Mas Que Raio de História É Essa?

em terça-feira, 21 de novembro de 2017

Eu reconheço que sou apaixonada por sagas, e que não tenho muita paciência para ficar esperando meses pelo lançamento do próximo volume – Carina Rissi é a única autora que eu permito me deixar nessa ansiedade. E J. K. Rowling, é claro. Em geral, gosto de pegar as sagas depois de concluídas, e ler inteira num embalo só. Quase sempre eu leio as sagas depois já ter visto os filmes inspirados nelas. Se bem que, muitas tiveram seus primeiros volumes filmados, e os estúdios aparentemente desistiram de filmar o restante, por... qualquer razão. Por exemplo: Coração de Tinta, Academia de Vampiros, a saga de Darren Shan que gerou o filme Circo dos Horrores – O Aprendiz de Vampiro, As Crônicas Vampirescas de Anne Rice, que só levou para as telas Entrevista Com o Vampiro (divinamente) e A Rainha dos Condenados (mal e porcamente, devido ao fato de ter condensado três livros enormes em um filme de duas horas, tão ruim que chega a ser divertido), e por aí vai... De modo que, mesmo depois de ver o filme, sempre resta algo inédito para ler.
Mas quando peguei a saga do Percy Jackson, não imaginava que teria tanta coisa inédita para ler... nos dois primeiros livros!
Veja bem, Percy Jackson & Os Olimpianos possui cinco volumes, dois apêndices e meia dúzia de sagas paralelas. E só foram feitos dois filmes. O resto da saga, aparentemente, foi para o vinagre. Então, é óbvio que teria muito material inédito para conhecer na saga principal, certo?
Daí você pode dizer: mas se os dois primeiros livros viraram filme, para quê lê-los? É só pular, ir direto para o terceiro, e seguir em frente, não? Bem, Cabeça de Alga, lamento informar que, em se tratando desta saga em particular, não é bem assim que a banda toca. Porque, embora tenham filmado Percy Jackson e o Ladrão de Raios e Percy Jackson e o Mar de Monstros, ao comparar livro e filme, estamos diante de duas histórias completamente diferentes!
E isso não é um eufemismo! Não estou dizendo que nos livros há cenas cortadas que complementam a história dos filmes. O que estou dizendo é exatamente que as duas histórias, a do livro e a do filme, não têm absolutamente nada a ver uma com a outra!
É muito comum isso acontecer com séries de TV inspiradas em livros, porque o termômetro do público, gostando ou não de determinados personagens ou assuntos, definem a duração deles na série. Por isso raramente séries de TV são fieis aos livros por mais de três episódios. Mas os filmes costumam respeitar os livros até onde for possível – cortando aqui ou ali o que não for tão relevante para o enredo. O fato de a adaptação ter jogado metade do livro fora e reescrito a história é, no mínimo, interessante, e já coloca Percy Jackson numa galeria completamente diferente de Harry Potter e As Crônicas de Nárnia, por exemplo, e o aproxima mais de The Vampire Diaries e Pretty Little Liars – tirando o fato de não ter virado série de TV, é claro.
Por exemplo (sem grandes spoilers):
Não tem Hidra no primeiro livro; não tem Cérbero no filme; não tem briga contra velhinhas encarquilhadas demoníacas nos filmes; não tem busca pelas pérolas de Perséfone nos livros. As pérolas sequer eram de Perséfone! E se ela andou enfeitando a testa do Hades com tudo quanto é monstro que passou pelo Mundo Inferior, tio Rick Riordan não comentou o fato. Ah, e a cereja do bolo: quem roubou o raio no filme, mesmo? Luke Castellan, filho de Hermes. Mas quem levou a culpa nos livros pelo roubo do raio e de mais uma coisinha que não vou revelar para não dar muito spoiler? E a troco de quê?
Leia o livro e descubra!
Deixe de preguiça! Há uma história incrível esperando por você naquelas páginas!
Tá bom, eu confesso: logo no começo, eu tive a impressão de que o tradutor estava com preguiça demais para dar estilo ao texto. Chegava a ser monótono. Mais que isso, chegava a ser chato. Parecia uma redação escolar escrita por uma criança de doze anos. Na verdade, era o relato de um garoto de doze anos.
Sim, doze! Embora, nos filmes, Percy tenha iniciado sua jornada aos dezesseis – provavelmente porque o estúdio teve dificuldade em encontrar outro Daniel Radcliffe, um ator mirim de talento extraordinário, para adaptar um Percy Jackson na idade certa. Sobretudo nas cenas de luta com espadas...
Felizmente, a sensação de que o livro era mal escrito passou a partir do terceiro ou quarto capítulo, quando a novela começou a evoluir.

PERCY JACKSON E O LADRÃO DE RAIOS

Título Original: The Lightning Thief
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas: 400
Gênero: Fantasia/ Infanto-Juvenil

Sinopse:

Primeiro volume da saga Percy Jackson e os olimpianos, O ladrão de raios esteve entre os primeiros lugares na lista das séries mais vendidas do The New York Times. O autor conjuga lendas da mitologia grega com aventuras no século XXI. Nelas, os deuses do Olimpo continuam vivos, ainda se apaixonam por mortais e geram filhos metade deuses, metade humanos, como os heróis da Grécia antiga. Marcados pelo destino, eles dificilmente passam da adolescência. Poucos conseguem descobrir sua identidade.
O garoto-problema Percy Jackson é um deles. Tem experiências estranhas em que deuses e monstros mitológicos parecem saltar das páginas dos livros direto para a sua vida. Pior que isso: algumas dessas criaturas estão bastante irritadas. Um artefato precioso foi roubado do Monte Olimpo e Percy é o principal suspeito. Para restaurar a paz, ele e seus amigos - jovens heróis modernos - terão de fazer mais do que capturar o verdadeiro ladrão: precisam elucidar uma traição mais ameaçadora que a fúria dos deuses.

EEEEE



O básico todo mundo conhece: Percy Jackson foi acusado pelos deuses Olimpianos de ter roubado o raio-mestre de Zeus – no filme não me lembro de alguém ter explicado como raios Percy teria tirado o tal raio do Olimpo –, e foi enviado numa jornada ao Mundo Inferior para explicar ao Hades que não era o ladrão, e convencê-lo – clamando para sua “tão afamada” benevolência – a devolver sua mãe mesmo assim. Só que no caminho, ele foi enganado, e usado como mula para levar o raio ao Mundo Inferior, e iniciar uma pérfida guerra entre os deuses. Mas nos livros, não foi bem Luke quem colocou o raio inadvertidamente nas mãos de Percy, embora ele tenha armado a coisa toda, e conduzido Percy a levar o raio até onde ele queria. Percy e seus amigos também não tiveram que perseguir pérolas por toda a terra do Tio Sam para conseguir escapar ilesos do Mundo Inferior. As pérolas realmente foram sua saída, mas elas chegaram às suas mãos por outros meios. E Percy nem mesmo sabia direito qual seria a utilidade delas quando as aceitou.
O que você encontrará nessa jornada de Percy Jackson ao Mundo Inferior que também esteve presente no filme, só que em outro contexto: a toca da Medusa; o Hotel e Cassino Lotus; a entrada para o Mundo Inferior em Los Angeles – mas não no letreiro de Hollywood.
O que você não encontrará no livro: a Hidra; a visita ao Parthenon em Nashville; a perseguição às pérolas de Perséfone; nem a própria Perséfone, que estava passando o verão no Olimpo, como sempre; nem o Hades com visual roqueiro sertanejo. O look do Senhor dos Mortos nos livros é bem menos simpático.
O que você encontrará nessa jornada: Equidna, a Mãe dos Monstros; uma Quimera; Nereidas; e um monstro que gosta de dar uma esticadinha nas coisas, só para se ter uma ideia...
Provavelmente os produtores acharam que seria muito mais fácil – e mais divertido – colocar uma Hidra na tela do que os monstros malucos que apareceram nesse livro. E vamos combinar que serem arrastados por uma ondinha num parque aquático é para os fracos mortais; o negócio é colocar os semideuses para surfar no alto do Empire State Building!
Não estou dizendo que o filme é melhor que o livro, ou vice-versa. São duas histórias diferentes, cada uma com suas qualidades, narrando duas versões da mesma aventura. E com certeza vale a pena conhecer cada uma delas.
(Quem leu o livro, vai entender):

* O garoto já chega no Mundo Inferior chamando o Hades de tio. Esse Percy Jackson é uma figura...
* O Cérbero só queria um amiguinho para brincar. Judiação...
* Falando nele: Cérbero, o gigantesco cão do inferno é focinho sujo, quem diria...
* Caronte está há três mil anos no mesmo cargo e sem aumento de salário. E você aí reclamando desse aumento merreca de 2,4%, e da crise econômica... E seu chefe pode ser um porre, e pode até merecer a comparação, mas o dele é literalmente o diabo...
* Naturalmente, a coisa mais sensata do mundo ao se deparar com o deus da guerra é chamá-lo para briga. E o interessante é perceber que, como todos os brigões, Ares é ligeiramente burro... Pois é, mitologia grega também segue alguns clichês.
* Falando em clichê: usar o nome da mãe de Hermes como palavra mágica para dar partida nos tênis voadores não é uma senha muito original. Aposto que Annabeth, filha da deusa da sabedoria, não teria dificuldade nenhuma para descobrir a senha do Wifi do Luke...
* Pra quê celular? Se você pode abrir a água de uma mangueira, jogar um dracma de ouro e fazer um interurbano ilimitado... Tipo, fale à vontade por um dracma. Pena que não existe esse plano na Vivo.
* O Big Brother da traição: porque não basta ser corno, tem que exibir o fato para o Olimpo inteiro!
* Ok, ok... Filho de Poseidon é flagrado num barco do amor com Filha de Atena! Culpa de Ares, um filho da...
* Enviar a cabeça da Medusa como oferenda para os deuses, e usando os serviços do correio de Hermes... Tu não tem medo de morrer, não, garoto?
* Filho de Atena é outro nível: George Washington era meio-irmão de Annabeth. Se ela se candidatar a presidente, já tem o meu voto! Não importa em que país.

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