Prontos
para mais um episódio do Halloween Animado? Eu dei um pequeno spoiler na review
de Hey Arnold!, sobre o que ainda estava por vir nesse outubro Halloweenesco.
Então, sim, teremos mais um episódio de Contos da Cripta!
Caso
você seja novo no pedaço e não saiba de que raios eu estou falando, vou explicar.
Contos da Cripta foi um desenho baseado numa série de TV homônima, que
costumava ser exibido milênios atrás na extinta Fox Kids. Para mais detalhes, confira
a review do outro episódio que eu postei.
Pois
bem, o escolhido de hoje foi um dos primeiros episódios que eu vi desse
desenho, e basicamente um dos responsáveis por eu lembrar dos Contos da Cripta
com tanto carinho. Vamos nos assombrar hoje com
A CASA DO TIO HARRY
A
princípio vemos o Guardião da Cripta saindo de um sarcófago, onde acabara de
tomar um banho de vapor para tirar as rugas. Acontece que o nosso amigo entrou
na onda fitness, e desde que esticou as canelas, ele dá umas passadinhas na
academia para manter o rigor cadavérico.
Afinal, não é porque o sujeito morreu, que ele deve descuidar da saúde e da
boa forma, né?
Mas
aí quando ele resolve dar aquela relaxadinha, descobre que seu massagista é o
Cavernoso, um dos vilões que está sempre tentando roubar seu livro de contos de
terror e seu emprego como porta-voz do desenho.
Aliás,
se tem uma coisa que nunca fez sentido nesse desenho foram esses vilões tontões
que viviam tentando tomar aquele livro gigantesco do Guardião. Criaturas, se
vocês querem uma vaguinha como âncoras, comprem outro livro de contos de
terror, ou escrevam suas próprias histórias! Façam o trabalho sujo uma vez na
vida!
Ou
uma vez na morte, que seja...
Felizmente,
o sujeito – o Guardião, no caso – é tão magro que consegue se libertar das algemas
na maior facilidade, e empurrar seu rival na mesa de massagem, justamente
quando ele está terminando de colocar a máquina de alongamento para funcionar.
Agora
que a situação está controlada, ele já pode começar o desenho de hoje.
É
aniversário do pequeno Jeremy, e seus tios Dorothy e Harry o levaram ao parque
de diversões para comemorar. Ao que tudo indica, o tio Harry – que é tão
bem-humorado quanto Ebenézer Scrooge no Natal – concordou com o passeio por
livre e espontânea pressão de sua digníssima senhora – que, no mínimo, deve ter
ameaçado jogar suas cervejas na privada e fazê-lo beber suco de jiló pelos
próximos novecentos anos –, pois o sujeito não para de reclamar. Primeiro,
porque os ingressos estão mais caros do que o almoço numa churrascaria; depois
porque Jeremy só escolhe brinquedos supostamente perigosos.
Como
qualquer criança sedenta por aventura e adrenalina, Jeremy fica louco para
andar na montanha-russa, mas seu tio proíbe, pois não quer perder a tarde
inteira recolhendo seus pedaços por aí, depois que um dos parafusos daquela
engenhoca montada às pressas se soltar, para transformar o menino em panqueca. Então
Jeremy pede para ir na Casa Maluca, mas de novo, o tio argumenta que não tem
sentido pagar para andar entre paredes e espelhos, se podem fazer isso em casa.
Ou
seja, Harry está determinado a colocar defeito em todos os brinquedos do
parque, para ver se o menino desiste do passeio. Nem os jogos das barracas
agradam ao rabugento tio Harry, que imagina ser tudo arranjado, para que
ninguém possa levar o prêmio.
Até
com as guloseimas vendidas no parque o tio Harry implicou: algodões doces farão
o sobrinho perder os dentes antes mesmo de ter idade para dirigir;
cachorros-quentes o farão infartar antes de chegar à faculdade; pipocas
grudarão palha em sua garganta e o impedirão de respirar...
Resumindo:
tio Harry era um grande catastrofista. E um grandessíssimo filho da... pátria.
Sério,
como um sujeito ranzinza como esse conseguiu casar? E com uma senhora tão
simpática quanto a tia Dorothy!? Essa questão me deixa que nem a Magda: não tô entendendo...
E
o pior é que existem muitos tios Harry por aí, que só ficam satisfeitos
estragando a diversão dos outros, e que não sabem abrir a boca para outra coisa
que não seja reclamar.
Mas
ele precisa lembrar que Jeremy é só uma criança, e hoje é aniversário dele,
portanto, deve ao menos permitir que o menino se divirta um pouco.
Ah,
olha só: tem uma cigana chamada Delna lendo a sorte numa tenda no parque.
Claro
que o tio Harry vai logo dizendo que esse papo de previsão é uma tremenda
bobagem, daí a tia Dorothy o manda à merda às favas, e decide se
divertir por conta própria.
E
nesse momento, enquanto Harry repete mais ou menos pela carambésima vez que todos estão jogando dinheiro fora naquele
lugar, Jeremy dá de cara com o Conde Drácula em pessoa, que veio sugar seu
sangue e arrastá-lo para o inferno.
Só
que o vampirão não estava ali para um rega bofe. Acontece que até no mundo dos
monstros a coisa tá puxada, de modo que o Conde Drácula estava fazendo um bico
como garoto propaganda da Casa Assombrada do parquinho.
Pedindo
assim com jeitinho, é claro que o tio Harry – a contragosto – acompanhou o
menino nessa excursão, com a promessa de que o levaria para casa assim que esse
passeio terminasse.
O
engraçado é que a tal casa já parecia mal assombrada desde o lado de fora, com
nuvens de tempestade se formando ao seu redor, e trovões passando por ela,
enquanto que no resto do parque, o dia estava ensolarado e sem qualquer
vestígio de chuva. Mesmo assim, o tio Harry garantiu ao sobrinho que os dois
ficariam desapontados, pois o lugar devia ser tão assustador quanto o bolo de
carne da tia Dorothy.
Atenção
nesse cartaz, crianças:
Não
se esqueçam disso!
Claro
que o tio Energúmeno... digo, Harry fez sua própria interpretação do cartaz.
Sério,
o cara tem que ser muito filho da mãe para ficar estragando a diversão de uma
criança com esse monte de resmungos. Esse tio Harry está merecendo uma lição.
Tomara que o Bicho-Papão o agarre dentro da casa assombrada e o atire na cova
da Tamara-Que-Não-Volte-Nunca!
Sim,
eu sei, Once Upon a Time já acabou, mas o ódio por essa personagem nunca se
extinguirá.
Idem
para o Greg.
Hora
do passeio!
O
carrinho passa por um túnel escuro, e logo depois eles veem um esqueleto
fluorescente, que parece confirmar a teoria do tio Harry sobre aquela casa
assombrada ser tão assustadora quanto o almoço de domingo na casa da sogra,
porque está na cara que o esqueleto é feito de plástico e está enrolado em
luzes de natal pintadas de verde.
Em
seguida, uma cabeça de lobisomem aparece pendurada acima deles no túnel escuro,
claramente outra imitação coberta de pelos artificiais. Tem até um olho
faltando, só para impressionar. Mais à frente, atravessam uma passagem cercada de
teias de aranha... E se a coisa continuar assim, todos teremos que concordar
com o tio Harry: essa casa assombrada é tão assustadora quanto a aula de
Aritmética do Professor Girafales.
De
repente, porém, o carrinho deles toma um caminho diferente dos que vão à sua
frente, passando por uma porta adjacente e entrando num túnel sombrio com
trilhos de madeira apodrecida.
Estava
com medo da montanha-russa? Dá uma olhada nesses trilhos. No mínimo, foram
construídos quando Matusalém ainda engatinhava!
E
o destino não é muito menos bizarro do que o caminho, porque, ao passar por um portal
super iluminado, desembocam em outro túnel, onde morcegos aparentemente reais
se lançam contra eles.
E
se tiverem sido feitos pela produção do Chapolin Colorado, devem adorar Água da
Jamaica, aposto.
Assim
como também desconfio que Água da Jamaica seja um pseudônimo para a água que o
passarinho não bebe.
Mas
agora o tio Harry começou a gaguejar. Sinal de que ele já não está tão certo de
que tudo naquela casa assombrada seja tão fajuto assim.
Principalmente
depois que uma certa passagem os conduz a um pântano sombrio. Harry supõe
primeiro que as árvores ao seu redor sejam feitas de cera, mas já começa a
agarrar com força a lateral do carrinho, quando os cipós começam a se mexer e
tentar agarrá-lo.
A
propósito, tem alguma coisa se mexendo no seu chapéu, tio Harry.
Seguindo
a sua lógica, deve ser só um balão com uma saída de ar. Só não esquece de
anotar o nome da espécie, caso o balão de ar aí te dê uma dentada, para tomar o
soro antiofídico certo.
E
agora tem um monte de insetos estranhos invadindo o carrinho, e eu sinceramente
não colocaria a mão para descobrir se são de verdade ou apenas bonequinhos
eletrônicos que parecem vermes... Mas tudo bem, porque tem uma lula gigante no
pântano que vai adorar comer esses bichos irritantes.
Então
os cipós agarram o tio Ranzinza e o puxam para fora do carrinho, apesar do
aviso do cartaz lá na entrada, que recomendava que os passageiros nunca
abandonassem o veículo.
Falando
em saber ler...
E
graças às muitas atrações que se exibem no pântano, Jeremy nem se deu conta de
que seu tio passou parte do passeio brigando com os cipós alguns metros acima
de sua cabeça. E ele provavelmente não saberá explicar de maneira racional como
seu chapéu ficou tão mastigado.
Pelo
menos o passeio pelo pântano está acabando, e eles estão prestes a entrar num
cemitério.
O
carrinho começa a deslizar por entre os túmulos, e...
E
defuntos no plural! Os mortos saem de suas covas e começam a caminhar não muito
lentamente em direção ao carrinho.
Ué,
tio Harry... As coisas aí não eram feitas de cera? Se continuar assim, vão
mudar seu apelido de Ranzinza para Borra-Calças.
Deixa
ela ouvir isso!
Aparentemente,
o zumbi também não gostou da comparação, e foi logo tentando arrancar o tio Ranzinza
do carrinho para cobri-lo de pancada.
Finalmente,
eles veem uma luz no fim do túnel, o que significa que o passeio está
terminando, e o tio Harry logo poderá limpar a bunda.
Isto
é, se aquele pêndulo afiado balançando perto da porta não fatiá-los na saída...
Mas
como isso é um desenho animado – e não é do South Park –, é claro que eles
conseguiram passar tranquilamente pelo pêndulo, e retornar ao túnel com as
teias de aranha, o que significa que seu passeio chegou ao fim.
A
propósito, tem algum médico na casa? Porque eu acho que o tio Harry vai ter um
piripaque.
A
propósito, tem uma coisa atrás de você, tio Harry.
Não
é ótimo ver esses rabugentos que adoram acabar com toda a diversão se borrando
de medo?
Tio
Harry começa a passar um relatório completo à sua senhora a respeito do passeio,
contando sobre os morcegos verdadeiros, o pântano cheio de coisas estranhas, e o
cemitério, onde os mortos se levantavam do túmulo e tentavam arrancá-los do
carrinho, e aquele pêndulo maluco balançando na saída...
Daí
tia Dorothy começa a gargalhar porque seu marido nem se deu conta de que
acabara de se divertir como nunca na vida.
Obviamente
o psseio pela Casa Assombrada, mesmo com aquele desvio para o Quinto dos
Infernos, não foi realmente assustador. Provavelmente o tio Ranzinza aí só
ficou preocupado porque não conseguiu pensar em nenhuma explicação plausível
para as aberrações que os atacaram. E o grande barato do episódio era vê-lo se
descabelando, enquanto Jeremy bancava a mãe do Phineas & Ferb, sem ter a
menor noção dos apuros em que seu tio estava envolvido.
Agora
até o tio Harry teve que rir de si mesmo, por ter ficado tão apavorado com
aquela casa assombrada que quase sujou as calças.
Mas
promessa é promessa. Hora de ir para casa.
Aquela
que o senhor estava criticando mais cedo? Como o mundo dá voltas, hein...
Parece
que a sorte da tia Dorothy estava certa, afinal.
Ou
seja, quando esqueceu que era um adulto, tio Harry se lembrou como é que se
diverte, simplesmente deixando a imaginação voar.
Moral
da história: dê um habeas corpus à sua imaginação, ou corre o risco de virar um
chato de galochas.
Com
o fim do conto, somos levados de volta ao Guardião da Cripta, que agora está
sendo perseguido pela Bruxa Velha, que veio malhar com ele, recitando um
poeminha... Ou será um feitiço?
Anotem
essa receita, para quando quiserem se livrar de uns pneuzinhos indesejáveis.
Mas
como o Guardião da Cripta está Puro Osso – sacaram a referência a Billy &
Mandy? –, ele prefere trancar a Bruxa Velha na padaria, onde ela será socada
até ficar só com meio metro de altura.
Tudo
bem quando termina bem. Fica um conselho, meus amigos: mantenham sua imaginação
em forma!
Na próxima postagem, vamos reencontrar o fantasma da Chorona, que causou o maior
furdunço lá na vila do Chaves.
Até lá! *-*
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