Repetindo a iniciativa
tomada com Sai de Baixo, o Canal Viva decidiu produzir novos episódios de outro
grande sucesso do humor brasileiro: A Escolinha do Professor Raimundo. Mas,
diferentemente do sitcom protagonizado por Miguel Falabella, Marisa Orth, Luis
Gustavo, Aracy Balabanian e Márcia Cabrita, que repetiram seus personagens nos
quatro episódios produzidos em 2013 para homenagear o grande sucesso dos
domingos à noite da Rede Globo, onze anos depois do último episódio ter sido
exibido, com a Escolinha, não seria possível repetir o mesmo elenco. Como a maioria
já nos deixou, incluindo Chico Anysio, o eterno Professor Raimundo, o canal
Viva convidou um novo time de humoristas para interpretar os queridos e
saudosos personagens desse grande sucesso.
Vamos conhecer os
novos alunos da escola mais maluca da TV?
Professor Raimundo Nonato
Interpretar um
personagem imortalizado por Chico Anysio não é tarefa fácil, nem mesmo para um
dos filhos do mestre. O ator Bruno Mazzeo encarou a responsabilidade de dar
vida ao professor criado por seu pai, sem a pretensão de imitá-lo. A
caracterização pode ter deixado um pouco a desejar, mas a interpretação... Com
o perdão do trivial: tal pai, tal filho!
Seu Boneco
O aluno esfomeado, que
ostenta uma solitária monstruosa na barriga e usa uma meia na cabeça agora
abriu seu próprio negócio, um Food Truque (o primo pobre do Food Truck). E ganhou também um novo
intérprete bem Cara de Pau: além de a caracterização ter deixado
Marcius Melhem muito parecido com Lug de Paula (outro dos filhos de Chico
Anysio), o Seu Boneco original, o ator de Os
Caras de Pau foi perfeito em sua imitação. Ele pode nunca saber que horas é a merenda, mas sua interpretação
foi digna de um dez.
Armando Voltas
Evandro Mesquita foi
outro ator escolhido à perfeição para interpretar o aluno embromão, que nunca
admite não saber a resposta, mas sempre traz um presentinho para o seu digníssimo Professor Raimundo, para
garantir uma ajudinha com a pergunta, e também sua nota dez. E o que dizer
dessa nova versão do personagem, interpretado originalmente por David Pinheiro?
Pedro Pedreira
O chato interpretado
pelo saudosíssimo Francisco Milani, que adorava questionar as controvérsias nas perguntas do Professor
Raimundo, pedindo provas de fatos históricos antigos, baseado em situações e
conflitos atuais, ganhou uma interpretação primorosa nas mãos do ator Marco
Ricca. Mas há controvérsias! Afinal,
alguém viu a folha de presença do ator, afirmando que ele estava mesmo na aula?
Comentário do Professor Raimundo afirmando que o ator não foi coerente em sua
interpretação do Milani? Tem?! Reclamação do próprio intérprete original
[Francisco Milani] queixando-se de não ter sido bem interpretado? Tem?! Não! Não
tem!
Rolando Lero
Um dos alunos mais bajuladores
do Professor Raimundo, que também fica dando voltas e mais voltas ao redor de
uma pergunta, e tecendo uma enciclopédia de elogios ao amado mestre, até que ele decida ajudá-lo com a resposta, mas,
apesar disso, acaba sempre interpretando errado a dica do professor. Interpretado originalmente pelo saudosíssimo Rogério
Cardoso (o Seu Floriano, da Grande
Família), o personagem ganhou agora o rosto de Marcelo Adnet, outra escolha
acertada do elenco.
Galeão Cumbica
Kiko Mascarenhas (o
advogado Tavares de Tapas & Beijos)
é o tipo de ator que faz o público rir até sem estar interpretando nenhum
personagem. E fez uma imitação incrível do personagem do saudoso Rony Cócegas,
um dos personagens mais difíceis de imitar, dentre os escolhidos para a
homenagem.
Catifunda
Ela sempre foi a
personagem feminina mais engraçada da Escolinha, e era a que mais dava medo de
ver cair nas mãos da atriz errada. Quando vi Dani Calabresa caracterizada como
a Catifunda, sentada na sala de aula, parecia uma versão fofinha da personagem,
com toda a cara de que não iria convencer. Isto, até ela ser chamada pelo
Professor Raimundo...
Diferentemente de
Zilda Cardoso, Calabresa estava fumando um charuto apagado, mas a interpretação,
a imitação da voz, os trejeitos, o sotaque, estava tudo absolutamente perfeito.
A personagem em que eu menos colocava fé que teria uma imitação decente, acabou
se revelando uma das escolhas mais acertadas do elenco. E a dona das piadas
mais engraçadas, também.
Seu Peru
O aluno gay que adora
levar personagens históricos para a “irmandade”
não era exatamente difícil de interpretar. Difícil é não imaginar o ator
Orlando Drummond ao ouvir os famosos bordões do personagem. Mas agora, Seu Peru
ganhou um novo e memorável rosto para dividir as atenções com o intérprete original: Marcos
Caruso, outro ator que está sempre aí para o que der e vier, e sempre dá conta
do recado.
Baltazar da Rocha
Falando em personagens
difíceis de interpretar... Era este personagem interpretado por Walter D’Ávila
quem normalmente encerrava a aula. Baltazar da Rocha era um desafio. Porque ele
não tem um trejeito a ser imitado; ele não é uma figura caricata – quer dizer,
ele é, mas é uma caricatura do senhorzinho comum, sem muita instrução, que
procura exemplos em seu próprio cotidiano para responder às perguntas do
professor. Ele é aquele cara que você assiste e imediatamente se lembra do seu
tio Ariosvaldo, ou do seu avô Gumercindo, ou do tio Emerenciano da cantina,
enfim... Porque ele é igual a muita gente que você conhece, mas, ao mesmo
tempo, é um personagem único, de interpretação extremamente delicada. Ele tem
uma inocência e um carisma difíceis de imitar. Pode-se dizer, talvez,
inimitável!
Otávio Müller sabia
disso. Sabia que seria quase impossível imitar Walter D’Ávila. Então ele refez
o personagem: transformou-o em outro senhorzinho comum, sem muita instrução,
com carisma e inocência típicos da gente humilde, preservando a lembrança
saudosa do intérprete original, e dando novo rosto e novo tom ao personagem que
encerra a aula do Professor Raimundo.
Foi delicado e
preciso.
Joselino Barbacena
Antônio Carlos Pires é
um mito! E seu personagem era dono de um dos bordões mais famosos e longevos da
Escolinha. Quando eu era criança pequena
lá em Barbacena se tornou uma expressão popular, de uso fácil e quase
automático quando alguém quer contar uma história antiga. Mesmo as gerações
mais jovens, que não viram a Escolinha quando era transmitida pela Rede Globo
conhecem bem a expressão, e talvez até a repitam em seu próprio contexto.
Joselino Barbacena era um personagem que simplesmente não poderia ficar de fora
dessa homenagem.
Ângelo Antônio também
não chegou a fazer uma imitação das mais primorosas, mas concedeu uma expressão
bastante engraçada ao personagem. Não deu para tirar um dez, mas dá para passar
de ano.
Batista
Está aí um personagem
que não me faria falta nenhuma se tivesse ficado de fora. O aluno puxa-saco,
apaixonado, obcecado, alucinado pelo Professor Raimundo nunca esteve entre os
meus favoritos, e nem o hilário Rodrigo Sant’Anna conseguiu me fazer mudar de
opinião. Talvez porque ele tenha feito uma imitação perfeita demais de Eliezer
Motta, o ator original.
Aldemar Vigário
Outro personagem que
foi passado de pai para filho. Lúcio Mauro era uma das figuras mais admiráveis
daquele pequeno fã-clube que o Professor Raimundo tinha em sua sala de aula.
Meu favorito era o Rolando Lero, mas esse aluno que gostava de inventar um
passado ilustre para o professor, atribuindo-lhe façanhas que claramente não
cabiam na pacata cidade de Maranguape sempre foi impagável. Não raramente,
quase não aguentava segurar o riso enquanto contava suas histórias malucas.
Agora, a exemplo do
que aconteceu com Bruno Mazzeo, coube a Lúcio Mauro Filho a missão de
interpretar o personagem de seu pai. No primeiro episódio, senti que ele estava
nervoso, deu umas escorregadas na imitação da voz, mas depois engrenou. Não foi
perfeito, mas também não decepcionou. E ainda fez aumentar a saudade do Tuco.
Beijinho pra Dona Nenê!
Zé Bonitinho
O perigote das mulheres é um personagem que fazia rir pelo absurdo:
porque seria muita pretensão querer convencer a alguém de que um tipo como
aquele poderia ser o desejo secreto de todas as mulheres do mundo. Nem com o
rosto de Mateus Solano isso poderia chegar perto de ser verdade. A imitação por
outro lado... Dava para desconfiar que o próprio Jorge Loredo havia baixado no
ator para reviver o papel. Perfeição na interpretação, que superou a
pretenciosa perfeição que o Zé Bonitinho afirmava ostentar.
Ptolomeu
Gosto mais do Otaviano
Costa no Video Show. Ok... Ptolomeu não era o melhor personagem da Escolinha
nem quando era interpretado pelo Nizo Neto, mas tinha seus momentos. O aluno
sabe-tudo, que provavelmente era da turminha da Hermione Granger, acabou sendo
uma das aparições mais fracas desse remake.
Cacilda
A aluna pegadora, que
gosta de fazer ruborizar a Dona Bela com suas histórias levianas só poderia
mesmo ter sido interpretada pela Fabiana Karla – a atriz que volta e meia era
confundida com filha da intérprete original, Cláudia Jimenez. Acho que cabe
dizer aqui, como disse sobre o Professor Raimundo: Tal mãe (de mentirinha), tal
filha!
Cândida
As personagens
femininas da Escolinha não eram realmente as mais engraçadas, mas a Cândida,
com aquela revirada de olho e o grito ao fim das respostas sempre divertia.
Bem, a Stella Freitas revirava os olhos. Maria Clara Gueiros pareceu se
esquecer desse detalhe...
Dona Bela
Há personagens que são
inimitáveis, inigualáveis, e impossíveis de ficarem bons em outros corpos.
Mesmo sendo no corpo da Betty Goffman. Zezé Macedo é eterna! Não existe outra
Dona Bela.
Marina da Glória
Se Ptolomeu tinha sua
protegida na sala de aula, esta era a do Professor Raimundo: a aluna bonitinha,
porém, burrinha, cujas respostas erradas eram sempre contestadas pelo melhor
aluno da classe, mas defendidas pelo Professor. Na Escolinha original, Tássia
Camargo era a favorita do Professor Raimundo. Agora foi a vez de Fernanda de Freitas
(a quase irmã gêmea da Deborah Secco) fazer inveja ao seu Batista.
Capitu
Falando em personagens
desnecessários... Cláudia Mauro era o estereótipo da aluna escultural, sem nada
na cabeça além de creme de cabelo, cujas desculpas para não responder eram
tomadas como respostas certas pelo professor – ou, mais precisamente, cujas
perguntas ela acertava na cagada –, e que sempre ficava com a difícil missão de
apagar o quadro-negro. Na nova versão, foi a vez de Ellen Roche mover o
apagador no ritmo de uma passista de escola de samba. Não vamos falar em
interpretação porque, cá entre nós, não havia o que imitar.
Tati
A personagem,
denominada a princípio Dona Catinha, fez tanto sucesso na Escolinha, que,
posteriormente, foi levada por sua intérprete, Heloísa Perissé para o
espetáculo Cócegas, em 2001, e no ano
seguinte, ganhou ainda um quadro no Fantástico.
Boa aluna, Tati sempre garantia nota dez, recontando fatos históricos, mas
do seu jeito, com o relato carregado de gírias e expressões típicas do
vocabulário adolescente. Também não era uma personagem difícil, mas Fernanda
Souza fez parecer que tinha sido escrito para ela.
Quem Faltou à
Aula:
Apesar de a homenagem
ter sido muito bem feita, e dos personagens – com algumas exceções – terem sido
muito bem escolhidos, senti falta de um aluno em particular, que tinha um dos
bordões que mais marcaram a história da Escolinha, nessa nova turma.
Bertoldo Brecha
Nordestino de Nazaré
das Farinhas (BA), cujo nome é uma paródia do poeta alemão Bertold Brecht. Interpretado
pelo saudoso Mário Tupinambá. Seu bordão “zé-fi-ní!
Tá na boca do Brasí!” é um dos mais memoráveis do programa, e permanece até
hoje no imaginário – e na boca do povo – brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!
E já que chegou até aqui, deixe um comentário ♥
Se tiver um blog, deixe o link para que eu possa retribuir a visita.