Falar
do episódio de Chapolin “A Casa Dada Não Se Contam os Fantasmas” me dá saudade
de uma fita antiga que eu tinha em que o episódio do Chaves “Não Creio Em Fantasmas, Mas Que Existem...”
vinha na sequência dele. De modo que é inevitável falar do outro depois de ter
falado do um.
Sim,
eu sei, todo mundo conhece esse episódio de cor e salteado... Mas não cortem
meu barato. Os seguintes, eu prometo, serão desconhecidos do grande público.
Então,
vamos prosseguir com nosso especial de Halloween, revisitando uma noite em
que Chaves estava se borrando de medo de
um Filme de Terror!
Tudo
começa num dia em que o Seu Madruga aparentemente foi tragado pela terra – ou,
mais provavelmente, foi dar uma voltinha na Disneylândia com o Polegar Vermelho
–, e deixou a Chiquinha sozinha em casa, de castigo, proibida de ver televisão.
Mas como o pai não estava em casa para fiscalizar, e o SBT anunciou um filme de
terror imperdível – acho que era “Uma Múmia Muito Louca” –, a danada ignorou
completamente sua ordem, e convidou o Chaves para uma sessãozinha do Cinema em
Casa.
O
problema é que o Chaves não é lá muito fã de filmes de terror. Mas a Chiquinha
não está nem aí...
Como
naquela vila todo mundo cuida da vida de todo mundo, a Bruxa do 71... Digo,
digo... A Dona Clotilde resolveu aparecer para verificar se a Chiquinha estava
respeitando o castigo, e botar ordem no galinheiro, mandando sua pretendida
enteada ir brincar no pátio com o Chaves. Porque todo mundo sabe que é um
perigo deixar criança sozinha dentro de casa! O melhor é mandar – tecnicamente
– para a rua, sem supervisão, para procurar com quê incomodar a vizinhança...
Pior
que foi, né...
E,
só para dar uma alfinetada: faltou uma pipoquinha aí, hein, Dona Chiquinha! Que
anfitriã meia-boca você é...
Então,
a contragosto, depois de dar uma borrifada de água na cara do Chaves para
desfazer o piripaque, as crianças vão para o pátio, Chiquinha ainda lamentando
não poder ter visto o final do filme – isso é desumano, Dona Bruxa! –, e Chaves
aliviado pelo mesmo motivo. E como faltava o terceiro mosqueteiro da turma, eis
que aparece o Kiko, e Chiquinha aproveita para pedir para ver o final do filme
na casa dele. O detalhe é que ele não tinha sido convidado para a sessão de
cinema na casa dela. Ainda bem que o Kiko não é um menino rancoroso... Só meio
burrinho...
Com
toda a paciência do mundo, Chiquinha explica que estava falando da múmia do
filme que estavam vendo em sua casa, até que chegou a Bruxa do 71 para cortar o
seu barato e puxar sua televisão da tomada. O problema é que o Kiko também
estava de castigo, proibido de ver televisão.
Agora,
porque essa criançada estava de castigo dessa vez? Sabe-se lá! Apesar de esse
pessoal estar sempre envolvido em alguma traquinagem, ninguém explicou qual foi
a arte da vez. Para todos os efeitos, havia uma epidemia de castigos correndo
solta pela vila...
Como
diria minha avozinha: ah, é, Bebé?! Mamar
na vaca você não quer, né...
Aliás,
é bom que fique registrado que é melhor não dar ideia para maluco. Porque, se
com as crianças na escola, o Brasil já está no pé em que está, imagine se
largarem mão... O coitado do Silvio Santos não vai achar mais ninguém que
entenda que não existe plural no slogan da Jequiti...
Felizmente,
a Chiquinha é uma garota esperta – até demais, quando lhe convém –, e conhece a
língua portuguesa e as leis do país o suficiente para saber que se as coisas
não forem explicadinhas nos seus mínimos
detalhes sempre é possível encontrar uma brecha.
Fica
a dica aí para os futuros papais: com a criançada de hoje é importante
especificar! Impor o castigo por escrito, em três vias, assinado, registrado em
cartório e com três testemunhas idôneas! Só por via das dúvidas...
Assim,
aproveitando-se da ingenuidade dos meninos, que estão crentes de que está tudo
dentro dos conformes, e que eles podem ficar com a consciência tranquila,
porque esse é um acordo perfeitamente aceitável, Chiquinha os induz a voltarem
para a casa do Kiko, ligarem a televisão, e prosseguirem com a sessão de cinema.
O problema é que, já que é para desobedecer à mãe do Kiko, Chaves prefere fazer
isso sem ter outro piripaque, sugerindo que eles assistam desenhos. Porém,
Chiquinha bate o pé, e Kiko acaba tendo que pôr ordem no galinheiro, propondo
uma votação. Afinal de contas, estamos numa democracia.
Kikinho...
Tesouro... Essa opção não estava na cédula! E é claro que esse voto complica
ainda mais o impasse! Daí eles se acotovelam, se empurram e disputam os botões
da televisão – não era terrível aquela época em que ainda não existiam
controles remotos? –, até que o Kiko novamente acaba com a discussão,
lembrando-os de que estão em sua casa; portanto, vão ver o programa que ele
quiser e o canal que lhe der na telha. Mas Chiquinha lembra a ele que são
amigos, e que o mais justo seria que tirassem na sorte. Só que ela nunca explicou
para eles que esse sorteio aconteceria no mesmo sistema utilizado pela deputaiada em Brasília...
Porque
sorte, no dicionário da Chiquinha, é sinônimo de picaretagem!
Mas
deu certo: religaram a TV, e voltaram a assistir ao filme. Pelo menos até a
Dona Florinda chegar em casa e acabar com a festa. Kiko até tenta argumentar
que, como a mãe não especificou a data, ele pretende pagar o castigo dali a
vinte anos, mas Dona Florinda, que não é boba nem nada, percebe que alguém andou manipulando seu tolinho
tesouro.
Mas
a Chiquinha também não presta, e trata logo de jogar a culpa no Chaves. Afinal,
tudo sempre sobra pra ele, mesmo...
O
garoto até tenta se defender, mas Dona Florinda não quer nem saber, e vai logo
expulsando os dois de sua casa, para afastar seu filho das más companhias.
Aqui entre nós, Kiko: para mim isso parece mais com um capacete de Fórmula 1, mas tudo bem...
Dona Florinda, com toda a paciência que ela só gasta com o filho, tenta explicar que para ir à lua é necessário ter um foguete abastecido com gasolina aditivada do posto Ipiranga, mas Kiko a interrompe, agora convicto do que quer fazer.
Enquanto isso, lá fora, Chiquinha lamenta não ter conseguido ver o final do filme de terror, e de repente percebe que Chaves está conversando com ela numa posição muito estranha.
Nunca entendi porque cargas d’água para mudar de canal ou mexer no volume da televisão, a Dona Florinda precisava empinar o popozão para “tirar fotografias” da porta... E ainda reclama quando o Chaves abre a porta de uma vez, e a faz beijar o tapete...
A coisa mais simples do mundo! Pegar o caixote, atravessar a porta, e escafeder-se das vistas da velha coroca.
Bem, seria uma coisa simples, se ele não fosse o Chaves... Esse menino sempre dá um jeito de fazer confusão com as tarefas mais elementares...
Primeiro, ele pega o banquinho da Dona Florinda, em vez do caixote, fazendo-a sentar a bunda no chão mais uma vez. Depois, quando pega o caixote certo, tem dificuldade em passar com ele pela porta, sem deixar um dos dois para trás – ele ou o caixote...
Depois de várias tentativas, quando finalmente consegue sair da casa da Dona Florinda com o caixote, Chiquinha decide recompensá-lo contando sobre o filme que viu domingo na televisão, e que por acaso, é do gênero favorito do garoto.
Chaves tenta se esquivar, dizendo que ela já lhe contou, mas ela sabe que é mentira, e que ele está é com medo. Então ela começa a contar que no filme, aparecia um monstro horrível, com uma cabeçona grandona, que cada vez ia ficando mais grande... E bem nesse momento, apareceu o Kiko, com suas bochechonas escondidas dentro do suposto capacete de astronauta, convidando-os para brincar.
E
como não gosta de ter piripaques em vão, Chaves se enfurece ao ser informado de
que o cabeção que lhe assustou era do Kiko, e desce a mão no moleque.
As
horas avançam lentamente, e quando a noite cai, Chiquinha ainda está empenhada
em contar detalhadamente o filme de terror ao Chaves – entre um piripaque e
outro – lá no pátio da vila.
Agora
você vê... O cidadão fica escondido detrás da porta, escutando a conversa dos
outros – no caso a história de terror dos outros –, não aguenta o tranco, e
ainda se acha no direito de aparecer do nada, gritando pela mãe, e assustar um
coitado que não tem nada a ver com o fato de ele ser um curioso e um bundão...
Ok...
Não temos como saber se o Kiko estava mesmo ouvindo a história atrás da porta,
ou se ele é só um medroso bochechudo com medo de assombração; mas o moleque
estava sozinho em casa, proibido de ver televisão, e já tinha guardado o
capacete de astronauta da Fórmula 1 – talvez porque não tenha conseguido
fazê-lo voar até a lua –, o que mais esse fedelho poderia estar fazendo?
Enfim...
Como aparentemente ela é a única babá disponível na vizinhança, a Bruxa do 71
aparece para verificar o que essas crianças estão aprontando, enquanto a
Chiquinha taca mais água na cara do Chaves para desparalisá-lo. Então Kiko
conta que já faz tempo que sua mãe saiu e ainda não voltou, e que ele está com
medo de ficar sozinho.
E
Chaves aproveita a deixa para tentar sair de fininho, mas Chiquinha – garota
mau-caráter – o detém, com a ideia diabólica de dar sustos no Kiko. E como
pimenta nos olhos dos outros é refresco, Chaves fica todo animado com a ideia.
Pega um lençol no varal, e vai se preparando, enquanto Chiquinha vai até sua
casa buscar outro lençol.
Mas
como o medo não escolhe vítima, Dona Florinda escolhe bem esse momento para
voltar para casa; dá de cara com o fantasma de araque no pátio fazendo “Boo”, e
demonstra que só é a valentona do 14 lá com o Seu Madruga, porque quando o
assunto é assombração, o buraco é mais embaixo... E o chão, também!
Mas
a Bruxa do 71, que é macaca velha, e sabe como essas crianças são travessas,
resolve dar uma espiadinha na movimentação do pátio, e descobre o “fantasma do
lençol lavado” tropicando em tudo quanto é coisa, e recolhe sua fantasia quando
ele passa diante da janela. E como o Chaves estava com os olhos fechados, e é
tão tapado quanto o Kiko, não percebe que foi descoberto; entra de mansinho na
casa da Dona Florinda e tenta dar um susto na criatura que está parada diante
dele, só que o feitiço vira imediatamente por cima do feiticeiro...
Desculpem
a piadinha, mas um fantasma de lençol cor-de-rosa... Só pode ser a Penélope
Charmosa, a Barbie, a Sula Miranda ou um torcedor do São Paulo...
Na
verdade ela assusta dois bobões com um fantasma só, porque o Kiko chega em
seguida, trazendo água para acalmar sua mãe ainda desmaiada, e, ao ver a
criatura parada feito bocó no meio da sala coberta com o lençol cor-de-rosa, se
apavora, e foge correndo da casa. Então é claro que a Dona Clotilde vai atrás
dele para explicar que o fantasma era uma bruxa, porque senão a Dona Florinda
não vai pagá-la por tomar conta de seu filho... Espere aí... Dona Florinda não
a contratou; ela foi cuidar do Kiko de intrometida, porque o moleque é um
borra-cuecas que fica ouvindo história de fantasma atrás das portas e não tem
nervos suficientes para aguentar o tranco. E, aparentemente, sua babá também
não. Pelo menos, não aguenta ver a versão The
Walking Dead da Chiquinha...
Só
eu achei aquela máscara de bruxa-zumbi muito parecida com a Chiquinha de
verdade? Ok... Mais velha, mais enrugada, mais desfigurada... Talvez a modelo
tenha sido a Dona Neves...
Bem,
aparentemente nenhum vizinho quis dar abrigo ao Kiko no outro pátio, porque ele
voltou em seguida, e ficou surpreso ao encontrar a Bruxa desmaiada.
Enquanto
isso, Dona Florinda tenta se levantar de seu desmaio, mas ao ver o lençol que a
Bruxa do 71 jogou sobre o Chaves paralisado ao seu lado, confunde-o com um
fantasma, e desmaia de novo.
E
olhe lá...
Em
seguida, Chiquinha também invade a casa da Dona Florinda – já que o
destrambelhado do Kiko largou a porta escancarada para qualquer um entrar –, e
se frustra ao tentar assustar o Chaves paralisado. Mas ele também não se
impressiona ao acordar do piripaque.
É
nisso que dá usar uma máscara de monstro tão parecida com a própria pessoa...
Quanto
ao comentário a respeito do conselho do Professor Girafales sobre não ter medo
de fantasmas, Chaves: olha para o seu rabinho, macaquinho! Tava se pelando,
paralisado de medo até um minuto atrás...
Chiquinha
fica furiosa por ter sua feiura comparada à da máscara, e alfineta Chaves,
porque desta vez ela não conseguiu assustá-lo, mas algumas cenas atrás, quando
estava contando sobre o filme dos mortos que saíam de suas tumbas, ela bem que
sentiu um cheirinho de cueca queimada no ar...
Bem,
Dona Florinda não estava morta, nem saindo de uma tumba, mas ao agarrar o pé do
Chaves, quase provocou um pré-piripaque no garoto. Mas agora que já sabem a
receita para se livrar dela, Chiquinha mostra seu rosto novamente coberto com a
máscara da sua biscavó, e a velha
coroca desmaia outra vez.
Deviam
ter pensado nisso mais cedo, quando queriam assistir o filme na televisão da
casa dela...
Enfim...
No dia seguinte as crianças se reúnem na escada do pátio para rir dos sustos
que pregaram naquela noite.
O
Kiko bem que fica bravo por eles estarem sugerindo que sua mãe é mais
assustadora que a máscara da avó da Chiquinha, mas até ele desmaia ao dar de
cara com a assombração pela segunda vez. Daí o Chaves tem a brilhante ideia de
conferir o que há de tão assustador naquela fotografia, e acaba tendo outro
piripaque. E como a Chiquinha foi a primeira a desmaiar... e agora? Quem poderá
acordá-los com uma borrifada de água?
Bem,
esse foi o nosso Chaves de hoje. E se quiser descobrir quantos fantasmas são
precisos para afugentar os hóspedes de um hotel, não deixe de ver o próximo episódio nesse mesmo blog e nesse mesmo canal! *-*
Assistir Chaves não importa quantas vezes já foi reprisado é sempre hilário, não tem jeito você acaba rindo das mesmas piadas é simplesmente irresistível! adorei essa viajem no tempo.
ResponderExcluirwww.sramaia.blogspot.com
Verdade! É um tipo de comédia que nunca perde a graça e nunca deixa de ser atual.
ExcluirObrigada, Beatriz! *-*
Chaves é atemporal, parece que sempre rimos e nos envolvemos não importa quando assistimos.
ResponderExcluirAbraços
naciadelivros.blogspot.com.br
Concordo 100%, Rafael! Não é à toa que o programa está há tanto tempo no ar sem perder audiência.
ExcluirAbração *-*
Judiacao, com a dona Florinda nesse episódio
ResponderExcluirQuase mataram a dona Florinda
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