Um Cisne Negro Na Corte do Rei Arthur

em terça-feira, 7 de abril de 2020

Depois de uma quarta temporada complicada, cheia de altos e baixos, com uma deliciosa imersão no universo Frozen – onde destaco uma Anna perfeita; uma Elsa que poderia ter sido melhor utilizada, mas que cativou pela forma singela como construiu laços fraternais com a Salvadora; uma Rainha da Neve inserida para não transformar Elsa em vilã, o que aliás, foi a grande sacada naquela Mid-Season; e a lamentável ausência de Olaf –, e depois com uma inexplicável viagem na maionese, que transformou três das mais icônicas vilãs da Disney de Rainhas da Escuridão a Rainhas do Dramalhão Mexicano – sendo mais vítimas das armações dos mocinhos do que o contrário –, e com uma Season Finale quase tão incrível quanto a da temporada anterior, que finalmente revelou onde os roteiristas queriam chegar com toda a embromação, chegamos ao clímax prometido desde a metade da temporada passada: Emma Swan, a Salvadora, fruto do amor verdadeiro de Branca de Neve e Príncipe Encantado, se transformou na Senhora das Trevas. Não por predestinação natural, como seus pais temiam desde antes de ela nascer, o que os levou a transferir as Trevas de seu bebê para o filhote de dragão de Malévola; mas como resultado de um sacrifício, para evitar que Regina regredisse todo o caminho percorrido para se tornar uma heroína, depois de terem vencido as artimanhas do Autor, e mais ou menos salvo a vida de Rumplestiltskin.
Puxa vida! Foi uma temporada bem agitada, não acham? E nos deixaram um gancho com a expectativa mais alta desde o início da série – e aqui estou deixando de lado até as especulações sobre como seria a participação da galera de Frozen –, com a promessa de uma meia temporada ambientada em Camelot, onde nossos heróis sairiam em busca de Merlim, o Feiticeiro, o único capaz de aniquilar as Trevas de uma vez por todas.
Posso adiantar que a quinta temporada – pelo menos até poucos episódios antes da Season Finale – foi uma lufada de ar puro nesse roteiro complicado que Once Upon a Time vinha jogando no ventilador nos últimos anos. Eu disse tempos atrás que a série não poderia render muitas temporadas, mas, sabe-se lá como, conseguiram sustentá-la até a sétima! Pena que o roteiro acabou na quinta...
Convenhamos, a série perdeu o gás na quarta temporada – embora muitos considerem a terceira como início da derrocada, por causa da Neverland sombria; eu gostei daquela parte justamente por esse detalhe. Que graça teria transportar os personagens para uma Terra do Nunca igualzinha a que todo mundo conhece pela versão Disney? A versão OUAT deu novos ares àquele lugar tão emblemático, a ilha do garoto que não queria crescer. E fez sentido, já que nessa versão Peter Pan era um vilão. Já a etapa Oz, apesar da Zelena – por muitos motivos, uma das melhores vilãs, e por que não dizer, uma das melhores personagens da série –, e do desenvolvimento do romance de OutlawQueen, me agradou um pouco menos do que Neverland. Zelena foi extraordinária, mas faltou aos roteiristas serem mais coerentes com sua motivação e explicarem melhor a estrutura dos ingredientes que ela precisava reunir para criar sua máquina do tempo. Mas, ao menos, esse enredo nos rendeu a melhor Season Finale – e na minha humilde opinião, o melhor episódio – da série, em que Emma e Gancho foram arrastados para a Floresta Encantada, trinta anos no passado, para viver uma versão de O Mágico de Oz bem ao estilo OUAT – sem a participação da Bruxa Má do Oeste, que seria desnecessária naquele contexto, com a Emma se auto sabotando –, e finalmente deu à Salvadora um conto de fadas para chamar de seu. Memorável!
Mas como ia dizendo, considero o início da queda de OUAT a quarta temporada. Frozen foi bonitinho – muito embora tenha forçado a barra para inserir o hype daquele momento na série –, e se não foi completamente convincente, pelo menos foi divertido. Já a trama das supostas Rainhas da Escuridão teria ido do nada a lugar nenhum se não tivessem criado aquela Season Finale – muito boa por sinal –, em que os personagens aparecem com os papéis invertidos: os vilões vivendo como heróis e vice-versa. O que não apaga o fato de ter sido uma meia temporada confusa. E ninguém explicou até agora onde diabo enfiaram a Malévola no episódio final, e nunca mais ouvimos falar da Lily depois disso.
Normal. Se não fosse assim, não seria Once Upon a Time, uma série especialista em dar chá de sumiço nos personagens secundários, sem qualquer explicação.
Finalmente chegamos à quinta temporada. E esta é a última grande história que OUAT se dispôs a nos contar. Pela primeira vez em muito tempo, a série nos entregou duas tramas razoáveis – a primeira muito melhor que a segunda, como sempre, já que a segunda não soube aproveitar a oportunidade que criou –, mas queimou o filme bonitinho nos eventos que levaram à derrota do segundo vilão, e principalmente com a Season Finale. Geralmente é o oposto que acontece, né: primeiro OUAT nos confunde o máximo que pode, para enfim nos presentear com uma Finale maravilhosa. Desta vez, escorregaram na batatinha no final, que prenunciou o desastre que estava por vir na sexta temporada. Mas não vamos nos adiantar.
Porque o tema de hoje é a etapa Camelot!
A temporada começa com um flashback de 1989, quando Emma tinha em torno de uns cinco ou seis aninhos. A menininha fofa está numa sala de cinema em Minneapolis, comendo um chocolatinho roubado, e assistindo “A Espada Era a Lei”, a animação da Disney que conta a história do Rei Arthur, quando um lanterninha aparece para lhe trazer uma estranha mensagem:
Se eu ainda não tivesse assistido ao restante da temporada, e considerando o nível de álcool no sangue dos roteiristas, ficaria preocupada que estivessem cogitando transformar Emma no Rei Arthur – porque daquela garrafa de uísque eu espero qualquer coisa! Mas sabemos que não é o caso. Os roteiristas de OUAT são malucos, mas nem tanto. Quer dizer...
Para se ter uma ideia de como calendário é um bicho de sete cabeças para os roteiristas dessa série, Emma estava vendo no cinema em 1989, um desenho que estreou em 1963! De duas uma: ou os cinemas americanos de tempos em tempos colocam filmes mais antigos em cartaz, ou Minneapolis fica em um planeta com fuso horário bem diferente do resto do mundo...
Enfim, do flashback com a pequena Emma, somos transportados para outro flashback, bem mais antigo, com o Rei Arthur – e antes que alguém estranhe essa aparição, dado meu comentário dois parágrafos atrás, ainda seria perfeitamente possível os roteiristas transformarem Emma no Rei Arthur ao longo da temporada. Como eu disse, daquele uísque eu espero qualquer coisa!
Prosseguindo, vemos a lendária cena em que Arthur retira a espada da pedra – depois de seu irmão de criação, Sir Kay, ter tentado a façanha, e virado cinzas, pois a espada não estava destinada a ele. O problema é que a espada está quebrada.
Tá bom, eu admito: de vez em quando eu preciso tirar o chapéu para aquele uísque! A revelação de que a Adaga do Senhor das Trevas é um pedaço da lendária Excalibur – e principalmente, fazer essa revelação no primeiro episódio – foi uma cartada de gênio! Em poucas palavras, conseguiram criar a ligação entre a lenda do Rei Arthur e a trama de Once Upon a Time, não só desta temporada, mas da série de modo geral, já que a Adaga está presente, quase como um personagem, desde o início do show.
E por mais que Hook tente convocar Emma com o auxílio da Adaga, a nova Senhora das Trevas não retorna à Storybrooke, pois, como Regina deduziu, ela não está neste mundo.
Ao se tornar Senhora das Trevas, Emma foi transportada pelo vórtice do mal para o cofre onde todos os Senhores das Trevas nascem. E a prova cabal de que Emma não se tornou imediatamente malvada é o traje de mendiga que está usando ao sair da gosma preta do cofre. A quem interessar possa, esse é um modelo exclusivo da grife “O Lixo Pediu, Implorou, e Suplicou, Mas Você Lavou, Não Deixou Secar e Já Vestiu, e Nem Desencardiu”, $1,99 em Guaranis Paraguaios, que valem menos que dinheiro ali no brechó da esquina.
E mal sai da lama, Emma já dá de cara com uma assombração: Rumplestiltskin, o espírito endiabrado de todos os Senhores das Trevas combinados, que está ali, como uma voz em sua cabeça, para aconselhá-la e guiá-la no caminho da perdição. Tipo o Grilo Falante bancando a consciência do Pinóquio, só que ao contrário: para ajudá-la a fazer o que não presta.
Rumple garante que todos dizem isso, e acabam gostando da brincadeira, depois de experimentar. Mas Emma sabe o que tem que fazer: encontrar Merlim, permitir que ele expulse as Trevas dela, e assim não possa fazer mal a ninguém.
Em Storybrooke, o pessoal consulta o Aprendiz sobre o paradeiro de Emma, e ele diz que ela foi enviada para o lugar onde toda a escuridão se originou: o Reino lá em Tão, Tão Distante. E como está fraco demais para levá-los pessoalmente, ele lhes dá a varinha que ganhou do Feiticeiro, quando se tornou seu Aprendiz. Mas adverte que para viajar entre os mundos, ela deve ser empunhada como foi forjada, com os dois lados da moeda: a Luz e as Trevas.
Assim, por livre e espontânea pressão, Regina pede a ajuda de Zelena, mas não confia nela o suficiente para remover o bracelete que neutraliza sua magia. Mas sem magia liberada, ela se recusa a colaborar.
E como Regina só está oferecendo um acordo de condicional, e não o habeas corpus completo à irmã psicopata, e Zelena não gosta das coisas pela metade, Henry e Hook agem por conta própria para tirar a bruxa verde da cela, mas não sem antes arrancar o coração dela, para que obedeça estritamente às suas ordens. O que Gancho não sabia era que Zelena havia colocado um feitiço de proteção em si mesma, para que ninguém pudesse arrancar seu coração – só quero saber como ela fez isso, pois Regina arrancou o coração dela quando a Falsa Marian foi congelada pela Rainha da Neve; depois ela ficou meia hora conservada no freezer, e em seguida partiu para uma terra sem magia, ao passar pela fronteira da cidade, para onde retornou com o bracelete devidamente colocado. Só posso supor que tenha sido naquela meia hora, quando pensava que o perigo da maldição do pinguim havia passado... Seja lá como for, ela enrola o Gancho, rouba sua faca, corta a própria mão pouco acima do bracelete, e agora, com sua magia restabelecida, reimplanta-a na hora e desaparece numa nuvem de fumaça verde, depois de dar mais uns sopapos no pirata.
Uma vez em liberdade, Zelena sequestra Robin Hood, para forçar Regina a lhe entregar a varinha. Já que ninguém vai com a cara dela naquela cidade, a verdinha decidiu usar o poder da varinha do Aprendiz para conjurar um portal e voltar para Oz.
O que ela não sabia era que o poder da varinha a enfraqueceria, dando à sua irmã a oportunidade de afaná-la e trocar o destino da viagem para Tão, Tão Distante.
Perguntinha: acabaram os feijões mágicos? Porque a Branca de Neve sabe que a Ruby andou ajudando os Anões a cultivá-los, e até utilizou um deles para retornar à Floresta Encantada para procurar sua alcateia, motivo pelo qual ela desapareceu da história.
Enfim... Os heróis se reúnem então na Lanchonete da Vovó, porque, já que vão viajar numa espécie de tornado, querem ir de primeira classe, que nem a Dorothy, levando um lar doce lar para, ao menos, terem onde dormir lá na terra dos contos de fadas. Na minha opinião, seria muito mais prático levar barracas de acampamento do que tentar carregar uma lanchonete para cima e para baixo na floresta, mas tudo bem...
E a preocupação da Vovó é saber se seu seguro tem cobertura para os possíveis danos causados pela viagem pelos ares. Olha, Vovó, se estão cobrindo até as viagens na maionese nas últimas temporadas, vai por mim, eles cobrem tudo!
Para poder situar o GPS do feitiço, os heróis usam o cobertorzinho em que Emma foi enrolada ao nascer, e que a acompanhou na viagem de guarda-roupa para o mundo real, para que o vórtice leve a lanchonete até ela.
Podiam roubar uma jaqueta vermelha...
Mas antes que tudo voe pelos ares, Mestre, Zangado e Feliz aparecem, com uma queixa do Sindicato, exigindo mais participação na série.
É isso aí, Zangado! Não deixa barato, não. Afinal de contas, vocês também são cria dos Irmãos Grimm!
E não são os únicos a reivindicar uma passagem de última hora. A Fada Azul, que adora meter o bedelho no que não é de sua conta, aconselhou Belle a acompanhá-los, pois podem precisar de uma pessoa engenhosa como ela nessa missão.
Além disso, se ela viajar, quem vai ficar cuidando do moribundo?
Enquanto isso, lá em Tão, Tão Distante, Emma começa a ter degustações indesejadas do poder das Trevas, enquanto tenta descobrir o caminho para Camelot. Seu mentor, Rumplestiltskin das Trevas imaginário tenta ensinar a ela um muitíssimo útil truque para se transportar por magia para onde quiser. Basta visualizar em sua mente, e voilà! Uma força mágica a leva ao destino desejado. O problema é que o refil de magia que ela está usando agora é das Trevas, e ela não quer se acostumar a ela.
É quando o Fogo Fátuo aparece, e a lenda diz que eles podem mostrar o caminho para qualquer lugar à pessoa que sussurrar para ele. Então Emma deduz que aquela coisa pode levá-la até Merlim.
Só que Emma não é a única atrás daquele mapinha simpático. Merida, a destemida princesa de Valente, precisa dele para resgatar seus irmãos, que foram sequestrados pelos herdeiros dos outros clãs, após a morte de seu pai, o Rei Fergus.
Merida acaba se compadecendo da Salvadora, e promete compartilhar o mapinha com ela, depois que ele indicar o caminho até sua família. Mas o Senhor das Trevas sabe que o Fogo Fátuo se torna escravo da pessoa que primeiro sussurrar para ele, enquanto o coração dessa pessoa bater. Ou seja, se Merida o tiver, Emma terá que matá-la. O que, claro, ela não quer fazer.
E tenho que dizer que, pela primeira vez em muito tempo, Once Upon a Time encontrou personagens e histórias que combinam entre si. Já que o tema central dessa parte da temporada é Camelot, que, de acordo com a lenda, fica na Grã-Bretanha, e Merida é princesa de um dos quatro clãs nobres da Escócia medieval, temos uma combinação lógica. Somados com Robin Hood, eles teriam tudo para fazer uma temporada memorável. Se os roteiristas se lembrassem que o Robin faz parte dessa história...
E essa Merida é bem parecida com a princesa da Disney, ligada nos 220 volts, como Emma pôde observar por sua agitação e determinação em chegar o mais rápido possível à colina de pedras onde nascem os Fogos Fátuos.
Agora que é a Senhora das Trevas, Emma também não dorme muito, o que lhe dá muito tempo para falar sozinha – na verdade, com sua nova consciência do mal, com cara de Crocodilo –, e debater sobre a vida da arqueira escocesa.
Felizmente, Merida tem sono leve, e escuta todo o monólogo da Salvadora, o que lhe dá a chance de partir sozinha pela manhã. Ao perceber que foi deixada para trás, Emma pergunta ao Rumple das Trevas como é a colina de pedras onde nasce o Fogo Fátuo, e se transporta para lá com magia, mas chega tarde demais. Merida já sussurrou para ele, e está disposta a defender sua vida.
Se era para usar magia das Trevas para se aproximar do Fogo Fátuo, por que não usá-la para encontrar o Merlim de uma vez? Mesmo na pele da Senhora das Trevas, como seu raciocínio é lento, Salvadora!
Rumple aconselha Emma a arrancar o coração de Merida e sair correndo, mas ela prefere parar a flecha no ar, e apelar para o bom senso da Princesa. Como ela não cede, Emma perde a paciência, arranca seu coração, e só não o esmaga, porque nesse momento sua família inteira e mais os agregados, os coadjuvantes, os figurantes e os mascotes da série aparecem para impedir que ela mergulhe na escuridão.
Acontece que Emma tem medo de cometer os mesmo erros de Rumple, e acabar machucando sua família – física e emocionalmente. Mas ao ver como os heróis e os vilões se uniram para viajar entre os mundos para salvá-la, ela reconsidera.
Emma devolve o coração de Merida, e se consola nos braços do Capitão Gancho. Porque quem pode, pode.
E já que ela está resistindo bem às Trevas, sua família decide lhe entregar a Adaga, para que ela tenha o controle sobre si mesma, mas ela recusa. Se a Adaga cair em mãos erradas, poderão usá-la sabe-se lá para quê. Por isso ela pede que Regina fique com a arma, pois sabe que ela é a única capaz de fazer o que for necessário, caso ela saia da linha. Inclusive destruí-la.
A boa notícia é que o gerador de energia da lanchonete da Vovó está funcionando, o que significa que terão refrigerante gelado e forno de micro-ondas enquanto durar essa expedição. Já os hambúrgueres vão ficar para quando voltarem para Storybrooke, pois as chapas já eram.
Trívia...
E sua missão acaba de ficar mais fácil, pois já que Maomé está com dificuldade para ir até a montanha, a montanha veio de encontro a eles. A cavalaria do Rei Arthur veio pessoalmente escoltá-los até Camelot, pois Merlim profetizou sua vinda há muito tempo.
Mas não é porque o Rei Arthur veio recepcioná-los na portaria que sua missão em Camelot será melzinho na chupeta, não. Merlim está desaparecido há anos. Segundo a profecia, a Salvadora está destinada a trazê-lo de volta.
Assim sendo, o Rei os conduz com toda pompa para Camelot.
E essa é a última coisa de que nossos amigos se lembram. Tudo o que viveram depois de terem passado pelos portões do castelo foi apagado de suas memórias – de novo! –, e eles despencam em Storybrooke com a Lanchonete da Vovó seis semanas depois, sem fazer a menor ideia do que aconteceu. Sua única pista de que a missão deu incrivelmente errado é o fato de que Emma agora está com o cabelo branco, batom vermelho e um figurino decente, o que só pode significar que ela aceitou o cargo de Senhora das Trevas, e é a nova vilã do pedaço.
Xiii... Agora danou-se!
Só queria fazer uma observação a respeito da distribuição de cargos públicos em Storybrooke: na ausência da Família Charming, até o Atchim está apto a ser o Xerife! Avalia a situação, se ele tiver que dar voz de prisão a alguém: “Você (Atchim!) está (Atchim!) preso (Atchim!)! Levante (Atchim!) as mãos (Atchim!)...” O cara cumpre a pena inteira antes de terminar de ser algemado. Quem terá ficado no lugar da professora Mary Margaret na escola? O Dunga?
E como tem um novo valentão na cidade, e já estão de saco cheio desse entra e sai de vilões, sem aumento de salário, nem de destaque no enredo, nem melhorias nos benefícios, os Anões decidem picar a mula antes que alguma coisa respingue neles, como sempre. O problema é que, como estão lidando com uma nova Maldição – de novo! –, não se sabe qual é a nova mania da fronteira. E quem é que sempre testa as novas roubadas? Os Anões!
Dessa vez, sobrou pro Dunga, só porque ele não pode falar para protestar. E o coitadinho já começa a temporada sendo transformado numa árvore.
E ele não é o único a vegetar por um tempinho nessa temporada. Ao entrar em Camelot, lá no flashback, nossos heróis são informados de que Merlim e a árvore frondosa que decora o jardim do castelo são a mesma criatura. E até onde estão informados, somente a Salvadora pode reverter o que quer que tenha acontecido ao Feiticeiro. E como a magia da Emma está comprometida nesse momento, Regina se apresenta como Salvadora, e promete descobrir um modo de libertar Merlim, e de quebra, ainda deter o Senhor das Trevas que está “ameaçando” o Reino dos Charmings – ela só não explica que o Reino ao qual se refere é o rótulo, há muito tempo desmentido, de que são a família perfeita, possuidores da virtude da bondade absoluta. Ora, faça-me o favor...
Mas o fato de Regina brincar de Salvadora lá em Camelot coincide com sua atual situação em Storybrooke, pois, com Emma andando por aí com o penteado da Bruxa do 71 – o que ainda a torna menos medonha que a cara de Crocodilo de Rumplestiltskin –, Regina é o mais próximo que a cidade tem de uma esperança. Afinal, ela é a pessoa mais poderosa do lugar – em todos os sentidos –, e provavelmente a única com capacidade e coragem para medir forças com a Dark Swan.
E como sabe que pode ser o fiel da balança, Henry vai lá se desculpar com Emma por terem falhado com ela em Camelot, pois sabe que mesmo tendo passado para o lado negro da força, Emma jamais o machucaria. Afinal, mesmo a Senhora das Trevas é capaz de amar o filho de suas estranhas.
Mas Regina não tem tanta certeza disso, e tenta afastar o filho adotivo da mãe biológica malvada, para evitar que o transforme no filhote das cavernas da Bruxa Baratuxa.
Como para provar de uma vez por todas que não está mais ali para ouvir desaforo, Emma joga na cara da ex Rainha Má que lançou aquela Maldição sem aquilo que poderia quebrá-la: um Salvador. Mas Regina não se abala, e garante que encontrará um meio de derrubar a nova vilã da vassoura.
E bem nesse momento, os Cavaleiros do Rei Arthur invadem a Avenida principal de Storybrooke, para arrumar confusão com os Anões.
Como eu disse lá no começo da review, essa aí picou a mula faz tempo... No mínimo deve estar por aí procurando um gato na Floresta Encantada para jantar. E não me refiro ao que faz “miau”. Se bem que...
Enfim...
Já que a patotinha da Távola Redonda também resolveu dar as caras em Storybrooke, e provavelmente ainda não se registraram na cidade, os Anões levam o Rei e seus seguidores até à prefeitura – o novo Quartel General dos heróis –, onde os Charmings explicam que mentiram, e que Emma, sua filha, é a Senhora das Trevas, e que foi ela quem lançou a Maldição que apagou as últimas seis semanas de suas memórias.
Primeiro: calma aí, família! Branca de Neve estava falando da Excalibur!
Segundo: querido Rei Arthur, nunca, jamais, em hipótese alguma, ofenda a cria dos Charmings! Por menos que isso, essa Branca de Neve boazinha é o carpaccio despachou a mãe da Rainha Má lá para o andar de baixo! E jogou o ovo de Dragão que a Malévola botou num buraco de minhoca...
Afinal, se Emma é a Senhora das Trevas, convenhamos, ela tem a quem puxar.
E o filho dela também – neto do antigo Senhor das Trevas, criado pela Rainha Má, bisneto do Peter Pan do mal, com qualquer parentesco com aquela Sombra sequestradora de crianças, e filho de um batedor de carteiras! É bom tomar cuidado com o exemplo que vocês dão para esse moleque!
De volta ao enredo, Arthur e seus Cavaleiros não foram os únicos personagens extras contrabandeados pela nova Maldição. João Pequeno viu a Rainha Guinevere e os súditos de Camelot na floresta, e Arthur, como um bom soberano, corre para conferir se estão todos bem. E recebe a preocupante notícia de que a Excalibur desapareceu.
Falando em fofoca, lá foi a Regina contar pra sua mãe, viu, Emma, que você está ameaçando deixar todo mundo preso para sempre nessa Maldição por falta de um Salvador. E as duas – Branca de Neve e a nossa Rainha – estão preocupadas com essa invasão da turma da Távola Redonda em sua história, porque pela experiência que adquiriram em quatro temporadas dessa novela, já sabem que novos personagens são sempre sinônimo de algum B.O. vindo por aí. E como sempre quem é que resolve os pepinos?
Pois é...
Só que esse B.O. que está prestes a se apresentar é resultado de outro pepino que tiveram que resolver lá em Camelot. Como a missão da Salvadora naquele lugar era libertar Merlim, Arthur decidiu hospedar Regina em sua torre, e lhe dar acesso total à vasta biblioteca do Feiticeiro, para que ela pudesse pesquisar à vontade, até descobrir um modo de libertá-lo da árvore.
Deveria. Mas se ela estivesse em cena, a verdadeira Salvadora não poderia se queixar da mentira de Regina, que a excluiu das atenções do Rei. Mas se tivessem dito a verdade, Emma teria que usar a magia das Trevas na árvore, e vai saber como o Feiticeiro reagiria a isso...
Seja lá como for, ninguém está com tempo para pensar no Merlim naquele momento, porque o Rei Arthur decidiu oferecer um baile em honra de seus convidados, e principalmente da Salvadora, que se dignou a vir ao seu Reino ajudá-lo com o probleminha da árvore. E ele faz tanta questão da presença de Regina na corte que decidiu presenteá-la com um lindo colar ornado com o Diamante da Pantera Cor de Rosa. Bem, na verdade, está mais para roxo, mas tudo bem...
E Once Upon a Time continua sua campanha para colocar chifres na Branca de Neve!
Estão lembrados de que na temporada passada fizeram uma cena, no mínimo irresponsável, com o Charming dançando com a Emma, vestidos como se estivessem num baile, no maior clima de romance – e que eu ressaltei o perigo de pai e filha terem a mesma idade e participarem desse tipo de cena? Então... Dessa vez, fizeram a mesma coisa... Só que o baile do Príncipe foi com a Rainha Má!
Tudo porque nossa Rainha contou que não pretendia ir ao baile, porque não sabia dançar. E eu fiquei me perguntando como é possível que aquela filha de um moleiro interesseira, doida para casar a filha com o primeiro Rei desimpedido que encontrasse, cometeu a gafe de não dar aulas de dança à Regininha? Afinal, bailes nesses castelos de contos de fadas são mais frequentes do que erro de arbitragem no Brasileirão! Como é que dona Cora deixou esse detalhe escapar, minha gente?
Falando em Morgana, nem sinal da meia-irmã bruxa do Rei Arthur nessa temporada. Acho que os roteiristas deduziram que já tinha bruxa demais nessa história.
Quanto à nossa Rainha...
Ser do elenco VIP nessa série é outro nível! Cuidado aí, dona Snow... Vai deixando seu marido solto assim, que se ele abrir o olho, você vai ver o problema que pode arrumar pra sua testa e pra do Robin Hood...
Você deve estar se perguntando: cadê o filho pequeno da Branca de Neve? Ela levou para Camelot, e um dos motivos para terem aceitado os Anões nessa missão é a necessidade constante de babá para cuidar dele e do Roland. O escalado para ficar com a criançada esta noite é o Mestre.
Assim arranjados, vão todos para o baile: Branca de Neve com o Fantasma da Dama de Branco – porque a Emma acha que só porque o vestido é branco feito leite, ninguém vai reparar nas Trevas que ela carrega –, a Salvadora Substituta Regina, Charming, Capitão Me-EnGancho, Robin Hood, Belle, a Vovó Donalda, o Zangado... Enfim, a patota toda. Ou quase... É possível que Zelena, cuja língua foi confiscada por Regina para parar de falar abobrinha, não tenha recebido permissão para sair da torre.
A propósito da Belle, ela levou aquela cúpula enorme com a rosa encantada para o baile. Porque não tem nada mais natural, em qualquer lugar do mundo, seja ele encantado ou não, do que uma mulher andando para lá e para cá com uma estufa à tiracolo. E para falar a verdade, eu não entendi pra quê diabos a Fada Azul mandou ela levar aquele treco...
Mas já que a moça está sozinha naquele Reino, e o marido dela está fora de combate, num coma induzido mágico, e como todo mundo sabe que, destituído do cargo de Senhor das Trevas, Rumplestiltskin não é de nada, Leroy decide tentar a sorte com a bibliotecária.
*ARRAM* O marido semimorto em um mundo a mais de mil anos de distância, e essa mulher está flertando com um Anão... Não sei se vocês se lembram, mas essa bibliotecária aí quando vestia a pele da Lacey costumava passar os dias e as noites nos botecos, enchendo a cara de cerveja e tequila, e paquerando tudo quanto era cafajeste, vilão, pau d’água e xerife arrogante e encrenqueiro que frequentasse o local. Sem falar que ela se divertiu horrores quando este último foi espancado, possivelmente até a morte, pelo Senhor das Trevas! É melhor o Gold acordar logo e abrir o olho pra essa situação. Afinal, não faz nem muito tempo, ela andava de namorico com o Will Scarlet! A piranha só não pega do céu urubu e do chão cururu! Depois a Ruby que é a vadia da série...
Mas a verdade é que está todo mundo se assanhando nesse baile. Até o Henry, que é mais lerdo que o Barrichello com o pneu furado arrumou uma donzela para paquerar, e a menina fica toda impressionada quando ele mostra sua “caixinha de música mágica”, também conhecida como iPod.
Henry, querido, só essa sua última frase me fez te perdoar por toda a sua palermice das duas últimas temporadas.
Enquanto seu filho banca o Don Juan, Regina dança uma valsa com Robin, e em seguida concede uma dança a Percival, um dos Cavaleiros do Rei Arthur. Justamente um Cavaleiro que viveu lá em Tão, Tão Distante quando era pequeno, e a viu desfilando como um anjo da morte pelo meio do massacre em uma aldeia incendiada, admirando o caos, na época em que ela vestia a pele da Rainha Má.
Quem é que tem tempo para pensar em boas ameaças, quando há uma espada engatilhada e prestes a fatiar seu lindo corpinho? Robin Hood se atira sobre o agressor para defender a Rainha do seu coração – título bem apropriado para a filha da Rainha de Copas –, e acaba sendo ferido pela espada do Cavaleiro.
E é aí que a porca torce o rabo, porque a espada de Percival tinha sido encantada para matar Regina, de modo que a magia dela não pode curar a ferida dele. O motivo de alguém ver necessidade em encantar uma espada para matar outra pessoa, quando só a ferida devia bastar, eu não faço ideia. Vamos ter que perguntar no Posto Ipiranga, ou consultar o número de copos na sala dos roteiristas. E quem é a outra pessoa dotada de magia no baile? Pois é... Emma “Dark” Swan!
Só que agora ela é a Senhora das Trevas. Sua magia é negra, e não trabalha mais de graça. Portanto, se usá-la para ajudar Robin Hood, precisará cobrar um preço.
E justamente porque Regina é sua melhor amiga, Emma decide fazer a magia no 0800, apesar dos avisos do Rumple das Trevas em sua cabeça, de que o preço será cobrado de uma forma ou de outra.
E é exatamente isso o que acontece naquela tarde em Storybrooke. Enquanto Regina desabafa com Robin, que ninguém naquela cidade confia nela para guiá-los por causa de seu passado como Rainha Má – porque, a essa altura do campeonato, segundo episódio da quinta temporada, baixou uma crise existencial na Regininha! Porque os roteiristas não tinham nada melhor para inventar; depois de ela já ter provado por A+B+C+D+E o Alfabeto inteiro, com quebra de maldição, magia de luz e impossibilidade de usar uma varinha que necessitava de magia negra, que deixou a Rainha Má para trás há muito tempo!
E foi bem nesse momento, enquanto ela começava com essa frescurite aguda que uma criatura sombria e revoltada apareceu do nada para sequestrar o Robin, deixando Regina desesperada. E o pior: a cena bizarra aconteceu bem diante dos olhos de Roland! Se continuar assim, com Roland presenciando coisas como a mãe retornando do túmulo, depois se transformando numa bruxa verde, o pai fabricando um bebê cor de pistache com a dita cuja, e sendo sequestrado por um saravá do mal a cada meia temporada, e os Charmings abandonando o filho bebê com qualquer membro deslocado do elenco de apoio para ir resolver os B.O.s da filha adulta, o Grilo Falante vai ficar milionário fazendo terapia nessa molecada!
A criatura que levou Robin Hood é uma Erínia, uma entidade da Mitologia Grega que aparece quando alguém não paga o preço da magia, conforme explica a engenhosa Belle Stiltskin.
A boa notícia, Regininha, é que ela comprou passagem para a barca da meia-noite, que é quando o barqueiro Caronte pode vir buscar a alma que ela veio ceifar, então, vocês ainda têm algumas horinhas para tentar detê-la. A má notícia é que a única forma de despachá-la, é alguém dar a própria vida no lugar do Robin.
Então Regina vai à nova casa da Dark Swan, virada no Jiraya, para exigir que ela pague o preço da magia que atraiu a Erínia, pois ela não vai sacrificar ninguém por causa das encrencas da ex-Salvadora, e leva o maior susto ao descobrir que a criatura veio buscar o pagamento daquele 0800 que a nova Senhora das Trevas fez para salvar a vida do Robin em Camelot, a pedido da própria Regina.
Assim sendo, nossa Rainha não tem outra saída, senão enfrentar a Fúria da Erínia – sacaram o trocadilho? – por conta própria. Mas não sozinha. Quando Regina oferece sua vida ao monstro em troca de Robin, Branca de Neve, Charming, Hook e Leroy aparecem e se oferecem para dividir a conta, sobrecarregando a Erínia, e botando-a para correr.
O sacrifício em grupo dos amigos faz Regina compreender que deu chilique à toa: todo mundo ali sabe que ela mudou, e confia que se há alguém em Storybrooke que pode salvá-los, esse alguém é Regina Mills.
Tá perdoada, Regininha.
Tudo bem quando termina bem. Como de costume, vai todo mundo para a Lanchonete da Vovó, comemorar com uma rodada de sidra de maçã. Como as memórias de Camelot sumiram, Henry tem a oportunidade de se apresentar novamente à Violet, a mocinha com quem ele estava flertando no baile do Rei Arthur, e Charming fica observando de longe, todo orgulhoso que o neto esteja finalmente passando por uma situação normal, e paquerando uma menina – desconfio que ele estava preocupado que o Henry acabasse paquerando o Pinóquio um dia desses, do jeito que o moleque é esquisito... E não estou me referindo ao fato de o Pinóquio ser menino, mas a ser um boneco de madeira!
Já a Branca de Neve está mais preocupada é com o destino da Emma. Coisa de mãe, sabe... O filho pode ser o traste que for, que o amor sempre falará mais alto.
E a moça já começa a sentir o peso de ser a vilã da temporada, assistindo à comemoração dos heróis do lado de fora da lanchonete, com aquele mesmo ar de melancolia experimentado pela Regina, quando todo mundo ainda a desprezava por ser a Rainha Má.
Mas nem todos abandonaram a Dark Swan. Depois de ter chorado as pitangas com Belle, que esteve por muito tempo em seu lugar, e ouvido que é mais fácil odiar o Senhor das Trevas do que amá-lo, Hook decide procurar Emma em sua nova casa.
Não que ela pense que pode atraí-lo com bens materiais...
E por mais que ela diga que sua mudança não influencia no romance dos dois, o pirata não pretende ser a Belle daquela Senhora das Trevas; mas também não vai desistir dela. Ele passou mais de um século tentando matar um Crocodilo; pode passar o mesmo tempo tentando salvar a mulher que ama, e com a mesma determinação. Mas a série não pode durar tanto tempo, né, querido...
Em Camelot, depois de sofrer o atentado, Regina admite para Arthur que costumava ser a Rainha Má, mas ele não dá bola para o passado dela, pois ainda acredita que ela é a Salvadora que Merlim profetizou.
Arthur já estava informado de que Regina não era a verdadeira Salvadora, mas isso realmente não importava. O importante é que esses estranhos trouxeram até o seu reino a Adaga com a qual ele poderia restaurar a Excalibur, e evitar a ruína de tudo o que construiu.
Agora a Espada está em Storybrooke, no porão da Senhora das Trevas – que, talvez para combinar com o título de sua nova função, aparentemente não pagou a conta de luz de sua nova casa. Mas, problema um: a Espada voltou para a pedra; problema dois: o Senhor das Trevas que ainda está na cabeça dela quer restaurar a Excalibur para destruir a magia de luz.
Para retirar a Espada da pedra, Emma precisará de um herói, já que nem a picareta de um dos Anões conseguiu romper o feitiço. Agora a questão é, quem será esse herói?
Rei Arthur, vocês devem estar imaginando. Lamento informar que esse aí está bem longe de ser um herói nessa versão da história. Quem poderá servir aos propósitos da Dark Swan é o Senhor das Trevas anterior, Rumplestiltskin.
Estão surpresos? Embora Emma tenha herdado o posto de vilão deixado por ele, ao remover as Trevas, o Aprendiz tornou seu coração alvo como a neve, e sua história nesse momento é uma página em branco. E é exatamente disso que Emma precisa: alguém que ela possa moldar e transformar num herói de coração puro. Só que, para isso, precisa curá-lo primeiro.
Felizmente, Belle descobriu um feitiço de cura num dos cadernos do Rumple, e já tem quase todos os ingredientes, exceto um objeto que tenha tocado nele antes de se tornar o Senhor das Trevas. Mas isso, pode deixar que a Emma arruma.
Ela coloca o vish-tido da Mary Margaret que usou em seu primeiro encontro oficial com Gancho na temporada passada, transforma seu cabelo branco novamente na maçaroca loira presa num rabo de cavalo mal feito, exatamente igual ao dia em que imitaram a Dama e o Vagabundo, e prepara um jantar romântico no navio dele. Mas Hook está de saco cheio dos jogos dela, e manda ela decidir se quer ficar com ele ou ser a Senhora das Trevas, ao que Emma tenta convencê-lo de que se tornou uma pessoa melhor agora que está sem seus muros; como Rumple, que deixou de ser covarde. Mas Hook conheceu Rumple antes de as Trevas o consumirem, lembra que ele era um bom homem, que só queria manter a família unida, e também lembra de como dobrou o coitado sob sua espada. E isso era tudo o que Dark Swan queria: que ele revelasse um objeto que tivesse tocado Rumple antes de se tornar o Dark One. De posse da dita cuja, ela deixa a batata-quente de decidir sobre seu romance na mão do pirata e leva a espada para concluir o feitiço de cura de Rumple.
Uma vez acordado, ela promete transformá-lo naquilo que ele jamais imaginou que seria: um herói. E o mais puro de todos, já que agora ele não é nem das Trevas, nem da Luz, portanto é perfeito para os seus planos.
Ela encarrega Merida – ou melhor, ela manipula Merida, confiscando seu coração – do treinamento que transformará Rumple num herói, tão valente quanto a própria Princesa escocesa. O que não é lá muito fácil, considerando que ele mal consegue ficar em pé sem apoio, agora que a magia do Senhor das Trevas não serve mais como muleta para sua perna deformada. Mas para tudo se dá um jeito; Merida parte um galho para ele usar como cajado, e tenta ensiná-lo a lutar bravamente com uma espada, e como ele continua fazendo corpo mole, ela rouba a xícara lascada de Belle em sua loja, e o força a lutar com ela para evitar que termine de espatifá-la.
Só queria aproveitar a deixa para pedir a essa versão da Merida que compartilhe com a gente qual é a boacumba que ela fez nesse cabelo?! A mulher atravessa a floresta correndo, luta com o Rumple, rola no chão, sobe em árvore, dança Kuduro, e os cachos não saem do lugar! Certeza, esse antifrizz não é da Seda...
Paralelamente, os heróis traçam um plano para entrar em contato com Merlim, onde quer que ele esteja. Em Camelot, quando estavam em busca de um meio de quebrar a maldição que prendia o Feiticeiro à árvore, sem precisar recorrer à magia negra da Salvadora, Regina se lembrou de um cogumelo venenoso conhecido como Coroa Escarlate, que costuma ser muito eficaz para comunicação através de barreiras, inclusive feitiços, e que eles podiam usar para conversar com Merlim, e ver se ele conhecia algum feitiço que outra pessoa, que não fosse Emma, pudesse utilizar para libertá-lo da árvore.
Felizmente para os nossos heróis, o tal cogumelo crescia na Floresta da Noite Eterna, cujo caminho Arthur conhecia bem, e se dispôs a guiar o Charming até lá. Mas o lago, em cuja margem crescia o cogumelo, estava cheio de armadilhas, incluindo cavaleiros de armadura mortos, que mesmo depois de serem decapitados ou terem membros fatiados, se remontam e continuam lutando. Com a ajuda do Rei, Charming consegue atravessar a ponte e retornar à margem, mas no meio da briga, ele acabou perdendo o cogumelo.
Esse cogumelo reaparece jogado no chão, em Storybrooke, junto a uma barraca no acampamento dos súditos de Camelot. Charming o encontra depois de ter ajudado Arthur a apanhar o Cavaleiro que roubou seu relicário, onde o Rei acreditava haver guardado um feijão mágico que poderia levá-lo e ao seu povo de volta à Camelot. Acontece que esse roubo do relicário foi arquitetado pelo próprio Arthur, que somente queria sair numa aventura com o Xerife interino – já que Emma, no momento, encontra-se no lado mal da Força –, para conquistar sua confiança. Agora que já cumpriu seu papel, ele obriga o Cavaleiro que levou a culpa a tomar veneno das víboras de Agrabah – sim, o Reino de Aladdin, mas ele ainda não dá as caras nessa temporada –, para evitar que dê com a língua nos dentes. Tudo porque Arthur tem um plano diabólico para construir uma nova Camelot, ali mesmo, em Storybrooke, já que não têm como voltar para o seu reino original.
Fora também o Rei Arthur quem roubara o cogumelo lá em Camelot, para evitar que os heróis conversassem com Merlim e descobrissem seus podres. Mas eles terão a chance de fazer isso agora, pois Regina já está novamente de posse do livro de receitas do Feiticeiro que estava usando em Camelot, e com o cogumelo em mãos, já pode preparar o feitiço para se comunicar com o mago.
Mas é melhor usar esse cogumelo bem depressa, antes que os roteiristas o afanem para fazer um chá!
De acordo com o livro, só um escolhido de Merlim pode abrir a mensagem que o cogumelo trará, depois de ser jogado na poção que Regina preparou no caldeirão em sua cripta. E como só conhecem um escolhido de Merlim zanzando pela cidade, nossos heróis dão a missão de intermediar a comunicação com o Feiticeiro ao Rei Arthur, mas ele só concorda, com a condição de que o deixem falar com Merlim a sós.
Sendo assim, todos concordam em esperar lá fora. Uma vez sozinho na cripta da Rainha Má, sem câmeras escondidas, nem um espelho fofoqueiro para vigiá-lo, Arthur joga o cogumelo no fogo do tripé embaixo do caldeirão, e depois diz aos outros que o feitiço não funcionou. O que ele não sabia era que cogumelos mágicos não queimam, portanto sua mentira logo é descoberta, quando Charming resgata o cogumelo da pira, só meio sujinho de fuligem. Pelo menos, agora eles sabem que não devem confiar no Rei Arthur.
Algo que Lancelot já havia avisado durante sua viagem a Camelot.
Como devem se lembrar, no início da segunda temporada, quando Emma e Branca de Neve desfrutaram de alguns dias de férias na Floresta Encantada, Cora assumiu a forma do Cavaleiro – que era bem conhecido da Princesa, pois foi ele quem primeiro celebrou o casamento dela com Charming, quando a mãe do Príncipe estava morrendo –, e depois, ao se revelar, disse à Princesa que matara Lancelot havia muito tempo. Nós realmente não vimos a cena em que ela cometeu este crime. De repente, nesta quinta temporada, enquanto Charming recebia as honrarias após sua aventura pela Floresta da Noite Eterna com o Rei Arthur, Branca de Neve precisou deixar o salão da Távola Redonda por um momento para acalmar o bebê Neal, e deparou-se com uma grande surpresa: Lancelot, vivinho da Silva, passeando pelos corredores do castelo de Camelot, para avisá-la de que Arthur era o verdadeiro vilão naquele lugar.
A explicação para esse retorno do túmulo, que os roteiristas não se deram o trabalho de inserir na trama, é que de duas uma: ou a Camelot do Rei Arthur existe num espaço-tempo anterior ao dos nossos personagens na Floresta Encantada – o que não faria sentido, pois Lancelot reconheceu Branca de Neve, e já estava sabendo que Cora andou espalhando o boato sobre tê-lo assassinado –, ou a megera mentiu sobre isso. Ou ainda: ela nunca chegou a saber que de alguma forma, Lancelot conseguiu sobreviver ao seu atentado – seja lá qual tenha sido.
Sobre a minha teoria inicial, é bom ter em mente que as lendas situam a história do Rei Arthur entre os séculos V e VI d.C.; os contos alemães que inspiraram as histórias dos nossos queridos Fairy Tales podem ter surgido somente na Idade Média, entre os séculos XIII e XVI – com raras exceções, como Cinderela, que possivelmente já existia no século IX  embora só tenham sido compiladas pelos Irmãos Grimm e outros autores a partir do século XVII. Então seria válido imaginar a possibilidade de uma viagem no tempo, se Lancelot não tivesse reconhecido a Princesa. Mas ainda é possível, considerando o flashback que se apresentará a seguir.
Seja lá como for, o aviso de Lancelot não era apenas intriga da oposição. Todo mundo sabe que o Cavaleiro mais famoso da corte do Rei Arthur tem um passado em comum com a Rainha Guinevere. O caso é que, nessa versão, Arthur realmente tinha culpa no cartório para o Cavaleiro estar fazendo sua caveira para os turistas.
Coisa de uns cinco anos antes da chegada da Família Charming-Stiltskin-Mills-Jones e seus agregados a Camelot – e aqui os autores forçaram o limite para não questionarmos a cronologia da série, que estava precisamente em seu quinto ano –, Lancelot acompanhara Guinevere – com quem estava de rolo pelas costas do Rei – numa missão para descobrir a maior fraqueza de Arthur, com o auxílio da Manopla de Merlim. O objeto místico os levou até a cripta do Senhor das Trevas, onde encontraram um portal que levava a uma espécie de jardim secreto, onde a Adaga do Senhor das Trevas estava exposta numa espécie de altar. Claro que a Rainha reconheceu imediatamente o design similar ao da Espada quebrada do Rei, e percebeu que aquele era o pedaço que faltava para restaurarem a Excalibur.
Eis que o Senhor das Trevas em exercício na época, Rumplestiltskin apareceu, propondo trocar a Manopla de Merlim – a mesma que na temporada passada ele barganhou com as supostas Rainhas da Escuridão pela vida de Belle – por um frasco contendo a Areia Encantada da Ilha Mística de Avalon, que pode fazer com que qualquer coisa quebrada pareça restaurada, incluindo a Espada.
E é bom que conste que, há cinco anos, Rumplestiltskin estava amaldiçoado em Storybrooke. Quer dizer, ele conservara as memórias, mas não tinha como sair da cidade. Ou seja, a linha temporal da série volta à sua velha loucura. A menos que Camelot também tenha parado no tempo durante os vinte e oito anos da primeira Maldição. Isso, ou a patota dos heróis realmente voltou no tempo nessa meia temporada.
Seja lá como for, ao retornar desta aventura, a Rainha acaba não tendo coragem de enganar Arthur, e em vez de jogar um pouco daquele pozinho mágico na Espada para fazer parecer que ela a remendou com a Adaga do Senhor das Trevas, decidiu entregar o frasco que ganhou do coisa ruim, e o feitiço literalmente virou por cima da feiticeira. Como já estava sabendo que a esposa preferia o Cavaleiro Negro – se me perdoam a ambiguidade –, Arthur jogou a Areia Mística sobre Guinevere, para restaurar seu casamento bagunçado, e fazê-la parecer uma Rainha apaixonada por seu Rei, e lançou o resto pela janela, para fazer parecer que tudo ia bem no Reino de Camelot.
Mas de nada adiantou, porque ele continuou cismado com a Espada quebrada. A ponto de revelar sua verdadeira índole aos mocinhos logo depois de ter conquistado a confiança de Charming durante sua busca infrutífera pelo cogumelo.
Uma vez com a pulga atrás da orelha quanto ao caráter do Rei, Branca de Neve decide esconder a Adaga no mesmo altar onde Lancelot e Guinevere a encontraram anos atrás, onde a arma ficará protegida pelo feitiço que impede que qualquer um que não tenha seu nome gravado nela – ou seja, o Senhor das Trevas – possa tocá-la.
O curioso é que o jardim onde a Adaga pode ser guardada em segurança é o mesmo lugar onde Branca de Neve teve a visão da Emma adolescente arrancando e esmagando seu coração – naquela ocasião em que ela e Charming pediram a opinião do chifre de um unicórnio sobre o futuro caráter de sua filha, ainda por nascer. Possivelmente o resultado do chá feito com outro cogumelo menos mágico que os roteiristas andaram tomando...
Mas no exato momento em que Branca de Neve está prestes a depositar a Adaga no altar, Arthur aparece, ameaçando fatiá-la ao meio, forçando a Princesa a entregar a arma que pode controlar sua filha.
O cara foi passado para trás pelos Charmings! Não tá fácil pra ninguém, hein, Rei Arthur...
Claro que Branca de Neve não podia ser tão anta, nem uma mãe tão relapsa, a ponto de sair por aí desfilando com a arma que pode controlar e matar sua filha.
Mas de nada adiantou desmascarar o Rei Arthur, pois Guinevere juntou a guarda toda para resgatá-lo na lanchonete da Vovó, onde ele foi confinado pelos heróis. E como castigo, ainda mandou Lancelot para a masmorra.
Ah, ele já abriu, amigão. E agora vai dar uma anuviada no juízo dos Charmings, jogando neles o que restou da Areia de Avalon, para que ajudem a roubar a Adaga que Regina está protegendo – porque aparentemente o frasquinho que Rumplestiltskin deu a Guinevere tem algum tipo de encantamento que impede que o pozinho mágico acabe.
Afinal, essa é a especialidade dela! Só que agora ela está envolvida no rolo, e depois de cheirar todo aquele pó mágico dos infernos, o casal quer ajudar o Rei Arthur a restaurar a Espada.
Mas Regina não nasceu ontem, e percebe que há algo errado com aquela dupla. E não é a única. Emma também está ligada nesse cheiro de macumba em volta dos Charmings, e tem certeza de que não pode ser uma nova fragrância da Jequiti. E corre para pedir à Regina que mantenha a Adaga escondida porque seus pais foram enfeitiçados pelo Rei.
Acontece que a Emma andou consultando um Apanhador de Sonhos que encontrou na Torre do Merlim, e o usou para espiar e ficar por dentro das fofocas do Reino, e também para dar uma espiadinha no passado do Feiticeiro, e descobriu que Merlim estava chorando a perda de seu único amor no momento em que foi aprisionado na árvore. Uma descoberta bastante relevante, pois, como Regina sabiamente colocou, feitiços às vezes funcionam como picadas de cobra: pode-se usar o veneno para fazer um antídoto. Ou seja, se uma lágrima de amor perdido serviu como ingrediente para prendê-lo na árvore, talvez outra possa libertá-lo.
Então Regina se voluntaria para o sacrifício, para o bem de todos e felicidade geral da família. Ela usa o Apanhador de Sonhos para reviver a memória da morte de Daniel, o tratador de cavalos que foi seu primeiro amor, e que Cora assassinou na frente da filha para que ele não atrapalhasse seus planos de torná-la Rainha.
Emma e Regina preparam a poção, jogam a lágrima de amor perdido da ex Rainha Má no caldeirão e... nada. O feitiço não funciona, porque Regina já superou aquela perda, e até aquele amor.
E bem nesse momento Henry aparece para chorar as pitangas, porque Violet não está tão interessada nele quanto pensava. O menino tinha até preparado um jantar para ela, com lasanha requentada e refrigerante diet na lanchonete da Vovó. Colocou até um filme para rodar no celular para ter um pretexto para passar um braço pelo ombro da menina... Mas descobriu que ela só queria ser sua amiga.
Mas essa história está um tiquinho mal contada, e pela Salvadora! Pois o que Henry ainda não sabia naquela época é que Emma suspeitou desde o princípio que a decepção de Regina não serviria para o feitiço, e fazendo jus ao título de Senhora das Trevas, quis ter um plano B na barra da manga da roupa velha. Então ela arrancou o coração de Violet, para forçar a menina a partir o coração de seu filho, e assim poder usar a lágrima dele.
Henry só fica sabendo dessa trairagem de sua mãe depois do retorno para Storybrooke, quando Regina, Gancho, Robin e Belle invadem a casa da Senhora das Trevas para descobrir o que ela está escondendo no porão trancado, enquanto o garoto a distrai com a busca pelo cavalo perdido de Violet – porque, até então, ele não havia perdido as esperanças. Nossos heróis encontram, então, a Espada de volta na pedra, percebem que ela é muito parecida com a Adaga do Senhor das Trevas, e encontram também o Apanhador de Sonhos, com a lembrança dessa maldade guardada.
Aliás, a presença de tantos Apanhadores de Sonhos na casa da Dark Swan os leva a questionar se ela realmente lançou uma Maldição, ou simplesmente roubou suas memórias antes de transportá-los de volta para Storybrooke.
Seja lá como for, pelo menos a lágrima de Henry serve para libertar Merlim, já que é uma desilusão fresquinha, saindo do forno. Emma consegue concluir o feitiço, mesmo tendo que empregar sua magia negra nele, enquanto Regina distrai o Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda com suas bolas de fogo.
Uma vez libertado, o Feiticeiro concorda em tirar as Trevas de Emma, contanto que ela esteja preparada para ser livre.
Desceu quase ao nível de Cora Mills: a mãe arrancando o coração da razão do afeto de seu filho. Pelo menos não esmagou, né, gente. Ainda há esperança de que se salve alguma alma nesse purgatório...
Mas perceber o drama de Henry nessa novela vem bem a calhar, pois nossos heróis se lembram de que ele também é um escolhido de Merlim. Afinal, com ou sem caneta, ele ainda é o Autor. Só me pergunto como foi que a mãe adotiva, os avós e o padrasto não pensaram logo no menino quando precisaram de um escolhido de Merlim para contatá-lo através do cogumelo? O coitado andava tão deslocado na história que nem os parentes se lembravam dele! Isso, porque depois da Operação Mangusto, onde ele salvou a pátria lá no reino distorcido pelo Isaac, que transformou os heróis em vilões e vice-versa, e com a possibilidade de um romance com a menina de Camelot, ele até estava ganhando um pouco mais de destaque. No enredo, pelo menos, mas não na memória de seus parentes, pelo visto...
Bem, independentemente de ser a primeira opção da turma ou não, Henry concorda em ajudar, porque aquela loira aguada que partiu seu coração em Camelot não é sua mãe, mas ele sabe que Emma está perdida em algum lugar dentro dela e a quer de volta. Então ele joga o cogumelo no caldeirão, dessa vez com a cripta cheia de espectadores, e a mistura revela uma mensagem de Merlim com holograma:
É mole?
Só queria comentar uma coisinha: Merlim passou séculos preso numa árvore; nesse meio tempo, ele arrumou um jeito de revelar a Arthur a profecia sobre ele se tornar o Rei de Camelot, e ainda conseguiu se transportar na pele de um lanterninha para aconselhar Emma a não tirar a Excalibur da pedra. Tudo isso de dentro da árvore! Mas a mensagem crucial precisou da ajudinha de um chá de cogumelo para abrir. Vejam bem...
Agora, com essa mensagem pela metade, resta saber quem é Nimue. Isso nos remete a um passado muitíssimo distante, quando Merlim ainda era um ser humano comum, sem magia.
Sua história começou mil anos antes de Arthur. Merlim atravessava o deserto em companhia de um homem, fugindo de seus inimigos, e prestes a morrer de sede. Foi quando se depararam com um Cálice sobre uma pedra.  O companheiro de Merlim virou pó ao tocar o Cálice displicentemente. Já o futuro Feiticeiro, decidindo que era melhor ter uma morte rápida do que definhar com a sede, pediu permissão, e conseguiu beber do Cálice. Ao se sentar junto à pedra depois disso, e tocar o chão, viu um tapete de relva crescer como mágica sob seu toque.
Acontece que o Cálice do qual ele bebeu era nada mais, nada menos do que o Santo Graal, o lendário Cálice que Cristo supostamente usou na última Ceia. A lenda do Graal sempre esteve atrelada à do Rei Arthur e seus Cavaleiros. E a Floresta que Merlim fez crescer com magia naquele deserto é a floresta de Camelot.
A história avança oitocentos anos, e vemos o imortal Mago Merlim, já com o pequeno Aprendiz sob seu cuidado, usar sua magia para curar as pessoas de uma aldeia destruída. É quando ele conhece Nimue, uma das sobreviventes, por quem se apaixona, e com quem compartilha o segredo de sua imortalidade e de sua magia, e o desejo de transformar o Cálice numa Espada, capaz de extrair sua magia, para que ele possa ter uma vida normal e feliz ao lado dela.
Juntos, o casal visita as ruínas da aldeia dela, onde os corpos e os destroços dividem espaço com um monte de cálices jogados no chão, pois Vortigan, o vilão, os atacou em busca do Graal. Nimue deseja se vingar de Vortigan, mas se Merlim o matasse com sua magia, ela se transformaria em Trevas.
Então, ele a levou ao altar onde ardia o Fogo de Prometeu, a chama original da humanidade, convocou uma fagulha para derreter o Cálice, e o transformou na Excalibur. Mas antes que o Feiticeiro pudesse usar a Espada para se tornar mais uma vez mortal, foram atacados por Vortigan, que aparentemente não tinha nada melhor para fazer na vida, além de vigiar as ruínas da aldeia para ver se alguém viria perturbar a Chama.
Durante essa luta, Nimue foi mortalmente ferida pelo vilão. Mas é óbvio que Merlim não mandaria nossos heróis procurarem uma pessoa morta. Nimue bebera do Graal quando o Feiticeiro não estava olhando, e também se tornara imortal. Então, enquanto Vortigan estava distraído tentando matar o Mago, ela se aproximou sorrateiramente, arrancou seu coração e o esmagou, absorvendo a Chama de Prometeu, e tornando-se a primeira Senhora das Trevas.
Por isso Merlim disse aos nossos heróis que o primeiro Senhor das Trevas matou a mulher que ele amava, pois aquela deixou de ser a sua Nimue. E para garantir que ele não tentaria destruir a magia dela, Nimue partiu a Excalibur, e, mais tarde, Merlim transformou parte dela na Adaga que pode controlar o Senhor das Trevas, para impedi-la de cometer atrocidades. E como vingança, ela o transformou em árvore – possivelmente a DR mais bizarra de todos os tempos.
E essa história toda mostrou que o Aprendiz contou uma mentirinha ao enunciar o enredo desta temporada na Season Finale passada: afinal, Merlim não lutou contra as Trevas e as prendeu a uma alma humana para controlá-las; ele prendeu a alma humana que decidiu por conta própria abrigar as Trevas à Adaga para controlar a malvadinha!
Quanto à Chama de Prometeu, Emma conseguiu resgatar a fagulha diretamente da Senhora das Trevas original, que ela e Merlim forçaram a aparecer no exato lugar onde ela foi criada, para que eles pudessem restaurar a Excalibur e extinguir as Trevas para sempre.
Mas não será tão fácil tirar a Espada de Arthur, quanto foi roubar a fagulha do espírito da primeira Senhora das Trevas, pois o Rei tem uma nova aliada para protegê-la: Zelena.
Depois de nossa querida Bruxa Verde ter passado vários episódios trancada na torre, com um bracelete anti-magia, sem voz na maior parte do tempo, e sofrendo bullying, o Rei decidiu aproveitar a ausência dos heróis, que foram praticamente expulsos do castelo depois de desafiarem sua ira para libertar Merlim da árvore – depois de saberem que Arthur jamais quisera libertá-lo; o que ele queria, na verdade, era destruí-lo –, para libertar a verdinha, remover o bracelete e traçar um plano diabólico.
Agora danou-se!
Arthur ordena ao Feiticeiro que expulse os intrusos do castelo mais uma vez, mas eles não partem de mãos vazias. Primeiro eles invadem a masmorra para libertar Lancelot, e acabam libertando também Merida, que havia sido presa roubando um barco dos homens de Arthur, em sua tentativa de voltar a DunBrock para resgatar seus irmãos, que foram capturados pelos príncipes dos outros clãs. E agora que está novamente em liberdade, ela está determinada a salvá-los.
Eu tinha dito, lá no começo da review, que esta Merida é determinada, mas a verdade é que ela está mais para desesperada. E como não tem nada melhor para fazer naquele Reino, além de ficar vendo uma rosa murchar dentro de um vidro, Belle decide ajudá-la a completar sua missão nessa história.
Uma parceria preocupante, pois da última vez que a Sra. Stiltskin decidiu ajudar uma princesa nessa série, a coitadinha da Anna de Arendelle acabou caindo de um penhasco, porque essa bibliotecária simplesmente não podia perder a pedra com as lembranças doentias de sua mãe sendo estraçalhada por um Ogro. Tomara que a Merida tenha plano de saúde, porque né...
Primeiro elas vão à cabana da Bruxa Carpinteira, que viajou, mas deixou a porta aberta – que nem a Bruxa do 71 quando viajou para Bogotá, e as crianças tiveram que devolver seu jornal, que o Seu Madruga pegara emprestado –, então Merida pôde invadir e roubar um frasco da poção que a transformará em urso.
Sim, sim... No filme ela deu a poção para a mãe, para que largasse do seu pé, mas na mitologia de Once Upon a Time, estamos olhando para esta Princesa alguns anos depois. Já fomos informados de que o Rei Fergus está morto, e é durante esta viagem que Merida conta a Belle como aconteceu.
Durante uma batalha contra os outros clãs revoltados, Merida viu o cavaleiro que brandia a espada contra seu pai pelas costas – sem saber que esse cavaleiro era o próprio Rei Arthur. A vida de seu pai dependia da flecha que ela dispararia. E ela errou. Por isso ela se sente culpada pela morte dele. Outra novela com a qual estamos acostumados a lidar em Once Upon a Time.
Mas desde então a moça melhorou muito sua pontaria, e agora é capaz de descascar uma flecha atrás da outra acertando sempre o mesmo ponto no alvo – tal como fazia no desenho. E como Belle lhe passou a perna e trocou a poção verdadeira por um frasco de água, para forçar Merida a derrotar seus inimigos como uma Rainha, sem recorrer à magia, a Princesa acaba tendo que partir as três flechas lançadas contra seus irmãos com uma única flechada de seu arco, de uma maneira bem heroica e – me rendo ao trocadilho – Valente!
Se estivéssemos falando do desenho, se não me engano, a resposta certa seria nada! Mas depois de vê-la treinando Rumplestiltskin, vou sair como a Copélia: prefiro não comentar... Até porque, essa menina foi treinada pela Mulan! (Longa história!)
Assim, Merida consegue a liberdade de seus irmãos – e muito trabalho extra para a lavanderia local, a julgar por aquele cheirinho de cueca queimada no ar –, e todos se curvam diante da nova Rainha dos Quatro Clãs. E sem que ela precise se casar com nenhum daqueles manés!
Em Storybrooke, sua missão foi um pouquinho diferente. Como Rumple fugiu do treinamento, e foi se esconder com a ex-mulher em sua loja, Merida precisou ameaçar a vida de Belle para fazê-los saírem da toca. Não se esqueçam de que ela estava sendo controlada pela Senhora das Trevas. Mesmo assim, Rumple prefere fugir a enfrentá-la.
Ele passa a mão num saquinho cheio de pó anti-transformação, que permitirá que o ex Senhor das Trevas e sua digníssima senhora passem ilesos pela fronteira da cidade, mas Belle se recusa a fugir e deixar a batata-quente nas mãos dos amigos.
Só que o Rumple não quer arriscar seu pescoço extremamente antigo pelos dramas da ex Salvadora, e decide deixar a cidade sozinho. O caso é que ele tem experiência suficiente com o roteiro dessa série para saber que deixar Belle para trás quando há um maluco perseguindo-o dificilmente fará bem à saúde da moça.
É dito e feito! Belle está retornando a pé para a cidade, quando encontra Merida numa encruzilhada brumosa, e a arqueira só espera a Sra. Stiltskin aparecer em seu campo de visão para beber aquela poção que roubaram da Bruxa Carpinteira – e que aparentemente estava exposta com um rótulo bem detalhado na prateleira do Antiquário do Sr. Gold –, e se transformar num urso.
Sorte da bibliotecária que Rumple teve uma crise de consciência e decidiu dar meia-volta, porque seu discurso açucarado não acalmaria nem o Ursinho Puff; que dirá aquele aprendiz de Mor’du!
Na falta de uma boa espada – e de coragem para usá-la –, Rumple ataca Merida com o que tem à mão mesmo, e que, por acaso, é o pó anti-transformação, que imediatamente a faz recuperar sua forma normal.
E agora que está cheio de hormônios heroicos pulando em sua corrente sanguínea, Rumple decide voltar ao covil da Senhora das Trevas e propor um acordo: a Espada em troca da restituição do coração de Merida e de notícias de seus irmãos. Afinal, ele já foi o Dark One, e sabe que Emma não resistirá a um acordo.
Então, finalmente, Rumplestiltskin, o mais novo herói da cidade, tem seu momento de Rei Arthur, e retira a Excalibur da pedra.
Joga aos pés de Emma, manda-a enfiar no rabo, e diz que ela cometeu o pior erro de sua vida ao transformá-lo num herói.
Ops... Alerta de SPOILER!
E é melhor prestar atenção, afinal, Rumplestiltskin tem séculos de experiência no ramo.
Perguntinha: como foi que Arthur tirou a Espada da pedra uma vez, se ele sempre esteve muito longe de ser um herói, e principalmente, de ter um coração puro?
Enfim... Agora que nada mais a impede de concluir sua terrível e diabólica experiência, Emma empunha a lendária Espada, e todos os Senhores das Trevas do passado aparecem para assistir ao momento histórico em que ela usará a fagulha para recriar a Chama de Prometeu, e com ela restaurar a Excalibur.
Pois é, não é...? Nossos heróis não falharam em libertar o Feiticeiro da árvore; então, por que ele não está na cidade? E por que Emma ainda é a Senhora das Trevas?
Tudo bem que ela não está realmente sendo má... Ok, ela arrancou o coração da Violet e a forçou a dar um chute no Henry, mas foi por um bem maior; e depois de trazer todo mundo para Storybrooke, ela ajudou o filho a se reaproximar da menina, e até arrumou um jeito de fazê-lo ser aprovado pelo pai dela, coisa que ele não havia conseguido em Camelot. Aliás, o único motivo que consigo pensar para Emma ter trazido os personagens de Camelot para Storybrooke – além da necessidade dos roteiristas de estabelecer paralelos entre a história contemporânea e os flashbacks – é dar uma segunda chance ao romance de Henry e Violet.
Isto é: SE Emma realmente lançou a Maldição. Chegaremos lá já, já.
Sua outra maldade foi transformar Rumplestiltskin naquilo que ele sempre quis ser, mas a covardia não permitia: um herói. Que mal tem nisso?
Enquanto todas as tramoias aconteciam, Emma tentou fazer um acordo com o diabo (leia-se Zelena). Ela transportou a prisioneira de Regina para sua casa, ofereceu um lanchinho, e prometeu libertar a Bruxa Má do Oeste, em troca de ela usar de novo a varinha do Aprendiz, já que foi a única na cidade que conseguiu esta proeza, com o objetivo de abrir um portal para a loja de rosquinhas mais próxima. Sério, gente, a proposta foi tão bem elaborada, que Emma não se preocupou sequer em informar qual seria o destino do portal. Ela só prometeu não machucar nem a verdinha, nem ao rebento em sua barriga. Mas Zelena não nasceu ontem: ela sabe que tratos com Senhores das Trevas sempre vêm com um preço. Além disso, ela já está a par das fofocas sobre o que Dark Swan fez ao Henry em Camelot, e sabe que mágoas como aquelas dificilmente são superadas.
Como com a Bruxa Verde de Oz não tem acordo, Emma a manda de volta à cela, sem sequer deixá-la terminar sua refeição.
Horas mais tarde, Zelena percebe o real motivo daquela conversa: o bebê começa a chutar de forma estranha em sua barriga, o que lhe provoca dores excruciantes, e um inchaço gigantesco, como se ela estivesse grávida de nove meses, e em trabalho de parto, embora só tivesse dois meses de gestação.
Eis o motivo de as mães ensinarem a não aceitar doces de estranhos. Tudo bem que Zelena não foi criada pela mãe, mas vamos combinar que Emma está bem estranha nessa temporada, então acho que ela devia ter desconfiado...
A propósito, Dr. Frankenstein...
Só por que está meio The Walking Dead...?
Conforme prometeu em Camelot, Regina garante que vai proteger o filho de Robin Hood custe o que custar. A mesma promessa não vale para Zelena, naturalmente.
Naquela mesma tarde, a Bruxa Verde dá cria a uma linda menina, que, para surpresa de todos, não nasce com cara de sorvete de pistache, mas ela nem tem tempo de curtir a maternidade, porque Emma aparece em seguida para buscar o treco.
Treco = Zelena.
Agora, a questão do pra quê: Emma fez um uni-duni-tê na cidade, para decidir quem não faria falta a ninguém; e decidindo colaborar para o final feliz de sua melhor amiga, escolheu Zelena para ser o receptáculo das Trevas, que será destruído pela Excalibur. Por isso apressou o parto, para que o bebê do Robin não morresse com a mãe.
Realmente, muito má essa Senhora das Trevas...
Mas Regina não vai permitir que ninguém além dela machuque aquela cretina da sua irmã, então ela vai lá tentar deter a Dark Swan, mas os Charmings, como sempre, não querem ninguém ameaçando sua cria.
Daí eles começam aquele arranca-rabo no meio da rua, e Emma sai para conferir que balbúrdia é essa em frente à sua casa – e a essa altura já tem vizinho sentado com balde de pipoca na janela, porque é impressionante como o povo larga tudo para ver um barraco! Numa hora dessa, esquece até o último capítulo da novela.
Enquanto a Emma tenta botar ordem no galinheiro lá na calçada, Hook usa a magia que tinha depositado em seu gancho, naquela tentativa de arrancar o coração de Zelena na cela – lá no início da temporada –, para livrar a Bruxa do bracelete anti-magia, e evitar que Emma cometa essa atrocidade. Convenhamos, seria o desperdício de uma excelente vilã.
Zelena, no caso; não a Dark Swan, que ainda tem muito o que aprender...
E para garantir que Emma não deterá a verdinha em sua fuga – aliás, a mulher acabou de parir! Matá-la, nessa circunstância, não faria mal à sua saúde? –, Hook usa a tinta de lula que Emma roubara da loja do Sr. Gold para paralisá-la, e de quebra, obter algumas respostas. Mas é Zelena quem acaba revelando a verdade sobre todo esse plano da Salvadora do Mal.
Ao resgatar mais um Apanhador de Sonhos na casa da Dark Swan, com memórias de Camelot, eles descobrem o seguinte:
Arthur usou o novo poder de comando da Excalibur para forçar Merlim a sequestrar a família de Emma, e obrigá-la a entregar a Adaga, mas o Feiticeiro, depois de quase estrangular Branca de Neve com um cipó, conseguiu vencer o controle da Espada. E Hook aproveitou enquanto todos assistiam à luta entre o Mago e a Senhora das Trevas para tomar a Excalibur, forçando o Rei Arthur e Zelena a baterem em retirada. Mas o pirata foi ferido com a mítica Espada no processo.
Eu acredito, bonitão. O problema é que essa ferida, que Emma curou na hora com magia, reabriu minutos depois, justamente no momento em que Emma acabara de restaurar a Espada, porque a Excalibur foi forjada para cortar laços imortais; portanto, uma ferida causada por ela não pode ser curada.
Diante do risco de ficar viúva mais uma vez nessa série, Emma tomou uma atitude drástica: usou a fagulha da Chama de Prometeu para libertar Merlim do controle da Espada, e ligar a vida de Hook a ela, tornando-o outro Senhor das Trevas, mesmo sabendo que ele não era tão forte quanto ela – moralmente falando – para resistir à Escuridão.
E eu estou me perguntando por que não o tornou Senhor da Luz? Afinal, Merlim estava sendo controlado pela Excalibur, e nem por isso se tornou um Senhor das Trevas. A resposta óbvia é: para o bom andamento do roteiro!
Foi assim que ela completou sua transição para Dark Swan, pois criar outro Senhor das Trevas era a pior transgressão que ela poderia cometer.
Agora ele entende porque ela estava sempre salvando sua vida depois de terem retornado à Storybrooke, e porque a punhalada de Zelena em seu peito não lhe provocou nem cócegas. Como Senhor das Trevas, o Capitão Gancho é imortal, e Emma não queria que ele descobrisse a verdade. Por isso apagou a memória de todo mundo, e fez questão de trazer todas as atenções e a raiva de todos para si mesma desde que regressaram: para que ninguém percebesse que havia outro Senhor das Trevas no pedaço.
Agora que sabe a verdade, Killian está disposto a tocar o terror, e se vingar da namorada por tê-lo transformado num monstro.
Só para constar: a remoção de suas memórias não retirou as Trevas de dentro dele. O rapaz passou dez episódios sem fazer a menor ideia de que era um Senhor das Trevas, e também sem sentir qualquer vontade de enterrar o gancho num cidadão. E agora, só porque soube do resto da fofoca ficou todo revoltadinho. Mais uma vez a lógica dos roteiristas está de parabéns. E o uísque paraguaio também.
E como ver o circo pegar fogo é seu programa favorito, Zelena aproveita que Emma está paralisada para colocar o bracelete anti-magia nela, já prometendo não ficar no caminho do novo malvadão da freguesia.
Agora é que essa novela vira um caos. De um lado estão Regina e os Encantados comendo o rabo da Emma por tê-los deixado de fora da maracutaia. Afinal, a moça não se tornou, de fato, uma Dark Swan; ela apenas fez todos acreditarem nisso, para evitar que Hook descobrisse as Trevas que ela colocou nele para salvar sua vida. Mas se ela tivesse pedido a ajuda deles, conhecendo a peça como conhece, Branca de Neve teria invadido a transmissão da Rede Globo para anunciar a fofoca sobre o Hook no Jornal Nacional.
Porque a temporada passada provou que Branca de Neve só guarda segredo quando lhe convém – quando ela joga ovos de dragão recheados de Trevas em portais interdimensionais, por exemplo.
Só acho que Emma poderia ter contado com a ajuda da Regina, pelo menos.
Seja lá como for, ela concorda em devolver suas memórias para que possam ajudar a salvar seu namorado dele mesmo. Vamos pular aquela novela velha sobre Hook ter roubado o Apanhador de Sonhos em que Emma guardara as memórias da viagem à Camelot, que acabou unindo mãe Dark Salvadora e seu rebento numa nova Operação Cobra para reavê-lo, ocupou meio episódio com blá-blá-blá, para enfim descobrirem que, para variar, o artefato estava escondido na torre do relógio – pois os vilões de Once Upon a Time aprenderam todos na mesma cartilha, e simplesmente não conseguem pensar num esconderijo melhor. A aventura só serve mesmo para forçar mãe e filho a fazerem as pazes.
Emma devolve as memórias de todo mundo, e então todos ficam por dentro dos acontecimentos bombásticos que encerraram sua viagem à Camelot:
Logo que foi transformado, Hook tentou, de verdade, resistir às Trevas, apesar de o diabinho do Rumplestiltskin em sua cabeça ficar prometendo ajudá-lo a concluir sua vingança contra o Crocodilo. O que o irritou de verdade, foi ser controlado pela Espada. Apesar de ele ter dado um voto de confiança à Emma, e convencido todo mundo a deixá-la decidir sobre suas ações por conta própria, ninguém retribuiu sua confiança quando ele precisou lidar com as Trevas.
Tudo bem que o passado dele era muito mais sombrio que o da Salvadora; mesmo assim, ele evoluiu tanto quanto Regina no caminho da redenção.
Foi por isso que ele decidiu lançar mais uma Maldição das Trevas, e levar todo mundo de volta à Storybrooke, para poder finalmente dar o teco no Crocodilo miserável que decepou sua mão.
Entretanto, o ingrediente mais importante para lançar essa Maldição é o coração de quem você mais ama. É óbvio que Hook não esmagou o coração da Emma. Ele achou uma alternativa que não o afetaria em nada. Ele era um Senhor das Trevas, e assim como Emma, também estava compartilhando sua alma com todos os Senhores das Trevas anteriores, incluindo a primeira, Nimue. E foi aí que ele decidiu usar o coração de quem ela mais amava: o Mago Merlim.
Uma brecha na Maldição que nem Rumplestiltskin previu. Se soubesse disso, ele poderia ter lançado a Maldição sozinho da primeira vez, sem precisar de Regina, o que certamente, teria poupado muita caminhada.
Ou seja: no fim das contas, foi o Gancho quem lançou a Maldição. Emma somente acrescentou o roubo das memórias – inclusive a dele – na mistura. Também foi ele quem devolveu Excalibur à pedra, para evitar que a usassem para controlá-lo. Quanto à presença de Merida e da corte de Camelot em Storybrooke, isso foi um efeito colateral, pois eles estavam na área de cobertura da Maldição quando esta foi lançada.
E agora que se lembrou de seu propósito na cidade, Hook desafiou Rumple para um duelo em seu navio. Acho que ele imaginava que fosse enfrentar o covardão que o homem fora antes de se tornar o Senhor das Trevas, mas Rumple agora é um herói, e não vai fugir da luta.
Mas antes, algumas garantias.
Esse é o resultado de ter passado tanto tempo prometendo que ia se emendar. Foram vários anos tentando afastar as Trevas de sua Fera, e agora que conseguiu, Belle descobriu que sempre foi chegada num marginal...
E o interessante é que neste confronto entre o novo herói Rumplestiltskin e o Senhor das Trevas Killian Gancho, o mais velho saiu vitorioso.
E, deixando o Crocodilo para mais tarde, o Senhor das Trevas decidiu cuidar de coisas mais importantes, como convocar seus companheiros de cargo anteriores, diretamente do Quinto dos Infernos.
Matar Rumplestiltskin nunca foi o objetivo daquele duelo. Ele só precisava fazer um corte na carne do novo herói de Storybrooke, pois o portal que traria todos os Senhores das Trevas anteriores de volta do Submundo só poderia ser aberto com o sangue de um homem que foi ao inferno e voltou. No caso, Rumple, o Senhor das Trevas que morreu no duelo contra o Sr. Peter Pan – senhor, porque naquele momento o garoto voltara a ser um quarentão com cara de pudim de pinga –, e foi ressuscitado por Baelfire diretamente no cofre do Senhor das Trevas.
Os postes de Luz, no caso, são nossos amigos Regina, Robin Hood, Branca de Neve, Charming, Emma e Henry. Os Senhores das Trevas conseguiram somente um visto temporário para visitar Storybrooke, dar um susto nas pessoas, e retornar ao Submundo ao por do sol. Que nem as irmãs Sanderson em Abracadabra. Para tornar sua estadia permanente, precisam trocar de lugar com pessoas vivas. E, naturalmente, os escolhidos são os principais personagens da série, porque se escolhessem a Vovó, os Anões, a Merida ou os súditos de Camelot ninguém estaria se lixando para salvá-los, e não teriam a menor pressa de resolver o pepino dessa invasão em massa de Senhores das Trevas ao longo da mid season seguinte.
Com um prazo tão apertado, parte da nossa turma de heróis se mobiliza para tentar descobrir como evitar o Apocalipse, e a outra metade simplesmente desiste e decide apenas curtir seu último dia de vida com a família (leia-se Charmings!).
Aqui entre nós: a menos que tenham trazido muitos mantos extras apoiados em manequins naquele barco, pelos meus cálculos, os Senhores das Trevas são bem mais de seis!
Ok, matemática não é mesmo o forte daquele uísque...
Enquanto eles tentam se livrar da marca de Caronte – o barqueiro do Inferno –, e como é uma Prefeita consciente, que não gosta de deixar assuntos inacabados em sua cidade, nem problemas de seu mandato para a próxima gestão, Regina se lembra de que certa bruxa verde não foi carimbada pelos malvados, e como não pretende deixar essa batata-quente para trás – correndo o risco de que a própria dita cuja assuma sua cadeira na Prefeitura –, nem a guarda da filha da moça, agora que o pai da criança também pode estar com um pé no Mundo Inferior – e duas crianças órfãs podem se apoiar melhor do que uma só –, Regina descobre que agora consegue usar a varinha do Aprendiz para abrir um portal, e banir Zelena de volta para Oz.
O que aconteceu com aquele papo de que a varinha precisa ser empunhada pela Luz e pelas Trevas? Será que só o fato de ter sido carimbada por um Senhor das Trevas foi o suficiente para habilitar Regina a usá-la? Ou sua decisão questionável de separar definitivamente uma mãe de sua filha já atinge o nível de maldade exigido pela receita? Vai ver, tudo o que a varinha precisava era que a pessoa que a empunhasse estivesse fervendo de raiva. Ou vai ver, eu perdi algum capítulo dessa novela, os roteiristas perderam o juízo e a história perdeu o rumo.
Falando em capítulo perdido, que fim levou o Aprendiz? Morreu? Se curou? Virou pozinho mágico? Foi abduzido pela patotinha da Madre Superiora? Só queria deixar registrado que ele não foi visto em sua forma idosa desde o primeiro episódio.
E depois de decidir sobre a guarda de sua enteada... Ou mais provavelmente, depois de expor mais uma criança a viver no orfanato das Freiras de Storybrooke... Regina tenta lembrar Hook de que ele não é mais o pirata inescrupuloso que ela contratou para matar sua mãe lá em Tão, Tão Distante. E ainda o faz recordar que, para testar a ousadia dele, ela o forçou a matar o próprio pai – que o vendeu junto com seu irmão mais velho para um marinheiro quando eram pequenos. Uma história ao mesmo tempo triste e desconexa, que somente apareceu nessa reta final para mostrar quanto Killian se regenerou depois de ter conhecido Emma, e quanto cairá se regredir.
Mas como ele já está calejado com os discursos açucarados dessa galera, mesmo quando a bronca vem da Regina – que não é, nem de longe, tão doce quanto Branca com claras em Neve –, Hook manda nossa Rainha cuidar de sua vida, pois com seu plano malvado ele se vira muito bem sozinho.
E é o que ela faz. Porque apesar de terem apagado as memórias desses personagens um sem-número de vezes, Regina se lembra perfeitamente de que há um número ainda maior de pessoas no inferno doidinhas para jogar a ex Rainha Má e o ex Senhor das Trevas Rumplestiltskin no caldeirão do tinhoso e deixar ferver até torrar. Então ela vai com Emma lá no Antiquário pegar a Excalibur de volta, para que a Salvadora possa absorver as Trevas sozinha – do mesmo modo que pretendia enfiá-las em Zelena; como se a Bruxa verde de Oz já não tivesse o suficiente – e extingui-las, destruindo a si mesma nesse processo.
Ainda não, Emma, mas já, já, eu aposto que vai aparecer.
Emma fica de prontidão na beira do lago que serve de entrada para o Mundo Inferior, à espera de que os Senhores das Trevas apareçam, para ela arrancar as Trevas deles na porrada e cantar pra subir. Ou melhor, pra descer.
Mas quando Nimue começa a machucar Emma para que deixe de ser intrometida, Hook toma as dores, e também a Espada. E finalmente cai sua ficha de que ele gosta mais da versão de si mesmo que a Salvadora inspirou: aquele que deixou a vingança de lado para ter uma vida feliz ao lado da mulher que ama. E decide que se alguém precisa se sacrificar para expurgar as Trevas do mundo, é melhor que seja ele.
Calma aí, fandom! Não estou questionando a orientação do Hook! Assistam A Guerra dos Rocha que vocês vão entender a piada!
Emma e Hook começam a discutir quem deve enfiar a Espada em quem – a Excalibur, gente! Concentra! –, cada um querendo se sacrificar no lugar do outro, até que o Hook engrossa a voz – figurativamente falando –, e pede que ela o deixe morrer como herói, como deveria ter acontecido em Camelot. Suspeito que ele já contava com a astúcia dos nossos heróis da Família Charming-Stiltskin-Mills, e com sua tendência a se meter em confusão para salvar aqueles que amam, e que eles fariam o que fosse preciso para trazê-lo de volta, agora que já foram informados sobre a localização do portal para o Submundo.
Então, Emma empunha a Espada, chapada com as Trevas que Hook já extraiu de todos os Dark Ones presentes no recinto, dá um último beijo em seu amado, promete voltar a vê-lo em breve, e o mata.
E OLHA ELAAAAAAA! Quem voltou: a grande estrela dessa série, a primeira e única, a insubstituível, a inigualável, Lady Jaqueta Vermelha!
A respeito dessa peça do guarda-roupa da Emma: tem quem odeie, tem quem ame. Eu não tenho nada contra. Combina com a Emma. Aliás, o que seria dela sem esse pedaço de couro velho? E que, agora, mais do que nunca, provou não possuir uma gotinha sequer de poder das Trevas. Essa jaqueta é do bem!
Mas Emma não demora a ouvir o chamado da Adaga do Senhor das Trevas, e descobrir que foram mais uma vez enganados por Rumplestiltskin, que aproveitou o plano dos mocinhos, e um frasco de magia para emergências que tinha guardado no cofre em sua loja, para encantar a Espada para absorver as Trevas e, em vez de destruí-las, transferi-las de volta ao seu receptáculo favorito: ele mesmo.
Parece que Hook tinha razão, afinal: velhos hábitos nunca morrem – ele disse isso ao Robin Hood, quando pediu que ele relembrasse seus dias de gatuno e invadisse a casa da Dark Swan para descobrir por que a porta do porão estava trancada, e depois para justificar suas atitudes Dark quando se tornou Senhor das Trevas, mas a frase cabe melhor aqui.
E vamos combinar, apesar de ter se tornado o herói que sempre desejou, era mais que previsível que Rumple tentasse recuperar sua versão mais legal. Até porque havia muito mais a perder do que a ganhar com sua mudança. Para começar, Belle iria acabar procurando um tipo mais malvadão para aquecê-la de noite, pois nós estamos carecas e com perucas de saber que essa moça gosta de homens dúbios. Sem falar que os roteiristas têm a mania de esquecer os personagens depois de concluir seu caminho de redenção – a única exceção é Regina, porque sem ela, essa série vira vinagre.
Mas a nova ex Senhora das Trevas não fica nada feliz em saber que o sacrifício de seu amado serviu para rigorosamente nada, e obriga Rumple a guiá-los numa missão de resgate ao Submundo, para que ela possa dividir seu coração, a exemplo de seus próprios pais, para trazer Hook de volta; ou o Dr. Frankenstein terá que preparar a sala de cirurgia para retirar seu sapato do intestino grosso do novo velho Senhor das Trevas.
E este é precisamente o arco da segunda parte da quinta temporada de OUAT, de que falaremos no próximo post.
Mas antes de encerrar esta review, quero compartilhar algumas questões que restaram nesse arco, e que eu não entendi:
* O que os Anões foram fazer em Camelot, afinal de contas? Fora mamar todo o estoque de cerveja nas estalagens da região.
* Como foi que o Robin Hood passou a ser um personagem mais inútil que a Belle nesse enredo? Nem cuidar do Roland eu vi ele fazendo nessa temporada.
* Afinal, que fim levou Malévola e Lily? Alguém viu dois dragões fêmea passeando nessa cidade?
* E o Lancelot será que se afogou, quando foi procurar sua mãe, a Senhora do Lago, para ajudar a resolver o pepino do novo Senhor das Trevas Hook no penúltimo episódio, e nunca mais foi visto? Ou será que minha teoria sobre a linha cronológica da série estava certa, e é agora que ele vai para Tão, Tão Distante, fazer um bico como juiz de paz, e casar Branca de Neve com o Príncipe Encantado? Dane-se o calendário, eu desisto!
* Quem está de babá do bebê dos Encantados agora? O Soneca?
* Regina, Zelena mandou beijinho pro seu recalque, tá amiga!? Banir a moça para Oz, separando-a da filha?! Não é assim que se resolve as coisas, não; e isso está muito abaixo da sua atual situação moral.
E finalmente:
* De onde foi que Gold tirou aquela Adaga? Porque a Espada foi restaurada, e ninguém a achou partida depois. Ela se desintegrou nas mãos da Emma, supostamente, junto com as Trevas.
E quero chamar atenção para um detalhezinho: quando Rumplestiltskin morreu na terceira temporada, ele foi parar no cofre onde o primeiro Dark One foi criado – fato, aliás, que foi desmentido agora, quando vimos que a primeira Dark One foi criada nos arredores de Camelot, ao matar um bandido mascarado, depois de ter bebido no Santo Graal; mas como isso é Once Upon a Time, dane-se a lógica –, e pôde ser ressuscitado quando Neal “destrancou” o cofre com a chave, sem saber que, ao fazer isso, trocaria sua vida pela de Rumple. Agora eu pergunto: porque Hook foi parar no Submundo, em vez do cofre? Se é para não repetir a história, expliquem melhor qual é a diferença? Porque eu duvido que nosso charmosíssimo Capitão Gancho, um simples pirata trapaceiro, mereça queimar no mármore do inferno mais do que Rumplestiltskin, que já fez o diabo e meio nessa série!
Agora, cá entre nós: o Hades deveria aparecer com aquela cara de roqueiro dos anos 1980 do filme do Percy Jackson. Seria muito mais legal.
Cá entre nós n° 2: melhor parar de dar ideia pra maluco! Se o Percy Jackson aparecer nessa série é porque os roteiristas agora estão viajando demais na maionese temperada com ambrosia.
Cá entre nós n° 3: sim, eu sei que ambrosia não é tempero!
Cá entre nós n° 4: o Hércules vai aparecer antes do Aladdin nessa série. Não mereço, mas agradeço! Fica aqui o meu protesto!


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