“Eu uso a máscara
preta para esconder a minha identidade. Eu me cubro com a capa preta para me proteger do inimigo.
E
eu agarro minha espada para fazer justiça”.
Talvez estas
palavras não sejam tão conhecidas, já que aparentemente só foram mencionadas
desta forma em uma das adaptações da história, mas quem leu atentamente deve
ter ligado o nome à pessoa: este é, nada mais, nada menos, que o juramento de
Zorro.
A história do
herói mascarado da Califórnia todo mundo conhece: o fidalgo Don Diego de La
Vega, fazendeiro letrado e pacífico, que secretamente luta pela justiça
escondido atrás de uma máscara, deixando nas paredes, nas roupas e até na pele
de seus inimigos sua famosa marca riscada com a ponta da espada: a letra Z!
O nome Zorro, em
espanhol, significa raposa, ou em sentido figurado, homem astuto!
O personagem da
ficção como nós conhecemos foi criado em 1919, pelo escritor norte-americano
Johnston McCulley, porém, em seu conto original não existe a famosa marca “Z”.
Zorro já foi tema
de diversas produções, desde séries de TV a filmes, sempre protagonizadas por
belos atores:
- Douglas
Fairbanks, no filme A Marca do Zorro,
de 1920;
- Guy Williams,
na série de TV Zorro, produzida pela
Walt Disney entre 1957 e 1959;
- Antônio
Banderas nos dois filmes mais recentes e conhecidos A Máscara do Zorro, de 1998 e A
Lenda do Zorro, de 2005.
Para só mencionar
os mais conhecidos...
Mas de todas as
versões, a que eu mais gostei foi a novela colombiana produzida pela Telemundo
“Zorro – A Espada e a Rosa”. Admito
que novelas geralmente me atraem bem pouco, principalmente novelas latinas
(quem assistiu uma já assistiu todas, porque muda o nome da protagonista –
quando muda! –, mas a história é basicamente a mesma!), mas esta eu não me
atrevi a perder um capítulo sequer quando foi exibida pela Record.
Nem sei porque
lembrei dessa novela agora; ando meio obcecada com aventuras de capa e espada
ultimamente, mas vamos a ela!
A trama foi
vagamente baseada no romance de Isabel Allende “Zorro, O Começo da Lenda”, todavia muita coisa foi alterada, então
é admissível dizer que uma nova lenda foi criada.
Não dá para
resumir a novela inteira, mas vamos apresentar alguns personagens e contar um
pouco desta aventura:
Don Diego de La
Vega, um homem culto e pacífico começa sua missão em Nossa Senhora de Los
Angeles, Califórnia (na época pertencente ao México), protegendo os fracos e
injustiçados dos desmandos do Comandante de Guarda Ricardo Montero D’Ávila.
Para isso, protegido por uma Confraria liderada pelo Padre Tomás Villarte, ele
assume a identidade de Zorro, o herói mascarado.
Além de herói,
Diego é uma espécie de Don Juan, conquistando todas as mulheres que deseja...
Até conhecer Esmeralda.
A mocinha acabou
de chegar em Los Angeles com sua família, depois de ter sido forçada pelo pai a
casar com um homem velho e rico na Espanha, que morreu no altar logo após a
cerimônia, fazendo de Esmeralda uma viúva rica. Todavia, por não ter marido,
ela permanece submetida aos desmandos de seu pai, o Governador da Califórnia,
Fernando Sánchez de Moncada, um homem aparentemente cruel e impiedoso, que
pouco tempo depois de chegar a Los Angeles, louco para passar Esmeralda
adiante, decide casá-la com o Comandante Montero.
Mas a mocinha, em
sua primeira noite na cidade, se vê literalmente enroscada com o nosso herói
mascarado – na verdade, são os medalhões de ambos que se enroscam –, e ali
nasce uma grande paixão.
À margem do amor
que está nascendo, como não poderia deixar de ser, afinal, estamos falando de
uma novela tradicionalmente mexicana, há também uma mulher invejosa: a
meia-irmã de Esmeralda, Mariángel, que fica obcecada por Diego assim que
descobre que Esmeralda o ama.
Na verdade,
Mariángel nunca gostou de Diego. Desde o princípio, o homem que lhe interessou
foi o Comandante Montero, porém seu único objetivo de vida era fazer Esmeralda
sofrer, pois em algum lugar do passado, o noivo de Mariángel, Santiago
Michelena quis trocá-la pela irmã. O tal rapaz supostamente está morto, mas a
vilã nunca conseguiu perdoar Esmeralda, pois acredita que ela seduziu Santiago.
Mariángel e
Montero se tornam amantes imediatamente, e unem forças para separar os
mocinhos.
Por trás de todo
este dramalhão, existe um grande segredo envolvendo a mocinha Esmeralda: a mãe
que ela acreditava ter morrido no parto está numa cela embaixo da prisão de Los
Angeles, encerrada detrás de uma máscara de ferro. Fernando mandou prendê-la
quando descobriu que Esmeralda não era sua filha, mas de um cigano do
acampamento onde a esposa se escondera durante muitos anos.
Mas a história da
mulher da máscara de ferro vai muito além do adultério. Conhecida como Sara
Kalí, rainha dos ciganos, a mulher na verdade se chama Mercedes Mayorca de
Aragón, e é a legítima Rainha da Espanha. Por causa de um golpe de Estado, a
mãe fugiu com ela para não serem mortas, e se esconderam num acampamento
cigano. Mais tarde, Mercedes se casou com Fernando para tentar recuperar o
trono, mas seu plano falhou, e Fernando a colocou na máscara para evitar que
reconhecessem sua semelhança com a família real, pensando em conseguir dinheiro
da coroa em troca de seu paradeiro.
Os ciganos estão
tentando resgatá-la, e quando ela finalmente consegue fugir, sua filha
Esmeralda acaba sendo capturada pelos soldados, e forçada a usar a máscara de
ferro de sua mãe.
A esta altura, a
mocinha está grávida de Diego, mas separada dele, pois sua irmã Mariángel o
acusou de tê-la desonrado, forçando-o a casar com ela. Mariángel também espera
um filho, que ela alega ser de Diego, mas na verdade é de Montero.
Nos meses em que
Esmeralda fica presa, sua família acredita que está morta. Os dois bebês nascem
na mesma noite, e Montero manda o Capitão Pizarro, seu braço direito, matar o
filho de Esmeralda, mas ele não tem coragem, e o deixa no cemitério para que
alguém o encontre.
Naquela mesma
noite, Mariángel dá a luz, mas seu filho nasce morto, porque Olmos, o contador
corcunda de seu pai, que nutre uma paixão doentia por ela, não aguentou esperar
que ela parisse para lhe dar a poção do amor que comprou da bruxa Selênia.
Isso antecipou o
parto e matou a criança, mas por um golpe de sorte, ao tentar se livrar do bebê
morto, ele encontra o filho de Esmeralda, e o dá à Mariángel em lugar do seu.
Poucos dias
depois, Montero ordena à Pizarro que mate Esmeralda, mas o Sargento García
tenta impedi-lo, e acaba sendo vendido com ela para comerciantes de escravos
trazidos por Olmos. O navio negreiro para onde são levados é atingido por um
raio e naufraga, mas Esmeralda e García sobrevivem, e ela descobre o
significado do medalhão que herdara de sua mãe, e que foi perdido no naufrágio,
mas ficou queimado em sua mão: ele é o mapa para um tesouro deixado por sua
avó.
Depois de
encontrar o tesouro, Esmeralda compra um título de nobreza e consegue um
convite para o baile de máscaras oferecido pela Rainha da Espanha, Dona Maria
Luíza, onde Mercedes se apresenta diante da soberana, que a reconhece como a
legítima detentora do trono.
Resta à
Esmeralda, após reencontrar Diego, procurar seu filho. Ela agora é uma lutadora
forte e destemida, que sabe manejar o arco e a espada, graças ao treinamento
que recebeu das amazonas na floresta, enquanto esteve escondida, e se apresenta
com o rosto coberto por um lenço como “A Rosa”.
Numa aliança com
o Zorro, “a Espada e a Rosa” vão em busca de Montero e Mariángel, que raptaram
a Rainha Maria Luiza, e também estão de posse de seu bebê.
Quem acaba
salvando a criança é Santiago, o ex-noivo de Mariángel que retornou dos mortos
recentemente, cheio de dívidas, e se revelou velho amigo de Diego, embora com
um caráter seriamente duvidoso.
Depois que Olmos
revela a verdade sobre a origem da criança, Mariángel o coloca numa carroça
desembestada, e o bebê acaba sendo resgatado por Santiago, que, por um feliz
acaso, vinha fugindo de seus credores bem nessa hora.
O destino dos
vilões acaba sendo decidido na selva: depois de muita luta contra Zorro,
Montero é devorado por piranhas e Mariángel se torna refém de canibais.
A Rainha oferece
devolver o trono a Sara Kalí, mas ela sabe que se for assim haverá uma revolta
na Espanha, e admite que Maria Luiza é uma rainha justa, decidindo que está
satisfeita tendo sua família de volta.
Assim, as
histórias vão se acertando: Diego e Esmeralda finalmente sobem ao altar, embora
tenham seu casamento interrompido pela aparição do que restou de Mariángel –
depois de ter sido disputada a mordidas pelos canibais – que tenta matar os
mocinhos, e acaba assassinando o Governador, seu próprio pai – que a esta
altura, tentava se redimir de suas maldades abraçando o legado de São Francisco
de Assis, dedicando-se aos pobres, e tentando reconciliar-se com o grande amor
de seu passado, uma freira. Em seguida, a vilã também encontra sua morte pelas
mãos do seu eterno apaixonado, e agora revoltado e ainda mais deformado, Olmos,
que, depois de ter sido acusado de violentá-la – porque ele não sabia que o
feitiço de amor que jogara nela se quebraria no momento em que consumassem sua
relação –, e de quase ser queimado vivo, transformou em ódio aquela paixão
doentia que sempre o fez bancar o cachorrinho de Mariángel. Os dois acabam
matando um ao outro nos degraus da igreja, como uma espécie de Romeu e Julieta
bizarro e do mal.
Um novo Zorro
passa a ser treinado anos depois: Alejandro, o filho de Diego e Esmeralda; e a
história termina com o rapaz fazendo o juramento que seu pai fizera no passado
e cavalgando em seu novo cavalo.
Nas entrelinhas
da história há outros personagens interessantes, mas apresentá-los no resumo
geral ficaria muito exaustivo:
Alejandro de La
Veja: o fidalgo pai de Diego, que está dividido entre seu amor por Almudena,
tia de Esmeralda, e a paixão por Yumalay, uma índia que é idêntica à sua
falecida esposa Regina, mãe de Diego, uma índia da mesma tribo.
Maria Pía: irmã
de Alejandro, que foi noiva de Fernando Sánchez de Moncada, pai de Mariángel,
mas rompeu com ele, e se fechou num convento depois de descobrir que ele matara
Regina.
Renzo, o Cigano:
que nutre um amor platônico por Esmeralda.
O divertido casal
Catalina e Tobias Del Valle y Campos: ela, filha do juiz Quintana, foi amante
de Diego antes da chegada de Esmeralda, e depois, já casada com Tobias, foi
amante do Capitão Pizarro a novela inteira, consagrando-se como a “periguete”
da Nossa Senhora de Los Angeles do século XIX; e ele, um homem excêntrico, com
uma estranha obsessão por fantasias, especialmente a de Zorro. Durante o baile
da Rainha ele chegou a se vestir de mulher para seduzir Pizarro a um duelo pela
honra de Catalina.
E é claro que não
podemos esquecer de mencionar o Bernardo, irmão de leite de Diego de La Vega e
seu fiel criado mudo: o único fora da Confraria a conhecer o segredo do Zorro.
A produção merece
algumas estrelas também pelo figurino deslumbrante dos personagens, e pela
estética em geral. Sem falar no excelente jogo de câmeras que fazia lembrar as
produções hollywoodianas e as grandes séries americanas; muito diferente do que
se costuma ver nas outras novelas latinas.
CURIOSIDADE:
O herói da ficção
foi inspirado numa pessoa real, mas diferentemente do que se espera, ele não
era nem espanhol, nem mexicano. O Zorro verdadeiro era um irlandês de pele
clara e cabelo ruivo, que viveu entre 1615 e 1659, chamado William Lamport.
Esse rapaz teve
uma vida bastante agitada: nascido depois da guerra entre Inglaterra e Irlanda,
esta última apoiada pela coroa espanhola para impedir a conversão dos católicos
em protestantes, William, aos 13 anos de idade foi preso por traição à coroa
britânica, quando escreveu um panfleto em latim rebelando-se contra os mandos e
desmandos do governo inglês sobre os irlandeses. A partir daí sua vida passou a
ser uma eterna instabilidade.
Após fugir da
prisão, viveu dois anos com os piratas, lutou numa guerra religiosa pela
França, percorreu a Europa, e decidiu fincar raízes na Espanha em 1640, mudando
seu nome para Guillén Lombardo.
Assim como o
herói da ficção, Lombardo dominava a espada com a mesma habilidade com que
arrebatava corações, e depois de envolver-se com uma jovem nobre da corte
espanhola chamada Ana de Leiva, ele foi exilado na Nova Espanha, atual México,
onde deveria espionar as tribos indígenas em favor dos espanhóis. Todavia, seu
espírito revolucionário, que o levaria a ficar conhecido como líder de um
embrionário movimento pela independência do México, acabou por ser sua ruína.
Aos 35 anos,
depois de ter sido preso por oito anos, entre outras acusações, por feitiçaria,
e de protagonizar uma fuga fantástica no Natal de 1650, ele se tornou El Zorro, e como um fantasma da noite,
vagava pelas cidades fazendo justiça com as próprias mãos.
Foi preso
novamente em 1652, ao ser surpreendido num caso amoroso com a mulher do
vice-rei Don López Díaz de Armendáriz, e executado sete anos depois. Zorro foi
pendurado sobre a fogueira, mas agarrou as cordas que o penduravam e se
enforcou, zombando mais uma vez de seus inimigos.
Ainda existe na
Columna de la Independência, na Cidade do México, um busto em memória do herói
irlandês, que ficou conhecido como o precursor da batalha pela proclamação da
independência.
Despeço-me agora
ao estilo de Diego de La Vega, deixando a marca do Zorro.
nossa amei sua postagem. Estou acompanhando a novela e achei o máximo a forma que escreveu. Parabens
ResponderExcluirObrigada Jú!
ResponderExcluirEssa foi a novela mexicana que eu mais gostei até hoje.
Fico feliz que tenha gostado do post. :-)
Adorei parabéns..
ResponderExcluirMuito obrigada!
ExcluirVocê escreve muito bem, obrigada por resumir um pouco da novela para mim, agradeço! Também estou acompanhando a novela pelo youtube. Abraços
ResponderExcluirMuito obrigada! Fico muito feliz que tenha gostado! Abraços.
ExcluirAmo de paixão Essa novela voltar por favor
ResponderExcluirVolta mais rápido
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