Bem-vindos
a mais um episódio do nosso Halloween Animado! Hoje eu tenho o grande prazer de
relembrar uma série que marcou a minha infância, e que, infelizmente, as novas
gerações não fazem a menor ideia do que se trata.
Contos
da Cripta foi produzida em dois formatos: tinha a série live-action (com atores) com histórias de terror bizarras – que,
para falar a verdade, só conheço através da blogosfera e de trechos aleatórios
do Youtube –, e tinha a série em desenho, que eu amava, e da qual vou falar
hoje.
Durante
algum tempo, lá no finalzinho dos anos 1990 e no comecinho dos anos 2000,
Contos da Cripta em desenho animado (Tales
From the Cryptkeeper, no original) foi transmitido pelo canal a cabo Fox
Kids – alguém ainda se lembra da Fox Kids? Para quem não se lembra ou nunca
ouviu falar, permita-me explicar: muitos anos atrás, uma parceria entre a Walt Disney
Company e a 20th Century Fox deu à luz um bloco infantil, que, em 1990 se
tornaria um canal totalmente voltado para o público de 7 a 14 anos: a Fox Kids.
Não sei porque cargas d’água, um belo dia – meados de 2002 – eles decidiram
retirar o canal do ar. No lugar dele, para suprir a baixa de um canal infantil
na grade das operadoras de TV a cabo, a Disney lançou o Jetix – que se tornou o
atual Disney XD, porque a Disney tem essa mania de ficar trocando o nome das
coisas –, que chegou a exibir parte da programação da antiga Fox Kids –
desenhos como Digimon, aquela cópia besta de Pokemon, e Beyblade, por exemplo –,
mas jogou fora a maior parte do que o canal extinto tinha de bom.
O
que é uma pena, porque a Fox Kids tinha muita coisa legal, como: Os Contos da
Cripta; O Fantástico Mundo de Bobby; Carmen Sandiego – sim, a personagem dos
jogos de computador –; uma série chamada Shirley Holmes, sobre uma sobrinha-neta de Sherlock Holmes, que
também soluciona crimes; uma série remake
de A Família Addams, de 1998; Zorro – a série da Disney, de 1957, com Guy Williams
–; e a série Goosebumps, baseada nos livros de R. L. Stine; e, durante um
tempo, o canal chegou, inclusive, a transmitir Os Três Patetas. Ah... Só de
lembrar dá uma saudade...
Pois
bem, depois desta longa explicação a respeito do canal, vamos falar um
pouquinho do desenho.
Contos
da Cripta foi produzido entre 1993 e 1999, e teve três temporadas com treze
episódios cada – houve um hiato entre 1995 e 1998 em que o desenho deixou de
ser produzido. Cada episódio trazia personagens diferentes – embora alguns
tenham aparecido em mais de um episódio –, e uma história de terror diferente
também, todas introduzidas e contadas pelo Guardião da Cripta (Cryptkeeper), um
fantasma magrelo que vivia tentando proteger seu precioso livro de contos de
terror de vilões como o Cavernoso (Vault Keeper) e a Bruxa Velha.
O episódio que escolhi para resenhar hoje se passa no leste Europeu, numa região que ficou conhecida como berço dos vampiros. Preparem seus bilhetes, pois vocês estão prestes a embarcar no Expresso da Transylvania!
O episódio que escolhi para resenhar hoje se passa no leste Europeu, numa região que ficou conhecida como berço dos vampiros. Preparem seus bilhetes, pois vocês estão prestes a embarcar no Expresso da Transylvania!
Nossa aventura começa num cemitério desconhecido, onde o Guardião da Cripta consulta um mapa, e, a julgar pelos trajes, estamos interrompendo suas férias.
Como
o lugar não é lá muito bem sinalizado, ele decide parar num balcão de
informações para se orientar melhor.
Como
podem perceber, essa “charmosa” aparição não agradou muito ao nosso
fantasmagórico amigo. Claro, porque a Bruxa Velha é precisamente uma das assombrações que vive tentando roubar seu livro de contos de
terror e tomar seu lugar como apresentador do desenho. Desta vez, porém, ela está lá para oferecer seus serviços.
Perceberam
que as boas intenções dessa bruxa são aquelas que pavimentam o caminho do
inferno, né?! Bancando a guia turística para o coitado, esperando a primeira
oportunidade para passar os quarenta dedos no livro dele.
Vai
sonhando, Dona Bruxa! Dá licença que essa função já tem dono!
Então
somos conduzidos a uma estação de trem cercada por uma floresta coberta de
neve, onde dois adolescentes estão principiando o que eles esperavam ser férias
radicais. Exceto que eles não estão conseguindo encontrar nada que tenham coragem
de comer naquele lugar, e também não estão se entendendo com a língua local. E
para piorar, descobrem que houve um pequeno equivoco: a agência de viagens que
eles contrataram cometeu um pequeno erro geográfico, e, em vez de uma costa
ensolarada com muito surf na Austrália, mandou-os para uma floresta sombria em
algum lugar da Áustria.
Daí
eles se deparam com uma placa que diz “Transylvania”, e imediatamente deduzem
que isso significa “estação de trem” na língua local.
Aqui
entre nós: de que buraco de tatu saíram esses dois cidadãos, que não sabem que
a Transylvania é o lar do Conde Drácula?
Aqui
entre nós 2: é óbvio que a Transylvania não fica na Áustria, mas no oeste da
Romênia. É possível que, ao ambientar a
estação de trens da história na Áustria, o desenho tenha pretendido fazer alusão
a um fato histórico: durante o Império Austro-Húngaro, instituído em 1867, a
Transylvania era parte integral da Hungria; o território só foi devolvido à Romênia
em 1947. Obviamente o desenho se passa muitos anos depois de a Transylvania ter
sido reintegrada à Romênia, mas pode referenciar que as lendas de vampiros na
região tenham se estendido além de suas fronteiras.
Prosseguindo...
Numa tentativa de encontrar o caminho certo para o seu paraíso de férias, os rapazes decidem
trocar suas passagens do trem que deviam ter tomado ao meio-dia, por outras
duas no Expresso Transylvania da meia-noite.
Porque
é super natural em lugares sombrios e isolados como esses saírem somente dois
trens por dia. Principalmente quando o lugar é cenário de uma história de
terror.
Mas
é melhor não mencionar o Expresso da meia-noite tão perto dos cidadãos locais,
a menos que queira ganhar brindes...
E
afugentar geral.
Aliás,
reparem como, nessas histórias assombradas, é só mencionar o nome das coisas
para as pessoas que sabem do que se trata saírem correndo sem dar explicações
aos pobres ignorantes que estão só de passagem pelo lugar...
Como
se o pessoal dali já não fosse esquisito o suficiente...
Vamos
esmiuçar essa cena. Não sei se os rapazes chamaram os cidadãos de cara de Pinóquio porque eles parecem
bonecos de cera – apesar de o Pinóquio ser um boneco de madeira –, mas não
achei os cidadãos locais tão esquisitos assim... Quer dizer... Tudo bem que o
primeiro sujeito tinha cara de agente funerário; o segundo estava usando trajes
típicos alemães – afinal, a Áustria faz fronteira com a Alemanha, e também
produz uma excelente cerveja –; a velha provavelmente era parente da bruxa do
71; e acho que a coisa mais estranha com relação ao moleque é o fato de ele
estar viajando sozinho, porque, para dizer a verdade, não vi nada errado com o
sanduíche de salsicha que ele estava comendo. Até me abriu o apetite...
Enfim...
Os rapazes vão até o guichê e tentam comprar duas passagens para o trem da
meia-noite. Porém, o bilheteiro – este, sim, um sujeito sinistro, com uma
grande cicatriz de um lado do rosto – diz, primeiro que não há trem da
meia-noite; depois, quando os garotos mostram o panfleto que o contesta, ele
diz que não tem mais lugar no trem.
E
fecha o guichê na cara deles. Mas os garotos, inconformados, bolam um plano
para embarcar no trem, com ou sem bilhetes.
Tudo é uma questão de esperar a hora passar...
Cinco
para meia-noite, Mike decide ir ao banheiro – porque, afinal, terão uma
viagem longa pela frente. E enquanto ele arruma os cabelos diante do espelho,
um homem muito cansado e assustado entra no banheiro e corre para se trancar
num dos boxes.
Enquanto
Mike está monologando sobre a linda noite de lua cheia que caiu sobre aquele
estranho lugar, a porta do boxe onde o sujeito se trancou começa a chacoalhar e
ele começa a ouvir ruídos estranhos lá dentro.
O
detalhe é que, com a confusão do lobisomem, Mike não percebeu o zumbi na
janela, prestes a agarrá-lo.
Falando
nisso, não sei se perceberam a semelhança...
Pois
é... Sinistro!
Ben,
o outro turista perdido, que não fazia a menor ideia da festa dos horrores que
estava acontecendo naquele banheiro, aparece na porta para avisar ao amigo que
o trem já está partindo, e leva o maior susto.
Então
os garotos correm para pegar o trem, e se escondem no vagão de carga, debaixo
de lonas pretas que estavam jogadas sobre os caixotes. Só depois que o trem
parte eles percebem que estão rodeados de caixões.
Assustados,
os garotos saem do vagão de carga, mas, como são clandestinos, precisam
encontrar um lugar para se esconder, antes que o condutor apareça para
conferir seus bilhetes.
De repente uma
persiana começa a chacoalhar com o vento no vagão das poltronas, revelando um morcego
enorme que está voando lá fora, encarando-os com olhos vermelhos, e os
dentes amarelos arreganhados.
Os
garotos saem correndo, e entram num vagão com pequenos compartimentos
cortinados. E bem nesse momento são surpreendidos pelo condutor, que é o
mesmo cara sinistro da bilheteria da estação; porque emprego hoje em dia não
está fácil pra ninguém, e o cidadão tem que trabalhar no que aparecer se quiser
sustentar a família – nem que seja para conduzir um trem mal-assombrado à
meia-noite...
Como
não têm nem bilhete, nem uma moedinha sobrando, e, apesar de estarem borrando
as calças de medo de viajar naquele trem, também não estão a fim de serem
jogados para fora, no meio da floresta sombria e gelada de algum lugar perdido
no meio do nada, os garotos mais uma vez fogem correndo, e se escondem num
banheiro. E de novo, sem perceber que ele já estava ocupado por outra criatura
folclórica: desta vez, um vampiro aparentemente com falta de ar, a julgar pela
respiração pesada. E eu nem sabia que vampiros ficavam cansados...
Aí,
adivinha? Eles fogem correndo de novo. E, na saída, acabam atropelando o condutor,
que estava indo verificar aquela super lotação do banheiro. Sem se deter, os rapazes pulam por cima dele, voltam para o vagão com as cortinas, e começam a se perguntar se conseguiram escapar do vampiro.
Aquele
seriado de terror da TV, que, por acaso, originou o desenho de vocês. Ou
vice-versa. Tanto faz, a ordem os fatores não altera o produto, já dizia a
matemática...
Os
garotos até cogitam se apresentar ao condutor, para pedir arrego, mas vai que o
cara também tenha presas afiadas...? Pular também não é uma opção, porque os
peludos lá da estação provavelmente têm muitos amigos escondidos na floresta. E
como é mais fácil fugir de um sugador de sangue dentro do trem, do que de toda
a turma do The Walking Dead mais o pessoal de The Vampire Diaries lá fora,
decidem permanecer a bordo, e Ben sugere que procurem outro lugar para se
esconder, já que o condutor viu a direção que tomaram, e provavelmente não
vai demorar a procurá-los ali. Porém, Mike discorda, com medo demais para sair
de dentro do compartimento vedado com a cortina. E enquanto eles discutem,
alguma coisa com olhos vermelhos escondida na escuridão começa a se irritar com
a indecisão dos rapazes. Até que eles decidem tirar a sorte para resolver se
vão ou se ficam...
Haja
disposição para esses dois adolescentes correrem dentro desse trem! Se demorar
demais para chegarem à Transylvania, eles vão sair dali mais magros que o Guardião
da Cripta!
O
vampiro fica vagando por entre as poltronas, procurando os rapazes, e eles
aproveitam uma pequena distração do monstrengo para fugir para o vagão
seguinte, onde dão de cara com os quatro passageiros esquisitos que conheceram
na estação de trem: o Pinóquio, o agente funerário, a velha medonha e o moleque
do interminável cachorro-quente gigante.
Então
eles correm e se escondem nos beliches de uma cabine dormitório. Percebam o
labirinto que era o interior desse trem!
De
repente são surpreendidos pelo condutor, e acabam tendo que fugir outra vez.
Mas não vão muito longe, porque são cercados pelo morcego gigante. Daí começa
outro corre-corre para tentar escapar do bicho, até que conseguem trancá-lo no
banheiro, mas o vampiro dá um socão na porta, e consegue estourar um pedaço.
Então eles se escondem novamente, mas têm a infelicidade de escolher justamente
o vagão de carga onde estão os caixões; e depois de empurrar toda a tralha numa
barricada para bloquear a porta, eles descobrem que o vampiro cagão não era o único morto-vivo a bordo.
Ponha
na cápsula do tempo = Agora não! Depois a gente conversa...
No
desespero, os rapazes começam a arremessar as tralhas em cima dos vampiros, até
conseguirem desbloquear a porta. A bagunça até consegue atrasá-los um pouquinho
para os garotos escaparem. O problema é que agora eles estão
trancados do lado de fora do trem ainda em movimento. E não bastasse o frio do
caramba que devia estar fazendo, eles ainda não estão a salvo dos monstros. Daí, na falta de um plano melhor, eles acionam uma alavanca para separar os
vagões. Só que os idiotas não se deram conta de que ainda estavam na rabeira
justamente do vagão dos vampiros!
Não
diga...?
A
propósito, impressão minha ou esses vampiros parecem uma banda de rock dos anos
70? Só que bem menos bizarros que o Kiss, convenhamos.
Enfim... Sorte dos rapazes que o trilho começou a se inclinar numa descida, e os vagões voltaram a se conectar. Daí eles puderam pular para o vagão seguinte, deixando os vampiros para trás. E bem nesse momento, o trem entra num túnel escuro – porque a situação sempre pode piorar...
Como
se não bastassem os últimos contatos monstruosos do terceiro grau, agora as
poltronas começam a ganhar mãos e tentar agarrá-los. Parece um pesadelo!
Eles
conseguem se desvencilhar do agarramento, mas o vampiro aparece novamente numa
das entradas do vagão, e se transforma de novo no morcego gigante. E depois de
muita luta para conseguir abrir a porta do lado oposto do vagão, os garotos
conseguem atravessá-la e batê-la no momento exato em que o bicho os alcançava.
E como estava sem freio, é bem possível que o morcegão tenha quebrado alguns
dentes ao tacar a fuça na porta. O problema é que os mortos-vivos são fortes,
se recuperam depressa, e podem facilmente amassar uma porta de metal como se
fosse a tampa de uma lata de sardinha.
Como
não têm nenhuma estaca de madeira à mão para enfiar nas criaturas – porque
aparentemente eles esqueceram os suvenires que ganharam da mulher da
barraquinha de salsichas na estação –, eles decidem que só há uma coisa a fazer:
pular do trem!
Abrem
uma porta lateral, e usam suas pranchas de surf para deslizar na neve. Mas, como
nos pesadelos as coisas insistem em arrastar as pessoas de volta ao centro do
horror, a descida no despenhadeiro acaba conduzindo-os de volta aos trilhos e
arremessando-os dentro do trem; e eles aterrissam bem em cima da vampirada.
Afinal,
aquele povo é estranho, mas não tanto quanto os monstros. Além do mais, eles
são lá do pedaço; devem estar acostumados a lidar com aquelas criaturas. Então
eles correm de volta para o vagão de passageiros e avisam sobre a presença de
vampiros no trem. E é bem nesse momento que eles se dão conta de que todos a
bordo daquele trem são mortos-vivos e estão prontos para beber todo o seu sangue...
Mentira!
O que acontece na verdade é o seguinte:
Pois
é... Os quatro passageiros sinistros do Expresso Transylvania da meia-noite são
parceiros de trabalho da Buffy, a Caça-Vampiros! Se tivessem contado o que
estava acontecendo mais cedo, esses moleques não teriam passado por metade dos
perrengues que passaram.
Por
isso que eu digo: nunca julgue um cidadão por sua aparência sinistra. É bem
possível que sejam todos gente boa.
Então
é aberta a temporada de caça aos vampiros! E vocês não acreditariam na animação
desse pessoal por finalmente terem em quem enterrar aquelas estacas...
Agora
que tudo foi resolvido, o condutor explica aos garotos que tentou avisá-los a
noite inteira sobre essa carga maldita que estavam transportando, e que eles
têm muita sorte de terem conseguido sair vivos dessa.
Então
os garotos percebem quanto foram ridículos, por terem ficado com medo daquelas
pessoas, apenas por serem um pouco diferentes.
Dali
até chegarem ao destino final do trem, os garotos acabam se enturmando e se
divertindo com os passageiros do Expresso da Transylvania.
E a pergunta que não quer calar, fica mesmo no ar: onde foi que eles enfiaram o alho e as estacas que a mulher do
carrinho de comida da estação de trem deu pra eles antes de embarcarem?
Melhor
deixar isso pra lá...
Enfim...
Somos levados de volta à colônia de férias fantasmagórica onde o Guardião da
Cripta continua voando na vassoura desgovernada da Bruxa Velha, até aterrissar
– ou ser arremessado – dentro de um mausoléu. O soldado no caixão – que parece
o Dom Quixote, a julgar pela barbicha – acorda assustado com aquele visitante
inesperado que invadiu sua morada, sem tocar a campainha.
E
assim termina o nosso episódio especial de Halloween de hoje.
Na
próxima postagem, vamos conhecer um serviço de babás monstruoso...
Até
lá! *-*
Oi, gostei do blog e adorei o layout!
ResponderExcluirEstou te seguindo
www.sramaia.blogspot.com
Obrigada Beatriz! Seja sempre bem-vinda. *-*
ExcluirTambém estou seguindo seu blog.
Beijos