Eu Vou Literalmente Até o Inferno Para Te Encontrar

em quarta-feira, 22 de abril de 2020

Depois de passarmos uma meia temporada deliciosa em Camelot, resolvendo questões relacionadas ao Mago Merlim, ao Rei Arthur, a Excalibur, e o problema do Cisne Encardido – porque, convenhamos, não dá para chamar a Emma de Cisne Negro de verdade, né?! A mulher tentou, fingiu, fez de conta que estava má enquanto desfilava pela cidade com os trajes de Senhora das Trevas, mas a verdade é que até seus atos mais questionáveis são perfeitamente perdoáveis, e ela fez pensando num bem maior, embora Rumplestiltskin assegure que é tudo desculpa esfarrapada, e que todo Senhor das Trevas tenta justificar suas maldades dessa forma. Afinal, manipular todos os outros personagens ao seu bel prazer é um bônus, que sempre vem junto na descrição da função do Dark One.
Seja lá como for, Emma transitou pelo lado negro da força, tomou um banho de alvejante, e está de volta, linda, loira, descabelada, e vestida com sua inseparável jaqueta vermelha, e completamente determinada a ir até o inferno para buscar seu amor perdido.
Literalmente!
A trama da segunda parte da temporada de Once Upon a Time acontece no Mundo Inferior, então preparem-se para ver muita mitologia grega misturada nesse conto de fadas de cronologia extremamente bagunçada que nós tanto amamos.
Esse arco foi um presente para os fãs que estavam com saudade de alguns personagens muito queridos que já tinham partido. Cora, Peter Pan, Cruella, e até a insignificante Milah deram as caras por aqui. Só senti falta do Graham.
O grande pecado desse arco foi ter transformado o Mundo Inferior numa espécie de colônia de férias. Hades, que tinha tudo para ser um vilão digno do título, uma vez que é difícil encontrar atenuantes para o Senhor dos Mortos, acabou não sendo tão convincente, com sua suposta busca por redenção. Se era para repetir essa novela, deviam tê-lo transformado em um mocinho amaldiçoado desde o início, em vez de primeiro pintá-lo de vilão.
Sem falar que várias tramas paralelas acabaram ocupando um espaço desnecessário, somente para explicar a presença de certos personagens no Submundo, conectá-los aos heróis e mostrar porque eles eram seus assuntos inacabados. Boa parte dessas inserções teriam sido melhor administradas se a explicação tivesse sido inserida nos diálogos dentro do tempo presente da série, em vez de perder tempo com um monte de flashbacks desnecessários.
E ainda desperdiçaram a grande oportunidade de colocar nossos heróis frente a frente com todos os fantasmas de seu passado – literalmente –, expondo-os ao perigo real de enfrentar as almas atormentadas que eles mesmos despacharam. Em vez disso, nossos heróis passearam, viveram aventuras, fizeram amigos, tiraram um monte de selfies, e descobriram que a Bruxa Cega do João e Maria continua sendo uma excelente cozinheira. Voltaram até mais gordinhos dessa viagem – de lazer – ao inferno. Afinal, todos nós sabemos que é um lugar cheio de boas intenções...
Mas para quê explanar aqui o que vocês conferirão ao longo da review? Então, sigam-me os bons!
Emma parte com sua família – e quando eu digo família, quero dizer toda ela: mamãe Branca de Neve, papai Charming, mãe adotiva de seu filho e sister de consideração Regina, cunhadinho Robin Hood, ex-sogrão Rumplestiltskin, e até seu filho, Henry – para o Mundo Inferior.
Aqui entre nós, não me parece muito maternal levar uma criança para o Submundo. Não podiam ter deixado o Henry com a Belle, ou com a Vovó? Seis Anões e uma árvore não são babás suficientes para cuidar do Roland, do bebê Neal, da filha recém-nascida do Robin Hood e do Henry? Pensando bem, está na hora de alguém abrir uma creche nessa cidade. Deviam falar com a Prefeita...
E eu me pergunto, cadê os Anões agora? Quando a viagem era para Camelot, para visitar a corte do Rei Arthur, estava todo mundo com a passagem na mão, doidinho para embarcar no tornado; mas quando a viagem é pro inferno, ninguém quer acompanhar, né?
O que não é muito difícil de acontecer, né, Zangado?!
Bem, Emma deve ter cochilado na barca de Caronte, pois ela teve uma espécie de sonho ou visão com Neal. O pai de seu filho, não seu irmãozinho bebê – família nada confusa. Eles estão em seu Fusca amarelo, e Neal pede que ela não o procure nessa viagem, pois ele está num lugar de paz. O Submundo é uma espécie de Purgatório, para pessoas com assuntos inacabados, e ele não tinha nenhum quando morreu – seu pai estava vivo outra vez, e ele já o tinha perdoado; Emma estava bem, lhe colocando chifres com o pirata bonitão; e tirando a influência do pozinho mágico dos Meninos Perdidos na Terra do Nunca, e o fato de ter o coração do verdadeiro crédulo, Henry também estava no caminho certo, sem dar qualquer sinal de tendência a cultivar maçãs envenenadas (o filho adotivo da Rainha Má), ou criar escamas na pele (o neto do Senhor das Trevas), ou de se tornar discípulo do Leão Lobo (o neto da fofoqueir... Digo, da Branca de Neve)... Enfim, o menino parecia ter uma infância saudável, de modo que ele não tinha com que se preocupar.
Já o Hook, esse com certeza está no Submundo, já que morreu como Senhor das Trevas. E isso já anima Emma a começar sua busca.
Só queria fazer uma observação:
De onde Neal tirou que Emma poderia estar pensando em procurá-lo? Querido, essa mulher não pensava em você mais ou menos desde o seu enterro! Mas entendo a preocupação dos roteiristas em nos explicar que Neal estava num lugar melhor. Aliás, descanse em paz! Você ainda foi o melhor namorado que a Emma arrumou nessa série, fora o Hook. Pelo menos em comparação com a concorrência – o amante da Regina, o macaco-voador...
Agora, se preparem para esta: o inferno é um espelho da cidade de Storybrooke! Segundo Hades, a cidade foi criada à imagem e semelhança de seu reino, pois supostamente foi ele quem criou a Maldição das Trevas.
Claro que todos nós estamos cansados de saber que o orçamento dessa série é extremamente limitado – nota-se pelo figurino dos personagens, cuja verba é distribuída proporcionalmente à importância do personagem na história: Regina, por exemplo, que carrega essa série nas costas desde o princípio, tem 90% da verba destinada ao seu guarda-roupa; Rumple, como é o segundo na função de carregar a série nas costas, ficou com o melhor maquiador, e ainda ganhou o privilégio de usar alguns ternos do diretor; já Emma Swan, que pela lógica deveria ser a protagonista, como agradou menos que a nossa Rainha, acabou ficando na seção de jeans, botas, camisetas, e sua icônica jaqueta de couro vermelha; Belle, que não cheira nem fede, só ganhou meia dúzia de roupinhas mais ou menos, e algumas boinas para lembrá-la de que não é avó biológica do Henry, por ser a esposa do Senhor das Trevas, mas de vez em quando, quando a crise aperta Once Upon a Time, circula com um figurino roubado da Branca de Neve, e com o cabelo preso num coque à la Vovó Donalda, porque não sobrou grana para mandá-la ao cabeleireiro; e nem vamos mencionar a Branca de Neve, porque sobraram tão poucas moedas no fundo da lata de biscoito, e ela fez tanto sucesso nessa série, que a coitada teve que dividir o figurino com a avó da Ruby... De modo que não se podia esperar realmente que a produção fosse gastar com um novo cenário para representar o inferno, se era muito mais fácil e mais barato colocar um filtro avermelhado nas lentes das câmeras, jogar o relógio da torre no chão e chamar essa espelunca de Mundo Inferior.
No lugar do Hades, eu ficaria revoltada; por outro lado, podia ter sido pior: podiam ter passado meia temporada nos forçando a engolir aquela “maravilha” de chroma key. Não que a gente não vá ver algum ao longo dessa viagem...
Bem, ao chegar ao “Inferno”, nossos heróis se separam em duplas para perguntar por aí se alguém viu um pirata bonitão, amante de delineador, com cara de cafajeste e com um gancho no lugar da mão esquerda. E é a partir daí que começamos a ter notícias de certos personagens que já haviam deixado o Mundo dos Vivos.
A Bruxa Cega, naquele Submundo, gerencia a lanchonete da Vovó. Fico me perguntando se ela também tenta jantar a clientela, como tentou fazer com João e Maria.
Inclusive, a Branca de Neve já está até meio gordinha, Dona Bruxa. E agora que eu me dei conta da incrível semelhança entre a Bruxa Cega dessa série com a Arlequina. A caracterização fez um ótimo trabalho... confundindo as personagens...
James, o irmão gêmeo do Charming, é o Xerife do pedaço, e não perde a oportunidade de tascar um beijaço na Branca de Neve ao encontrá-la na lanchonete da Bruxa Cega. E o curioso, é que a Princesa só percebeu que aquele não era seu marido, quando o gêmeo malvado mandou lembranças para o irmão.
De duas uma: ou faz uma eternidade desde a última vez que Branca de Neve beijou o Príncipe Encantado, ou James tem muito mais em comum com o irmão do que só a aparência. O que me faz imaginar que esse Charming bonzinho é só fachada...
Mas não foi só a testa do Príncipe que queimou nesse episódio. Charming também se perdeu na cidade amaldiçoada, e acabou dando uns pegas na Cruella na delegacia.
Com um inacreditável efeito retardado, os roteiristas finalmente ouviram minhas preces, e decidiram dar uma segunda chance para a Cruella. Das três Rainhas da Escuridão (só que não!) que foram introduzidas na quarta temporada, ela era a melhor personagem, e acabou sendo a menos aproveitada. Não que dessa vez seja muito diferente: Cruella está presente só em meia dúzia de cenas, e quase sempre fazendo papel de cachorra! Uma grande ironia...
Mesmo assim é uma boa notícia. Principalmente para os nossos heróis, pois Cruella não guarda rancor dos pais de sua assassina, e é quem compartilha a primeira informação útil a respeito daquele lugar: há um cemitério nos arredores da cidade; cada pessoa que desce ao Submundo ganha uma lápide. Então, se querem saber se Hook está lá, basta procurarem a lápide dele. Se ela estiver inteira, é porque ele está em algum lugar do Submundo; se estiver rachada, significa que sua alma foi destruída, ou ele está queimando no fogo inferior – que deve ficar no centro da Terra, creio eu. Agora, se a lápide estiver tombada, significa que não devem procurá-lo, pois ele está num lugar melhor.
Agora que sabem onde começar a procurar, os heróis não demoram a encontrar a lápide de Gancho, e Emma usa a poção para se comunicar com os mortos que Rumple contrabandeou, mas o feitiço está tão bem sintonizado quanto uma antena de TV com palha de aço. Só o que eles conseguem entender é que Hook encontrou o valentão da escola, apanhou pra burro, teve a cabeça socada no vaso sanitário, e está mais arrebentado que o Quico interpretando o boxeador no Doutor Chapatin.
Enquanto eles procuram outra forma de se comunicar com Hook, Regina tem um encontro desagradável com sua mãe.
A parte boa é que o pai de Regina também está lá, e nossa Rainha pode finalmente se desculpar por tê-lo sacrificado para lançar a Maldição das Trevas. Deve ter alguma televisão sintonizada na ABC em algum lugar do Submundo, pois Henry-Pai está por dentro de tudo o que aconteceu nas temporadas passadas, e está orgulhoso da mulher que Regina se tornou. Muito diferente daquela Rainha sombria, que só pensava em esmagar o coração da Branca de Neve. E em certa ocasião ela quase conseguiu.
Cora já havia sido banida para o País das Maravilhas na época, mas Henry a convocou através do espelho para ver se ela conhecia uma maneira de satisfazer Regina, sem que ela tivesse sua vingança, mas ser boa mãe nunca foi o forte da Cora. E como Henry não encerrou a ligação antes de se afastar do espelho, Cora conseguiu atravessá-lo para dar à filha o presente de aniversário perfeito: o coração de Branca de Neve.
Acontece que seu pai trocou os corações, para que Regina não obscurecesse seu coração com o assassinato de Branca de Neve. Porque matar o guarda, tudo bem, eles são que nem insetos; já matar a enteada é um crime hediondo. Fico me perguntando em que copo de uísque estava o compasso moral dos criadores da série quando escreveram esse episódio...
Naquela época, a Rainha Má deu uma pastilha encolhedora do Chapolin Colorado para o pai, e o guardou numa caixa de joias, para que não voltasse a atrapalhar sua vingança. E Cora conseguiu passar os quarenta dedos na caixa, e levá-la consigo quando Regina a empurrou através do espelho de volta para o País das Maravilhas, selando a passagem para que a megera não pudesse mais voltar.
Mas alguma toca de coelho o pai dela encontrou para retornar, pois, como já foi dito, foi o coração dele que Regina usou para ativar a Maldição que os levou para Storybrooke da primeira vez. Aliás, esse enredo foi a explicação de uma história que ficou fora de contexto e totalmente inacabada lá na primeira temporada: quando Regina contratou Jefferson, o viajante do chapéu, também conhecido como Chapeleiro Maluco, para ir até o País das Maravilhas recuperar um bem valioso que havia sido roubado. Na época, o guia turístico sabia exatamente com quem estava lidando, já que teve o cuidado de esclarecer à Rainha Má que o número de pessoas que vai é o mesmo que deve voltar da Casa do Chapéu – principalmente para que ela não tivesse a brilhante ideia de eliminá-lo no caminho. Mal sabia ele que Regina havia ido buscar justamente a caixa onde seu pai estava guardado. E como os cogumelos do País das Maravilhas são excelentes para acelerar o crescimento, ela fez a revelação bem na hora de passar pela área de embarque, deixando o Chapeleiro para trás, para enlouquecer aos poucos nas mãos da Rainha de Copas, depois de ter a cabeça cortada, e depois recosturada ao corpo, e de ter sido obrigado a passar sabe-se lá quanto tempo tentando fabricar um novo Chapéu Mágico. Nunca saberemos se ele conseguiu, ou se encontrou outro espelho mágico, ou se passou pelo buraco da fechadura da Toca do Coelho, ou se embarcou no bolso da Rainha de Copas de volta à Tão, Tão Distante. A série jamais se preocupou em esclarecer como o rapaz foi parar em Storybrooke depois que a Primeira Maldição foi lançada.
Enfim...
Agora que rememoraram esse momento família, Cora achou que já estava na hora de dar o divórcio definitivo ao seu ex-marido, jogando-o no abismo de fogo do Mundo Inferior. Mas para surpresa de todos, em vez de ter sua alma destruída, como era de se esperar, uma ponte surgiu diante dele para levá-lo para o andar de cima.
Percebendo que Hook não é o único que pode ser resgatado naquele mundo, Regina se dispõe a ajudar outras pessoas a encontrarem a paz, pois sabe que para muitos habitantes do Submundo, os heróis que se engajaram naquela missão são seus assuntos inacabados. Só não esqueçam que planos de vingança podem estar incluídos nesses assuntos, viu, galera?!
Quem não gosta nada dessa boa notícia é o Hades, pois cada alma que deixa seus domínios torna o Mundo Inferior mais fraco. Como castigo, por inspirar essa ideia nos mocinhos – ainda que sem querer querendo –, ele veste Cora novamente como filha do moleiro, e a obriga a trabalhar com os sacos de farinha que ela sempre odiou.
Bem, disseram que esse lugar deveria ser o inferno, mas até agora, não vimos ninguém sofrendo – além do Hook – ou sendo cozido. É importante mostrar ao menos um personagem sendo punido, ou ficaremos com a impressão de que Hades gerencia uma colônia de férias para almas que ainda não estão prontas para serem despachadas. Seja lá qual for seu destino final...
Como o Hércules, por exemplo, que não conseguiu concluir seu último trabalho, que consistia em derrotar o cão infernal de três cabeças, Cérbero. O herói o enfrentou sozinho, depois de ter inspirado Branca de Neve, à época adolescente e medrosa, a se tornar uma guerreira corajosa para proteger seu povo, e acabou morrendo sob as mandíbulas do monstro.
E como contrapontos são a especialidade de Once Upon a Time, agora é a vez da Princesa ajudar Hércules a vencer o medo do bicho de estimação de seu tio, e finalmente concluir seu décimo segundo trabalho. Quem sabe seu pai, Zeus, não dê um jeitinho de lhe dar a imortalidade, mesmo depois de ele ter ficado morto uns quarenta anos?
Mégara também está no Submundo, e como Hades adora sacanear a família, e não quer transformar seu reino sombrio no cafofo do final feliz, ele manteve a moça prisioneira em seu covil desde que ela chegou, para evitar que encontrasse seu sobrinho, e os pombinhos acabassem se entendendo. Agora ela conseguiu fugir com a ajuda de Hook, e muito convenientemente, deparou-se com Emma na primeira esquina, mostrou à Salvadora onde fica a entrada da prisão do pirata, e se aliou à Branca de Neve e Hércules para matar o cão infernal, que também é o responsável por ela estar naquele lugar.
Vencer Cérbero e reencontrar Mégara – a quem, diga-se de passagem, ele mal conhecia nessa versão – eram os assuntos inacabados de Hércules, que agora pode partir para o Olimpo, levando sua nova namorada como convidada especial.
Uma participação pequena demais, para um dos personagens mais importantes e famosos da Mitologia Grega. Mas já estamos acostumados com isso. Afinal, Once Upon a Time é uma série que preza mais pela redenção dos vilões, do que em ficar pajeando os mocinhos de seus arcos. Anna e Elsa foram as exceções, pois eram as personagens mais importantes do hype Frozen; a Rainha da Neve, como comentei na review passada, somente foi inserida no arco para não transformarem Elsa em vilã. Mas essa definição a respeito da série explica porque no arco da Terra do Nunca, Wendy e Tinker Bell apareceram tão pouco, e Dorothy praticamente nada no arco Oz. O objetivo era trabalhar os vilões Peter Pan e Zelena, e não propriamente as histórias de onde vieram, cujo enredo conhecemos de cor e salteado. Agora, o foco é Hades, o vilão do panteão grego, e não seu sobrinho famoso, filho do rei da cocada grega.
E a aparição de Hércules também serviu para dar uma cutucada na Branca de Neve, que se acostumou demais à pele da enfadonha professora primária, cheia de discursos decorados sobre a força do bem, e blá-blá-blá... Relembrar sua história com o filho de Zeus lá em Tão, Tão Distante serviu para lembrá-la da aventureira destemida e maravilhosa que ela foi, e não fez mais questão de ser desde que se descobriu mãe da Emma.
Falou bonito, minha Rainha. Pena que ela não vai te obedecer...
E o Hades também não fica nada satisfeito ao saber que aqueles heróis deram cabo de seu mascotinho, e principalmente, que mais duas almas escaparam de seus domínios. Agora ele vai começar a cobrar pedágio para quem utilizar suas estradas: para cada alma que a turma do Scooby-Doo libertar, um deles vai ter que ficar no Submundo. E só para jogar um pouco mais de intriga nessa família, ele encarrega Gancho de escolher quem serão os primeiros, gravando seus nomes nas lápides em branco.

Não dá ideia, Hades...
Como o pirata se recusa a colaborar, Hades o acorrenta e o pendura sobre o Rio das Almas Perdidas. O Senhor do Mundo Inferior sabe que os amigos dele estão vindo resgatá-lo, mas como é ilegal contrabandear esperança para dentro de seus domínios, decidiu puni-los, colocando o relógio para fazer tique-taque bem apressado em suas cabeças. Se demorarem demais, e Killian tocar a água, ficará perdido para sempre.
Não que tenham sido informados sobre a situação do pirata, mas há um plano em andamento para apressar seu resgate. Emma e Rumple pedem ajuda à Milah, a ex-mulher de Rumplestiltskin, que o trocou justamente pelo sacolejo do barco do pirata, para invadir o covil de Hades, no nível mais profundo do inferno, e libertar o prisioneiro. Mas antes, tenhamos bons modos, e apresentemos as moçoilas:
Torta de climão na ceia de natal dessa família, sem dúvida.
Bem, Emma deixa os antigos sogros tomando conta do barco e segue sozinha até as profundezas da caverna para libertar seu amado.
Cena romântica no quinto dos infernos. Esses aí já têm uma boa história para contar pros netos.
O que não é o caso dos avós paternos do Henry. Não bastasse Milah ter deixado o marido e o filho pequeno para ser concubina de um pirata, depois ter sido assassinada pelo ex-marido quando ele se tornou o Senhor das Trevas, agora ela é arremessada por ele no Rio das Almas Perdidas, para que não possa contar a ninguém que ele destruiu o barco, que era o seu único meio de retornar à Storybrooke, porque ele fez um acordo com o diabo. Literalmente!
Acontece que nós perdemos um capítulo a respeito da separação desse casal no passado, e Rumplestiltskin tinha lá sua culpa no cartório.
Quando Baelfire era pequeno, e Rumple ainda era um covarde que apanhava todos os dias da mulher, Bae ficou gravemente doente, e a única coisa que poderia salvá-lo era a magia de um curandeiro. O problema é que isso custaria os olhos da cara, e o casal era mais pobre que o Chaves quando não varre o pátio da vila. Então Milah encarregou o marido de roubar a magia ou matar o curandeiro, o que fosse necessário para conseguir a poção. Mas ele achou um caminho “melhor”. Ele fez um acordo com o sujeito, prometendo vender a ele o próximo filho que tivesse, em troca da cura de Bae.
Afinal, Rumplestiltskin prometeu entregar ao curandeiro um filho seu; não disse nada sobre os filhos que sua mulher tivesse com outros homens...
Mas depois de se tornar Senhor das Trevas, Rumple perdeu o gosto por acumular dívidas, e, planejando gerar um herdeiro do mal com a mãe de Regina, voltou à cabana para matar o curandeiro, anulando seu contrato. Ao menos, era isso o que ele pensava.
Acontece que ao matá-lo, o Crocodilo o enviou diretamente aos domínios de Hades, que passou a ser o credor de sua dívida.
Eis o motivo porque ele acabou traindo os heróis de forma tão sórdida: Rumple havia consultado uma bola de cristal naquele dia, querendo descobrir se a visão de Emma sobre Bae era verdadeira ou produto daquele excesso de pozinho mágico que respiraram na paisagem de Camelot. Mas ao procurar pelo filho, a esfera mágica lhe mostrou a imagem de Belle flertando com o Zangado. Embora a concorrência devesse preocupá-lo, já que aquela bibliotecária se apaixonou por sua versão lagarto das Trevas, o que torna o Anão mal-humorado um corrente à altura, não foi esse o motivo da preocupação de Rumple com essa imagem. O fato de Belle ter aparecido quando ele procurava pelo filho, só pode significar uma coisa: que a moça está grávida.
Atenção, Christina Rocha: se não estou enganada, Rumple passou quase meia temporada em coma; quando acordou teve que medir espada com a Merida, depois se ocupou com o plano para derrubar a Dark Swan da vassoura, e mais tarde passara a perna no Hook para voltar a ser o Senhor das Trevas. E no meio de toda essa encrenca ele esteve brigado com a Sra. Stiltskin. Ou seja, quando partiu nessa viagem ao inferno com a panelinha da Salvadora, ele ainda estava dando um tempo com sua digníssima. Tem certeza que esse filho é seu, Rumple? Não seria melhor pedir DNA pro Ratinho? Porque eu estou com a impressão de que essa bola de cristal confundiu as bolas, ou os roteiristas confundiram os copos, ou esqueceram de incluir um capítulo nessa novela, e você vai criar o filho do Leroy! Ou do Will Scarlet...
Mas existe uma explicação para os roteiristas terem engravidado a Belle nessa altura do campeonato: a atriz Emilie de Ravin estava realmente grávida nessa época. O problema é que os roteiristas esqueceram de reconciliá-la com o Sr. Stiltskin antes da mid-season finale, o que acabou gerando essa polêmica sobre a paternidade do filhote de lagartixa – pelo menos, na percepção dos fãs.
Sem falar que esse enredo deu ideia para os malucos trabalharem – sob a influência de litros e mais litros de gasolina, porque a essa altura, não acredito que eles estejam bebendo qualquer coisa que não tenha temperado os inseptos do Chaves – a trama da sexta temporada, e foi a pior escolha que eles poderiam ter feito. Por isso eu digo que deviam ter simplesmente adiantado a licença maternidade de Emilie, e deixado Belle fora do arco no Mundo Inferior. Era uma fineza que deviam à personagem.
Enfim... A única maneira de evitar que Hades requisite seu bebê, é se o Senhor das Trevas cooperar para ferrar com a vida dos mocinhos. O que, convenhamos, ele adora fazer mesmo sem estar sendo coagido.
Por isso ele destruiu o barco de Caronte, para que os heróis não tivessem mais transporte para voltar ao Mundo dos Vivos, e colocou a culpa dessa travessura e da danação eterna de Milah no Senhor do Submundo, para deixar Emma e Gancho com ainda mais raiva do Hades.
Enquanto Rumple acumula mais uns pecadinhos em sua coleção, Regina sai em busca de paz de espírito – no inferno, veja bem... Porque ela se lembra de que apesar de estar muito feliz, obrigado com Robin, ela teve um amor no passado, que pode estar ainda com uma raiva dos diabos daquela filha de um moleiro vira-lata que ela chama de mãe. Mas para alívio da nossa Rainha, a lápide de Daniel Colter no cemitério do Mundo Inferior está tombada; o que significa que ele não guarda rancor, seguiu em frente, e está num lugar melhor. E Robin não precisará temer a concorrência.
Uma pena... Teria sido uma ótima maneira de fazer o Robin sair, ainda que momentaneamente, do elenco de figurantes, colocá-lo frente a frente com o antigo amor de Regina, para colocarem os pingos nos is.
De qualquer modo, essa busca foi importante, pois a consciência pesada estava mantendo a magia de Regina travada lá embaixo. Agora que sabe que seu primeiro amor está bem, ela pode voltar a conjurar suas bolas de fogo tranquilamente.
E não só isso: agora que o pirata está de volta ao seio familiar, ela pode dividir o coração de Emma com ele, e tão logo descubram outra saída, podem cair fora daquela Storybrooke do mal. Mas não sem antes Hook comer o rabo do Crocodilo por ter inutilizado seu sacrifício.
E como Rumple ajudou em seu resgate, os dois rivais estão quites. Por ora.
E um problema mais grave aparece bem agora, para complicar um pouquinho mais o plano de fuga dessa galera. Apesar de sua magia ter voltado ao nível normal, Regina não consegue arrancar o coração de Emma.
Acontece que, como Hook se recusou a decidir, o próprio Hades tomou a liberdade de selecionar quem deve ficar no Mundo Inferior no lugar das almas que partiram.
*ARRAM* Já que o Hades não quer nem o Charming nem o Hook, eu posso pegar pra mim?
Agora a questão é destruir Hades, ou no mínimo derrotá-lo, para conseguirem se libertar do Submundo. E como até o Frankenstein apareceu no livro de contos de fadas, eles começam a se perguntar se a história de Hades também não estaria no livro. Bem, Henry não se lembra, mas já que a pena do Autor depois de destruída foi parar no Submundo, é possível que as páginas com a história de Hades, se tiverem sido arrancadas do livro e destruídas, também estejam lá, em algum lugar. Também é o Henry quem deduz que o livro pode ter uma contraparte no Mundo Inferior. E qual o lugar mais óbvio para se procurar um livro?
Afinal, a Mansão do Feiticeiro, na Storybrooke real, está cheia de livros, todos em branco. Aliás, algo que passou a me intrigar desde que a identidade e o destino do Feiticeiro foram revelados, é porque ele supostamente tem uma casa em Storybrooke, se ele nunca pôs os pés – nem as raízes, já que esteve durante muito tempo transformado em árvore – na cidade. Outra para o hall das questões mal explicadas no roteiro de Once Upon a Time. Mas se a gente for mesmo contabilizar, essa lista será maior que o cânone de monstros que passaram por Supernatural!
Mas o Henry tinha outro motivo para querer invadir a casa: encontrar a pena e a tinta, para voltar a escrever essa história.
Porque o filho da Salvadora provavelmente bebe menos que os roteiristas, né...
Acontece que ele teve mesmo a má influência da Cruella para pensar nisso. Ela está frustrada com o enigma imposto por aquele lugar: quando terminar de resolver seus assuntos inacabados, todos terão que enfrentar as consequências de seus atos, e ir para um lugar melhor ou pior. E todos sabemos onde essa amante de casacos de pele vai parar, não é? Então a cachorra o convenceu de que, se escrevê-la de volta à vida, restaurará a pureza de Emma, que deixará de ser uma assassina.
E como a pena do Autor é uma energia mágica, uma entidade viva e pulsante, quando Henry a destruiu, ela foi direto para o Submundo. Seu propósito não realizado significou assuntos inacabados. O menino só precisa reencontrá-la, e voilà! Terá total controle sobre a história.
Uma tentação a qual Isaac sucumbiu, e deu no que deu.
Mas o Henry tem em mente um uso menos leviano para a pena. Ele quer usá-la para reescrever a história do Hades, e descobrir o que ele está escondendo – porque a pena tem vida própria e conta as histórias que conhece de cor.
Para começar, Hades subornou Liam Jones, irmão e herói do Capitão Gancho, para que roubasse as páginas do livro quando o encontrassem na mansão do Feiticeiro, ou ele contaria ao Killian por que seu irmãozinho perfeito está no inferno.
A história, comprida demais para valer a pena, envolve um acordo com esse mesmo diabo para obter uma joia lendária, conhecida como Olho da Tempestade, pela qual o Capitão Liam Jones sacrificou a vida de toda a sua tripulação, para poder vendê-la ao rei de Tchuim Tchuim Tchum Claim, em troca da admissão dele e do irmão na Marinha Real – que mais tarde os levou à Terra do Nunca, ao envenenamento de Liam, e sua morte ao deixar os domínios de Peter Pan. Foi assim que os irmãos Jones se libertaram da escravidão no navio para o qual o pai os tinha vendido na infância, e foi assim também que eles embarcaram no navio A Joia do Reino, que mais tarde se tornaria o Jolly Roger.
Bem, Hades não contou para o Killian, mas aparentemente fofocou com todo o resto do Submundo, e os marujos que pagaram com suas vidas pelo sonho ambicioso de Liam decidiram arrastá-lo para a fenda ardente que decide seus destinos finais, para vingar suas mortes. Para surpresa de todos, o próprio Hades aparece para acabar com a festa, já que Liam cumpriu seu propósito, roubando as páginas que falam dele no livro, e ameaça jogar Killian no fogo no lugar do irmão. Só que esses irmãos Jones têm uma relação do tipo tapas & beijos, e ao mesmo tempo em que estão querendo matar um ao outro, também estão dispostos a matar qualquer filho de uma Górgona com cabelo de fogo azul que ameaçar dar o teco num dos dois. Então Hades acaba jogando Liam no abismo no lugar do Capitão Gancho, mas para sua surpresa – e frustração –, o fogo se transforma em mar, e um navio aparece para levá-lo a um lugar de paz. Aparentemente, conseguir o perdão do irmão era o assunto inacabado de Liam, e como estava disposto a se sacrificar por ele, acabou se salvando da danação eterna, junto com os marujos que ele havia condenado no passado.
E esse desfecho coloca Hades no mesmo nível de burrice dos outros vilões da série. Francamente, criatura, como foi que você não previu que o perdão entre os irmãos acabaria redimindo o Liam? Estou começando a desconfiar que você quer mais é evacuar todo mundo do seu reino para curtir umas feriazinhas em Acapulco...
Quanto ao motivo de não querer que os heróis encontrem suas páginas do livro, é que ele não quer que todo mundo saiba que, apesar de seu cabelo ser azul, Hades gosta mesmo é de verde.
Olha, não dá para discordar da revolta da Regininha. Com tanto podre pro Hades se envergonhar, ele foi querer esconder que teve um romance com a Zelena!? Vê se pode...
Foi há muito tempo. Antes de Zelena pegar o tornado das seis da tarde para ir à Tão, Tão Distante procurar encrenca com sua meia-irmã. Ela já era a toda poderosa senhora de Oz, e estava trabalhando no feitiço para viagem no tempo. Já tinha até descoberto os ingredientes: símbolos de inocência, amor, coragem e sabedoria. O símbolo de inocência poderia ser um bebê, por exemplo – a propósito, Branca de Neve, como vai o bebê Neal? –, e o de sabedoria, um cérebro.
Foi nessa época que ela tentou roubar o cérebro do Espantalho, mas Dorothy invadiu seu castelo e o tomou sob sua proteção. É quando um inesperado personagem aparece na Terra de Oz, disposto a ajudar a vilã.
Acontece que Hades andou ouvindo as fofocas dos mortos que Zelena enviou para ele, e percebeu que precisava conhecer uma mulher tão audaciosa. A princípio, ela não está interessada em formar uma aliança com um ser de tão má reputação, mas depois que ele conta sua triste história familiar – que seu irmão Zeus parou seu coração, zerando sua capacidade de amar, e condenando-o a viver para sempre no Submundo só com a raiva e a sede de vingança, ela muda de ideia. Afinal, dramas familiares são a especialidade de Once Upon a Time; e ela é uma das personagens que mais entendem disso – abandonada pela mãe ao nascer, verde de inveja por tudo o que Regina conquistou, sobretudo o amor até de seus inimigos, enquanto Zelena continua convivendo com a constante afirmação de que não é amada por ninguém...
Só não entendi a parte do beijo de amor verdadeiro, que pode restaurar o coração de Hades e salvá-lo do Mundo Inferior. Forçaram a barra com essa parte, mas ok.
Até porque, ninguém estava contando essa história direito naquela hora.
Essa cena merece uma trilha sonora.
Apropriada para um romance que já vai afundar.
Como foi que Zelena e Hades conseguiram ter uma cena romântica mais interessante nessa temporada do que casais como CaptainSwan e OutlawQueen tiveram desde a terceira?
Precisamos de mais sobriedade nesse roteiro, gente! E pessoas que gostem dos nossos amados heróis nas reuniões de pauta.
Com a ajuda do Senhor do Submundo, Zelena consegue coletar o cérebro do Espantalho para sua terrível e diabólica experiência, mas ainda está longe de completar a lista de ingredientes.
Todavia ele perde a oportunidade de estender o romance com a verdinha, ao tentar beijá-la no primeiro encontro. Como contou a triste condição que o separa da liberdade, Zelena, que ainda está cética sobre a possibilidade de ser amada por quem quer que seja, deduz que ele só quer conquistar o coração dela para que o liberte do Submundo, ou pior, para roubar o feitiço de viagem no tempo que ela estava criando, e poder derrotar o irmão, como ela planejava fazer com Regina. Então ela deu um chute divino na bunda dele, e o mandou voltar para o inferno.
O andamento da história leva a crer que ela estava enganada, e que Hades realmente estava apaixonado pela Bruxa Má do Oeste. Ele obrigou Rumplestiltskin a abrir um portal para trazer a filha dela para o Submundo, e por um feliz acaso, isso aconteceu no exato momento em que ela encontrou o caminho de volta para Storybrooke para reivindicar sua filha.
Mais um para a lista de crimes hediondos cometidos nessa série: a Bruxa Má do Oeste sequestrou o Totó. Gente, isso não se faz, tá!? Crianças, não sigam esse exemplo! Por mais que os motivos da Zelena – reaver a filha – tenham sido nobres.
Enfim... Ela e a babá Belle Stiltskin acabam sendo sugadas junto com o bebê para o Mundo Inferior.
Bem, tecnicamente, Zelena pulou atrás de Belle, para não perder a filha de vista, e até torceu o pé com a queda.
Como Belle não confia na Bruxa verde, mesmo sendo a mãe da criança, ela sequestra a bebê e a leva até o Robin Hood. Zelena até consegue fugir com ela, depois de obter permissão para amamentá-la, mas como sua magia assusta a pequenina, ela percebe que não é realmente a pessoa mais indicada para cuidar dela, e a devolve ao pai e à madrasta Regina.
Só que o Hades não trouxe a filha dela para o Mundo Inferior para machucá-la. Supostamente, ele queria protegê-la, e devolvê-la à mãe, junto com a versão de Storybrooke que criou especialmente para sua amada, para que tivesse tudo o que Regina teve, e assim não precisasse mais pintar a pele de verde para combinar com a inveja.
E Zeus sabe como, Zelena comprou essa história! Acho que ela levou ao pé da letra o ditado “já que está no inferno, abrace o capeta”.
Ali atrás eu citei o bebê dos Encantados; para que ninguém pense que eles são pais tão relaxados quanto parecem, eles resolveram assombrar a criança pelo telefone.
O engraçado é que uma peninha contou pro Henry essa história de os avós usarem a cabine telefônica do Mundo Inferior para cantar uma canção de ninar para o seu tiozinho, e o garoto escreveu tudo enquanto dormia. O Henry, não o bebê. A estranha história do berço assombrado, provavelmente, será publicada na Gazeta Matinal da Malucolândia.
Graças a isso, pelo menos eles sabem que o bebê os ouviu, e que agora ele deve estar com um medo dos diabos daqueles unicórnios de vidro que balançam sobre seu berço – presente da Cinderela, que só sabe dar coisas de vidro para as pessoas –, graças ao som sobrenatural de um Gasparzinho cantando:
Sério, essa galera vai fazer a fortuna do Grilo Falante!
E o papo sobre ter sequestrado o Totó para obter os sapatinhos mágicos da Dorothy não era deboche da Zelena, não. Aliás, a julgar pelo padrão de figurinos da série, se Zelena se atreveu a colocar seu pezinho vilanesco nesse scarpin, é sinal de que o acessório mágico é no mínimo Louboutin, e provavelmente a única peça usada pelos mocinhos dessa série que não foi comprada no brechó da esquina.
Tão logo a poeira verde se assenta no Submundo, Ruby, nossa frequentemente esquecida Chapeuzinho Vermelho vem tirar satisfações com a Bruxa por ter deixado sua amiga Dorothy descalça e adormecida pela Maldição do Sono lá em Oz.
O quê? Não sabia que a Ruby era amicíssima da Dorothy? Nem eu. Mas depois de ter trombado com a Merida nos arredores de Camelot, a lobinha recrutou Mulan – outra que não tem um núcleo para chamar de seu nessa novela, sendo frequentemente deslocada para participações especiais em flashbacks aleatórios, cada vez que os roteiristas precisam de alguém que saiba manejar uma espada – para ajudar a procurar sua alcateia, e as duas acabaram indo parar em Oz, onde conheceram Dorothy nesse momento de necessidade, com seu melhor amigo de quatro patas sequestrado, e com um plano maluco de botar a Bruxa Má do Oeste pra dormir para poder salvá-lo.
Nem preciso dizer que o plano dá muito errado, e quem acaba brincando de Bela Adormecida é a Dorothy. Não devia ser problema para alguém que tem o amor de todo o povo de Oz. Na teoria, qualquer um poderia despertá-la. Na prática, o beijo de amor verdadeiro é um pouco mais criterioso, e exige que o afeto seja mais direto.
Foi por isso que Ruby decidiu viajar ao Mundo Inferior – Zeus sabe como –, para procurar a amada tia morta de Dorothy, engarrafar uma bitoquinha da velha e levar para Oz, para despertar a amiga.
Aqui entre nós: como foi que de repente todo mundo começou a achar o caminho para o Submundo? Abriu-se o portal em Storybrooke, acendeu um letreiro em neon nos demais cenários da série, com um mapa detalhado do caminho para o inferno. Como se ele não fosse o mais fácil de se encontrar...
O caso é que, ao saber que a treta da Chapeuzinho Vermelho é com sua hóspede preferida, Hades deu um jeitinho de literalmente derreter a tia de Dorothy para frustrar a missão da moça.
Ele só não contava com a astúcia da Branca de Neve, que conhece aquela loba de outros carnavais, e sabe que ela não despencaria até o inferno por qualquer pessoa. Ruby está apaixonada por Dorothy, e mesmo sem saber se é correspondida ou não, decide arriscar dar ela mesma o beijo de amor verdadeiro na moça.
E como perderam o único meio que tinham para se comunicar – ou melhor, para assombrar – seu bebê, depois que Hades obrigou a nova prefeita Cruella a destruir a cabine telefônica, porque ele não estava gostando nada da fila quilométrica que se formava diante dela, atravancando o trânsito nas calçadas da cidade, os heróis concordaram que Branca de Neve voltasse para o mundo dos vivos com Ruby para que o coitado não se sentisse tão abandonado.
Como devem se lembrar, Branca de Neve foi uma das escolhidas do Senhor dos Mortos para ganhar férias permanentes no Submundo, mas ele se esqueceu de um detalhe: antes de gravar o nome das mulheres vivas nas lápides, ele encantara o gancho do pirata para que escolhesse quem deveria ficar, e agora, provando que não guarda qualquer rancor da sogra por ter ordenado sua morte no final da temporada passada, Hook usou essa brecha para trocar o nome da mãe de sua amada pelo do pai dela. Porque, como já conversamos, com meu chinelo e a cinta na mão, foi o Charming quem enfiou a espada no pirata naquele mundo subvertido da última Season Finale.
Assim, Branca de Neve ficou livre para acompanhar Chapeuzinho Vermelho à Oz, assistir ao momento épico em que ela desperta a Dorothy adormecida com um beijo – não acham curioso que Once Upon a Time tenha escolhido criar seu primeiro casal homossexual justamente na terra além do arco-íris? –, usar os sapatinhos para voltar para Storybrooke e evitar que dia desses seu filho e o do Robin Hood sejam levados pelo Velho do Saco, já que ninguém toma conta dessas crianças.
Enquanto isso, Mulan continua chupando o dedo.
Quem não entendeu a referência, assista ao desenho da Mulan, e preste atenção nas canções.
Mas voltando ao Mundo Inferior, como já era de se esperar, Belle na cidade dos amaldiçoados só pode significar uma DR dos infernos prestes a começar. E aí já começamos a antecipar as caretas e dentadas nas almofadas, por ver o Rumple mais uma vez manipulando a história ao seu favor, e tentando se justificar, ou esconder da patroa que ela não vai poder ficar com o bebê que ainda nem sabe que está esperando... Quando de repente, Rumplestiltskin decide surpreender o mundo inteiro contando à Belle toda a verdade.
E quando digo toda, é toda, mesmo! Desde a parte em que ele trapaceou os mocinhos para voltar a ser o Senhor das Trevas – porque a verdade é que, embora tenha nascido covarde, ele não tem medo de escuro, e adora ser o todo poderoso malvadão –, até o contrato herdado por Hades.
Vai devagar, Rumple... A menina tá grávida, não pode ter emoções fortes assim...
Primeiro, a comida de rabo: porque Rumple devia ter aproveitado a oportunidade dada pelo Aprendiz, ao limpar seu coração de toda a escuridão, para se tornar o homem que ela sempre quis que ele fosse.
Então, a raiva entalada: porque todo mundo sabe que Belle não amou o homem por trás da Fera; ela amou o homem por causa da Fera! E ele está muito bem informado sobre o tipo de marginal com quem ela gosta de se envolver.
Daí eles decidem deixar essa discussão para a próxima temporada, e concentrar seus esforços em bolar um plano para passar o Hades para trás e ficar com o bebê.
Mas eu ainda acho que o Rumple devia pedir o exame de DNA. Não importa o que o Hades e aquela bola de cristal digam... Conhecemos o passado – recente e distante – dessa bibliotecária!
Aqui entre nós: o bebê lagartixa fará um ótimo par com a pequena pistache da Zelena e do Robin, só acho...
Ainda sobre o passado da Belle, ele aparece para assombrá-la, agora que ela está passando um fim de semana no inferno. Ela dobra uma esquina, enquanto passeia com Rumple pelas ruas avermelhadas da Storybrooke Inferior, e dá de cara com Gaston, seu ex-noivo, que foi trocado pelo Senhor das Trevas – eu já disse, e vou repetir: essa mulher gosta dos piores! Mas o cara nunca superou sua dor de cotovelo, e aproveita o ensejo para caguetar o rival, que o matou para ficar com a moça todinha para si.
Bem, se Gaston pretendia com essa fofoca jogar um pouco de tensão no casalzinho, é sinal de que ele não acompanhou os desdobramentos da série nas últimas temporadas, ou não conhece aquela mocinha tão bem assim, ou saberia que essa informação poderia fazê-la gostar ainda mais de sua Fera. Pois apesar dos discursos recheados de sacarina, Belle tem uma paixão doentia pela pior versão de seu homem.
E como Hades adora ver o circo pegar fogo, ele deu um arco e flechas com as pontas banhadas no Rio das Almas Perdidas para Gaston se vingar do rival, porque, imortal ou não, basta um arranhão para prender o Senhor das Trevas àquelas águas amaldiçoadas para sempre.
Como seu objetivo é prender o maior número possível de almas em seu reino, Hades faz uma proposta indecente à Sra. Stiltskin:
Naturalmente, Belle não pode permitir que Rumple sucumba à escuridão. E para garantir isso, ela rouba sua Adaga e ordena que ele não machuque Gaston. Pena que o caçador não pode ser controlado por uma simples faquinha de caça, então, claro, ele pode machucar Rumple.
Quer dizer, o Rumple matar o cara em legítima defesa, não pode; mas Belle matar o rapaz para salvar seu mais ou menos ex-marido, tudo bem...
Afinal, ela não é a Senhora das Trevas, e não tem que provar a ninguém que é uma boa pessoa. E se até a Branca de Neve pode cometer assassinatos a sangue frio nessa série, por que não a Belle?
Ouviram isso? É o som dos Irmãos Grimm se revirando no túmulo!
Sim, eu sei, A Bela e a Fera não é dos Irmãos Grimm... Madame de Beaumont e Madame de Villeneuve estão se revirando junto com eles!
E o pior é que, por não cumprir estritamente os termos do acordo de Hades, nem para libertar seu bebê a atitude dela serviu.
Fica a dica, galera: se for fazer acordos com o diabo, leia as letras miúdas!
E como tem boa memória – que nem o Duque de Caxias –, Belle sabe que Hades pode ter seu filho na hora que quiser, basta apenas acelerar sua gravidez do mesmo jeito que Emma fez com Zelena. Para evitar isso, ela encontra uma saída drástica: usar o fuso da roca de Aurora – nem me perguntem de onde a Zelena tirou aquilo em pleno Mundo Inferior, se Aurora nunca foi nem problema dela, e as duas nunca se encontraram em cena; pelo menos, não que eu me lembre; a menos que tenha acontecido em algum chá de bebê quando a verdinha fingia ser a parteira da Branca de Neve... Como ia dizendo, a maldição do sono paralisará a gravidez de Belle, e dará tempo ao Rumple para descobrir um meio de romper o contrato. E ninguém pensou nos danos que esse coma mágico induzido acarretará na criança!
E como ainda está de birra com o marido e suposto pai de seu filho, Belle o instrui a chamar o pai dela quando chegar a hora de despertá-la. Claro, porque os dois se dão super bem... Pelos meus cálculos, a moça não faz uma visita ao velho Maurice há umas três temporadas... Tirando aquela aparição silenciosa do velho no casamento da filha, é claro. Sem falar que, na segunda temporada, logo depois que a primeira Maldição foi quebrada, o velho Moe mandou Smee prender Belle a um carrinho em movimento na mina dos Anões, para forçar a filha a cruzar a fronteira da cidade e esquecer seu amor pelo Senhor das Trevas, algo que afetou definitiva e negativamente a relação familiar dos dois.
Mas enfim... Ao que tudo indica, Maurice ainda é o mais perto de um amor verdadeiro que Belle tem em sua vida, além do Rumplestiltskin.
Bem, enquanto o casal Stiltskin assina a separação temporária, o casal verde-azulado faz planos para o futuro fora do Submundo. Mas já tem gente tramando para separá-los.
Como não acredita verdadeiramente que Hades possa se regenerar, Regina recorre à mãe para preparar uma poção de esquecimento para que Zelena jamais se lembre que um dia conheceu o Senhor dos Mortos. Afinal, essas poções são a especialidade de Cora. Uma afluente do Rio do Esquecimento corria perto do castelo de Henry – o pai da Regina, não o filho da Salvadora –, e em certa ocasião, ela teve necessidade de usar a poção nas filhas.
E sim, você leu corretamente: filhas, no plural!
Um dia, quando era pequena, Regina decidiu brincar um pouquinho com a varinha mágica da mãe e acabou acidentalmente se colocando para dormir. Deve ter sido um tipo de sono diferente daquele que exige um beijo de amor verdadeiro. Este, precisava de uma pessoa com laços de sangue que nunca tivesse feito mal à menina para despertá-la. Então Cora foi buscar Zelena na cabana do casal que a adotou em OZ, para que a ruivinha usasse sua magia para ajudar Regina. Só que as duas irmãs acabaram simpatizando mais do que deveriam, e quando a caixa onde Cora guardava a varinha, selada com magia de sangue, se abriu sob o toque de Zelena, revelando seu parentesco, a megera decidiu pôr um fim a essa amizade, dando a poção do esquecimento para ambas as filhas e enviando Zelena de volta a Oz, onde ela continuou sofrendo bullying de seu pai adotivo, que não compreendia a origem da magia dela, e temia que ela fizesse mal a alguém.
Agora, por que causa, motivo, razão ou circunstância Cora precisou buscar Zelena, quando podia ter simplesmente dado um jeitinho de usar o pai de Regina para despertá-la, é algo que nunca ficou claro. Vai ver ela teve medo de que o velho Henry soubesse que ela deixara a menina brincar com a magia, e isso resultasse num arranca-rabo daqueles em sua casa...
Agora, na falta de um plano melhor, Cora faz uma visitinha à filha mais velha, para bancar a Madalena arrependida, enquanto Regina coloca a poção no copo de água da irmã. Mas, é claro que Zelena não nasceu ontem...
Mas quando as duas filhas se ameaçam com suas bolas de fogo, Cora se interpõe entre as duas, e confessa estar realmente arrependida, tanto do abandono de Zelena, quanto das maldades que cometeu contra Regina para colocá-la no trono.
E contrariando qualquer lógica, seu discurso acaba sendo suficiente para reconciliar as duas irmãs. E não só isso: também para levar Cora ao Paraíso.
Essa redenção da Cora foi de longe a história mais inverossímil que essa série já contou. Depois de tudo o que aprontou, se havia uma personagem aqui que merecia o inferno, esta era Cora Mills. Mas isso iria contra os princípios da série, que simplesmente precisa redimir todos os seus personagens, por piores que sejam, e por mais vazio que seja o discurso de arrependimento. Dentro de uma ótica cristã, é louvável: ensina que sempre há esperança para aquele que se arrepende. Narrativamente, porém, soou falso e fraco, no caso da Cora.
Seja lá como for, a redenção da vilã serviu pelo menos para unir as duas irmãs – ainda que momentaneamente –, e inspirou Regina a incentivar Zelena a viver sua história de amor com Hades, se é isso que quer.
Fala a verdade, Pistache é um nome que combina com a bebê da Zelena, né?! Ainda não entendi como essa menina não nasceu verde...
Pena que a Zelena não teve tempo de contar as boas novas ao seu suposto amado, pois foi levada pelo Velho do Saco.
Bem, não é novidade nenhuma que Peter Pan gosta de sequestrar criancinhas e pessoas malvadas.
Falando em pessoas malvadas, alguém precisa dar um corretivo no Xerife dessa zona, porque o cara acaba de violar o Artigo n° 148 do Código Penal: James sequestra Emma e ameaça matá-la para vingar o assassinato de Cruella – sua atual cadela de estimação –, e de quebra, ainda punir o irmão por ter ficado com todo o amor de sua mãe. Aquela velha novela mexicana...
Já que o Autor não está disposto a mandá-la de volta para o Mundo dos Vivos, Cruella pretende barganhar seu retorno com Hades em troca da vida da Salvadora. Bem, ela mesma não pode matá-la, pois a coleira que o antigo Autor lhe colocou continua vigorando mesmo no Submundo, mas James pode.
Então finalmente assistimos à luta do século: o embate entre os dois Príncipes Charmings! E é claro que o irmão malvado é quem acaba atirado no Rio das Almas Perdidas. Mas considerando que os dois são gêmeos idênticos, e que nem a Branca de Neve consegue distingui-los, assim, a olho nu, eu ficaria com as minhas dúvidas...
Se você diz... Bem que a Cruella avisou que o encontro desses dois seria infernal!
Sabe aquele momento improvável em que o Senhor do Submundo pede ajuda aos heróis de Storybrooke? Pois é, mais uma vez, dane-se a lógica!
Hades propõe remover os nomes de todos eles das lápides, se ajudarem a resgatar Zelena. Só queria saber em que planeta Peter Pan poderia ser mais poderoso que o Hades?! Achei que ele só precisasse sacudir a mão e jogar o garoto arruaceiro no Rio das Almas Perdidas. Nem com o Senhor das Trevas envolvido no sequestro eu consigo entender essa fraqueza toda.
Hades parece tão desesperado para ter sua amada Bruxa verde de volta, que até rasgou o contrato que lhe garantia a tutela do novo bebê Stiltskin.
Mas o que vocês chamam de amor, eu chamo de picaretagem. Aguardem e verão por quê.
Nossos heróis ajudam Hades a tirar Zelena das garras de Peter Pan – algo tão difícil quanto roubar doce de um bebê de colo –, e como seus passaportes foram devolvidos e já têm permissão para partir, falta só dividir o coração da Emma com o Gancho para poderem levá-lo de volta à Storybrooke. Só que ele ficou tempo demais no Submundo; seu corpo já está se decompondo lá em cima. Então Hades lhes dá outra ideia: usar o mesmo truque que Orfeu usou para libertar Eurídice do Submundo, fazendo-a comer Ambrosia, o alimento dos deuses.
É bem possível, considerando que ela viveu na marginalidade desde que a Fada Azul a baniu do Refúgio das Fadas por ter revelado à Regina quem era sua alma gêmea...
Para colher esse fruto especial, Emma terá que pesar seu coração, para descobrir se é digna de apanhá-lo. Esse teste irá mostrar se o que sente por Gancho é amor verdadeiro ou não.
E aqui Once Upon a Time mistura mitologia egípcia no meio da salada, pois a pesagem do coração era feita por Osíris, deus do renascimento, principal divindade do panteão Egípcio, e, mitologicamente, seu primeiro faraó. De acordo com a lenda, no Tribunal de Osíris, o coração do morto era colocado num prato da balança e pesado contra uma pena colocada no outro prato. Se o coração fosse mais leve que a pena, significava que o defunto praticara boas obras, e podia seguir em frente para o Além ou para a ressurreição. Se fosse mais pesado, significava que suas obras foram más, e seu coração era devorado por Ammit, a Grande Devoradora, um monstro híbrido de leão, crocodilo e hipopótamo.
Bem, seja lá como for, mitologia grega, egípcia ou alcoólica, Emma coloca seu coração na balança, que se mantém equilibrada sob seu peso. Nenhum portal se abre, mas a Salvadora começa a sofrer um infarto do miocárdio. Daí Hook tenta resgatar o coração dela, mas alguém acha muito apetitoso fazer pirata flambado. Então Emma esquece seu coração e os sintomas de infarto, e se atira sobre as chamas para salvar seu verdadeiro amor.

O teste, afinal, não era saber quanto pesa um coração cor de rosa fluorescente, e sim, saber se ela seria capaz de colocar a vida de Hook acima da sua.
A propósito, crianças...
Infelizmente, eles encontram o campo de Ambrosia completamente destruído.
É quando se dão conta de que o malvadão armou aquela última tarefa para impedir que os mocinhos saíssem do Submundo.
Regina chega à mesma conclusão ao perceber que Cruella e a Bruxa Cega os trancaram na biblioteca – onde fica a entrada para esse local profundo onde Emma e Gancho foram procurar Ambrosia. E o pior é que ela convenceu Robin a permitir que Zelena ficasse com a bebê, e agora a Bruxa ex-Má do Oeste está prestes a atravessar o portal para o mundo dos vivos acompanhada do Senhor dos Mortos trapaceiro filho de uma Górgona que tramou para deixá-los presos lá embaixo.
Com seu tempo acabando, e sua última oportunidade de voltar para o Mundo dos Vivos prestes a desaparecer, pois o portal se fecha ao pôr do sol, Emma e Gancho se despedem.
Assim, nossos heróis se veem obrigados a partir sem completar sua missão de resgate. Emma e Regina unem suas magias para arrombar a porta da biblioteca, Henry decide deixar o livro de contos com as histórias inacabadas que reescreveu, para que seja encontrado pelos defuntos, e isso os ajude a resolver suas pendengas, e todos chegam ao cemitério bem a tempo de se jogar no portal que já está se fechando.
Ah, sim: antes de partir, Rumple pega de volta a Caixa de Pandora que estava com Peter Pan, para poder transportar a Belle Adormecida – sacaram o trocadilho? – de volta para Storybrooke sem sobrecarregar sua coluna. E ainda dá um último presentinho ao seu papito adolescente: um coração recheado de água do Rio das Almas Perdidas, que faz Peter Pan se desintegrar e desaparecer para sempre.
Alguém precisa dizer isso ao Hades, pois ele está todo saltitante por ter conseguido chegar à Storybrooke com Zelena e a bebê Pistache. E como imagina que os cidadãos não verão com bons olhos esse hóspede/contrabando que ela trouxe, a Bruxa Má do Oeste deixa Hades na floresta, e pede que cuide da neném um pouquinho, enquanto ela vai na frente para acalmar os cidadãos sobre a presença do Rei do Inferno em Storybrooke.
O outro rei do outro inferno, Crowley. Pode ficar sossegado, que ainda não estão bagunçando – demais – a sua série...
E para quem tinha dúvida sobre essa suposta redenção do Senhor dos Mortos, ele já chega coletando mais almas para sua coleção. Seu primeiro ato, ainda na floresta, é dar um teco no Rei Arthur. E bem diante dos olhinhos confusos da bebê da Zelena.
Acontece que ele não está nem um pouquinho interessado na vida simples que Zelena sonhou para os dois, com uma casa agradável, com um belo jardim onde sua filha possa correr, e onde eles possam viver felizes para sempre. Hades agora quer governar Storybrooke.
Regina tenta explicar a Zelena que Hades os traiu, e tentou prendê-los na biblioteca do Submundo, para que perdessem o portal das seis e meia, mesmo sabendo que sua mãe não dorme enquanto eles não chegarem, mas Zelena não acredita nela.
Aliás, queria entender como foi que a Zelena ficou tão lerda desde que se lembrou de sua paixão por Hades. Queridos roteiristas, já deu de uísque, né... Chega de banana! Está danificando os cérebros de vocês, e afetando a personalidade dos personagens nesse roteiro.
Falando em gente lerda... Branca de Neve fica indignada ao saber que Arthur fugiu da prisão – ele tinha sido trancafiado depois que todo mundo se lembrou de que ele tentou matá-los lá em Camelot, antes da partida dos heróis para o Submundo –, e dá um esporro na Merida, que devia estar tomando conta da delegacia, mas precisou ir ao matinho das damas, e cometeu a ingenuidade de deixar o Soneca de vigia. E adivinha? Ele caiu no sono!
Calma, gente... Há uma boa notícia, Branca de Neve: sua família está de volta. A má notícia, é que agora vocês realmente terão que lutar contra o Senhor do Submundo.
É por isso que Emma corre para pedir ajuda ao Senhor das Trevas – afinal, um diabo deve saber como derrotar o outro –, mas como ele acabou de tomar um esporro do sogro, que prefere manter a filha adormecida a vê-la reconciliada com o coisa ruim, Rumple não está com humor para lidar com os problemas da família Charming-Mills.
Valeu, hein...
Como estão sem opção, nossos heróis se enfiam na biblioteca para tentar descobrir a fraqueza do Hades nos livros – e nesse momento, que falta faz uma pessoa que conheça todas essas prateleiras de cor. Valeu, hein Maurice! A cidade inteira precisando da sua filha acordada, e você aí de picuinha com o teu mais ou menos genro... Também faz falta um portal na internet atualizado com os próximos spoilers de Once Upon a Time, né, gente?!
Ao chegar ao Submundo, Arthur fica chocado por saber que está morto, mas como fez muitas coisas questionáveis, e como rei foi um ótimo patife, ele concorda em ajudar Hook a descobrir a fraqueza de Hades, pois agora que o malvadão não está mais no Submundo, eles têm livre acesso à sala do trono, que frequentemente também era usada como masmorra, dependendo do humor do vilão.
DING! DING! DING! Ele encontrou o tesouro! As páginas que foram roubadas por Liam do livro de contos, e que revelam a fraqueza de Hades estavam exatamente onde Arthur supôs: escondidas num compartimento secreto embaixo do trono.
Aqui entre nós: coisa de amador, partir do Submundo, deixar sua sala do trono sem nenhum guarda para vigiar, e esquecer de levar as páginas que revelam como destruí-lo. Esse Hades pelo visto não aprendeu nada com os erros dos demais vilões dessa série.
Aqui entre nós 2: Rei Arthur, lá no teu Reino, neguinho se atrevia a tocar até na tua mulher! O que te faz pensar que ninguém tocaria no seu trono. O que deve ter de gente sentando nele e tirando selfie agora que você não está lá...
E como Cruella destruiu a cabine telefônica, Hook não tem como assombrar Emma para revelar suas descobertas. Felizmente, o livro de contos que Henry deixou na biblioteca pode servir como elo entre os mundos – tipo o armário sumidouro do Harry Potter, comunicando-se com a cópia original do livro que está em Storybrooke –, então Hook só precisa colocar as páginas dentro do livro.
O problema é que a Cruella, sendo Cruella, decidiu deixar o livro um tanto fora de alcance: preso entre as mãos de uma gárgula de pedra, pairando sobre o Rio das Almas Perdidas. Mas o que é um pouco mais de perigo para um homem que precisa ajudar sua amada a derrotar o vilão supostamente mais perigoso da história da série. Ainda mais agora que ele teve a confirmação de que Emma é, de fato, seu verdadeiro amor.
Assim sendo, Gancho e Arthur pegam um barco, atravessam o rio, ignoram a inscrição acima do portal que diz “abandone todas as esperanças aquele que aqui entrar” – afinal, Hades adora uma frase de efeito para amedrontar os curiosos –, e lutam com as almas revoltadas que tentam arrastá-los para o rio, para evitar que peguem o livro. Porque depois que o Hades foi embora, aquele lugar virou uma esbórnia.
Enfim, eles conseguem afugentá-las com uma tocha, resgatam o livro, colocam as páginas dentro e rezam para que Emma as encontre.
E suas preces são imediatamente atendidas, pois Emma estava justamente admirando a gravura do baile em que ela e seu amado pirata fingiram ser Princesa Léia e Príncipe Charles, na inesquecível Season Finale da terceira temporada, quando um sopro sobrenatural veio virar as páginas, e revelar o conto sobre Hades enviado por Hook diretamente do Submundo.
Eis o que o vilão estava realmente escondendo, e não era seu rolo com Zelena: acontece que existe uma arma que pode matá-lo. E ele fez o favor de levá-la para Storybrooke.
Zelena leva Hades até a prefeitura, onde espera que fiquem seguros, já que, pelo visto a cidade está preparando as forquilhas. Então ele revela a arma que trouxe do Submundo: um cristal do Olimpo, que ele roubara de Zeus, e estava ansioso para usar há milhares de anos. Exatamente a arma que pode matar um deus. Inclusive ele.
Enquanto Robin e Regina se esgueiram pelos esgotos até uma passagem secreta que os colocará dentro da prefeitura, para resgatar o bebê de Zelena, Emma começa a atacar a porta da frente com magia, tentando quebrar o feitiço de proteção que a verdinha colocou, atraindo-a para lá. Mas o Hades acompanhou o suficiente dessa novela para saber que aquela patota de heróis nunca ataca de um lado só, e fica esperando a invasão de Regina e Robin Hood pela porta dos fundos, com o cristal engatilhado e pronto para exterminar nossa adorável Rainha.
Mas, diferentemente de Zelena, Regina tem um amor verdadeiro ao seu lado.
Eu ainda não decidi como me sinto a respeito disso. Por um lado, fica o lamento, por ver que nossa Rainha teve mais uma vez sua felicidade arrancada abruptamente e bem diante de seus olhos. Por outro lado, Robin estava se tornando um figurante de luxo na série, sendo escalado para fazer praticamente nada desde seu retorno à Storybrooke na 4B. É doloroso ver uma personagem que tanto lutou pela felicidade, que evoluiu tanto quanto Regina sofrendo dessa forma; mas ao mesmo tempo, é um alívio saber que ela não será relegada ao padrão Charming dos casais felizes com a história terminada, de quem a série não consegue desapegar, nem criar interações válidas para continuar a mantê-los em cena.
Ao menos, esse sacrifício de Robin Hood também serviu para fazer Zelena enxergar a verdade sobre Hades: que ele jamais mudará, e jamais se contentará com uma vida simples e feliz ao lado dela. Ele quer tudo: quer Zelena, mas também quer um reino, e estava decidido a transformar Storybrooke num novo Submundo para governar.
Zelena consegue tomar o cristal, quando ele cai da mão do Hades, durante uma luta corporal com Regina, e cometer seu maior ato heroico em toda a série: exterminando completamente o Senhor do Submundo.
E podemos comemorar outro avanço no relacionamento dessas irmãs, pois Zelena acreditou na confiança que Regina agora tem nela, e que Hades realmente não poderia amá-la como ela merece. Ela precisa de um amor completo e verdadeiro, e não da promessa de um reino das Trevas ao lado de um homem ambicioso e cruel.
Afinal, ela tem uma filha para criar, e precisa dar um bom exemplo a essa menina.
Agora veja a ironia da coisa: o próprio Hades restaurou a arma que minutos depois o aniquilaria. Tsk, tsk...
Enquanto isso, lá no Mundo Inferior, Hook sente que Emma conseguiu resolver as coisas.
Uma luz se acende no fim do túnel – literalmente –, convidando-o para ir em frente, agora que já resolveu seu assunto inacabado. Mas Arthur decide não acompanhá-lo. Depois de iniciar tantas lutas fúteis, ele está feliz por finalmente terminar uma justa.
Aos quarenta e cinco do segundo tempo, a história finalmente nos deu um bom motivo para simpatizar com essa versão do Rei Arthur. Pena que não teremos mais notícias dele daí em diante.
Quanto ao Gancho, ele segue para a luz, e é recebido no Olimpo por Zeus, em pessoa, que arrumou uma brecha na agenda lotada para agradecer seu auxílio crucial na derrota daquela pedra em seu sapato chamada Hades, e por isso, merece ser recompensado.
E que lugar poderia ser esse, senão a boa e velha Storybrooke?
Calma aí, que ainda não é o Paraíso, não, bonitão. Na verdade tu despencou bem no cemitério de Storybrooke. A verdadeira; primeira e única. Ou seja: o bonitão chegou ao céu, não conseguiu se equilibrar na nuvem, e caiu de volta, quase no colo da Emma!
Se soubessem que era só dar um teco no maldito para trazer o Hook de volta, podiam ter feito isso antes; teria poupado muita caminhada sob o céu avermelhado...
Mas o importante é que nosso amado pirata, o queridinho das telespectadoras está de volta! Ele só pegou um engarrafamento de duas cenas no caminho para o mundo dos vivos.
E os dois ficam lá, no maior amasso no cemitério, botando a fofoca em dia, e com a lápide do defunto segurando vela.
Sim, porque o motivo de Emma estar no cemitério naquele horário, é que eles acabaram de encerrar o funeral do Robin Hood. Regina, a viúva, estava inconsolável, apesar de contar com o apoio da irmã, que decidiu chamar sua filha de Robin, já que ele não teve tempo de ajudá-la a escolher o nome da pequena Pistache.
Esse é o lado bom em um nome andrógino: serve para o filho ou para a filha.
E com a derrota do grande vilão desse arco, é óbvio que a quinta temporada se encaminha para o final. E como de costume, a Season Finale não teve muito a ver com o restante da história, mas serviu para enunciar o que está por vir. Então, nos vemos na próxima postagem, nessa mesma hora, e no mesmo blogspot.

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