o possível, o impossível e o improvável para
trazê-lo de volta.
Mais
do que monstros, anjos e demônios, esse é o verdadeiro pilar da série: o amor
entre irmãos, e o que eles são capazes de fazer para conservar sua família.
Ok,
o monstro do dia não foi dos melhores. Callíope não era exatamente assustadora,
e mesmo a versão dela do Espantalho não foi muito mais assustador do que aquele
que a Marie montou com sacos de estopa, galhos e botões velhos, mas eles não
eram o foco do episódio. O foco era tudo aquilo que sempre foi importante em
Supernatural, ou seja seus protagonistas, e os fãs; e brincar com essa relação
de ambos os lados das câmeras, com ou sem a quarta parede foi uma maneira
bastante divertida e correta de comemorar a marca. Sem falar que esse é,
indubitavelmente, um dos melhores episódios da série. Na minha lista de
exclusivos 15 episódios favoritos, esse aqui nunca perderá seu posto. Que,
aliás, é o de número 6. A posição pode até variar, dependendo do que ainda está
por vir, mas a probabilidade é bem pequena.
Bem,
terminado o mistério, nossos heróis caem novamente na estrada, e Dean aproveita
a deixa e o momento nostálgico para pendurar o amuleto no retrovisor do Impala.
E
olha só quem também apareceu para ver o musical das meninas! Aproveitando o
ingresso que elas deixaram para a editora na bilheteria da escola, senhoras e
senhores, Carver Edlund em pessoa – mas podem chamá-lo de Chuck.
Só
isso, Chuck? Sério? Só essas duas palavrinhas? Olha só, Marie, deixa que eu
traduzo: na linguagem dos autores que tiveram suas histórias encenadas por um
elenco de fãs, nada mal é mais ou
menos o equivalente a isso:
Ficamos
só com uma duvidazinha: Callíope veio mesmo atrás da Marie, autora da versão
musical, ou do Chuck, autor dos livros que a inspiraram?
Falou,
Maeve!
Na próxima postagem, vamos nos hospedar em mais um hotel, mas desta vez, a
assombração é do bem; mau caráter é quem se hospeda lá...
Nos
vemos lá! *-*
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