A Fantasma da Jarra de Chocolate

em segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Chespirito nunca é demais! No primeiro Halloween Animado do blog eu postei quatro reviews – tivemos Chapolin, Chaves, Chômpiras e Pancada. No segundo foram só dois – Chapolin e Dom Caveira. E desta vez só não repeti o ano passado, porque tivemos o acréscimo do Chaves em Desenho.
Já comentei aqui que Dom Caveira é o meu esquete favorito do Programa Chespirito da era pós Chaves e Chapolin. E como se trata de um esquete de humor negro, sobre o dono de uma funerária, ele acaba se enquadrando muito bem no mês do Halloween. Pena que só foram produzidos sete episódios.
O escolhido para a review de hoje é um roteiro que Bolaños reciclou inúmeras vezes, e que percorreu praticamente todos os esquetes do programa. Mas neste aqui ele caiu como uma luva.
É uma manhã corriqueira na casa do Dom Caveira... Digo, do Seu Carlos Vieira. Genoveva, a empregada, serve uma xícara de chocolate ao patrão, enquanto ele lê tranquilamente o jornal, e deixa a jarra na mesa, enquanto vai buscar o pão na cozinha. Daí o Seu Caveira decide que ela colocou pouco chocolate em sua xícara, e começa a servir mais, e por estar tão distraído na leitura do jornal, não percebe que está derramando tudo.
É preciso ter muita intimidade com o patrão para dizer esse tipo de coisa. Sinal que a Genoveva deve trabalhar para os Caveira há muito tempo.
Acontece que seu patrão – que já é distraído por natureza – estava se lembrando do sonho que teve esta noite com sua falecida esposa. Isso porque, como a Genoveva observou, já faz mais de vinte anos que a Dona Falecida morreu – o que comprova que a moça trabalha na casa desde pequenininha.
Quer dizer... Maria Antonieta de las Nieves continua sendo diminuta. Retificando: ela trabalha na casa desde quando era menor do que é agora.
Enfim, vocês entenderam...
Mas Dom Caveira sonhou com a esposa a semana toda. E já que derramou todo o chocolate, ele decide ir de uma vez para o escritório.
A empregada vai até a cozinha buscar um pano para limpar toda a porcaria que o patrão fez na mesa, enquanto Dom Caveira pega seu chapéu e sai tranquilamente de casa, levando a jarra de chocolate.
Ao ver que a barra está limpa, o Soldado Melquíades, namorado de Genoveva entra pela janela da cozinha para beliscar a bunda dela sem ter que encarar seu patrão.
É que o soldadinho aí adora filar boia na casa do Seu Caveira, mas ele não pode nem desconfiar disso, porque senão...
... não faço ideia do que poderia acontecer, já que o Seu Caveira sempre me pareceu muitíssimo bem-humorado.
Enquanto os pombinhos se divertem e lancham na casa do figurão, Dom Caveira chega à funerária, e encontra Celório espanando os caixões do mostruário, como de costume – seu trabalho parece se resumir a isso.
Bem-humorado e sarcástico, eu quis dizer.
Naturalmente, Celório também achou estranho seu patrão chegar com um guardanapo amarrado no pescoço e uma jarra de chocolate na mão. Embora seja de conhecimento público que Dom Caveira é viciado nesta deliciosa bebida.
Sei... Me engana que eu gosto, Seu Caveira...
E agora que se deu conta de que está roubando a louça de sua própria casa, Dom Caveira decide levar a jarra de volta antes de começar a trabalhar, para evitar que a empregada tenha um chilique procurando por ela.
A propósito, onde estão os seus modos, mocinho? Você não cumprimentou o Dr. Rafael Contreras, seu amigo, que estava na porta.
Foi por isso mesmo que o Dr. Contreras veio logo cedo, para perguntar como estava a cuca do seu amigo pancada. Não o Bonaparte; é modo de falar.
Isso, considerando que o tal defunto tenha ido para o Céu.
Ah, sim, Rafael, a jarra de chocolate que estava usando o chapéu do seu amigo como tampa, ele levou para passear logo cedo. Só faltou apelidar de Madruguinha e pendurar uma coleira.
Dom Caveira chega em casa justamente enquanto Genoveva está procurando a jarra de chocolate, e tentando se livrar dos beliscões do namorado. Daí Seu Caveira pendura a jarra no mancebo da entrada, e leva o chapéu pra cozinha, onde vê a xícara vazia sobre a mesa, tenta servir chocolate, e se dá conta da nova burrada que fez.
Daí ele se abaixa para apanhar o chapéu que jogou no chão no susto, chega o Soldado Melquíades por trás dele, e...
Como foi que você confundiu a bunda do Seu Caveira com a da Genoveva, Melquíades? Está precisando de óculos, meu amigo. E prestar mais atenção, antes de sair distribuindo beliscões no popozão.
O soldado tenta sair pela tangente, negando ter beliscado o patrão da namorada, e Genoveva aproveita o sarcasmo de Caveira, ao perguntar se foi beliscado por um fantasma, e confirma que essa é uma possibilidade plausível, pois até a jarra de chocolate sumiu de casa hoje cedo.
E bem nesse momento, o Dr. Contreras entra na casa sem bater, pois encontrou a porta aberta. Aliás, isso acontece com muita frequência na casa do Dom Caveira. Escreveu, não leu, alguém esquece a porta aberta. Muito me admira que os ladrões não façam a festa nessa residência. De duas uma, ou o cidadão mora no bairro mais seguro do mundo, ou o fato de ter sempre um policial enfiado lá dentro desestimula os bandidos a bancarem os engraçadinhos.
Como ia dizendo, Rafael entra na casa e dá de cara com a jarra de chocolate pendurada no mancebo, e já vai se dando conta de que seu amigo precisa de uma boa regulada na rebimboca, porque o que ele tem feito de besteiras ultimamente...
Por algum motivo, Dom Caveira e o Dr. Contreras acham mais apropriado retornarem à funerária para poderem conversar sobre o assunto. E nesse momento, Dom Caveira está determinado a culpar um fantasma por ter posto a jarra de chocolate em suas mãos, e depois no mancebo.
E todo mundo sabe que mesmo depois de morta, mulher é tudo louca por chocolate.
E esse é justamente o motivo porque Dom Caveira anda apresentando esse comportamento estranho: já faz uma semana que ele vem sonhando todas as noites com a falecida Sra. Caveira. E o Rafael, em vez de tentar curar as manias do amigo, coloca mais caraminholas em sua cabeça, concluindo que o espírito dela esteja assombrando a casa do marido, tentando se comunicar com ele.
E ainda compartilha seus supostos poderes mediúnicos recém adquiridos, e que o fizeram acreditar no sobrenatural. Aparentemente, o Dr. Contreras vem tendo pressentimentos muito acertados. Por exemplo, um dia desses, ele estava pensando num parente distante, que não via há muitos anos, e um minuto depois encontrou esse parente na rua. Claro que isso pode ser uma simples coincidência. Mas outro dia também ele pressentiu que um objeto muito pesado cairia sobre sua cabeça, e um minuto depois, um dos andaimes de uma obra perto da qual ele passava despencou, a pouquíssimos centímetros dele, de modo que sua vida foi salva graças ao pressentimento que o fez deter o passo. Mas é claro que isso também pode ter sido outra simples coincidência.
Claro que o Rafael estava falando de outro animal, um cachorro que entrou em seu consultório.
Naturalmente, Dom Caveira não acredita em poderes paranormais, ou em manifestações sobrenaturais, nem nada parecido, exceto quando lhe convém, para não ter que reconhecer que pirou na batatinha e levou a jarra de chocolate para passear logo cedo por pura distração.
E como Rafael está se acreditando médium, propõe ao amigo que realizem uma sessão espírita em sua casa para descobrir se há realmente um fantasma morando lá de bicão. E como precisam de quatro pessoas para realizar esse trabalho, Genoveva também será envolvida no rolo.
Caveira também não gosta dessa ideia, mas ele sabe que seu amigo Rafael é teimoso como uma mula, e se ele cismou em fazer essa sessão espírita em sua casa, não há cristão que possa tirar essa ideia de sua cabeça.
Tudo bem que Caveira, como dono de uma funerária, esteja acostumado a lidar  com defuntos – ao menos com seus corpos –, mas a empregada prefere manter distância dessas coisas. Daí ele apela para sua sensibilidade, alegando que talvez sua finada esposa esteja tentando lhe dizer algo importante, e este é o único jeito de averiguar.
A moça, apavorada, vai chorar as pitangas no ombro do namorado, que trata logo de acalmá-la, pois essa sessão espírita pode não ser tão assustadora quanto ela pensa.
Sim, você deve estar certo. Mas o que está apavorando a mocinha aí não é o recado que a mulher possa trazer do Além, e sim a aparição que ela pode vir a testemunhar. E é melhor Melquíades se apressar com esse lanchinho, porque seu patrão não demora a chegar.
Mas acaba que Genoveva não tem tempo de despachar o namorado, pois Dom Caveira e seus amigos chegam mais cedo do que o planejado, de modo que o rapaz acaba tendo que se esconder no local mais próximo, ou seja, embaixo da mesa.
Justamente, a mesa em volta da qual Rafael convocará o espírito da Sra. Caveira. E ele ainda leva a jarra de chocolate.
Como podem ver, os empregados decidiram entrar em greve, pelo direito de não verem a cara da defunta de Seu Caveira. E enquanto cada um foge por um lado, Melquíades tenta aproveitar para sair do esconderijo e fugir da cena do crime, mas Rafael, com aquele tamanhão, alcançou Celório em duas passadas, e tratou de arrastá-lo de volta antes que o Soldado pudesse desaparecer de vista, forçando-o a se enfiar novamente embaixo da mesa para não ser apanhado. Só que desta vez, ele se lembrou de deixar a jarra de chocolate em seu devido lugar. E todo mundo repara nessa misteriosa aparição.
Bem, agora que estão todos reunidos, melhor começar logo essa sessão, antes que mais alguém decida sair correndo.
Ele disse do intangível, Dom Caveira! Não do fedor insuportável.
Naturalmente, o dono da funerária continua duvidando de que seja possível se comunicar com os mortos.
Mas esse interurbano deve estar pela hora da morte.
Sacaram? Interurbano com o Além...
Não?
Prosseguindo...
Rafael explica que os mortos não costumam se comunicar de viva-voz, mas através de pancadas.
Quando ele disse pancada, quis dizer som de pancadas. Uma pancada significa sim, e duas, significa não.
Lembraram do Mistério dos Pratos Desaparecidos?
Lembraram do Chapolin Colorado se comunicando com o gato na Festa à Fantasia da Bruxa do 71?
Todos dão as mãos, e Rafael começa a perguntar se a falecida Sra. Desdêmona Caveira está presente.
E bem nesse momento, ocorre ao Dom Caveira cruzar as pernas. Mas como a mesa é muito pequena, ele acerta um chute na cara de Melquíades que ainda está lá embaixo, fazendo-o bater a cabeça no tampo.
E pelo visto, Genoveva já esqueceu que escondeu o bofe lá embaixo.
Diante desta manifestação, Dom Caveira começa a se questionar se é correto o que estão fazendo, e Rafael se dispõe a perguntar a opinião da falecida. Daí Dom Caveira descruza as pernas, pisa na mão do Soldado, e ele torna a bater a cabeça no tampo da mesa.
Nem vem, Dom Caveira! Todo mundo concordou que a defunta só responderia com pancadas. De modo que se vier com graça agora ela pode encarnar a Dona Florinda e te descer o braço.
Sinal de que ela o conhece muito bem. E como não podem discutir com os mortos, vamos adiante.
Celório quer aproveitar o ensejo e perguntar se sua avozinha também está no Céu.
Para quem estava com medo de participar disso, o sujeito ficou bem interessado de repente...
Segundo ele, sua avozinha morreu há alguns anos, e ele não acha que um pequeno deslize fosse motivo suficiente para mandá-la pro inferno.
O que dizia, Dom Caveira?
Nem adianta dizer que ela disse sim duas vezes, porque já ficou combinado como funciona o sistema das pancadas.
Mas como conhece bem os antecedentes do Dr. Contreras, Genoveva começa a desconfiar que toda essa algazarra seja mais uma piada do médico, e que ele esteja dando as pancadas e balançando a mesa.
Por sorte, em vez de espiar embaixo da mesa, Rafael se levanta, indignado, e começa a esbravejar com a empregada, garantindo não ser capaz de tamanha infâmia. Muito embora, noutros carnavais, ele tenha contratado um ator para fingir de morto e assustar o Dom Caveira.
A propósito, será que alguém deu pela falta do coitado do dito cujo? Ou ele chegou a ser enterrado no caixão em que o Celório o pregou?
Nunca saberemos.
E nesse momento, Melquíades começa a sacudir o pé de Genoveva embaixo da mesa, para chamar sua atenção, mas como já se passaram várias cenas desde que ela mandou o coitado se esconder, ela já nem se lembrava mais disso, e entra em pânico, imaginando que se trata de alguma assombração.
Você deveria dizer tinhosa, já que, supostamente, deveria ser a finada Sra. Caveira. Mas ninguém havia dito que os espíritos poderiam executar ações físicas, de modo que Genoveva começa a chutar o queixo de Melquíades, fazendo-o bater a cabeça na mesa; algo que eles entendem como uma confirmação de que os espíritos podem se manifestar dessa forma.
Então todo mundo se levanta, um mais apavorado que o outro, e começam a encarar a mesa possuída.
E eu tenho que dizer: gente, não sabe brincar, não desce pro play! Se não queriam ver uma assombração, não deviam ter invocado a defunta.
Nesse momento, enquanto Dom Caveira tenta iniciar o papo com sua digníssima senhora, o Soldado Melquíades sai de baixo da mesa, acaba se enrolando na toalha, e aí já viu, né...
É claro que, passado o susto, tudo se esclareceu. Afinal, todo mundo sabe que o coitado do policial está apaixonado pela empregada do Dom Caveira. Ou pelo chocolate que ela prepara. E pode até ser que se torne um bom marido, fiel e amoroso, tal como Dom Caveira afirma ter sido à finada Desdêmona. Tanto que andou sonhando frequentemente com ela, mesmo tantos anos após sua morte. Ou talvez ele tenha ficado influenciado por um retrato dela que colocou recentemente na escrivaninha do escritório na funerária. E agora que sabe que era o Soldado Melquíades quem estava batendo na mesa, ele pode ficar sossegado, e voltar a acreditar que sua falecida esposa sempre lhe fora fiel.
Melhor deixar isso quieto, Desdêmona, senão isso pode virar um Casos de Família.
Assim terminamos mais essa review. Na próxima postagem, que será a última aventura desta maratona, vamos acompanhar o encontro épico entre os irmãos Winchester e a turma do Scooby-Doo.
Não percam! *-*

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