Das Tirinhas Para o Mundo

em quarta-feira, 19 de abril de 2017



Hoje vamos falar sobre um assunto de vital importância para todos que, como eu, tiveram uma boa infância. Vamos falar de Histórias em Quadrinhos. Mas não qualquer HQ. Vamos falar de uma turminha em particular que já nos fez experimentar todos os tipos de sentimentos possíveis – desde pena pelo protagonista constantemente sacaneado por sua vizinha mal-humorada (mas secretamente apaixonada por ele, desconfio), até um tipo interessante de vergonha alheia pelas alucinações de um cachorro chapado de chá de cogumelo ou daquela água que o passarinho não bebe, misturado com o cigarro que o passarinho não fuma.
Sim, meus amigos, estou falando da queridíssima Turma do Charlie Brown.
Criada por Charles M. Schulz em 1950, e publicada em tiras diárias em diversos jornais durante cinquenta anos, Peanuts tem uma história interessante. A começar pelo fato de que seu criador, a princípio, não gostou do título da tira, sugerido pelos executivos da United Feature Syndicate, de Nova York. Mas, como a proposta era publicar a tirinha simultaneamente em sete jornais diferentes nos Estados Unidos, Schulz colocou seus escrúpulos de lado, aceitou o título sugerido pelos executivos, e deu vida aos traços iniciais do que se tornaria o grande sucesso de sua carreira.
E o sucesso da turminha nos jornais foi tão grande que, em 1965, um estúdio de TV decidiu produzir o especial A Charlie Brown Christmas (O Natal do Charlie Brown), em desenho animado – outro pontapé inicial para uma série de desenhos animados, longas-metragens e especiais para TV inspirados nos quadrinhos de Schulz.
Dali em diante, o cartunista passou a ver seus personagens estampados em toda parte: em cadernos, camisetas, cremes dentais infantis... Desconfio que depois disso, Schulz passou a olhar com mais carinho para as tigelinhas de amendoim (Peanuts, em inglês. Entendeu agora porque chamam o garoto de Minduim, né!?).
A despedida da turminha dos quadrinhos aconteceu em 3 janeiro de 2000. Schulz sofrera de Mal de Parkinson nos últimos anos de sua vida, e como consequência disso, é possível notar no traço de suas últimas tiras o tremor de sua mão.
Em 12 de fevereiro de 2000, um mês após a publicação de sua última tira nos jornais, Charles Monroe Schulz faleceu, aos 77 anos de idade. A família respeitou seu pedido para que as tirinhas de Peanuts não continuassem sendo produzidas por outro desenhista. Desde então, todas as tirinhas publicadas nos jornais, são republicações das tiras originais de Schulz, apenas com a data alterada e, mais recentemente, coloridas.
No ano passado, durante o Halloween Animado que produzi aqui no blog, um dos desenhos resenhados foi o especial "É a Grande Abóbora, Charlie Brown!", e, em breve, provavelmente, falarei sobre a animação em 3D Peanuts – O Filme.
Por hora, quero falar das tirinhas.
Sei que é desnecessário, afinal, todo mundo conhece as figuras, mas vamos começar apresentando a galera:


Charlie Brown (Minduim, para os íntimos) – é um garoto melancólico e azarado, com uma dificuldade patológica de manter uma pipa no ar por mais do que um milésimo de segundo, e que um dia precisará de uma cirurgia reparadora nos quadris, de tanto bater a bunda no chão sempre que, ingenuamente, tenta chutar a bola de futebol americano que é tirada do lugar no último instante por sua pé-de-cabra mal humorada, Lucy. E, ao contrário do que sempre pensamos, Schulz explicou certa vez que Charlie Brown, na realidade, não era careca, mas que seu cabelo loiro era tão claro que só o que ficava visível era o topetinho enrolado. E acreditamos para não perder a amizade...


Lucy van Pelt – já que mencionei o possível caso de amor a la Helga Pataki de que Minduim pode ter sido vítima durante toda a sua infância, vamos falar da possível outra metade de sua laranja podre.
Lucy é a vizinha mal-humorada, irmã do melhor amigo de Charlie, que gosta de sacanear o coitado sempre que tem oportunidade. Especialmente quando o convida para jogar futebol americano. É possível que a bruxinha tenha um coração bom afinal de contas, já que, apesar de xingá-lo e criticá-lo o tempo todo, Lucy está sempre disposta a cuidar e proteger seu irmão caçula, Linus, mesmo quando ele está bancando o idiota, dormindo ao relento numa plantação de abóboras, somente com a proteção de seu inseparável cobertorzinho, no gélido outono norte-americano – para depois dar algumas chineladas no moleque pela manhã, imagino.
Esperamos apenas que Lucy não tenha realmente se tornado psiquiatra depois de adulta, como em sua brincadeira favorita, em que cobrava alguns trocados dos amigos – especialmente do pobre do Charlie – para escutar seus problemas, exaltar seus fracassos e jogá-los um pouco mais para o fundo do poço.



Linus van Pelt – o melhor amigo de Charlie Brown, e irmão caçula da Lucy. Linus era um garotinho engraçado e fofinho, que vivia andando por aí com seu inseparável "cobertor de segurança" – na verdade, alguém chame os seguranças para arrancar o cobertor desse moleque para a mãe dele poder lavar, porque, pelo visto, um dia desses, o troço vai sair andando sozinho. Linus também é um garoto crédulo, e tem esperança de que um dia verá a Grande Abóbora surgir no meio da plantação de abóbora no Halloween, trazendo presentes para todas as crianças boas. E não adianta dizer a ele que está confundindo as lendas, porque ele sabe perfeitamente quem é o Bom Velhinho, e só lamenta que ele tenha tido mais publicidade.

Sally Brown – é a irmã caçula de Charlie, que tem uma queda pelo Linus. E uma vontade louca de enfiar uns sopapos no garoto quando, para agradá-lo, ela abre mão de recolher doces no Halloween para esperar inutilmente pela Grande Abóbora com ele. As crianças desse desenho tendem a ser espertas, mas Sally é meio tolinha. O lado bom é que ela é animada e otimista. Não tem tempo ruim para essa garota.


Snoopy – o beagle de estimação de Charlie, que tem manias de escritor, gosta de datilografar histórias malucas em cima do telhado de sua casinha, e, frequentemente, puxa um cigarrinho que o Woodstock não fuma, e imagina que é um aviador da Primeira Guerra Mundial, combatendo o Barão Vermelho – que, por acaso, é um antepassado da Suzane Richthofen. Mas isso não vem ao caso...


Woodstock – eis o passarinho que não fuma o cigarrinho do Snoopy. E, para quem não acredita em amizades improváveis no mundo animal, Woodstock é o melhor amigo do cachorro.

Também temos nessa turminha:

Patty Pimentinha – alguns a classificam como ingênua ou mesmo burra; eu acho essa menina preguiçosa. Ela não é a melhor aluna da escola – embora o mais recente filme do Minduim mais ou menos insinue o contrário, embora o sucesso da Pimentinha tenha sido acidental –, mas é uma esportista de primeira.


Marcie – exatamente o oposto da amiga Patty, Marcie é estudiosa e parece saber tudo sobre todos os assuntos que a turma queira perguntar. Ela é tipo a Hermione – só no cérebro, não na coragem – da turma.

Violet Gray – uma amiga esnobe da Lucy, que também gosta de ridicularizar Charlie Brown. Por exemplo, usando a cabeça dele como molde para desenhar o rosto da abóbora de Halloween.


Patty Kieffer – a fiel escudeira de Violet. A típica seguidora sem vontade própria, que concorda com tudo o que a abelha-rainha diga ou faça.


A Garotinha Ruiva – a primeira paixão não correspondida de Charlie. Nunca foi desenhada nas tirinhas, mas sempre pareceu simpática nas animações.

Peggy Jean – a namorada de Charlie Brown na década de 1990. Notem sua semelhança com seu antigo objeto de afeição, a Menininha Ruiva. Nada bobo esse Minduim.


Schroeder – o amor da vida de Lucy. Apesar de que eu desconfio que ele nunca passou de uma quedinha por menininhos bonitinhos que essa mini Dona Florinda alimentava na infância, porque tenho a impressão de que o coração da malvada batia mesmo era pelo Minduim. Seja lá como for, ela tentava, sempre que podia, tirar uma casquinha de Schroeder enquanto ele tocava música clássica em seu piano minúsculo.


Pig Pen (Chiqueirinho, para os íntimos)eu não sei quem copiou quem, mas esse moleque é o Cascão!


Franklin Armstrong – e como Schulz também era obrigado a seguir um rigoroso sistema de cotas, ele criou Franklin Armstrong, um garoto que gosta de esportes, e único negro entre os personagens. Só estou comentando isso porque, sinceramente, não consigo me lembrar de nenhuma outra característica desse personagem, nem de ele ter tido qualquer participação relevante em nenhuma das tirinhas. Parecia só estar ali para preencher uma cota, mesmo.

E falando em personagens sem grande importância, apenas a título de menção:

Frieda – a garota vaidosa de cabelo cacheado sem qualquer outra característica que mereça destaque.

Shermy – protagonista da primeira tirinha, que acabou perdendo espaço com o tempo.
Rerun – irmão mais novo de Lucy e Linus, frequentemente esquecido nas animações.
Eudora – a amiga de Sally que usa uma boina, e que também fica esquecida na maior parte da animações.
E os sete simpáticos irmãos do Snoopy: Spike, Andy, Olaf, Marbles, Belle, Molly e Rover, que também não ganharam muita notoriedade. Afinal, um cachorro chapado já é suficiente para dar comicidade à história.


Mas por que ficar aqui falando, se podemos deixar a obra de Schulz falar por si?

Veja bem:

Temos o cachorro mais esperto do mundo.
Tamo junto nessa luta, Snoopy!


Uma turminha que não precisa dizer uma palavra para ser engraçada.

Cá entre nós, essa ela mereceu. Vai mexer com quem tá quieto...

Com dramas que muita gente se identifica.

Dão conselhos pro Datena.
Mesmo que, infelizmente, ele não tenha lhes dado ouvidos...

Essa, na verdade, serve para ele e para o pessoal de Brasília:

Simplificam a vida com filosofias básicas.
Mas é melhor que essa moda não pegue, Snoopy.

E nos brindam com preciosas lições de vida.

Para encerrar, fiquem com a comédia simples e cativante neste quadrinho colorido:



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