Ok. O título foi um trocadilho proposital. Não vou falar de
comida (óbvio!), mas de um gênero de comédia que nasceu nos primórdios da era
cinematográfica e que faz sucesso até hoje – embora não haja atualmente um
único nome que possa ser comparado aos pioneiros do gênero. (Sorry! Vou pegar
emprestadas as palavras de Cazuza: meus heróis estão mortos).
A comédia pastelão era caracterizada por movimentos
exagerados e farsa física, geralmente marcada por chutes, tapas e tombos.
Apesar de o termo ser usado pejorativamente, a interpretação
da comédia pastelão é uma das mais difíceis para o ator, pois exige um
sincronismo e cálculo de execução delicados para que os golpes e tombos não
pareçam falsos.
Vamos citar alguns mestres desse gênero:
CHARLIE CHAPLIN
SAUDEM MR. CHAPLIN
Sem dúvida o maior de todos na história do cinema, cuja
menção dispensa gênero, época, ou mesmo função específica, já que ele era ator,
produtor, diretor, roteirista, músico, dançarino, e eu vou parar por aqui para
não humilhar os “pseudo-gênios” atuais.
Sua carreira artística durou mais de 75 anos, considerando
suas atuações no teatro britânico quando ainda era criança. No cinema, Chaplin fez
81 filmes entre 1914 e 1967, entre curtas e longa-metragens, tendo sido o
último diretor a aderir ao cinema falado, com “O Grande Ditador”, em 1940 – os
filmes falados existiam desde 1927.
Chaplin caracterizado
como Adenoid Hynkel, ditador da “Tomânia”, personagem criado para satirizar
Adolf Hitler; um trabalho audacioso feito durante o período em que a Alemanha
estava sob o poder dos nazistas e do governo do ditador.
Seus primeiros trabalhos em 1914 consistiam em extrema
comédia pastelão, e foi exatamente neste período que nasceu o personagem que o
imortalizou: o Vagabundo Carlitos, um andarilho pobretão que possui todas as
maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro, usa um fraque preto
esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um
chapéu-coco ou cartola, bengala de bambu e um pequeno bigode-de-broxa.
As comédias de Chaplin serviram como inspiração para muitos
comediantes posteriores, e são até hoje referências do gênero, embora sua
carreira seja igualmente notável pelos filmes sentimentalistas e musicais, não
necessariamente de comédia.
OS “Seis” PATETAS (Oi?)
Claro que estamos falando da – talvez mais tradicional de
todas as comédias pastelão – série de filmes curta-metragens “Os Três
Patetas”, mas como todo mundo já deve ter notado, o terceiro Pateta foi trocado
diversas vezes ao longo dos quase cinquenta anos da parceria.
O trio mais biruta da
tela com seus seis componentes
A princípio, o grupo se apresentava com Ted Healy num show
vaudeville (um gênero teatral muito famoso até o início dos anos 1930, também
conhecido como teatro de variedades, pois num único espetáculo apresentavam-se
diversos quadros de diferentes funções artísticas sem qualquer ligação entre
si) intitulado “Ted Healy e os Patetas”. Nesta época o trio era composto pelos
irmãos Harry Moses Howard (Moe), Samuel Howard (Shemp) e pelo comediante e
violinista Larry Fine (Larry).
O trio original com Ted
Healy
Houve um desentendimento entre o trio de Patetas e Ted Healy
quando a Fox ofereceu um contrato em que Healy não estava incluído, e como não
conseguiram se livrar dele, Shemp decidiu seguir carreira solo.
Moe sugeriu seu irmão mais novo Jerome Howard como substituto
de Shemp, mas Healy achou que ele não era engraçado, porque tinha cabelos
longos e bigode. Jerome saiu da sala e voltou minutos depois com a cabeça
raspada. Neste momento nasceu “Curly”, o mais famoso e hilário personagem da
trupe. Uma grande ironia...
O trio mais famoso: Moe,
Larry e Curly
O trio finalmente deixou Healy para trás em 1934, quando
assinaram contrato com a Columbia Pictures.
Em 1946 Curly sofreu um derrame cerebral, provavelmente
consequência do alcoolismo e da obesidade, e isso exigiu uma alteração
temporária no trio, que trouxe Shemp de volta ao grupo. Curly ainda fez uma
pequena aparição no curta “Segurem o Leão!” em 1947, o terceiro depois do
retorno de Shemp, tornando-o um clássico: o único filme que continha todos os
quatro Patetas originais.
De volta à formação
original e a última realmente brilhante
Curly morreu em 1952, e a substituição temporária de Shemp
acabou se tornando permanente. Até sua morte em 1955, vítima de um ataque
cardíaco aos 60 anos de idade.
O posto de terceiro Pateta foi dado a Joe Besser, o Joe, em
1956, mas ele só apareceu em 16 filmes.
A formação de 1956:
Moe, Larry e Joe; época em que “Os Três Patetas” foram considerados meras
sombras do que já haviam sido.
Com o surgimento da televisão, o formato dos curta-metragens
se tornou obsoleto, e o trio foi dispensado em 1957. Todavia, com a exibição
dos filmes dos Patetas na televisão, uma nova legião de fãs deu oportunidade
aos atores para retomar suas carreiras.
Joe Besser deixou o grupo para cuidar de sua esposa, que
havia sofrido um pequeno ataque cardíaco, e Joe DeRita foi escalado em seu
lugar. Como era muito parecido com Curly, seu personagem foi chamado de “Curly
Joe”.
A última formação de “Os
Três Patetas”
Este último trio filmou nove longa-metragens entre 1959 e
1965 e uma curta série de TV que era parte ao vivo e parte em desenho animado.
O desenho dos Patetas
jamais chegou aos pés da série original
Ao todo, “Os Três Patetas” possui um acervo de mais de 200
filmes, entre curtas e longa-metragens desde a remota parceria com Ted Healy
em 1922, que os consolidou como a possivelmente mais sólida referência do
gênero de comédia pastelão.
No Brasil, a série de filmes curtos de “Os Três Patetas” já
foi exibida em praticamente todas as emissoras de TV aberta, além de alguns
canais a cabo, como a extinta Fox Kids e mais recentemente o TCM.
ABBOTT & COSTELLO
Famosos pelo bordão “Quem está na primeira base?” (referência
ao beisebol) para alavancar as piadas, Bud Abbott e Lou Costello formaram uma
dupla de sucesso entre 1935 e 1956, e é uma grande ironia o nome de Abbott vir
primeiro nos títulos, já que era Costello quem dizia as piadas; Abbott era
responsável por dar as deixas – posição vulgarmente conhecida como “escada”.
A parceria se deu em todos os veículos: rádio, teatro,
televisão e cinema. Fizeram mais de 30 filmes juntos, tendo contracenado
inclusive com os famosos Monstros da Universal, como Frankenstein (interpretado
pelo inesquecível Bóris Karloff), o Homem Invisível, Dr. Jekyll e Mr. Hyde. Na
televisão o maior destaque fica com a série “The Abbott e Costello Show”, exibida
no Brasil nos anos 1970 pela TV Tupi.
LAUREL & HARDY “O
Gordo e o Magro”
O inglês Arthur Stanley Jefferson, mais conhecido como Stan
Laurel, e o americano Oliver Hardy, formaram a dupla mais conhecida de todos os
tempos: “O Gordo e O Magro”, imitada inúmeras vezes por outros artistas –
sobretudo nos esquetes do Programa Chespirito,
sempre interpretados por Bolaños e Edgar Vivar.
Laurel e Hardy apareceram juntos em cerca de 106 filmes,
entre curtas sonoros e mudos, e longa-metragens, entre 1921 e 1951.
Amigos de verdade fora das telas, Laurel nunca se recuperou
após a morte de Hardy, em 1957, encerrando a própria carreira de ator depois
disso, e dedicando-se somente a escrever comédias.
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