Chegamos
ao sexto (!) episódio do nosso Halloween Animado! E para o especial de hoje,
escolhi um desenho que provavelmente também marcou a infância de muita gente.
Porque eu sinceramente não conheço nenhuma pessoa que não goste ou tenha
gostado do clássico criado por Charles M. Schulz em algum momento da vida.
E,
convenhamos, não existe Halloween Animado, sem mencionar o grande especial de Halloween
do Charlie Brown. (Aposto que, pela dica que deixei na postagem anterior, muita gente pensou que seria O Estranho Mundo de Jack, não é? Foi mal, pessoal! Num futuro não muito distante, quem sabe...?)
Meio
desnecessário apresentar a Turma do Minduim, né? Aquele garoto meio
melancólico, que, apesar de ser retratado só com um cachinho mínimo de
cabelo sobre a
testa, não era careca de acordo com o autor, mas tinha os cabelos tão
claros
que não apareciam em contraste com a pele; dono de um cachorro esperto
viciado
em algum tipo de alucinógeno que o fazia acreditar que era um Ás da
Primeira
Guerra Mundial; e que era constantemente sacaneado por Lucy, irmã de seu
melhor
amigo Linus, principalmente quando ela o convidava para jogar futebol.
Bem,
o restante da turma, conheceremos no decorrer da história.
O episódio que vou contar hoje foi produzido em 1966, e apesar disso continua super atual.
O episódio que vou contar hoje foi produzido em 1966, e apesar disso continua super atual.
Nossa história começa na manhã de Halloween, quando Lucy e Linus vão colher uma abóbora no quintal – porque, como já comentei aqui, nessa época do ano uma plantação de abóboras sempre se materializa magicamente nos jardins de todas as casas nos desenhos americanos. Super normal! E como Lucy é mais velha e mais mandona, ela força Linus a carregar a maior abóbora da plantação para casa – aproveita-se porque Linus é um banana, e faz tudo o que ela manda, com medo de apanhar. Chegando lá, Lucy forra o chão com um monte de jornais velhos, onde Linus aterrissa o vegetal. Então Lucy vem com um facão e abre uma tampa na parte de cima da abóbora – e parece se divertir demais ao fazer isso. Depois começa a retirar o recheio e jogar no chão – meio fora da cobertura de jornais, detalhe.
Para
quem não está familiarizado com os personagens típicos do Halloween, Jack
O’Lantern é o nome do “cara de abóbora” – ou melhor, da criatura que originou
as lanternas de abóbora com rosto talhado –, cuja lenda já contei anteriormente.
Aparentemente
o trauma do garoto não demora a ser posto de lado, pois logo em seguida, o
vemos fora de casa, lambendo um enorme pirulito amarelo – provavelmente roubado
da turma do Chaves. Ele está lá muito sossegado, encostado numa árvore no
jardim, apenas observando o movimento. Enquanto isso, Snoopy, que também estava
lá bem tranquilo sentado perto de outra árvore, vê uma folha vermelha caindo –
afinal, no mês de outubro é outono lá no hemisfério norte –, e começa a soprá-la
para cima, conduzindo-a até uma pilha de folhas secas que Charlie Brown estava
juntando.
Snoopy
abana o rabo e também abre um sorrisão.
Como
assim, cachorro não ri? Com o que isso se parece então?
De
repente dá um cinco minutos no Linus, ele olha para trás, abre o maior bocão,
dá um pulo e grita:
E
sai correndo, feito um doido, com o pirulito erguido na mão, sorrindo e apontando,
e pula bem em cima do monte de folhas que Charlie Brown tinha juntado. De vez
em quando eu entendo porque esse garoto é sempre tão depressivo...
Até
Snoopy se encolhe para não ser atingido pelas folhas que voam, e também olha
feio para o garoto, que agora tem folhas grudadas até na ideia! Imagine no
pirulito...
Charlie
Brown e Snoopy estão preparando um ataque de fúria, quando Lucy chega com uma bola
de futebol americano na mão, para dar início à trollagem do dia com o coitado
do Charlie.
Pensa
bem, Charlie Brown: esse documento foi assinado pela Lucy! E você sabe muito
bem como ela é trambiqueira...
Mas
enfim, ele corre para chutar. E como sempre, Lucy tira a bola no último minuto
e ele cai de costas, fazendo-a ter um ataque de riso por ele ter caído em sua
trapaça pela enésima vez.
E
eu tenho a impressão de que já vi essa cena em alguns episódios do Chaves...
Não
disse?
Mas
é claro que o Charlie fica puto, se perguntando como é possível ser tão lesado
a ponto de cair no mesmo truque diariamente.
Pois
é, garoto... Devia ter consultado um advogado primeiro... Um honesto, de preferência!
Em
seguida, e sem qualquer conexão com a cena anterior, vemos Linus em casa
escrevendo uma carta.
Acho
que esse é o Papai Noel, Linus, querido. Mas esse menino é uma fofura, vocês
não acham?
Aparentemente,
o Charlie Brown discorda.
Especialmente
porque essa é a lenda do Papai Noel. O calendário do Linus está dois meses
adiantado, e um bocado confuso... Mas, sigamos em frente...
Esse
é o cara que carrega o saco de presentes! Ah, sim... Ele conhece a história,
mas não está disposto a dar o braço a torcer, e continua defendendo suas
convicções.
Aparentemente
o Charlie foi lá chamar geral para ir tirar sarro do Linus também. Primeiro aparece o Snoopy para rir da cara dele. Depois vem a Lucy sacudir o moleque e
ralhar porque, aparentemente, esta não é a primeira vez que Linus escreve para
a Grande Abóbora...
Pedindo
assim com jeitinho...
Mas
Linus não se deixa abater pela gozação dos amigos – nem dos cachorros dos
amigos – e tenta prosseguir com sua carta.
Até
chegar a Sally, irmã mais nova do Charlie Brown, e lhe dar apoio moral.
Então
ele repete o discurso sobre a Grande Abóbora surgir na plantação de abóboras na
noite de Halloween, trazendo presentes para todas as crianças, e outra vez me
fez lembrar do Chaves.
E
já aproveita para convidar a menina para esperar pela Grande Abóbora com ele na
plantação naquela noite. E bem nesse momento, Charlie Brown chega, mais bravo do
que antes, por perceber que Linus está tentando aliciar sua irmãzinha... para a
seita dos adoradores da Grande Abóbora, é claro.
Então,
depois que Charlie arrasta Sally para fora da casa dos van Pelt – cá entre nós,
esse povo não sabe trancar a porta da frente? Todo mundo chega invadindo,
metendo a mão na maçaneta... Parece a casa da Celinha, no Jambalaya... –,
Linus põe a carta num envelope e sai para colocá-la na caixa de correio.
De
vez em quando a Lucy me faz lembrar a Helga Pataki, de Hey Arnold, sempre de
mau humor...
Mas
Linus demonstra que não precisa da ajuda de ninguém, ao usar seu cobertorzinho
da sorte para laçar e abrir a tampa da caixa de correio, e colocar o envelope a
favor do vento para que ele o carregue e o deposite lá dentro.
E
bem nesse momento, Charlie Brown chega todo feliz, porque recebeu um convite
para a festa de Halloween da Violet, e esta é a primeira vez que ele é
convidado para uma festa.
Tadinho...
Aí
vem a Lucy, e joga um balde de água fria na alegria do garoto.
Ôw,
não acaba com a alegria do menino, sua garota mau-caráter! Essa aí deve ser
parente da Isadora... Só faltou o olho junto; Deus me livre...
Charlie
Brown fica todo desanimado; ao contrário de Linus, que passa por ele todo
feliz, carregando uma placa escrito “Bem-vinda, Grande Abóbora”, e vai para a plantação de abóboras esperá-la, embora
obviamente, ainda seja muito cedo.
Enquanto
isso, o resto da turma se reúne na casa de Charlie Brown para irem juntos
coletar doces pela vizinhança.
Calma,
Sally, é só uma fantasia... Que você mesma acabou de fazer, detalhe!
Então,
você devia estar fantasiada de anjo, sua diabinha!
Sally
se aproxima, toda fofinha, com sua fantasia de fantasma na mão, e confunde Lucy
com Linus. E então a malvadinha explica que seu irmão está decidido a passar a
noite de Halloween na plantação de abóbora, se fazendo de idiota, pelo
milionésimo ano consecutivo. E Sally aproveita a deixa para perguntar ao irmão
mais velho se essa prática de pedir doces de casa em casa na noite de Halloween
é legal – no sentido legislativo da palavra.
Sempre
me espantou a inteligência e sagacidade dessas crianças da Turma do Minduim.
Vai ver é por isso que os adultos só falam “woahwoahwoah”;
afinal de contas, tem muito adulto que só fala bobagem...
Bem,
Sally pode até ser meio eloquente com as palavras, mas aparentemente tem um
probleminha de coordenação, a julgar por sua dificuldade em vestir a fantasia
de fantasma. Fofinha, é só jogar o lençol por cima da cabeça; não tente enfiar
os braços pelos buracos dos olhos...
Não
diga!? Mas deve ser de família. Tá perdoada, Sally!
Aliás,
dá só uma olhada numa figura que apareceu para se juntar à turma:
Snoopy
não quis ficar para trás – afinal, é Halloween! –, e também vestiu sua fantasia
de Ás Voador da Primeira Guerra Mundial, e saiu para comer os doces
alucinógenos – ou estragados – que sobraram do ano passado. E, cá entre nós:
como é possível que um cachorro saiba se fantasiar com mais originalidade do
que essa galera!?
Então
os garotos decidem sair para pedir doces antes de ir para a festa de Halloween.
Agora reparem num detalhe quando eles vão sair da casa do Charlie Brown:
lembram que o Minduim estava usando uma fantasia de fantasma multi-esburacada?
O
que foi que fizeram com os furos da fantasia do Charlie Brown? Esse novo
produto para lavar roupas é bom mesmo, hein... Desapareceu até com os buracos da
fantasia... Mas relaxem, já, já eles estarão de volta...
Snoopy
sai marchando todo imponente à frente da turma, mas ao chegar ao jardim, segue
na direção oposta à dos garotos. Por quê? Porque esse é um desenho para
crianças, e não pode mostrar o que leva esse cachorro a ter aquelas alucinações
divertidas.
Enfim...
Antes de sair pedindo doces pela vizinhança, o pessoal decide dar uma
passadinha lá na plantação de abóboras para fazer troça do coitado do Linus.
Apenas
Sally, que é apaixonadinha pelo garoto, decide ficar com ele esperando a Grande
Abóbora, em vez de ir pedir doces com os amigos, ouvindo Linus monologar sobre
sua plantação de abóbora ser a mais sincera de todas. Mas como os discursos de
Linus sobre a Grande Abóbora são sempre muito longos, repetitivos e
entediantes, vamos seguir a turma que foi brincar de Gostosuras ou Travessuras.
Duvido
que esse doce extra tenha chegado às mãos do garoto, conhecendo bem a índole de
sua irmã supostamente devotada...
Seja
lá como for, depois de coletar doces nas casas, as crianças param na calçada –
algumas vezes, aliás – para conferir seus espólios. E essa é uma cena que faz a
gente ter mais pena ainda do coitado do Charlie Brown. Esse menino realmente faz jus à canção de Tim Maia: “na vida a gente
tem que entender, que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri...”. No caso,
ele sofre, e a Lucy ri.
Tadinho...
Esse aí vai precisar de muita terapia para superar os traumas da infância...
Em
algum momento no meio dessa romaria da criançada, alguém se lembra de perguntar
que fim levou o Ás Voador da Primeira Guerra Mundial, e então somos conduzidos
através de uma alucinação do Snoopy, voando pela cidade com sua casinha de
cachorro, alvejado por tiros disparados pelos fantasmas da Guerra, depois se
arrastando por um campo minado, e todas aquelas loucuras que o barato daquela
ervinha que o passarinho não fuma que ele encontrou plantada em algum jardim da
vizinhança é capaz de provocar.
E
depois de exibir suas fantasias originais para todos os vizinhos, a turma
decide dar uma passadinha na plantação de abóboras para aloprar um pouco mais o
coitado do Linus, antes de ir para a festa de Halloween da Violet.
Mas
como a noite de Halloween é uma criança, o pessoal vai curtir a festança, sem
se preocupar mais com os amigos lesados. E Charlie Brown finalmente parece ter
a chance de sair do ostracismo, ao ser escolhido por Violet para ser seu
modelo. O garoto fica tão feliz com a atenção conquistada, que esquece de
perguntar para quê as meninas precisavam de um modelo...
Terapia...
Gardenal... E, só por segurança, é melhor esconder as facas da cozinha, porque
né...
Logo
depois, as crianças começam a se divertir com algumas brincadeiras
tradicionais, como pescar maçãs numa bacia cheia de água com a boca.
Ah... La vendetta è un piatto che si mangia freddo, já dizia Filomena Ferretto! Ou, em bom português: a vingança é um
prato que se come frio!
E
como desgraça pouca é bobagem para punir Lucy, a menina má que não ganhará
presentes de Halloween quando a Grande Abóbora passar em sua travessa de prata
puxada por porquinhos voadores (será que eu viajei aqui na ervinha do Snoopy?),
o cachorro de Charlie Brown ainda aproveita que conseguiu entrar de penetra na
festa para paquerar Schroeder, o garoto loirinho de quem ela gosta.
Enfim,
como essa parte não tem lá muita relevância na história, vamos fazer como o
Bial, e dar uma espiadinha no que está acontecendo lá na plantação de abóboras.
Pois
é... Noite agitada, não acham?
Mas,
de repente, ouvem algo estranho. E veem uma sombra avançando pela plantação.
Linus fica todo animado, imaginando que pode ser a Grande Abóbora, mas Sally tem o
bom senso de ficar com medo; afinal, são duas crianças sozinhas, numa plantação
de abóboras no meio da noite, a mercê de qualquer maluco, assassino em série, ou
vendedor de porta em porta que aparecer na cidade.
Eis
que de repente um vulto se ergue no meio da plantação, deixando Linus eufórico:
Claro
que não era a Grande Abóbora! Era só o Ás Voador da Primeira Guerra Mundial
brincando de assustar crianças bobocas na noite de Halloween...
Daí
quando Linus recobra os sentidos, Sally dá um piti, por ter perdido toda a
diversão ali com ele, esperando uma abóbora idiota. E ainda ameaça processá-lo
enquanto tenta esganá-lo.
Essa
é uma boa questão, Linus. Porque, afinal, Sally ficou na plantação de abóbora
por vontade própria. Ora, se você é idiota a ponto de acreditar numa lenda que
você mesmo inventou, é uma prerrogativa sua; agora, se ela decidiu acreditar
também, não é sua responsabilidade. Mas acho que vimos aqui um procedimento
bastante instrutivo: é assim que nascem as seitas absurdas que esperam pela
invasão dos óvnis, dos homenzinhos verdes, dos duendes, das fadas, dos títulos
do Guarani... Um lesado ergue a bandeira, começa a reunir seguidores, e daqui a
pouco o circo está armado...
Seja
lá como for, o coitado do Linus fica lá sozinho, estonteado, tentando reunir
seus parafusos.
Aí não é mole, não... Sobretudo se tiver chocolates envolvidos...
Todavia,
mesmo depois de ter sido zoado, chacoalhado, e praticamente agredido, Linus não
desiste, e continua esperando a Grande Abóbora. Esse moleque deve ser
brasileiro...
O
problema é que no meio do milionésimo discurso a respeito da figura folclórica,
Linus comete o grande pecado de dizer “se
a Grande Abóbora vier”, quando o correto seria dizer “quando...”, e agora ele sabe que a Grande Abóbora poderá ficar
ofendida com sua manifestação de dúvida, e incluí-lo na lista das crianças
malvadas que não receberão presentes de Halloween.
Assim
mesmo, ele permanece na plantação, a noite toda, até que Lucy, num raro acesso de
humanidade, decide sair da cama para buscá-lo, quando ele está prestes a
congelar debaixo de seu inseparável cobertorzinho da sorte, levá-lo para dentro
de casa, e colocá-lo na cama quentinha.
Afinal,
o garoto já sofreu o bastante por uma noite, e ela pode perfeitamente guardar a
surra para o dia seguinte.
Que
é quando Linus e Charlie Brown se reúnem em seu muro das lamentações particular
para discutir quem teve a noite mais trágica.
Para
quê foi dizer isso, Charlie Brown?! Linus abandona imediatamente a melancolia,
e se volta contra o amigo, virado no Jiraya, esbravejando mais um discurso
interminável e repetido sobre a Grande Abóbora aparecer no próximo ano, e que
ele estará lá esperando por ela, com a plantação mais sincera que ela possa ser capaz de encontrar.
Como
diria nosso saudosíssimo Professor Girafales: quem dera todo mundo tivesse a
mesma fé que têm as crianças... Não de acreditar na Grande Abóbora, mas de
lutar por aquilo que acredita.
E
assim terminamos nosso episódio especial de Halloween de hoje. Nos vemos no
próximo episódio, quando acompanharemos a aventura de um homem que precisará
cumprir a última vontade que seu avô estabeleceu em testamento, para que ele
receba sua herança: passar a noite numa casa mal-assombrada!
Até
lá! *-*
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