Depois de um hiato
gigantesco de Once Upon a Time aqui no blog, voltamos com a conclusão da quarta
temporada.
Caso queiram
relembrar o que já tinha acontecido na série até esta altura, basta seguir
estes links:
Quarta Temporada – Parte 1
A lista de links
também está atualizada no final do post de apresentação da série.
De volta à review
de hoje, já falamos sobre a etapa Frozen, e chegou a hora de Storybrooke ser
invadida pelas “Rainhas da Escuridão”.
Entendam as aspas
em Rainhas da Escuridão como um sinal de ironia. Vou resumir as três vilãs para
vocês: Malévola poderia facilmente ser chamada de “Molévola”; Cruella é uma cadela
que late, mas não morde; e Úrsula não passa de um peixe fora d’água. No fim das
contas as três vilãs entraram e saíram dessa história sem fazer mal a uma
mosca! Provando que os roteiristas estão mais perdidos que a bússola do Jack
Sparrow nas mãos do Chapeleiro Maluco.
E aqui devo
confessar que parte do motivo de ter demorado tanto para preparar essa review é
que, de todas as temporadas e meias temporadas de Once Upon a Time até aqui,
esta foi a parte de que eu menos gostei – ao menos, até ver a sexta temporada.
Não cheguei a detestar, mas fiquei com a sensação de que as histórias podiam
ter sido melhor desenvolvidas.
De uma só vez, os
roteiristas decidiram queimar três vilãs importantes. Não que alguma delas
pudesse movimentar uma mid-season
sozinha – Malévola, talvez. Mas, conhecendo os roteiristas de OUAT como nós
conhecemos, já devíamos esperar que não fossem conseguir desenvolver as
histórias das três vilãs ao mesmo tempo. Também já era esperado que a maior
trama fosse dada à Malévola – e o melhor figurino, também, convenhamos.
Pessoalmente,
fiquei decepcionada com a passagem quase inexplorada da Cruella. Esperava muito
mais de uma vilã tão promissora. E principalmente, esperava que ela fosse atuar
ao lado de um Dálmata por algo mais que duas cenas!
Quanto à Úrsula,
nunca morri de amores por essa vilã – por esse conto de fadas, para falar a
verdade –, mas esperava que, pelo menos, sua participação fosse durar mais do
que quatro episódios! Embora o episódio dedicado a ela tenha sido, por muitas
razões, um dos melhores dessa parte da temporada – mesmo que algumas partes da
trama não façam muito sentido –, senti que ela deixou a história cedo demais.
Aliás, se eu
entendi bem, a premissa dessa temporada foi que uma a uma, as vilãs fossem
sendo precocemente descartadas, até que os mocinhos destruíssem todo o castelo
de cartas que Rumplestiltskin apenas tentara construir – antes mesmo do fim da
temporada.
Mas se essa mid-season teve algo de positivo foi o
fato de inverter um pouco os papéis, mostrando a escuridão que existe em certos
heróis – e toda a hipocrisia de um discurso moral que eles próprios quebraram
há muito tempo –, e a bondade e o amor que podem existir em alguns vilões.
Afinal, se há algo que eu ressaltei desde o princípio foi a ideia dos roteiristas
de trabalhar a dualidade dos personagens: nenhum herói é totalmente bom, e
nenhum vilão é cem por cento mau. É isso que constrói bons personagens, é o que
nos cativa e os humaniza. Regina está aí para provar; ela já esteve nos dois
lados da moeda, e é a prova viva de como a linha que separa o bem e o mal é
tênue.
Enfim, como o
barato é relembrar a história com todos os detalhes sórdidos, vamos a ela:
Rumple, exilado
de Storybrooke depois que sua senhora descobriu que ele planejava transformar o
coração do Hook e todas as entidades presas no chapéu do Feiticeiro em pozinho
mágico para se libertar do controle da Adaga – que ele convenientemente manteve
escondida, depois de ter dado a ela como presente de casamento uma Adaga falsa
como prova de amor e confiança –, decide recrutar outros vilões que já eram
cartas fora do baralho para ajudá-lo a retornar à Storybrooke e dar sequência
ao plano de se tornar um Senhor das Trevas independente, com carteira assinada,
registrado no Sindicato dos Vilões Mega Malvados, Piratas, Bandidos, Magos,
Bruxas, Monstros, Megeras e Similares, e, de quebra, ainda garantir um final
feliz ameaçando escalpelar certo Autor desconhecido que também está sendo
procurado por outra ex-vilã extremamente importante nessa história – e que
junto com Rumple, convenhamos, carrega essa série nas costas, mais ou menos
desde a estreia da primeira temporada –, Regina.
Bem, da nossa
querida-amada-idolatrada-salve-salve ex-Rainha Má falaremos daqui a pouco. Por ora,
vamos focar no Senhor das Trevas, que parece estar sempre um passo à frente de
todo mundo, sempre com um plano B quentinho na barra da manga, prontinho para
ser usado – desconfio que esse cara recebe o roteiro da série com meses de
antecedência em relação ao restante dos personagens, porque ele está sempre
preparado para tudo. Quer dizer, para quase tudo. É certo que Rumplestiltskin
possui um dom mais ou menos útil de prever o futuro. Digo mais ou menos útil porque ele parece não estar imune a imprevistos.
Eu sei que previsão não é uma ciência exata, mas é impressionante como ele
nunca percebe o que pode dar errado nos planos malucos que ele inventa, mas
invariavelmente prova que estava preparado para o caso de algo dar errado, e
que sempre tem uma maneira de dar a volta por cima e recuperar o prejuízo.
Como agora, por
exemplo, que ele já tinha tudo arquitetado para garantir seu retorno à
Storybrooke, depois de ter sido banido por Belle.
Primeiro, Rumple
vai atrás de três aliadas do passado, que neste momento estão fervendo de ódio
desse danado... adivinha por quê? Para variar, ele é o responsável por elas
estarem na sarjeta. Aliás, um trio de peso: Úrsula, Malévola e Cruella De Vil!
Preciso fazer alguns comentários aqui sobre essas moçoilas:
1 – Úrsula, outrora a toda poderosa
Rainha do Oceano, atualmente ganha a vida trabalhando num aquário... Mais
apropriado – e irônico – que isso, impossível.
2 – Depois de ver Angelina Jolie na pele
de Malévola, fica difícil aceitar outro rosto nessa bruxa. Mas vou fazer um
esforço.
3 – Não imaginam o quanto eu desejava ver
essa megera ordinária que gosta de se vestir com a pele de lindos cãezinhos
pintadinhos nessa série! Confesso: 101 Dálmatas – e A Bela e a Fera – sempre
foi um dos meus filmes/desenhos favoritos da Disney e eu assisti 490887259507 milhões
de vezes na infância. E, pela primeira vez na história de Once Upon a Time – pós Lana Parrilla e Robert Carlyle, óbvio –, a
produção escolheu a pessoa perfeita para interpretar um personagem. Assim que
eu vi Victoria Smurfit – uma das poucas atrizes e personagens que se salvaram
naquela série sofrível do Drácula –, caracterizada como Cruella, eu soube que
esse era o casamento perfeito entre atriz e personagem. Pena que os
roteiristas, aparentemente, não concordaram comigo...
Voltando ao
assunto, enquanto Rumple recrutava novos vilões para ajudá-lo a sair do exílio,
prometendo mundos e fundos que ele naturalmente não pretendia cumprir – mais ou
menos como fazem os políticos em época de eleição –, e batizava o esquadrão da
moda vilanesca (#sqn) de “Rainhas da Escuridão”, em Storybrooke, a vida parecia
ter finalmente voltado ao normal: Branca de Neve, depois de cumprir a licença
maternidade de três anos – que ela tirou depois de reencontrar a Emma, e
estendeu por três temporadas até parir o Neal –, decidiu que já era hora de
voltar a conceder aos pequenos cidadãos de Storybrooke aquele direito básico à
Educação, garantido pela Constituição, e retomou seu trabalho como professora.
Trabalho este,
que ela abandonará novamente até o fim da temporada, diga-se de passagem.
Os alunos, que já
tinham se habituado ao ócio e a passar as dezesseis horas úteis do dia curtindo
seus videogames, fizeram uma passeata na rua em frente à biblioteca, que dá
para considerar uma espécie de Avenida Paulista, o centro mais importante de
Storybrooke, exigindo o impeachment
da professora/prefeita – que, convenhamos, nunca cumpriu direito nenhuma das
duas funções –, o direito ao PlayStation nosso de cada dia, e o prolongamento
das férias em comemoração ao centenário de Cora Mills... Não sei se ela já fez
cem anos, mas, considerando que ela já não era muito novinha quando teve a
Regina, que, apesar de extremamente conservada – Nossa Senhora da Plástica
agradece a referência –, é, possivelmente, uma sexagenária a essa altura –
porque, como já mencionei em algum momento nas postagens anteriores da série,
coloca aí nos cálculos que Regina é pelo menos dez anos mais velha que Branca
de Neve, que já tinha uns dez anos quando ela se tornou sua madrasta, e que a
princesa viveu mais uns dez anos, ou quase isso, com ela no castelo antes de se
tornar uma fora-da-lei, e depois mais um ano no mínimo entre conhecer o
Charming, roubá-lo da Barbie Midas, noivar, casar, parir a Emma, colocá-la no
guarda-roupa que errou o caminho de Nárnia, e depois passaram vinte e oito anos
parados no tempo, mais uns três anos depois que o relógio voltou a funcionar...
Se alguém aí é bom em matemática, me diz quanto deu essa conta; pelos meus
cálculos, Regina está para lá de sessenta. E bota pra lá nisso! Enfim,
considerando que Cora já tinha para lá de trinta quando fez sua maior
contribuição para a série – e para o mundo –, que foi parir essa Rainha
soberba, e que Regina já deve estar perto de assoprar a vela da sétima dezena,
Cora deve estar beirando a casa dos cem!
Então – retomando
a novela que comecei lá atrás, e que interrompi por causa da outra novela sobre
a cronologia da série –, os alunos foram às ruas, protestando contra as aulas
de reforço para repor os três anos perdidos enquanto a professora aprendia a
ser mãe de uma guria da idade dela, e encomendava outro bebê para brincar de
casinha com o Príncipe Encantado, exigindo o prolongamento das férias em
homenagem ao centenário da malvada Rainha-Mãe – que já é morta há duas
temporadas, graças à Branca de Neve; e ainda há quem acredite que essa princesa
não mataria nem uma mosca! –, e como tudo no mundo é pretexto: pelo feriado,
pelo videogame, pelo Mario Bros e pelo escambau a quatro – lembraram da votação
do impeachment em Brasília? Tá na
hora de fazer outro, hein! –, por pelo menos mais três temporadas, para poder
continuar acompanhando os desdobramentos da série... Mas não teve acordo: a
escola foi reaberta, Branca de Neve recuperou seu emprego, os alunos voltaram a
se preocupar mais com as notas vermelhas em matemática do que em adquirir
argolas douradas para garantir mais vidas ao Sonic – sim, meu videogame está
desatualizado a esse ponto! –, e o Henry teve que deixar a vassoura do Mickey
encostada num canto da loja de seu avô, fechar um pouquinho o livro de contos
de fadas que conta a história de sua família e de seus amigos, e se concentrar
no livro de Geografia.
A propósito, eu
sempre tive curiosidade de assistir a uma aula de História em Storybrooke. Qual
fato será mais comentado: o decreto do presidente Abraham Lincoln que aboliu a
escravidão nos Estados Unidos, ou a passagem em que o Rei Xavier decidiu casar
seu filho, Príncipe Henry com a filha de um moleiro, só porque ela sabia fiar
palha e transformá-la em ouro? Só acho que os roteiristas podiam inserir uma
cena na sala de aula para matar minha curiosidade...
Enfim, a escola
foi reaberta, Emma deu sequência ao seu trabalho como xerife – muito embora,
sem um vilão para trazer problemas, esse trabalho tenha se tornado muito
monótono –, e deu sequência – igualmente monótona – ao seu romance com o
Capitão Me-EnGancho; Regina reassumiu a prefeitura – porque alguém caiu em si,
e percebeu que Branca de Neve como prefeita era uma ótima professora... Enfim,
tudo vai bem no reino da Dinamarca. E como voltou a integrar o time das
solteiras da cidade, depois de mandar seu marido catar coquinho no Harlem com
uma passagem só de ida, Belle tem dividido seu tempo entre paquerar o Will
Scarlet – porque, no fundo, essa mulher adora um homem desonesto, #safadinha – e tentar furar o olho da
Emma... Digo, ajudar o Hook a descobrir um meio de trazer as fadas de volta da
casa do chapéu – literalmente! –, para ele não ficar com peso na consciência.
Sim, gostaria de jogar essa intriga no casalzinho para a Emma deixar de ser
lerda! Porque, como diz o ditado: quem
não marca presença pode perder para a concorrência, viu amiga!
Mas essa paz não
dura muito tempo, não. Eles conseguem trazer as fadinhas de volta, graças a um
encantamento escrito numa língua desconhecida, encontrado por Belle na
biblioteca, e gentilmente traduzido por um professor de Oxford com quem ela
andou trocando e-mails. Aliás, gostaria de ter obtido os detalhes dessa
conversa, tipo: “oi, olha só, eu estou
aqui com um monte de fadas presas num chapéu mágico, e o feitiço que pode
tirá-las de lá está escrito em ‘embromationaico’, e como eu sei que você é especialista nesse idioma, será que poderia
traduzir para mim? Tudo pelo bem da ciência, é claro...”. E, obviamente, o
cara achou isso tudo supernormal, e
como não tinha nada mais importante para fazer – tipo ler quilômetros de
monografias de seus alunos –, traduziu o mais rápido possível. E mais uma vez,
a lógica vai para o espaço!
Mas, como o
objetivo do episódio – e da série – não é se prender à lógica, vamos nos
concentrar nas fadas. É claro que Belle deve ter sido muito mais sutil ao
abordar o tal professor, pedindo a tradução das runas originais – o feitiço
estava em Futhark, que não é exatamente um idioma, mas um alfabeto utilizado em
várias línguas escandinavas antigas, e no antigo bretão, ancestral do inglês –,
e quando este lhe respondeu, ela e Hook se apressaram em levar o encantamento
para Regina, que se enfiou no meio do mato com a bibliotecária, o pirata, o
chapéu, a Salvadora, e todo o resto da família Charming para realizar o
feitiço. E ficaram tão felizes com o retorno das fadinhas, que nem se deram
conta de que outra coisa também saía do chapéu enquanto eles faziam a festa do
abraço.
Logo em seguida,
porém, a entidade extra que pegou carona no bonde das fadas começou a atacar a
cidade, que entrou em alerta máximo, mobilizando todos os seus heróis no
encalço do monstro. Emma e Regina até conseguiram afastá-lo por um tempo, mas
estavam muito longe de descobrir o que ele era e como derrotá-lo, quando Regina
recebeu um estranho telefonema do celular de Rumplestiltskin. Mais estranho
ainda era que a voz que lhe falou do outro lado da linha não era do Senhor das
Trevas.
Alegando ter
roubado o celular de Rumple, depois de deixá-lo bêbado num bar – fazendo crer
que o Sr. Gold chegara ao fundo do poço, definitivamente –, Úrsula saudou
Regina, recordando os velhos tempos, e aproveitou para cumprimentá-la por sua
transformação de vilã a heroína, e afirmou que ela e Cruella estavam a fim de seguir
seu exemplo, e propôs passar umas férias em Storybrooke aprendendo como é ser
boazinha depois de ter sido tão malvada, ao que Regina garante que Storybrooke
já tem problemas suficientes para permitir a entrada de mais dois.
E como conseguiu
ouvir o rugido do monstro pelo telefone, Úrsula afirma saber do que se trata,
porque já o enfrentou antes.
Esta parte é
verdade: num passado muito distante, Úrsula, Malévola e Cruella se aliaram a
Rumplestiltskin para roubar, supostamente,
a Maldição das Trevas – aquela que ele deu à Regina para que ela roubasse os
finais felizes dos mocinhos –, que estava escondida na Caverna do Dragão,
prometendo que, se elas colaborassem, poderiam ter seus finais felizes
assegurados. No entanto, Rumplestiltskin as enganou, pois, ao contrário do que
elas pensaram a princípio, ele não precisava delas para passar pelos obstáculos
que o separavam do pergaminho – do domínio de Cruella sobre os animais para
afastar os cães de guarda, dos poderes de Malévola para absorver o fogo do bafo
de dragões que ardia nas paredes da câmara e dos tentáculos de Úrsula para
alcançar e surrupiar o pergaminho sem que precisassem passar pelas chamas –,
mas para distrair a fera que o guardava, uma criatura monstruosa, uma espécie
de morcego gigante, chamada Chernabog, que gosta de se alimentar de corações
com potencial para as trevas.
Naquela época,
Rumplestiltskin se apoderou do pergaminho e deixou as três vilãs para trás para
servirem de ração à besta, mas elas conseguiram escapar, escondendo-se numa
fresta na parede, e deixando Malévola – a escolhida pelo monstro por ter o
coração mais sombrio – para trás para distraí-lo, mas, diferentemente de
Rumple, Úrsula cumpriu seu acordo, e a resgatou com seus tentáculos assim que
ela e Cruella ganharam alguma distância, deixando o monstro faminto e
insatisfeito para trás.
Claro que ela não
teve tempo de contar toda essa sua fascinante aventura à Regina naquele
telefonema, ou gastaria todo o bônus da operadora, mas conseguiu que ela
prometesse abrir a fronteira da cidade para elas – com o pergaminho que a
Rainha da Neve ganhara do Aprendiz quando foi enviada para o mundo real, e com
o qual ela entrara em Storybrooke muitos anos atrás, ainda durante a primeira
Maldição, para se tornar a sorveteira local –, se comprovassem que ela falara a
verdade.
Só queria abrir
um parêntese (metaforicamente) para explicar aquele “supostamente” quando me
referi à Maldição das Trevas. Veja bem: sabemos que um dia Regina foi filar um
jantar com a Malévola, para convencê-la a lhe vender de volta a Maldição das
Trevas, que Rumplestiltskin havia vendido para nossa Rainha, e ela trocara com
Malévola pela Maldição do Sono, pois, como o produto estava em falta no estoque
dele, precisaram pegar de volta para seguir com a terrível e diabólica
experiência do vilão de alimentar as trevas no coração da Rainha Má e seu ódio
pela enteada fofoqueira, para que ela lançasse a Maldição e os levasse ao mundo
real para que ele pudesse procurar seu filho perdido. Pois bem, agora eu
pergunto: roteiristas, em que diabo de mundo maluco de contos de fadas a
Malévola voltaria a fazer negócios com o cidadão – ou um de seus discípulos –
que tentou dá-la de comer ao Batman do mal? Claro que estamos falando de Once
Upon a Time, aquele mundo fantástico onde tudo é possível, o calendário é
extremamente controverso, a cronologia é uma coisa de doido, e o roteiro é
regado a muito uísque paraguaio vencido. Embora eu acredite ser inútil, vou
deixar o conselho para os redatores da série: se for reescrever uma parte já
encerrada da história, não beba!
Pensando bem,
melhor não beber em circunstância nenhuma, se tiver planos de escrever um
episódio nas próximas 24 horas. Senão, um dia desses, pode ser que a Cruella
decida transformar a Ruby num casaco de peles...
E só para
constar: Malévola no passado tinha algum parentesco com a Marinete (A Diarista).
Que cabelo é esse, amiga? Botou a mão numa cerca elétrica?
Enfim... Agora
que sabem o que o monstro é e o que ele quer, Regina e Emma elaboram um plano
para eliminá-lo. Concluindo que o Chernabog a perseguiria, já que, na ausência
de Rumple, e por tudo o que já fez no passado, Regina é quem possui o coração
mais sombrio em Storybrooke, elas decidem atraí-lo para uma armadilha,
levando-o para a fronteira da cidade, para lançá-lo fora dos limites de
Storybrooke – e como do lado de fora não tem magia, a coisa possivelmente se
desintegraria ao atravessar a barreira mágica.
E, a princípio
tudo sai de acordo com o plano: a criatura persegue o carro de Emma, onde ela
conduz Regina até a fronteira, arrastando o Chernabog em seu encalço. Mas,
quando o monstro começa a atacar o veículo, ameaçando causar um acidente,
Regina decide agir por conta própria, e agradece a Emma por confiar nela, um
segundo antes de usar sua mágica para desaparecer do banco do carona, e
reaparecer muitos metros à frente, na fronteira da cidade, esperando atrair o
monstro para si.
No entanto, o
Chernabog não parece consciente da presença da ex-Rainha Má, e somente se
desintegra ao bater na barreira mágica graças à freada brusca da Emma, que o
projetou para frente quando ele insistia em permanecer agarrado ao carro, pois,
embora seja uma malvada recuperada, Regina não era o alvo da criatura, como
supunha. O demônio com apetite pelas trevas estava atrás da pessoa com o maior
potencial para vilania na cidade, que, mesmo na ausência de Rumplestiltskin,
não é a nossa Rainha. É Emma Swan!
Sim, Emma! A
mulher da jaqueta vermelha! A mulher que passou duas temporadas fazendo doce
para o pirata rock’n roll bonitão! A mulher que pariu aquele ser extremamente
lerdo, que mesmo sendo criado pela mulher mais poderosa da série, e de ter
alguns cromossomos do Senhor das Trevas – se bem que Rumplestiltskin, quando
fabricou Baelfire ainda era chamado de covarde –, não conseguiu deixar de ser
palerma. A mulher que gosta de dirigir uma “supermáquina” – o EmmaMóvel –, também conhecido como Fusquinha
amarelo. A mulher que é fruto do discurso “se
você for bonzinho e acreditar tudo vai dar certo” com “pelo amor de Deus, alguém me salve de ter que casar com essa nojenta
da Barbie Midas!”. A mulher cujo maior crime cometido na vida foi atropelar
a placa de “Bem-vindo à Storybrooke” no primeiro episódio, que lhe rendeu uma
noite na cadeia, e possivelmente, uma multa de trânsito – se desconsiderarmos,
é claro, ter sido presa com os relógios roubados por Neal. A mulher que... Bem,
vocês entenderam...
Emma Swan é a
pessoa com o maior potencial para as trevas em toda – veja bem, eu disse TODA –
a cidade de Storybrooke!
Apesar de
entender a intenção dos roteiristas, em continuar levando a cabo e explorando
toda a dualidade dos personagens – e até admiro bastante essa parte do roteiro,
que aproxima os Fairy Tales dos
humanos normais –, não posso deixar de pensar em todas as outras pessoas nessa
cidade que já demonstraram ter tanta ou maior – principalmente maior –
inclinação para o mal do que a Emma. Vamos fazer uma lista rápida? Abriremos
aqui uma página dos arquivos secretos da polícia de Storybrooke, com o dossiê
de alguns “bonzinhos” que já andaram flertando com as trevas em temporadas
anteriores:
Antes de se
tornar esposa de Rumplestiltskin, lá na segunda temporada, depois de levar um
tiro, cruzar acidentalmente a fronteira da cidade e perder a memória, e graças
a uma perversidade de Regina, Belle assumiu a identidade que tinha antes da
quebra da Maldição, e voltou a atender pelo nome de Lacey, vestir roupas
provocantes, desafiar os bêbados em jogos de sinuca, e enxugar uma tequila
atrás da outra nos botecos da cidade, e até encomendou um chifre para o Senhor das
Trevas com o Xerife de Nottingham – aliás, ela adorou assistir enquanto o
coitado era espancado por seu futuro marido traído!
Sem mencionar
que, no início dessa temporada, descobrimos que essa bibliotecária boazinha,
antes mesmo de conhecer o Senhor das Trevas, foi capaz de deixar a pobrezinha
da Anna de Arendelle despencar de um precipício – tudo bem que não foi uma
queda assim tão grande, e ela quase não se machucou, mas graças a isso se
tornou refém da Rainha da Neve –, para salvar uma pedra tosca que continha as
memórias bizarras de sua mãe sendo estraçalhada por um ogro, que ela
simplesmente não podia perder!
Não sei vocês,
mas eu vejo uma dose de sadismo nessa esposa do coisa ruim. Fico me perguntando
quem será que manda em casa?
Apesar de todos
os discursos açucarados, a enteada de Regina guardou muita mágoa durante anos,
e finalmente demonstrou o quanto seu calo doía ao decidir usar a vela que
recusara no passado para salvar a vida de sua mãe – quando esta foi amaldiçoada
por Cora –, para matar a mãe de Regina e devolver a saúde ao Rumplestiltskin –
que, naquele momento, incomodava menos aos mocinhos do que a filha do moleiro.
Tudo bem que Cora
fez muitas maldades, e que ela é basicamente responsável por Regina ter se
tornado a Rainha Má, por ela ter odiado Branca de Neve por tanto tempo, a ponto
de lançar uma Maldição que a separou de sua filha e de seu marido por quase
três décadas, e, enfim, por todas as desgraças que lhe aconteceram. Mas,
gostaria de deixar registrado que, quando tomou a decisão de matar Cora, Branca
de Neve não estava exatamente pensando em sua mãe, que Cora matou para colocar
a filha no trono, nem nos primeiros passos de Emma que ela perdeu, ou no fato
de Henry ter nascido numa prisão, porque Emma foi enganada pelo namorado trombadinha,
depois de ter crescido praticamente na rua, nem em nada disso. O estopim do
ódio de Branca de Neve, o que a levou a ceder à parcela de escuridão que existe
dentro dela, a ponto de decidir matar a vilã, foi o fato de ela ter matado sua
babá a troco de nada – uma babá, cuja existência ela esqueceu completamente
durante os primeiros meses depois de a Maldição ter sido quebrada e ela ter
recuperado suas memórias da Floresta Encantada, e que, basicamente, só
reencontrou por um episódio, e acabou colocando a velha no alvo da malvada.
Ok, Branca de
Neve nesta série está muito longe de ser uma donzelinha inocente e indefesa, e
Cora também nunca foi flor que se cheire, mas achei que ela cedeu fácil demais
à tentação de matar a megera, e o fato de ter roubado a vida dela com a vela
que, muitos anos atrás, poderia ter salvo a vida de sua mãe, para salvar desta
vez um homem que já tinha provado por A+B que era o grande vilão da bagaça
toda, simplesmente pelo prazer de ver a malvada dar o último suspiro, longe de
ser poético, soou meio bizarro. Um bizarro divertido, admito, mas pouco digno
de uma pessoa que apregoa tanto blá-blá-blá sobre a força do bem pela cidade.
Se Emma realmente tem tanta escuridão dentro de si, acho que já sei a quem ela
puxou...
Esse pirata
passou mais de duzentos anos obcecado com a ideia de matar o Crocodilo,
Rumplestiltskin, que matou sua namorada Milah – diga-se de passagem, a mulher
que ele roubou do vilão –, e que amputou sua mão esquerda por causa de um
feijão mágico. Num passado não muito distante – meados da segunda temporada –,
Hook baleou a namorada do cara, Belle, fazendo-a tombar fora da fronteira da
cidade e perder suas memórias – em sua defesa, baleou-a por acidente, pois seu
alvo era Rumple –, e, depois disso, na primeira oportunidade em que o encontrou
sem magia em Nova York, chegou, inclusive, a golpeá-lo com o gancho que
substitui sua mão, chapado de veneno de Sonho Sombrio – uma substância que
descobrimos na terceira temporada que cresce em abundância na Terra do Nunca, e
que o ardiloso pirata teve a precaução de levar consigo para Storybrooke para o
caso de ter oportunidade de usar contra seu arqui-inimigo, que só está vivo
hoje em dia graças à escuridão que existe em Branca de Neve.
Sobre essa
obsessão do Hook por vingar-se do Crocodilo, o Chaves poderia dizer que “a vingança nunca é plena, mata a alma e a
envenena”; mas também dá para se dizer que foi mais ou menos como a lei de
Talião: “olho por olho, dente por dente”,
ou, melhor dizendo, uma mão cortada por um olho furado. Se bem que, matar a
garota foi uma maneira bizarra de o Rumple lidar com sua dor de cotovelo e a
coceira na testa, mas se isso não tivesse acontecido, hoje em dia a Milah
estaria sobrando nessa história. Então, pelo bem do roteiro, ok... (Ou quase
ok...)
Mas como o
objetivo aqui é analisar a parcela de escuridão de um personagem, deixe-me ver:
ódio, sede de vingança... É, Hook parece um forte candidato a ter um coração
obscuro.
Sem falar em:
A garota que, se
ficar sem a capa vermelha retorna ao velho hábito de devorar jovens desavisados
nos bosques – devorar no sentido
digestivo da palavra. Ok, é uma maldição, mas com todo potencial para
obscurecer – ou, no mínimo, amargurar – um coração.
A pastorinha de
ovelhas feiticeira do mal gananciosa que oprimia o Príncipe Encantado e
fornecia apetitosas ovelhas humanas ao Lobo Mau lá em Tão, Tão Distante, e que hoje em dia é uma provavelmente não muito
respeitável açougueira em Storybrooke, que provavelmente não vende carne
Friboi.
Bem, seja lá como
for, e independentemente do quê – ou, neste caso, de quem – esse monstro
quisesse comer, trato é trato: como se comprovou que Úrsula falara a verdade, e
sua informação ajudou na rápida eliminação do monstro, Emma e Regina cumpriram
a promessa de permitir sua entrada e de Cruella na cidade, apesar dos protestos
de Branca de Neve e do Príncipe Encantado.
De fato, não
parecia a Branca de Neve falando, e isso deveria ter alertado Emma de que havia
coisa errada nessa história. Por que seus pais estavam tão empenhados em
impedir a entrada das duas megeras na cidade? Aguardem! Em breve descobriremos.
Por ora, como é
uma mulher de palavra, Regina joga o pergaminho para fora da fronteira, e logo
que ele é recolhido, elas veem Cruella em seu carro, com Úrsula no banco do
passageiro, dirigindo tranquilamente para dentro de Storybrooke, e já recebendo
as advertências de que devem andar na linha, ou serão chutadas para fora
novamente, sem ao menos receber as boas-vindas.
Algumas coisas me
deixaram intrigada nessa cena:
1 – Notaram que nenhum encantamento
precisou ser pronunciado ou derramado para permitir a passagem delas? Foi só
abrir o pergaminho e voilà! O pedaço
de papel velho não passava de uma chave muito estranha.
2 – Notaram também que nossos heróis
entregaram o pergaminho a duas vilãs absolutamente imprevisíveis, e nem ao
menos se incomodaram em pedi-lo de volta? Isso mesmo, galera! Vai dando asa à
cobra! Depois não reclama...
3 – Notaram também que ninguém perguntou
como foi que elas encontraram o caminho da roça? Porque a cidade não pode ser
vista do lado de fora; quem passa pela estrada, passa direto pela cidade sem
entrar nela, pois ela está situada numa espécie de dimensão paralela ao mundo
real, mas as duas vilãs sabiam exatamente onde estava a fronteira e
estacionaram na primeira fila. E ninguém desconfiou desse mapa extremamente
preciso? Qual é a desculpa? Roubaram também do bolso do Rumplestiltskin, junto
com o celular, depois de largá-lo na sarjeta? Acorda, galera!
E essa falta de
atenção acaba tendo consequências, pois, naquela mesma noite, as duas malvadas
cumprem o acordo que tinham feito com Rumplestiltskin quando ele as levou até a
fronteira e emprestou seu celular para matarem as saudades de Regina, usando o
pergaminho para contrabandeá-lo para dentro da cidade. E é nesse momento que
descobrimos que ele estava por trás de tudo: desde a tradução do encantamento
que libertou as fadinhas do chapéu – pois ele era o suposto professor de Oxford
com quem Belle andou se correspondendo por e-mail –, até a aparição do
Chernabog – um passageiro extra que ele tomou a liberdade de acrescentar ao
feitiço.
E por que Branca
de Neve e Charming ficaram com aquela cara de culpa no cartório quando viram as
vilãs entrando em Storybrooke? Porque num passado muitíssimo distante, quando
Regina se apoderou da Maldição das Trevas – que estou começando a desconfiar
que pertencia ao Ali Babá, pois já passou na mão de uns quarenta ladrões, e
talvez a gente descubra mais alguns portadores até o fim da série –, Malévola
teve um surto de consciência e procurou os Charmings para ajudá-la a impedir
que a Maldição fosse lançada. O motivo dessa crise de consciência tardia?
Malévola estava prenha.
Mais uma para
constar: não sabemos quem é o pai da cria de Malévola, mas ao que tudo indica
pode ter sido Smaug, Mushu ou um Dragão-de-Komodo... Vai saber...
Então, como não
quer que sua cria nasça num lugar horrível como o mundo real, Malévola pede que
os Charmings vão perguntar à árvore da Pocahontas como podem derrotar Regina
antes que ela lance a Maldição, mas a árvore se recusa a lhes informar qualquer
coisa, porque ela só fala com gente de coração puro, e nunca, jamais, em hipótese
alguma, se mistura com gentalha. E como tem um sexto sentido aguçado, a árvore
percebeu que Branca de Neve estava grávida de Emma – coisa que a princesa ainda
não sabia –, e, para surpresa dos novos papais da praça, sua criança, fruto do
amor verdadeiro tem um imenso potencial para o mal.
Só para ficar
clara a matemática da série: amor + amor = maldade!
Ah, entendi!
Estão seguindo aquele cálculo do negativo + negativo = positivo; só que ao
contrário. Gente, vamos largar esse uísque um pouquinho? Faz favor!
De certo modo,
até faz sentido. Afinal, desde o princípio – e eu já falei disso aqui várias
vezes –, Once Upon a Time se propôs a mostrar a dualidade de seus personagens:
que os vilões não são pura maldade – Regina, por exemplo, mesmo quando era a
Rainha Má em Storybrooke, se derretia de amores pelo filho adotivo, e estava
disposta a matar e morrer por ele (principalmente a matar); e Rumple fez tudo o
que fez para reaver o filho que ele deixou para trás –, nem os mocinhos são só
bondades – lembram da Belle deixando a Anna cair do penhasco? E a Branca de
Neve dando o teco na Cora? Ou do namorado que virou jantar da Ruby? Da Anna
aprisionando a Elsa na urna? Se bem que ela estava enfeitiçada, mas... Enfim,
vale a referência... Então, é válido que cedo ou tarde alguém decidisse
explorar algum lado perverso na Salvadora. Afinal, nem só para quebrar
maldições foi concebida a mãe do Henry.
E como a árvore
não ajudou, os Charmings voltaram com as mãos abanando – já planejando
transformar a árvore em lenha em breve, creio eu –, e se recusaram a continuar
ajudando a malvada.
Agora, como Malévola
virou cinzas, e está espalhada pelas cavernas de Storybrooke, Úrsula e Cruella
precisaram enganar os Charmings para que eles fossem até lá e elas pudessem
usar o sangue deles para ressuscitá-la. Já notaram como os roteiristas – e isso
não se aplica só a Once Upon a Time – adoram usar o sangue dos personagens para
tudo?
Mas olha só como
o mundo dá voltas: no passado, Branca de Neve abriu o bico, fofocou o segredo
do namoro de Regina com o tratador de cavalos pra geral e o coitado acabou
morto; agora, como muita água já rolou e a Rainha Má deixou de ser má há muito
tempo, foi precisamente com ela que a princesa foi confidenciar o segredo que
estava guardando há uns trinta anos – tempo recorde para a Branca de Neve,
convenhamos –, o motivo de ela estar com o rabo preso com a Malévola: ela deu
um jeitinho de transferir as trevas de sua filha para a filha da vilã.
Foi o Aprendiz
quem executou o feitiço que colocou as trevas de Emma dentro do ovo de
dinossauro estragado que a Malévola estava chocando. O problema foi que o
Aprendiz não deu todos os detalhes dessa troca aos mocinhos com antecedência, e
como o filhote de cruz credo era filho de quem era, ele não podia confiar que
Malévola soubesse guiar aquela cria sombria num bom caminho. Para garantir que
a coisa não machucasse ninguém lá em Tão,
Tão Distante, o final do feitiço de transferência do Aprendiz consistia em
abrir um portal para o mundo mais distante possível para enviar o ovo – e, com sorte,
a coisa viraria omelete na aterrissagem. Apesar dos apelos de Branca de Neve,
que tinha prometido devolver a criatura à mãe depois de usá-lo como receptáculo
para as trevas, o Aprendiz enviou o ovo pelo portal, e, acidentalmente, acabou
enviando também suas duas babás, Úrsula e Cruella, que tinham corrido para
tentar recuperá-lo e devolver à amiga.
Isso explica como
as duas malvadas foram parar em Nova York, mas não explica como Cruella foi
parar na Floresta Encantada, para início de conversa.
E ainda joga mais
uma incoerência no ventilador: porque Rumplestiltskin precisava que Regina
lançasse a Maldição das Trevas, pois esta era a única maneira conhecida de
viajar para um mundo sem magia, na ausência de um feijão mágico. Mas o velhote
aí abriu um portal e mandou o ovo podre da Malévola para onde? Pois é... Para o
mundo sem magia, também conhecido como mundo real. Mais precisamente para
coordenadas geográficas muito próximas do local onde a Maldição construiu a
cidade de Storybrooke.
E Rumplestiltskin
não sabia que o Aprendiz podia abrir esse portal? Cadê seu dom roubado de
prever o futuro? Rumple já tinha roubado o chapéu do Feiticeiro para tentar se
libertar do controle da Adaga, e também já tinha tentado corromper a Anna de
Arendelle, para que ela colocasse uma poção muito suspeita no chá do Aprendiz,
muito antes de o Charming conhecer a Branca de Neve. Ou seja, o Senhor das
Trevas realmente não precisava da Maldição das Trevas para fazer essa viagem.
Ou será que o Aprendiz se negou a carimbar seu passaporte? E Rumple nem sequer
tentou fazer o velho abrir o portal na marra?! Tsk, tsk... Não parece o
Rumplestiltskin que eu conheço.
Aliás, tem outra
incoerência nessa história: depois que a Maldição foi lançada, os personagens
ficaram vinte e oito anos parados no tempo em Storybrooke; porém, Úrsula e Cruella
continuam com a mesma cútis de quando partiram de Tão, Tão Distante com o ovo
da Malévola. Ou seja, de algum modo, as duas megeras também ficaram paradas no
tempo em Nova York! Como? Essa é a questão. Mas o fato é esse: mais ou menos trinta
anos se passaram entre a gravidez da Branca de Neve, o lançamento e a quebra da
Maldição, numa terra sem magia, e as duas não envelheceram uma ruga! Haja creme
e cirurgia plástica, hein, minhas filhas...
Mas isso tudo
aconteceu há muito tempo, e o problema agora ficou muito maior, porque Malévola
ressuscitada vai querer comer o fígado dos Charmings por terem roubado sua cria;
Emma pode odiá-los quando descobrir o que eles foram capazes de fazer; e
ninguém sabe ainda porque diabos Úrsula e Cruella queriam tanto entrar em
Storybrooke – além de reunir novamente a gangue das bruxas.
Então, pensando
numa maneira rápida de descobrir o que as vilãs pretendem em sua cidade, e em
como detê-las antes que façam o que quer que seja, Regina decide bancar a Mata
Hari, e se infiltrar no clube das bruxas malvadas para ficar de olho nelas. E
como não confiam que ela esteja realmente do seu lado – afinal, a notícia de
sua mudança de comportamento as alcançou lá em Nova York –, as vilãs decidem
impor um teste de fogo para ter certeza de que a nossa Rainha está mesmo apta a
entrar para sua patota. Porque, é claro que, logo depois de prometerem andar na
linha, a coisa mais natural do mundo é deixar a prefeita saber que estão montando
uma gangue na cidade.
E já começam o
dia cometendo um crime hediondo: sequestrando uma criança – Pinóquio, o filho
de madeira do Gepeto!
Enquanto isso,
Emma tenta seguir Regina de longe, monitorando-a pelo celular... Gente, cadê a
confiança?
Para surpresa de
Regina, o motivo de as vilãs estarem na cidade, e de terem sequestrado o filho
do Gepeto é que elas e o Senhor das Trevas também estão em busca do Autor, e
sabem que August – a versão adulta do Pinóquio no mundo real – o conheceu, pois
fez com que inserisse sua história no livro.
Aqui entre nós:
que a gangue das bruxas esquisitonas tenha acreditado tão facilmente que Regina
estivesse do seu lado, vou fazer um esforço para compreender, afinal, elas
estiveram fora de cena nas últimas temporadas; mas que o Senhor das Trevas não
tenha desconfiado da súbita mudança de time da ex Rainha Má é testar demais a
minha paciência! Quê que é, Rumple? Decidiu medir todos os vilões e ex-vilões
da série de acordo com o seu caráter, Sr. Escamoso? Uma vez Flamengo, Flamengo
até morrer? Não é bem assim que a banda toca, não, querido – com ninguém além
de você!
Retomando...
Tudo o que August
sabe é que o Feiticeiro prendeu o Autor em algum lugar, e não há como
libertá-lo. E como Rumple anda meio sem paciência ultimamente, decide
torturá-lo, transformando-o novamente em madeira para reativar seu detector de
mentiras. Assim, Pinóquio é forçado a contar que o desenho da porta da prisão
do Autor estava entre os papéis que seu pai deu a Regina – parte de uma
pesquisa que August roubou do Dragão, o mesmo que teve um encontro com o câncer
fictício da Tamara-Que-Não-Volte-Nunca na segunda temporada, uma entidade que
ainda não sabemos ao certo como se envolveu nessa história, a menos que ele
seja realmente o Mushu, amiguinho perdido da Mulan, dos tempos em que ela ainda
não corria atrás de princesas dorminhocas, e que também conhecera o Autor.
A princípio,
August tenta negar que sabe onde o Autor está preso, mas aí, é claro, o nariz
começa a crescer – e eu não vou nem comentar o fato desse cidadão passar metade
do episódio, literalmente, com um pau no meio da cara –, e Rumple ameaça
queimar o treco na lareira se ele continuar contando mentiras. Então August
utiliza um jogo de palavras esperto para se livrar da tortura, dizendo que tudo
o que sabe é que a porta está em algum lugar de Storybrooke.
E para que
ninguém interprete mal aquela piada, era disso aqui que eu estava falando:
Regina queria
ficar no cativeiro vigiando August, e aproveitar a ausência dos vilões para
interrogá-lo sobre o desenho romântico dela com Robin Hood que encontraram na
primeira metade da temporada, mas como ela foi a única que viu o desenho da
porta antes de dar a papelada para o Henry – e ela sabe que “quem dá e tira com o diabo fica, sua mão se
danifica, sua avó será maldita e sua sogra ressuscita”, por isso não pode
pedir de volta –, acaba tendo que ir junto à mansão do Feiticeiro para procurar
a porta, deixando a Cruella de babá.
Para sorte do
rapaz, como Regina é uma vilã de fachada, Emma já tinha sido informada sobre
onde era o Quartel General da gangue do Senhor das Trevas caído, e só esperou
que todo mundo saísse, e ele ficasse sozinho com a cadela de guarda para
invadir o lugar e resgatá-lo – isso, claro, depois de Branca de Neve ter
entrado sorrateiramente pela porta dos fundos e nocauteado Cruella com uma
frigideira.
Aliás, uma das
melhores cenas da temporada – e, quiçá, da série!
E alguém perdeu
toda a diversão do sequestro do mentiroso e da frigideirada na cachorra. Por
que Úrsula não estava em cena?
Porque a megera
aproveitou que estava todo mundo distraído com a tromba do Pinóquio para dar
uma voltinha pela cidade com o Capitão Gancho.
Pois é, Emma...
Já te avisei sobre esse lenga-lenga!
Mas, no caso, o
buraco não é assim tão embaixo, não. Na verdade, os dois estavam lavando a
roupa suja de seu último encontro quando a Bruxa do Mar ainda era adolescente –
e agora eu estou com medo de pensar na idade desse pirata. Já falamos sobre as
possíveis quase sete décadas de Regina; não quero ter que pensar nas vinte
desse pirata gato...
Num passado
distante – e bota distante nisso! –, Poseidon, Rei dos Mares e pai de Úrsula,
transformou sua linda voz – que ela herdara da mãe morta – numa arma: em vez de
deixá-la cantar no The Voice como qualquer pessoa normal, ele a forçava a usar
seu dom para atrair os marinheiros e seus navios para o fundo do mar. Mas
Úrsula não queria compactuar com isso. Então Poseidon fez um trato com Hook. Na
época, o pirata ainda procurava vingança contra o Senhor das Trevas, e o Rei
dos Mares prometeu lhe dar um pouco de tinta de lula para que Hook pudesse se
libertar do controle de Peter Pan, fugir da Terra do Nunca e ir para
Storybrooke, a Floresta Encantada ou ao Raio que o Parta para dar o tão sonhado
teco no Crocodilo, contanto que ele usasse uma concha amaldiçoada para roubar a
voz de Úrsula.
Só que Hook nunca
foi um pirata malvado, e fez uma contraproposta à dama dos tentáculos: ela
poderia roubar a tinta de lula do cofre do pai, do mesmo jeito que tinha
roubado uma pulseira que era de sua mãe, e dar a ele. Em troca, ele não usaria
a concha para roubar sua voz. Porém, o Rei dos Mares, prevendo a tramoia, se
adiantou e destruiu a tinta. Daí, de vingancinha, Hook roubou a voz de Úrsula,
mas não entregou ao pai dela, para evitar que ele a devolvesse algum dia.
E esse foi o
motivo de Úrsula ter se tornado uma vilã. Depois de ter sua linda voz roubada,
e de não ter podido participar do musical Os Miseráveis na Broadway, nem
encantado o mundo como Susan Boyle, nem ganhado o Ídolos, nem viralizado um
vídeo no YouTube, restou à Rainha do Mar dar a volta no pai e se tornar mais
poderosa que ele, cumprindo a promessa de que um dia ele iria temê-la.
Não sei vocês,
mas achei essa trama fraca. Já estava previsto que, ao queimar três vilãs de
uma só vez, Once Upon a Time acabaria não dando a devida atenção às suas
histórias – não a mesma atenção a todas elas, pelo menos. E das três, Úrsula
realmente era a mais cotada a receber o papel de café com leite, afinal,
Malévola – principalmente depois de recuperar o status de diva na pele da ex
Sra. Pitt – e Cruella tinham muito mais a oferecer para a trama do que ela. Mas
achei que, pelo menos, podiam ter estendido um pouco mais sua participação na
história. Afinal, trouxeram a megera para a cidade para quê? E a desgramada nem teve a chance de
contracenar com a Ariel! Vacilo!
E olha que elas
até apareceram no mesmo episódio. Porque o motivo de terem relembrado o passado
é que Hook continua tentando trilhar o caminho da redenção, e parte dele
consiste em devolver à Bruxa do Mar o tesouro que roubara. O problema é que,
como vocês devem se lembrar, ele trocou seu navio, Jolly Roger com Barba Negra
por um feijão mágico que permitiria que ele fizesse a entrega da poção que
restauraria a memória da Emma, lá na segunda metade da terceira temporada,
quando a Salvadora estava vivendo com Henry em Nova York, sem desconfiar da
existência de Storybrooke, ou que tivesse qualquer parentesco com a Branca de
Neve, o Príncipe Encantado, os Sete Anões, a Rainha de Copas, o Senhor das
Trevas, a Bela e a Fera ou o Peter Pan. E a concha amaldiçoada com a voz de
Úrsula ficou guardada em seu camarote no navio.
Felizmente, a
esta altura dos acontecimentos ele já conseguira recuperar o navio. O problema
é que ele estava preso em uma garrafa. Aparentemente, o pirata malvado – Barba
Negra, no caso – usara o navio para aterrorizar diversos lugares no mundo
encantado. Mas quando voltou para Arendelle, depois de sua aventura em
Storybrooke, a Rainha Elsa, que não gosta dessa zona em seus domínios, decidiu
tomar providências, prendendo o navio na garrafa como punição – sobretudo
porque, a esta altura, ela já havia sido informada de que fora Barba Negra quem
trancara Anna e Kristoff num baú e os jogara no fundo do mar a mando do crápula
do Príncipe Hans; e o simpático casalzinho só está vivo hoje em dia graças ao
relógio extremamente preciso (e maluco!) da série, que fez com que Elsa se
apressasse que nem o Coelho da Alice e desejasse reencontrar a irmã diante do
mar de Storybrooke, no exato momento em que o baú terminava de encher de água.
Agora, cá entre
nós, todo mundo sabe que a Rainha Elsa é poderosa, mas pensei que os poderes
dela se limitassem a transformar Arendelle num freezer gigante; não sabia que
ela também tinha algumas pílulas encolhedoras do Chapolin Colorado guardadas no
castelo, para quando aparecesse um navio causando problemas em seu reino,
grande demais para caber numa garrafa... Ou será que isso foi obra dos Trolls?
Enfim... Hook e
Úrsula recorrem a boa e velha loja de quinquilharias do Sr. Gold – ou melhor,
da ex Sra. Gold agora – para conseguir um pouco de extrato de cogumelo do País
das Maravilhas – que Will Scarlet gentilmente trouxera consigo de sua aventura
no spin-off Once Upon a Time in
Wonderland, para o caso de alguém precisar –, para poderem desfazer o
feitiço, retirar o navio da garrafa e fazê-lo crescer.
Assim, Hook pôde finalmente
retirar a concha amaldiçoada do cofre em seu camarote e devolver a linda voz de
sereia à sua legítima dona. Infelizmente, como não foi Úrsula quem encantou a
concha, ela não pode recuperar a voz com sua própria magia. Só seu pai pode
fazer isso, mas ela está brigada com ele há séculos, então ela deduz que seu
canto esteja perdido para sempre.
E como ela lida
com a perda? Descendo sopapo no Hook, é claro!
Olha
ELAAAAAAAAAA! E na hora exata para salvar o nosso bofe favorito do afogamento.
E depois
esbofeteá-lo, por ter lançado Barba Negra ao mar antes que ele revelasse onde
estava o Príncipe Eric – uma história que se perdeu num dos flashbacks
desnecessários da terceira temporada, que eu cortei das reviews porque só
serviram para encher linguiça. Ariel acabou tendo que perseguir Barba Negra, e
graças a isso, quando a Rainha Elsa prendeu o navio na garrafa, a sereia estava
no raio de alcance do feitiço, e acabou presa com o Jolly Roger por acidente.
E como agora
estão quites, Hook pede a Ariel que faça uma pequena parada quando estiver indo
ao encontro de Eric, e conte ao Rei dos Mares que sua filha está em
Storybrooke, e precisa vê-lo.
E ele atende
prontamente ao chamado.
Apenas para
recapitular: Poseidon começou toda essa confusão com a filha porque ela não
queria cantar para atrair os navios com seus tesouros para o fundo do mar; daí
ela virou no Jiraya porque teve sua voz roubada pela concha amaldiçoada do pai;
os dois não se falam sabe-se lá há quantos séculos; e de repente, quando ela
chama, ele vem, mesmo sabendo que ela se tornou uma megera do mal – que,
verdade seja dita, entrou e saiu dessa história sem fazer mal a uma mosca.
Tirando, é claro, duas cenas atrás quando ela jogou o pirata bonitão no mar.
Só para que
fiquem registradas as coisas que não fazem muito sentido nessa série.
Enfim, Poseidon
faz sua aparição justamente quando essa irmã mais velha do Percy Jackson está
na cabana que serviu de cativeiro para o Pinóquio, batendo um papo cabeça com
os Charmings, tentando entender tudo o que aconteceu durante sua ausência – e
de uma maneira bem delicada.
E aqui estamos de
volta ao Casos de Família.
Afinal, tudo na
série se resume a isso. E Úrsula é a primeira vilã da temporada a ganhar seu
final feliz. E sem depender do Autor.
Só não explicaram
como foi que a Sereia Úrsula se transformou numa Cecaelia – a criatura metade
mulher, metade polvo.
Bem, com essa
parte da história resolvida, Hook confessa a Emma que tem medo de perder seu
final feliz, já que ele também foi um vilão. E, só para variar, ela se finge de
desentendida.
Coff! Songa monga! Coff!
Cruella, que
aproveitou a confusão e o Casos de Família para se escafeder, vai correndo contar
ao resto da quadrilha dos vilões que tem gente mudando de time.
E a Bruxa do Mar
realmente desembuchou todo o plano dos vilões para o pirata antes de dar no pé
– ou melhor, nas nadadeiras – com seu coroa. Rumplestiltskin e as megeras
querem seus finais felizes. Como Salvadora, Emma garantiu os finais felizes dos
mocinhos; e enquanto houver uma Salvadora, o Autor não pode alterar os finais
dos vilões. Para conseguir isso, Rumple pretende encher o coração da Emma de
trevas. Para sempre.
Mas os mocinhos
estão um pouquinho mais adiantados que os vilões na busca pelo Autor, porque
August, depois de se recuperar dos sustos do dia no loft dos Charmings,
reconhece o desenho da porta entre os papéis que estão com Henry, e revela que
não mentiu quando disse que não sabia onde encontrar o Autor, porque ele não
sabia onde o Henry guardava aquela página. Aquele desenho é literalmente a
porta para a prisão do Autor. Ele está preso dentro do livro.
Pelo menos agora
eles sabem que precisam impedir que os vilões peguem aquela página de qualquer
maneira. Então Emma bate uma xerox para que Regina leve para os vilões, mas a
ex Rainha Má, que já está calejada em lidar com aquela gangue, sabe que não vai
funcionar. E como os vilões não sabem que a página é a porta em si, só querem
ver como ela é, Regina tira uma foto com seu celular para mostrar a eles. Só
que ela não verifica a qualidade da foto na hora, e quando a mostra para
Rumple, descobre que há um reflexo sobre a porta, e ele, reconhecendo a magia, deduz
que o Autor esteja preso no livro. Agora só precisam encontrar a chave.
E como sabe que o
guardião da porta não pode ser outro, senão Henry, Regina assume pessoalmente a
tarefa de pegar a página e encontrar a chave.
Porém, o garoto
já está ciente de que foi aberta a temporada de caça à página encharcada de
magia, e decidiu se esconder com ela na mansão do Feiticeiro, onde encontrara
um quarto cheio de livros em branco iguais ao seu exemplar dos Contos de Fadas
de sua família, denunciando que o Autor deve ter passado por ali em algum
momento, e onde espera encontrar também a chave. Mas como ainda é menor de
idade, e não pode simplesmente desaparecer assim, sem dar satisfações a
ninguém, ele liga para Branca de Neve – justamente para a fofoqueira Real –
para contar onde está. Só que desta vez, sua avó não está muito a fim de bancar
o Leão Lobo. Ela e Charming estão mais interessados em colocar as mãos na
página com a porta e destruí-la, para evitar que Rumplestiltskin use o Autor
para tornar Emma malvada. O problema é que, se destruírem a página, o Autor
ficará preso no livro para sempre, e Regina nunca terá seu final feliz.
Mas Regina foi
mais rápida que os vovôs Encantados, e chegou à mansão do Feiticeiro, toda
montada na autoridade materna, exigindo que seu rebento postiço entregasse a
página.
Pelo menos Henry
teve miolos suficientes para entregar somente a falsificação da página que Emma
fizera, e para não contar à mãe adotiva que acabara de encontrar a chave numa
gaveta.
Mas os miolos do
filho da Salvadora acabam aí, pois, em seguida, ele confia a guarda do livro
com a verdadeira página justamente à Branca-Fofoqueira-de-Neve e ao
Príncipe-Cheio-de-Culpa-No-Cartório-Charming, sem saber que eles estão doidos
para tacar fogo na página, no livro, na chave e até no Autor se ele aparecer
ameaçando abrir o bico.
Felizmente, se há
algo em que esse casal é bom, é em ter crises constantes de consciência, e eles
logo percebem que, se continuarem nesse caminho, e com esses pensamentos
maldosos, em breve não serão muito diferentes do Rumple. Assim, decidem fazer a
coisa certa, contar logo à Emma o que foram capazes de aprontar com a mamãe
dragão, e enfrentar as consequências como verdadeiros mocinhos.
Mas Emma não vê a
situação com muita benevolência, e fica completamente decepcionada com os pais.
Só que ninguém ali tem tempo para ficar perdendo com essas briguinhas
familiares, pois têm um Autor para libertar do livro. Porém, como August
explicou, há um bom motivo para ele estar preso, para início de conversa. Houve
inúmeros autores ao longo do tempo, com a missão de testemunhar e registrar as
histórias para a posteridade. O trabalho, supostamente, existe desde as
cavernas. Este é apenas o último, e foi punido pelo Aprendiz, pois começou a
manipular as histórias, em vez de somente registrá-las. Foi ele quem induziu o
Aprendiz a transferir as trevas de Emma para o ovo da Malévola, o que deixou o
velho furioso. Por isso ele o puniu, prendendo-o no livro. O que é muito
curioso, porque, supostamente, os Autores são escolhidos pelo Aprendiz e pelo
Feiticeiro. Onde já se viu, o subalterno ser mais poderoso que o chefão? Tem
coisa errada nesse roteiro! E pior: estão delegando funções a um Feiticeiro que
desapareceu muito antes da história dessa galera sonhar em ser escrita – como
descobrirão na próxima temporada.
Enfim... August
alerta que, se o Autor ainda estiver no livro, tem a habilidade de alterar as
coisas. Para o bem ou para o mal. Em seguida abre a porta, libertando o Autor,
que, para surpresa dos Charmings, é o mascate que lhes indicou o caminho para a
cabana do Aprendiz lá em Tão, Tão
Distante, quando a princesa foragida estava grávida de Emma e louca para
expulsar as trevas de sua filha. E como percebe que o passado está prestes a
condená-lo, o danado dá no pé para não ter que responder às perguntas dos
mocinhos.
Enquanto os
Charmings saem à caça do Autor, Regina é arrastada para sua cripta pelos
vilões, depois que eles percebem que ela trouxe uma página falsa, e Rumple
planeja fazer coisas perversas com ela, em vez de simplesmente permitir que
Malévola taque fogo na ex Rainha Má.
Aliás, cá entre
nós, como o guarda-roupa dos vilões é mais elaborado que o dos mocinhos nessa
série, hein – com exceção da Úrsula, que, aparentemente andou frequentando o
brechó das bruxas; não entendi esse preconceito. Mas dá só uma olhada no
figurino da Malévola e da Cruella – ok, o da Cruella parece um carro alegórico,
mas um carro alegórico todo trabalhado no luxo, convenhamos. Sem falar na
Regina, que está sempre top. Ser vilã nessa série é outro nível!
Enfim, como ia
dizendo, Rumple pretendia torturar Regina por ter bancado a espertinha para
cima de sua gangue – pois ele percebeu que ela trouxera a página falsa –, e
decidiu cutucá-la exatamente onde mais doía.
Só para trazer à
tona uma preocupação que já estava fervilhando na cabeça da nossa Rainha, desde
que ela teve um sonho muito esquisito, em que a Rainha Má aparecia com uma bola
de fogo na mão diante de Robin Hood, mas não parecia querer atacá-lo, e sim
protegê-lo. E como Regina ama esse fora da lei com seu lado bom e também com
seu lado mau, acredita que o sonho pode ter sido um aviso de que algum perigo
esteja rondando seu adorado bandido. Ela já tinha pedido, inclusive, que Emma
tentasse contatá-lo para descobrir se estava tudo bem com ele, já que antigamente
o ganha-pão da Salvadora consistia em procurar fugitivos. Mas com tanta coisa
acontecendo, Emma aparentemente não tivera tempo de procurar Robin Hood na
lista telefônica de Nova York ainda. Mas tudo bem, porque Rumple o tem na
discagem rápida.
O esquisito, é
que a pessoa que atende o celular de Robin lá em Nova York é Zelena! Que, como
vocês devem se lembrar, deveria ter morrido no final da temporada passada.
Acontece que a
safada da bruxa verde de Oz passou a perna em todo mundo, e quando Rumple
destruiu sua estátua com a Adaga, ela conseguiu se infiltrar no portal que
sugou Emma e Hook para a Floresta Encantada trinta anos no passado – porque,
como expliquei na época, a Bruxa Má do Oeste se equivocou ligeiramente nos
cálculos, e, em vez de voltar até antes do nascimento de Regina, voltou apenas
o suficiente para vê-la tocando o terror em Tão, Tão Distante na pele da Rainha
Má. Mas ela não se equivocou quanto ao dia e ao personagem que poderia fazer
mais estragos na felicidade de sua irmã. Ela voltou justamente para a véspera
da execução de Marian, e, aparentemente prevendo toda a confusão que Emma
causaria, e que a Salvadora teria a brilhante ideia de contrabandear a
desconhecida salva pelo gongo para Storybrooke, para não bagunçar a vida de
ninguém, Zelena deu pessoalmente o teco na Marian e decidiu ocupar seu lugar,
para melar de vez o romance de Regina.
Pois é, Regina,
parece que você teria feito um bem danado se tivesse cedido ao seu lado sombrio
e esmagado o coração da vadia enquanto ela estava congelada!
Mas, como
quiseram os roteiristas que as irmãs seguissem com a rivalidade e com a novela
mexicana, somos levados a conhecer um capítulo anterior ao início dessa mid-season, que aconteceu antes de
Rumple recrutar as vilãs para fazer arruaça em Storybrooke.
O Senhor das
Trevas estava agonizando em Nova York, porque, agora que estava
numa terra sem magia, o velho Sr. Gold finalmente começou a sentir os estragos
causados por duzentos anos bancando o duende do mal. Seu coração negro só tinha
um pontinho vermelho, e quando ele se apagasse, Rumplestiltskin estaria morto,
restando apenas o Senhor das Trevas em seu corpo velho e decrépito. Mas como
estava numa terra sem magia, ficaria difícil para o Dark One levantar o corpo
morto de seu hospedeiro.
Então
Rumplestiltskin decidiu fazer uma visitinha ao novo morador do apartamento de
seu filho, Robin Hood, prometendo perdoar seus aluguéis atrasados e passar a
escritura para o seu nome, se ele roubasse o Elixir do Coração Ferido de uma
loja em Nova York. Acontece que Robin Hood já havia roubado esse mesmo elixir,
direto da fonte, muito tempo atrás, a mando de Rumplestiltskin. Quando o Xerife
de Nottingham ameaçava tomar a taverna de Robin lá em Tão, Tão Distante por não pagar impostos, Rumplestiltskin
ofereceu-se para quitar a dívida, em troca daquele elixir, que era guardado no
cofre do Castelo das Esmeraldas em Oz. Aparentemente, o Senhor das Trevas já
previa que precisaria dele no futuro, e gosta de ter as coisas à mão na hora
das emergências. Robin invadiu o castelo de Zelena, e conseguiu roubar um
frasco do elixir na época, tendo que atirar uma flecha enfeitiçada na bruxa
para conseguir escapar. Mas quando se despedia de Will Scarlet, que o ajudara a
invadir o castelo, e ouviu que o rapaz queria um pouco desse elixir para curar
seu coração do luto por sua irmã que caiu num lago congelado quando eram
crianças, pois não achava justo pedir o coração da mulher que ele amava antes
de curar o seu, Robin decidiu que o rapaz precisava daquilo muito mais que o
Senhor das Trevas, e colocou o frasco em seu bolso quando se abraçaram junto ao
portal. Robin teria roubado dois frascos – um para Will – se Zelena não tivesse
aparecido. Como já estava recrutando um bando de ladrões em sua taverna naquela
época, Robin Hood conseguiu afugentar o Xerife de Nottingham por conta própria,
decidindo viver sob seu código de honra a partir daquele momento, mesmo sendo
um ladrão, roubando de quem tem muito, para distribuir àqueles que tinham muito
pouco.
Ele sabia que se
Rumplestiltskin aparecesse para cobrar o elixir ele estaria na roça, mas como o
Senhor das Trevas tinha coisas mais importantes para fazer e só se lembrou que
tinha pedido esse favorzinho ao ladrão quando ficou sozinho, abandonado e
doente em Nova York, ele forneceu a Robin Hood o endereço da loja que o antigo
Mágico de Oz – aquele macaco-voador que andou namorando a Salvadora na terceira temporada – abrira em Nova York, como disfarce, quando Zelena o mandou ao nosso
mundo para ficar de olho em Emma. Naturalmente, Zelena não seria tola de mandar
o monstro para cá sem as devidas precauções – alguns amuletos mágicos, poções,
elixires... E para sorte do agonizante Senhor das Trevas, o frasco com o elixir
ainda estava guardadinho numa gaveta na loja do sujeito.
Como segue um
código de honra que o impede de deixar um pobre diabo velho morrer a míngua,
Robin rouba o elixir e o entrega a Rumple no hospital, mas o troço não faz
efeito.
É quando Rumple
recebe a visita inesperada de Maid Marian no hospital, e ela revela que o
elixir não funcionou porque não era magia de verdade. Era só um xaropinho bem
humano, que combate sete sintomas de gripes e resfriados. Rumple pode até
morrer do coração, mas livre da gripe.
Para sorte do
Senhor das Trevas, Zelena está louquinha para fazer um acordo. Já que o
disfarce de Marian não faz mais o tipo do Robin, ela espera que o Autor tenha peninha dela, e dê uma ajudinha para ela
furar o olho da irmã. Afinal, foi para roubar a felicidade de Regina que ela
causou todo aquele caos, e não está disposta a dar com os burros n’água.
Com
Rumplestiltskin entubado, incapaz de debater o acordo, Zelena o convence a
incluí-la na lista de tarefas para o Autor quando encontrá-lo. E depois de
apertarem as mãos, ela lhe dá a poção que dá algumas horas a mais para o
coração de Gold.
Mais tarde,
porém, quando Robin volta ao hospital para se certificar de que o vilão
melhorou de saúde, Rumple o aconselha a procurar sua felicidade e tomá-la de
volta, já que sabe exatamente onde e com quem ela está.
O conselho de um
homem que perdeu todas as chances de felicidade porque nunca era suficiente. E
o que Robin faz com o sábio conselho do Senhor das Trevas? Joga no meio da
Quinta Avenida, volta para o apartamento, e dá um créu na falsa Marian!
Pois é, mas isso
são águas passadas. Porque a síndrome de Madre Teresa do Rumple já passou, e
agora ele está disposto a mandar Zelena matar Robin, caso Regina não colabore
com suas tramoias.
E como conhece
aquela bruxa verde de outros carnavais, e sabe que Zelena é bem capaz de
colocar o Robin numa frigideira e servi-lo aos pedaços num sanduíche ao Roland,
ela decide tomar suas providências para garantir a segurança do amado.
Para começar, ela
vai ao antiquário contar à Belle as últimas travessuras do Senhor das Trevas, e
a mocinha vai até o poço onde se casaram, soltando fogo pelas ventas, e começa
a gritar o nome dele, como se ele fosse surgir das águas do poço.
E por que ela não
usou a Adaga? Bem, porque alguns episódios atrás, enquanto as vilãs se
divertiam fazendo o nariz do Pinóquio crescer, Rumple também andou tomando
providências para garantir sua segurança. Aproveitando-se da recente “amizade”
de sua senhora com certo pirata bonitão amante de delineador, Rumple, se
passando por Hook, enganou Belle, fazendo-a testar se o Senhor das Trevas estava
na cidade invocando-o com a Adaga. E como dizem por aí, saber perguntar é
essencial para a boa resposta: como Belle não especificou que Rumple, se
estivesse na cidade, deveria aparecer na sua frente livre de disfarces, ele
continuou parado na frente dela, transfigurado em Capitão Gancho, com a maior
cara de inocência, enquanto Belle respirava aliviada porque sua sentença de
manter quinhentas milhas de distância do marido continuava vigorando.
E aproveitando-se
mais um pouquinho da inocência da moça, como a cidade estava infestada de
bruxas malvadas, o falso Hook a convenceu a deixá-lo esconder a Adaga num lugar
seguro, onde ninguém mais iria encontrá-la. E como, naturalmente, o pirata era
a pessoa mais confiável em Storybrooke no momento, Belle concordou prontamente
em entregá-la. Afinal, ele foi ameaçado de morte recentemente por seu marido,
portanto, não iria querer que ele retornasse, não é mesmo? Assim, sem sujar as
mãos, e dando rosto a um bode expiatório para levar a culpa, Rumple conseguiu
recuperar a arma que podia controlá-lo.
Mas, voltando à
cena em que paramos, Belle o invoca no poço onde se casaram, e o faz lembrar
que ele disse uma vez que ela expulsou as trevas de dentro dele. Mas ele
garante que desta vez não está na cidade para reconquistá-la. Ele arranca seu
coração negro e mostra a ela o preço que séculos de ações maléficas lhe
custaram. Só tem um pequeno pontinho vermelho em seu coração, que logo
desaparecerá e o tornará incapaz de amar – o que será pior que matá-lo. Só o
Autor pode reverter isso.
Realmente se
gabar das habilidades de Will Scarlet para o Gold parece algo que a Lacey
faria, e não a Belle. Mas como era Regina quem estava dirigindo a cena, Belle
aproveitou para esfregar na cara do marido o quanto ele é patético, rastejando
para ela como um cachorro implorando por sobras. E depois de mandá-la voltar
para a loja e não se misturar mais com a gentalha, Regina avisa Rumple que está
indo a Nova York para contar ao Robin que ele anda trocando gata por lebre, e
que vai levar o coração de Belle na mala. Portanto, se avisar Zelena, ele não
será o único a perder o coração.
Emma dá uma arma
a Regina, por precaução, esperando que ela não precise usar, já que ela não
poderá recorrer às suas bolas de fogo em Nova York. Mas antes que Regina possa
sair da cidade, as duas mães do Henry são informadas de que o garoto foi sequestrado
pela Cruella. E o resgate que a vira-lata quer, é o cadáver do Autor.
E é quando
finalmente conhecemos o passado sórdido de Cruella, um dos melhores episódios
da temporada, e também a epítome de uma vilã mal aproveitada.
O conto da
Cruella é o mais sombrio apresentado, talvez desde o início da série.
Lá pelos anos
1920, Cruella, ainda loirinha e com aparência angelical, parece feliz ouvindo
sua música no rádio, até sua mãe, que parece uma madrasta malvada, aparecer e
confiscá-lo. Acontece que Cruella passou a infância e a juventude trancada no
sótão, escondida do mundo, impedida de se divertir, e com medo dos Dálmatas de
sua mãe, que sempre rosnavam para ela. Aliás, aqui cabe uma observação: sempre
que um cão não vai muito com a cara de uma pessoa, é provável que ele tenha
razão!
É nesse momento
que o Autor entra em cena. Ele bate à porta de sua casa, querendo entrevistar a
mãe da garota, que ele ouviu dizer que é a melhor adestradora de cães do mundo,
embora ela negue que use qualquer tipo de magia. A mulher, porém, não é
receptiva à abordagem, e o coloca para correr.
O Autor sai de lá
frustrado, mas Cruella somente espera que a mãe bata a porta para chamá-lo pela
janela.
A proposta parece
tentadora, então o Autor rouba a chave do sótão e a coloca na janela de
Cruella. Ela fica impressionada, porque a mãe nunca perde aquela chave de
vista, determinada a tirar da filha toda a diversão. Até tirou seu jasmim
favorito do jardim por não gostar do perfume. E fica encantada com o carro do
Autor – o mesmo que ela dirigirá no futuro, quando for caçar cãezinhos
pintadinhos para fazer um casaco de pele, e brincar de megera em Storybrooke
com a Rainha do Mar, a Senhora dos Dragões – e não estou falando da Daenerys –
e o Senhor das Trevas.
Provando que não
vale a pena que usa para escrever, o Autor a leva a um clube de jazz e deixa
Cruella entornar algumas doses de gim, enquanto ela conta sua versão da
história da Cinderela com um toque de Viúva Negra, em que ela é a mocinha
oprimida e mantida presa pela mãe malvada, para impedir que ela conte seus
segredos sombrios. Bobagens, sabe... Que o pai dela, que supostamente morreu do
coração, foi envenenado por sua mãe, assim como os dois maridos seguintes.
Daí dança vai,
dança vem, goró vai, goró vem, o Autor, encantado com o charme da moça, revela
o segredo de sua pena especial, que pode mudar a história das pessoas.
Aliás, um livro
que ele aparentemente não leu inteiro, ou saberia que não deve confiar nessa
cachorra vira-lata! E como ela é cética, ele prova o poder da pena e da tinta
escrevendo um colar de diamantes para adornar o pescoço dela, e um par de
brincos para combinar. E quando ela demonstra estar maravilhada com o poder
dele, ele promete levá-la para longe de sua mãe e dos cães malvados, e, de
brinde, ainda lhe concede o poder de controlar todo e qualquer animal que
desejar.
Um dom que acaba
se mostrando útil no futuro, quando Malévola descobre que Cruella mentiu sobre
seu bebê não ter sobrevivido à viagem entre os mundos, e, assumindo a forma de
dragão, ameaça devorar ou incinerar a cachorra. Cruella usa seu poder de
controlar os animais e faz a vilã da Bela Adormecida tirar uma soneca aos seus
pés.
Lembrei do Fofo
do Harry Potter, não sei porque...
Mas, voltando ao
flashback, Cruella volta para casa para enfrentar a mãe e provar que não tem
mais poder sobre ela, prometendo encontrar o Autor para ir embora com ele assim
que resolver essa pendenga familiar.
O caso é que
Cruella inverteu as personagens quando contou sua triste história ao Autor. Seu
pai e os outros maridos de sua mãe realmente morreram envenenados, mas foi ela
quem os envenenou, com o jasmim que a mãe arrancou para que ela não pudesse
matar mais ninguém. E agora que tem poder sobre os animais, Cruella decide se
vingar de sua mãe, que a manteve trancada por tantos anos, atiçando os cães
contra ela.
Quando o Autor
vai procurá-la em sua casa, pois percebeu que ela roubou a pena e a tinta,
encontra-a costurando seu precioso casaco, feito com a pele dos Dálmatas que
sempre temeu, e não é difícil imaginar, pelo contexto do episódio, que o tecido
vermelho do forro seja a pele arrancada de sua mãe.
Ela confessa,
então, que ele foi um meio para um fim. Porque enquanto alguns tentam não ser
tragados pela escuridão, desde criança ela preferiu mergulhar e se divertir. E
quando o Autor tenta escrever algo para usar contra ela, Cruella pega a tinta e
despeja sobre si mesma, ganhando o cabelo preto e branco, e manchando também o
casaco. O Autor consegue escrever com o resto da tinta na ponta da pena
molhada, seguindo a cartilha de Cruella: pegue aquilo que uma pessoa ama e destrua!
Assim, ela aponta a arma para ele, mas é incapaz de atirar.
Eis o motivo
porque Rumplestiltskin não interferiu na história do sequestro do neto. Pouco
importava para Rumple que Henry fosse palerma o bastante para ser atraído pelo
Pongo para o carro da Cruella; aliás, ele contava justamente com a fúria da
Salvadora para colocar um pouco de trevas no coração dela. E como Emma ainda
estava puta com as recentes descobertas sobre o passado de seus pais, e não
quis a ajuda deles para resolver o problema, os Charmings, chateados com a
rejeição, voltaram à cabana que estava servindo de Quartel General das malvadas
– a mesma que serviu de cativeiro para o Pinóquio alguns episódios atrás –,
onde Rumple deixara o Autor sem proteção, para descobrir por que Cruella o
queria morto, e acabaram se deparando com essa surpreendente revelação: Cruella
não pode fazer mal a uma mosca! Como todas essas Rainhas da Escuridão que
desabaram para tocar o terror (só que não) nessa meia temporada da série.
Nem mesmo com seu
poder de controlar os animais Cruella pode fazer mal ao Henry. Então eles
correm para tentar avisar à filha, antes que ela acabe cometendo uma loucura
para salvar o moleque, mas chegam tarde demais.
O que uma mãe não
faz pelo seu filho...? Emma arremessa Cruella no precipício, e entrevemos uma
pequena parcela de trevas surgir nos olhos da Salvadora, para deleite de Rumplestiltskin,
que vê seu plano começando a funcionar.
E perdemos uma
vilã que poderia ter uma participação mais empolgante nessa série... Aliás, a
única que não foi corrompida, era má por natureza. Só acho que nem o Autor nem
a mãe dela deveriam ter ficado surpresos com a índole de Cruella, considerando
que ela tem esse nome...
Mas ainda resta
uma vilã. E ela continua chorando as pitangas porque os Charmings a separaram
de sua cria ainda no ovo, e ela nem chegou a saber se pariu um Smaug ou uma
Sra. Burro, ou se seu ovo virou omelete ao cair no mundo real e ficou
irreconhecível. Então Gold decide ser um pouquinho misericordioso com essa
pobre mãe atormentada, e usa o chocalho que deveria ter sido da cria de
Malévola para descobrir o que aconteceu com a criatura.
Não se sabe se
foi Úrsula ou Cruella quem chocou o ovo do dragão, mas dele saiu uma menina.
Porém, como nenhuma das megeras é exatamente maternal, elas largaram a
bebezinha num orfanato e foram cuidar de suas vidas – que nem o Pinóquio,
largando a Emma por aí. A menina acabou sendo adotada, e recebeu o nome Lilith.
Sério, OUAT? Não
basta a menina ter herdado as trevas da Salvadora, ainda tem que se chamar
Lilith?! A Rainha do Inferno? Só porque ela é filha do dragão? Coitada dessa
menina...
Mas que coincidência
interessante, hein! Os Charmings transferiram as trevas de sua filha para a
cria de Malévola, e, no fim, as duas acabaram tendo o mesmo destino: indo parar
num sistema de adoção, e mais ou menos ao mesmo tempo.
E por falar em
coincidência – ou terá sido alguma força do destino que está além do controle
dos personagens de contos de fadas? –, Emma e Lilly se conheceram na
adolescência, e chegaram a ser amigas, mas Lilly tinha um inacreditável ímã
para confusão, criar problemas e se envolver com pessoas erradas – por que
será, hein? –, e Emma acabou se distanciando para não se encrencar com ela.
Agora a Salvadora
está determinada a limpar a bagunça de seus pais, e coloca Lilly em sua lista
de tarefas quando sai da cidade com Regina para buscar Robin Hood em Nova York.
Nada muito difícil para Emma, que costumava ganhar a vida procurando
arruaceiros.
Ela descobre o
endereço de Lilly, e bate em seu apartamento, apenas para descobrir que ela
morreu num acidente de carro dois anos atrás. Emma sai de lá arrasada, sentindo-se
culpada pela má sorte que aquela garota teve, afinal, aquela escuridão deveria
ter sido sua, mas um pneu furado coloca Emma frente a frente com seu passado.
Enquanto Regina espera o reboque, a Salvadora vai comprar café em uma
lanchonete, e vê uma curiosa marca de nascença no pulso da garçonete: uma
estrela, igualzinha a que Lilly possuía.
Mas aquela
garçonete, que agora atende pelo nome de Starla, diz que seguiu em frente,
depois de ter se metido em tantas encrencas e com tanta gente errada, que nem
consegue mais contar. Agora ela tem um marido e uma filha que a amam, e não
quer mais pensar no passado.
Nesse momento, um
ônibus escolar deixa algumas crianças em frente à lanchonete, e Lilly aborda
uma menininha.
Você deve estar
se perguntando: a mãe dessa criança não ensinou a ela que não deve falar com
estranhos? Acontece que a menina, aparentemente, conhece a tal Starla, sabe que
ela é garçonete dali, e por isso não fica com medo de acabar caindo na mão de
uma bruxa canibal.
Mas o detector de
mentiras de Emma percebeu que a menina não era realmente filha da Lilly. Ela e
Regina aproveitam que a garçonete está no serviço para explorar seu apartamento,
e descobrem que Lilly já conhece sua origem, sabe sobre Storybrooke, e quer se
vingar dos Charmings por terem arruinado sua vida.
Querida Rainha
Má, quem é que deixa a bolsa dentro do carro hoje em dia? Ingenuidade de
amadora, amiga!
Então, as duas
roubam outro carro, perseguem Lilly, tentam jogá-la para fora da estrada e a
encurralam. Emma pode até não ser má, mas essa mulher ao volante é um perigo!
Com uma arma na mão então...
Lilly acaba
revelando que o Aprendiz a procurou logo depois de Emma tê-la mandado embora
para não se encrencar, querendo livrar-se de sua culpa no cartório, por ter
sido usado pelo Autor para ferrar com a vida da pobre menina filha do dragão.
Só uma
perguntinha, roteiristas: a filha da Malévola com Deus-sabe-quem – ou melhor,
com Deus-sabe-O-QUÊ! –, fruto de uma cruza aleatória entre dragões, estava
destinada a ser boa; enquanto que a filha dos Encantados, fruto do amor
verdadeiro, estava destinada a ser má?! Queridos, se vocês querem viver
perigosamente, limitem-se a misturar manga com leite... Parem de misturar
álcool com medicamentos!
Regina convence
Emma a baixar a arma e elas conseguem acalmar a fúria de Lilly e convencê-la a
ir com elas para Storybrooke numa boa, para que Malévola pare de encher o saco.
E bem nesse
momento, Regina recebe um telefonema da mãe da criatura – que tinha ficado
incumbida de guardar o coração de Belle, para garantir que Rumple não mandaria
Zelena dar o teco no Robin –, avisando que o Senhor das Trevas conseguiu passar
a perna nela e roubá-lo, com a ajuda de Will Scarlet – porque é claro que faz
todo o sentido, os dois homens que estão disputando o coração da garota
colaborarem para tirá-lo das garras de um dragão não-tão-malvado-assim. E com a
maior facilidade do mundo, diga-se de passagem! Porque Malévola retornou das
cinzas mais sonolenta que a Bela Adormecida...
E como perdeu sua
vantagem sobre Rumple, Regina agora tem pressa de se encontrar com Robin.
E a filha do
dragão?, vocês me perguntam. Vai junto, ué! Afinal, um problema a mais, um a
menos...
E por falar em
problema, segura essa, Regininha: Robin não fica tão chocado ao descobrir que
Marian, na verdade, é Zelena por causa do perigo a que se expôs com o filho.
Ele fica chocado, porque ele engravidou a bisca! A punhalada fatal no coração
da nossa pobre Rainha Má, que sempre desejou ter seu amor e seu filho, e nunca
pôde ter nenhum dos dois.
Aliás, nunca pôde
ter nenhum dos dois por culpa de sua mãe! Não é segredo para ninguém que Cora
matou o tratador de cavalos que Regina amava para casá-la com o pai da Branca
de Neve. O que ninguém sabia ainda era que Cora também foi mais ou menos
responsável pela esterilidade de Regina.
Quando a Rainha
Má ficou viúva, Cora pegou carona num Coelho Branco para sair do País das
Maravilhas, supostamente interessada em unir sua filha à alma gêmea prometida
por Tinker Bell, mas, de acordo com as fofocas que ouviu na taverna, Robin Hood
já era casado e um moralista enfadonho. Por isso ela decidiu unir sua filha a
um homem mais interessante – de acordo com seu gosto pessoal. Ela se aproveitou
do fato de que a filha não chegou a ver o rosto do moço no dia em que deu uma
voltinha com a fadinha verde, reproduziu a tatuagem de leão de Robin no braço
do Xerife de Nottingham e o entregou à Regina embrulhado em celofane.
Porém, Regina
percebeu a tramoia, e o despachou para a masmorra do castelo, mas não sem antes
descobrir qual o interesse de sua mãe em desencalhá-la: Cora queria que Regina
tivesse um filho. Supostamente, ela queria que Regina começasse uma dinastia
para evitar que o povo pedisse o impeachment
da Rainha em favor de Branca de Neve, mas Regina suspeitou desde o princípio
que assim que parisse um herdeiro, morreria de uma doença misteriosa, e sua mãe
assumiria o trono até que o neto crescesse. Por isso se adiantou e bebeu uma
poção para garantir que nunca engravidaria, mesmo que sua mãe mandasse o
Príncipe gatíssimo da Suécia para diverti-la.
Graças a essa
decisão desesperada para frustrar os planos da mãe – antes de mandá-la de volta
para o País das Maravilhas, o que por si só deveria ter resolvido o assunto,
sem precisar beber poção nenhuma; bastava apenas caçar todos os coelhos do
reino e lacrar os portais entre os mundos –, Regina precisou adotar o filho da
Salvadora para preencher o vazio em seu coração... E deu no que deu!
Por isso é
compreensível que ela tenha ficado p... da vida ao descobrir que sua irmã mais
velha deu um créu em sua alma gêmea e está esperando um filho dele.
Tá bom... Regina
não ameaçou de fato esquartejar sua irmã traidora por ter brincado de casinha
com o amor de sua vida – embora eu desconfie que vontade não tenha faltado. O
que ela fez foi colocar o bracelete anti-magia na irmã, e levá-la de volta à
Storybrooke direto para suas novas acomodações: uma cela impenetrável no
sanatório local, onde ela receberá visitas regulares do Dr. Frankenstein para
garantir que terá uma gestação linda e saudável, e possa ter uma morte digna
depois de dar à luz a linda criancinha verde atiradora de flechas do reino.
E pelo visto,
descarregar algumas energias verdes com o Robin Hood derreteu o gelo que a
Rainha da Neve colocou no coração da Bruxa Má do Oeste, porque ela voltou para
a área de cobertura da magia, mas nunca mais se transformou em estátua de gelo.
E mais uma vez, a lógica que se exploda!
Regina promete
dar uma poção de esquecimento ao Roland para que não se lembre do falso retorno
da mãe. Afinal, é uma criança inocente no meio dessa zona.
Enfim,
o pessoal retorna a Storybrooke – e eu nem vou comentar o fato de cinco adultos
e uma criança terem se apertado no fusca amarelo da Salvadora nessa viagem –, e
Emma finalmente decide perdoar seus pais. Afinal, eles fizeram só uma pequena
travessura. E daí se todo mundo acredita que eles sejam um poço de virtudes,
cheios de discursos moralistas, e que um belo dia eles tenham, acidentalmente,
separado mamãe dragão de sua cria, e condenado a menina a ter uma vida
horrível, desfrutando das trevas que deveriam ter sido da Salvadora? Ela também
pagou o pato a vida inteira, experimentando diferentes sabores do pão que o
diabo amassou nas ruas da terra do Tio Sam, enquanto sua mãe ensinava o B-A-BA
para criancinhas e seu pai roncava como a Bela Adormecida, sem fazer a menor
ideia de que ela existia... Aparentemente, Emma concluiu que vinte e oito anos
de Maldição, em que sua mãe ficou encalhada aguentando os filhos dos outros na
escola, tendo que arrastar asa até para o Dr. Frankenstein, e Charming ficou lá
babando na cama do hospital foram punição suficiente para o que fizeram.
E
agora Malévola poderá recuperar o tempo perdido com a filha, ensiná-la a bater
as asas e cuspir fogo, como qualquer mamãe dragão normal... Pensando bem,
galera, tem certeza de que foi uma boa ideia trazer outro dragão para dentro da
cidade? E um dragão cheio de trevas indomáveis?
Essa
decisão é um oferecimento de Alfredo: o mordomo mais eficiente da TV, que está sempre
alerta para trazer um rolo de papel higiênico macio e fresquinho, porque isso
vai dar merda!
Afinal,
Lilly deixou bem claro para Emma que quer se vingar dos Charmings. Mas Malévola
prefere não desperdiçar mais tempo com isso; quer apenas seguir em frente e ser
feliz com a filha. Ao que Lilly percebe que sua mãe não é a vilã que ela
pensava, e não entende como Aurora passou tanto tempo desmaiada de medo daquele
dragãozinho de meia tigela, borra botas, que não faz mal a uma mosca que tente
entrar em seu nariz enfumaçado.
E
como já está bem crescidinha, não precisa mais dos conselhos da mãe, e já sabe
que o dragão que a pariu é manso como um cordeirinho, Lilly decide voltar para
sua insignificância, tchau e bênção! Deixando Malévola magoada, porque com o
feitiço de proteção na fronteira, se Lilly sair da cidade não poderá mais
voltar, e ela não pode sair porque a única coisa que a impede de voltar às
cinzas é a magia da cidade.
Daí
ela vai pedir ajuda a quem, para conquistar sua cria? À mulher que a raptou
quando estava no ovo! Afinal, foi ela quem começou a confusão toda, e se Lilly
precisa estraçalhar uma princesa comedora de maçãs para perdoá-la, que assim
seja.
Enquanto
isso, no lustre do castelo... Melhor dizendo, no antiquário do Sr. Gold, Regina
vai buscar o Autor para que lhe esclareça umas coisinhas: a começar por que
diabos ela se ferra tanto, mesmo depois de já ter passado para o lado luminoso
da Força? E aproveita para perguntar sobre aquela página linda e misteriosa que
surgiu na mochila do Robin Hood, em que os dois aparentemente encontravam um
final feliz, e o Autor conta que a página pertencia a outro livro, que ele
ainda não teve oportunidade de escrever por falta de tinta para sua pena. Mas
agora que sabe que é só um detalhezinho insignificante como esse que a separa
de seu final feliz, Regina promete resolver isso mole, mole.
E
como Rumple está agonizando com seu coração negro, ele não pode fazer nada para
impedir que ela leve o Autor e a pena, e fica caído, falando com as costas da nossa
Rainha.
O
probleminha da tinta é que ela precisa ser carregada com a energia maléfica da
Salvadora – e eu vou fazer só mais um comentário a respeito do álcool no
escritório dos roteiristas: Salvadora
+ malvada são palavras que não
combinam entre si. De que maçã envenenada vocês tiraram essa ideia?!
Enfim, Regina vai
lá cutucar a Lilly com vara curta, para irritar as trevas da Salvadora, e poder
usar o sangue dela para carregar a tinta.
Solução mais
óbvia, impossível! Afinal, ninguém disse que o sangue precisava ser da Emma; só
disseram que precisava ser o sangue que possuísse as trevas da Salvadora! Entendeu, Rumple? E você aí, perdendo
tempo, tentando fazer a Emma ficar malvada... De vez em quando eu desconfio que
a Zelena roubou o cérebro do Senhor das Trevas para dar pro Espantalho...
A propósito...
Lembra que eu
disse que ia dar merda? Lembram quem a Malévola foi procurar para amansar sua
cria? Então...
Lilly fica fula
da vida por ter sido fria e gratuitamente agredida pela prefeita, e começa a
soltar fogo pelas ventas. Só que ela é um dragão, então ela faz isso
literalmente! E para cima de quem ela direciona sua fúria?
Enquanto os
Encantados resmungam, Malévola consegue fazer Lilly voltar à forma humana, e a
garota desabafa suas frustrações: porque quando o Aprendiz lhe contou que ela
era filha da Malévola, Lilly imaginou que a mãe era um dragão assustador; em
vez disso, encontrou uma pessoa real, e tão aberta que a apavora, porque todos
que desejaram ter uma relação normal com ela acabaram decepcionados, pois
aquela maldade que colocaram nela a leva a destruir tudo o que toca, mas
Malévola garante que não se importa com um pouco de maldade, e promete ensiná-la
a ser um dragão assustador, se ela decidir ficar na cidade.
Nesse meio tempo,
Regina leva o Autor para visitar Zelena, determinada a riscar sua irmã malvada
da história, mas quando a verdinha começa a xingar Regina de nome feio, nossa
Rainha acaba mudando de ideia.
Uma
megera sem coração, que mais tarde se tornou a Rainha de Copas. E como se
desenha o naipe de Copas, mesmo?
Uma
grande ironia...
Aliás,
se repararem bem, Regina não precisava do Autor para riscar sua irmã do mapa.
Estão lembrados daquela poção de esquecimento que ela deu ao Roland? Era só
duplicar a dose e dar uma pro Robin. Voilà!
Quem é a falsa Marian, mesmo? Mas lembram também daquele uísque? Então...
Mas
o Autor não está tão satisfeito com sua vida quanto Regina, que finalmente
descobriu que sua felicidade está atrelada ao que ela ama, e que Robin, seu
filho adotivo e seus amigos fazem parte disso – Zelena não, e por isso
continuará trancada naquela cela, limitada às visitas do Dr. Frankenstein, e do
pai e a madrasta de sua cria nos dias de ultrassom. Então, usando o poder da
pena para fugir das duas, o Autor desaparece da cela para cumprir a missão para
a qual Rumplestiltskin armou para que o libertassem do livro.
Chegou a hora de
os vilões finalmente vencerem. Mas isso é assunto para o próximo post...
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