Dizem
que a maçã nunca cai muito longe da árvore – principalmente se uma das duas
estiver envenenada. No caso de Regina Mills, o tabu até poderia ter sido
quebrado, se ela não tivesse sido manipulada pelo Senhor das Trevas para seguir
os passos sombrios de sua mãe.
E
Cora não é exatamente o tipo de mãe que deseja encaminhar a filha na moral e
nos bons costumes. Cora sempre influenciou Regina a buscar o poder, a qualquer
preço; mesmo que para isso precisasse matar alguns indesejáveis pelo caminho.
E
se com a cidade em paz já está difícil para Regina provar que está disposta a
se redimir para poder reconquistar o carinho de seu filho adotivo, avalia
agora, com a Megera N°1 do Reino aprontando todas, determinada a voltar todo
mundo contra ela?
Cora
Mills desembarcou em Storybrooke nessa segunda temporada para transformar a
vida de sua filha num inferno, e assim influenciá-la a concluir sua vingança e
retomar o poder. Custe o que custar.
Graças
ao feijão mágico ressecado que Gancho pegou como lembrancinha de sua visita ao
castelo do Gigante no alto do Pé de Feijão, e às águas milagrosas do Lago
Nostos, Cora pôde viajar para Storybrooke, a bordo do Jolly Roger, o navio do
pirata bonitão. E a mulher já chega chegando, transformando um pobre pescador
curioso em peixe, apenas para mostrar ao bonitão que existe magia em
Storybrooke; portanto, se atacar Rumplestiltskin prematuramente, ele pode
acabar com o gancho enfiado no rabo.
E
para garantir que sua presença na cidade permaneça despercebida por algum
tempo, Cora lança um feitiço de camuflagem, que torna o navio pirata invisível
no cais.
Enquanto
isso, nossos heróis planejam outra festa no restaurante da Vovó Donalda –
porque aparentemente eles ainda não cansaram de comemorar o retorno de mãe e
filha Encantadas, de sua viagem acidental à Tão, Tão Distante. Aliás, Branca de
Neve e Charming passaram a tarde inteira “comemorando” o reencontro no loft.
Até esqueceram de pendurar uma gravata na porta para servir de aviso à Emma de
que não devia entrar em casa de repente, correndo o risco de surpreender os
pais furunfando no meio da tarde.
Como
Emma já é adulta, e já teve um filho, ela provavelmente conseguirá superar isso
em breve.
Pelo
menos dessa vez alguém se lembrou de convidar Regina para a festa – no restaurante
da Vovó! Não na cama dos Charmings –, e ela se lembrou de levar sua famosa
lasanha, cujo ingrediente secreto não é veneno, como Leroy imaginou, mas apenas
flocos de pimenta vermelha.
Apesar
de Emma ter decidido lhe dar um voto de confiança – ou, em todo caso, o
benefício da dúvida –, ao longo da festa, nossa Rainha acaba ficando sozinha, à
margem das conversas. E depois de se sentir excluída por tempo suficiente,
Regina decide ir embora, chateada.
E
acaba descontando sua raiva no coitado do Grilo Falante, invadindo seu
consultório, e transformando-o em presunto fresco.
Mas
por que diabo Regina mataria um personagem tão querido pelos outros,
provavelmente o melhor amigo de seu filho, enquanto tenta convencer todo mundo
de que está tentando se regenerar?
Porque
aquela não era Regina; era Cora, disfarçada.
Acontece
que Regina havia discutido com Archie mais cedo, porque ele contou à Emma que
ela o procurou para fazer terapia, e Regina não quer a sua vida publicada na
coluna de fofocas do jornal local. E certamente, ela não precisa que alguém
fique lembrando às pessoas de seu passado sórdido.
E
Ruby assistiu a essa treta. E mais tarde, ela também viu Regina entrando
sorrateiramente no prédio do doutorzinho. De modo que, quando Pongo aparece
latindo desesperado, tentando contar a alguém que aconteceu algo grave com seu
dono, Ruby, que é uma lobisomem, compreende os latidos, corre para verificar o
que aconteceu, encontra Archie morto no chão de seu apartamento, e deduz que
ele foi assassinado por Regina.
O
caso é que ao ser interrogada, Regina parece genuinamente surpresa em saber que
Archie está morto. Além do mais, se ela realmente o tivesse matado, não teria
deixado o rastro de uma testemunha. Regina pode ser tudo, menos desleixada. Se
bem que ela já foi apanhada antes...
Quando
derrotaram o Rei George e tomaram o Reino dele e o de Regina, Charming e Branca
de Neve capturaram a Rainha Má, e a condenaram à morte, para evitar que
prejudicasse mais pessoas.
No
momento de sua execução, Regina deixou claro que seu único arrependimento era
não ter conseguido matar Branca de Neve. Mas a mocinha estava no meio de uma
crise de consciência naquela época, e para surpresa de todos, mandou suspender
a execução da Rainha.
Acontece
que Branca conheceu Regina antes de ela se tornar malvada, e tinha esperança de
que ela voltasse a ser aquela mulher bondosa que salvou sua vida quando seu
cavalo correu desembestado. Por mais que o discurso final da Rainha tenha
deixado claro que ela não sentia remorso, Branca só viu uma mulher que não
queria parecer fraca em seus momentos finais.
Sei
lá... Talvez lançar uma Maldição para mantê-los separados por vinte e oito
anos, fazer sua filha ser criada em orfanatos, sendo passada de mão em mão à
medida que arrumasse problemas, para um dia ser abandonada grávida pelo
namorado trombadinha... Nem imagino o quê a Rainha Má pode fazer contra
vocês...
E
essa crise de consciência veio depois que a Princesa já tinha visto com seus
próprios olhos o estrago que sua madrasta podia fazer para caçá-la, e deduzido
que ela era incapaz de se arrepender.
A
Rainha chegou a pedir ao Rumplestiltskin que a transformasse numa simples
camponesa de nobre coração que vai todos os dias ao bosque recolher lenha – com
cara de quem fica sentada na porta das tavernas oferecendo a lasanha em troca de um copo de cerveja
–, para poder andar despercebida pelas aldeias e descobrir o esconderijo de
Branca de Neve.
Mas
como Rumple já tinha avisado, uma Rainha caminhando incógnita entre seus
súditos pode ouvir o que não quer. E foi justamente o que aconteceu: Regina viu
as pessoas brincando de malhar o Judas com uma boneca de palha que fingiam ser
ela, tentou se defender, e acabou sendo presa pelos seus próprios guardas, e só
não foi decapitada em praça pública graças à Branca de Neve, que sem saber,
salvou a vida de sua maior inimiga, e tratou de seus ferimentos – porque a
Rainha apanhou que nem cachorro doido na mão dos guardas – até que se curasse.
Aliás,
naquele dia, nossa deslumbrante Rainha sentiu na pele o que é ser um figurante
ou um mocinho nessa série:
Naquela
ocasião, Branca de Neve desabafou com a desconhecida sobre quando teve sua vida
salva por uma mulher bondosa, que arriscou a própria vida para resgatá-la de
cima de um cavalo desembestado. Desde então, ela nunca perdeu a fé nas pessoas,
por pior que pareçam. Por isso ela ainda tinha fé que a Rainha Má poderia se
arrepender de suas maldades e voltar a ser boa.
Esse
discurso quase comoveu sua madrasta disfarçada. Mas então elas se depararam com
os corpos de uma aldeia inteira massacrada a mando da Rainha Má, porque se
recusaram a denunciar o paradeiro de Branca de Neve, e a Princesa mudou de
ideia, chegando à conclusão de que sua madrasta nunca mudaria, nem merecia o
seu perdão.
Mas
como é teimosa feito uma mula, a Princesa voltou a bater na tecla do
arrependimento e da possibilidade de mudança quando estavam prestes a executar a
Rainha, e decidiu aceitar a ajuda de Rumplestiltskin para testar a madrasta, e
descobrir se ela podia ou não se redimir um dia. Branca de Neve dispensou o
guarda que estava vigiando a cela de Regina, e ofereceu àquela mulher boa que
salvou sua vida quando era pequena a oportunidade de ir embora e recomeçar. Mas
a Rainha Má não quis perder a oportunidade de matar Branca de Neve com a lâmina
que trouxe para se proteger dela, já que sua magia continuava bloqueada. O que
a Rainha não sabia era que a lâmina havia sido encantada por Rumplestiltskin
para não ferir a Princesa.
O
Senhor das Trevas pegara um fio de cabelo da Rainha Má em sua venda de
execução, e criou um feitiço de proteção. Agora não há nada que ela possa fazer
para ferir os Charmings. E como ficou provado que ela nunca mudaria, Regina foi
banida do Reino, para viver sozinha com seu sofrimento no antigo castelo de
Branca de Neve, do qual se apossou, uma vez que o casal Encantado gostou mais
da arquitetura do castelo do Rei George para ser o seu lar doce lar.
No
entanto, Branca de Neve não prestara atenção a um detalhe do acordo que fez com
Rumplestiltskin: os poderes de Regina se tornariam inúteis contra eles naquele reino. E em se tratando do
Senhor das Trevas, ela devia ter lido as letras miúdas, pois essa era
justamente a brecha que ele pretendia oferecer à Rainha Má, para que ela
lançasse a Maldição, e os arrastasse para outro mundo, onde ela poderia fazer tanto mal quanto quisesse
ao casal Charming.
Desta
vez, porém, Regina está realmente tentando mudar, e sua decisão de não recorrer
à magia para escapar da acusação de assassinato contra Archie é suficiente para
que Emma acredite que ela pode, de fato, ser inocente.
Sem
falar nas evidências: Regina foi vista discutindo com Archie no dia em que ele
foi assassinado, e também foi vista entrando no apartamento dele na hora do
crime; e o arquivo das sessões de terapia que ela estava fazendo com ele está
vazio. Há coisas demais apontando para ela.
A
lista de pessoas que poderiam querer ferrar com a Regina é longa, mas Emma só
conhece uma pessoa capaz de matar alguém para incriminá-la: Mr. Gold.
No
entanto, ao interroga-lo, ele fica tão surpreso quanto Regina com a notícia da
morte do Dr. Grilo. E sugere que Emma tente descobrir a verdade com a única
testemunha ocular do crime: Pongo.
Mas
sempre há outros meios. Podem usar um apanhador de sonhos para extrair as
memórias do cachorro; e para garantir que Gold não manipulará as imagens, Emma
usará sua magia recém-descoberta para sintonizar as lembranças de Pongo.
E
quando sintoniza a lembrança, o que Emma vê é a imagem de Regina entrando no
consultório e dando o teco no Dr. Grilo.
E
como estão falando de uma feiticeira poderosa, é necessário que os Anões
construam outra cela, semelhante àquela que prendeu Rumplestiltskin nas minas
em Tão, Tão Distante, e garantir que nenhuma gotinha sequer de tinta de lula
chegue perto da prisão da Rainha Má.
Mas
Regina está mais ligada desta vez do que quando foi capturada pelos Charmings
em Tão, Tão Distante, e intercepta a magia paralisante da Fada Azul antes de
ser atingida. E como sua alegação de inocência não funciona, pois agora que
eles têm as imagens da mente de segurança, ela acaba fugindo para não ser presa
ou linchada, ou mais provavelmente as duas coisas.
O
pior é que Emma precisa contar ao Henry que seu amigo foi morto por sua mãe
adotiva. E assistir à distância a carinha magoada do filho, acaba por destroçar
de vez o coração de Regina.
O
menino fica inconsolável com a morte do amigo, e Emma decide trazer Pongo para
o loft, para tentar alegrá-lo um pouco; o que acaba agravando um problema que
já estava preocupando os Charmings, o fato de o apartamento ser pequeno demais
para acomodar tanta gente: um casal em segunda lua de mel, uma filha adulta, um
neto criança e agora um cachorro.
Depois
do que aconteceu com Archie, todo mundo estava com medo de acabar na mira da
Rainha Má. E já que as Encantadas encontraram um jeito de voltar de Tão, Tão
Distante, os Anões e os demais cidadãos de Storybrooke decidiram pressionar o
casal Charming a descobrir um meio de enviar todos de volta para lá. E o
Príncipe ficou todo animado com a ideia, e a perspectiva de voltar a morar num
castelo, lutar contra Ogros, pastorear umas ovelhas... Já a Branca de Neve,
acha que já teve Floresta Encantada demais para uma temporada. Sem falar que
quimera assada não parece ser a carne mais saborosa do mundo.
Enquanto
o povo pensa seriamente em um plano de evacuação, Rumplestiltskin finalmente
consegue descobrir a fórmula para ficar invisível... Digo, para cruzar a
fronteira da cidade sem perder a memória. E como seguro morreu de velho, ele
decide testar primeiro num personagem que não interesse muito a ninguém, tipo o
Smee, tripulante do navio de Gancho, que costumava ser um traficante de muamba
lá em Tão, Tão Distante, e que certamente não tem família ou amigos para sentir
sua falta se algo horrível lhe acontecer.
Além
disso, foi ele quem executou a ordem diabólica do pai de Belle, de mandá-la
pelas minas para fora da cidade – do que ela foi salva pela magia de Rumple –
então, se a fórmula não funcionar, o Senhor das Trevas considerará o fracasso
uma vingança pessoal contra o malandro.
A
experiência consiste em despejar a poção num objeto que tenha algum valor
sentimental para o dono, como o gorro de Smee, que o malandro já tinha quando
se conheceram, pois foi tricotado por sua avó quando ele era pequeno.
Agora,
sim, Rumple já pode planejar sua viagem em busca do filho. Belle queria ir
junto, mas Rumple só tinha poção suficiente para banhar mais um objeto, o xale
de Baelfire que ele guardou todos esses anos.
A
questão é: porque ele não preparou mais uma dose, agora que já sabe qual é a
fórmula? Talvez porque Rumple siga o velho conselho de Cristóvão Colombo versão
Chespirito:
Enquanto
ele faz as malas, Belle se ocupa organizando a biblioteca ainda fechada. E como
já está ciente de que ela é o ponto fraco número dois do Senhor das Trevas – o
primeiro é a Adaga –, Gancho invade o local e tenta atacá-la, sabendo que ela
pedirá socorro ao Crocodilo, o que dará oportunidade para Smee invadir a loja
de penhores e roubar o xale com que Rumplestiltskin pretendia proteger suas
memórias.
Porque,
como já ficou claro, Smee trabalha para quem paga mais. E nesse momento ele
está ligeiramente bravo com Rumplestiltskin por tê-lo usado como cobaia para
sua experiência na fronteira.
Ao
perceber que o ataque à sua amada idolatrada salve, salve foi uma mera
distração para roubar o objeto que ele pretendia transformar num talismã,
Rumple dá uma arma à Belle para que possa se defender, caso o pirata volte a
incomodá-la, e sai à sua procura para recuperar o xale, e com sorte, enfiar
aquele gancho na goela do pirata.
Por
milagre de Santa Conveniência, Belle encontra um nó de corda na biblioteca,
quando está arrumando a bagunça causada pela estante que ela empurrou em cima
do pirata, e consulta um Guia Náutico para descobrir se aquilo é realmente um
nó de marinheiro.
Porque
ele está muito bem escondido, moça. E eu estaria mais interessada em saber por
que Gancho carrega um nó completamente inútil no bolso do capote...
Então
Belle tenta provar que é uma moça corajosa e independente, decidida a procurar
e enfrentar o pirata sozinha.
Melhor
dizendo: decidida a procurar encrenca com o pirata sozinha!
E
nem é a primeira vez que essa mocinha vai atrás de confusão. Nesse mesmo
episódio descobrimos uma pecinha do passado de Belle, logo depois de ter sido
expulsa do Castelo de Rumplestiltskin, e de ter aconselhado Sonhador a ir atrás
de sua amada Fadinha encrenqueira.
Belle
ouviu uns homens na taverna combinando de caçar uma fera terrível, com olhos de
fogo, que estava atacando a região. Um monstro chamado Yaoguai. A lenda faz
parte do folclore chinês, mas não vamos explanar sobre ela agora. Até porque a
parte que nos interessa é que, se tem a ver com a China, teremos Mulan no
flashback.
Calma,
gente, podem guardar as frigideiras, bazucas e porretes com que estão pensando
em me atacar por tocar no assunto, porque Aurora não participa deste episódio.
Aconselhada
por Sonhador, Belle decide partir nesta aventura, levando um saquinho com pó
mágico que o Anão lhe deu, para usar contra o monstro.
E
não só isso: Santa Conveniência já era a padroeira de Belle naquela época,
porque, de todos os livros que a moça poderia estar carregando na mala, ela
estava com um que justamente contava nos mínimos detalhes a rotina do Yaoguai e
como derrotá-lo.
E
foi durante esta caçada que Belle se deparou com Mulan, que também estava seguindo
o rastro do monstro, e apareceu na hora certa para evitar que a bibliotecária
se tornasse a próxima refeição do Yaoguai.
No
entanto, durante uma luta com os outros caçadores, Mulan acaba com um ferimento
na perna que a impede de prosseguir, e sobra para Belle a missão de matar a
criatura com a espada da guerreira. Ela atrai o bicho para uma armadilha, e
corta uma calha do aqueduto da aldeia para dar uma esfriada na cabeça do
monstro.
Tenho
três coisas a comentar sobre esse flashback:
Primeira:
notaram que o tal Yaoguai é só um pitbull com a cabeça em chamas? Um tanto mal
configurado, inclusive...
Segunda:
não sei o que está pior, o monstro ou esse cenário de RPG que jogaram no chroma key dessa vez. Normalmente eu
ignoro os cenários digitalizados de Once Upon a Time, mas esse fundo aí, pelamor hein...
E
terceira: querido Yaoguai, qual a probabilidade de uma não-chinesa, que não
estava falando com você em chinês no começo da cena, compreender um caractere
chinês? Sorte sua que ela é a Belle, a mulher mais instruída de Tão, Tão
Distante. Não que o fato de um monstro bizarro saber desenhar um símbolo chinês
no chão não pudesse chamar a atenção de qualquer pessoa, entendida ou não no
assunto, para o fato de ter algo errado com esse Yaoguai – além do efeito
especial, é claro.
Então
Belle jogou o pó mágico que ganhou de seu amigo Anão sobre o monstro, e a
grande surpresa dessa trama é que o Yaoguai era, na realidade, o Príncipe
Phillip, que tinha sido amaldiçoado por Malévola.
De
onde Malévola tirou a ideia de transformá-lo num monstro da mitologia chinesa?
Não sei; isso vocês terão que perguntar lá no Posto Ipiranga.
Mas
se há algo que Once Upon a Time adora fazer, e eu adoro ver, é essa mescla de
mitologias e histórias de diferentes partes do mundo. Me pergunto quanto tempo
vai demorar para vermos a Cuca do Sítio do Pica-Pau Amarelo nessa história...
Que
é? Vocês acham impossível? Eu não duvido de nada...
Aparentemente
o coitado do Príncipe andou tentando avisar os cidadãos que não queria jantar
nenhum deles, nem estava interessado nas salsichas que estavam jogando para
mantê-lo ocupado, mas aquele povo olhava pro cachorro com um colar ortopédico
de fogo e já começava a jogar carne, tacar pedra, sair correndo...
E
como desgraça pouca é bobagem, Phillip agora se aliará à Mulan para viver novas
aventuras, enfrentar outros monstros, salvar outras aldeias, despertar a Bela
Adormecida e ter sua alma arrancada por um Dementador logo em seguida...
Foi
mal, amigão, mas seu destino já foi traçado na maternidade pelos Irmãos Grimm.
Ou Charles Perrault, se não me engano.
Enfim,
foi logo depois dessa aventura que Belle foi capturada pela Rainha Má, que a
trancou na torre, onde Gancho tentou descobrir se a moça conhecia o paradeiro
da Adaga do Senhor das Trevas, de que ela nada sabia, e de onde provavelmente
só foi transferida pela Maldição para a cela do manicômio de Storybrooke.
E
como Phillip só conheceu Mulan naquele dia, depois de ter se livrado da
fantasia mal configurada do Yaoguai, estamos olhando para um capítulo anterior
ao do início dessa temporada. Lembre-se disso, porque será importante na Season
Finale!
De
volta à Storybrooke, Belle foi ao cais procurar o navio, mas tudo o que
encontrou foi uma gaivota pousada no vazio. E como Belle tem um pouco mais de
massa cinzenta que a maioria das pessoas nessa cidade, que costumam deixar escapar
vários detalhes intrigantes, ela desconfia de um feitiço de camuflagem, e joga
um pouco de alpiste no espaço vazio, revelando alguns níveis da prancha de
embarque que leva ao convés.
Ao
subir a bordo, o navio se revela para a moça, que imediatamente começa a
xeretar em busca do xale roubado de seu amado, e não demora a descobrir um contrabando
muito importante escondido num alçapão: Archie Hopper, o Dr. Grilo, vivinho da
Silva, amarrado e amordaçado num cubículo!
Não
contavam com a astúcia da Cora! Claro que não teria custado nada para a megera
dar um teco no Grilo Falante, mas como terapeuta, o sujeito poderia ser muito
mais útil vivo do que morto. Sabe-se lá quais segredos dos cidadãos locais
aquele grilo poderia cricrilar? Não que ele estivesse disposto a colaborar
voluntariamente, mas Gancho conhece métodos bem dolorosos para espremer o
coitado, e forçá-lo a contar os podres de todo mundo. Especialmente aquele que
mais lhe interessa: o esconderijo da Adaga do Senhor das Trevas.
Só
queria saber de onde eles tiraram que Rumplestiltskin confiaria esse segredo
justamente ao Grilo Falante? Um dos melhores amigos da Branca de Neve, que todo
mundo está careca de saber que não consegue manter a língua dentro da boca...
Enfim...
Mas,
se Archie está vivo no navio, então quem Cora matou e fez ficar parecido com
ele?
Aqui
entre nós, torço para que tenha sido o Rei George. E Encantados Futebol Clube e
mais a torcida organizada dos Sete Anões, Vovó Donalda e Companhia Limitada
também estão torcendo!
Belle
libertou o Grilozinho e mandou-o contar tudo para o Rumple. Enquanto isso, ela
aproveitou a ausência dos vilões para procurar o xale de seu amado nas coisas
do pirata.
E
como não tem tanta experiência com vilões quanto gosta de apregoar, Belle acaba
sendo pega em flagrante por Gancho, que ainda se aproveita um pouquinho mais da
nobreza da moça, confiscando a arma que ela colocou de lado enquanto fuçava em
seus baús de tesouro.
Belle
tenta convencê-lo a devolver o xale e deixá-los em paz, mas Gancho prefere
contar a ela como a primeira esposa de Rumplestiltskin realmente morreu, e que
talvez ele esteja fazendo um favor ao Baelfire, impedindo que o covardão do pai
o encontre. E chama a atenção dela para o fato de que, se tiver que escolher
entre ela e o poder, Rumple sempre escolherá o poder.
Como
de fato fez em Tão, Tão Distante, quando ela revelou seu amor e ele a expulsou
do castelo.
Mas
ela tem fé que Rumple tenha mudado, ou ainda possa mudar, e consegue nocautear
o pirata com um remo preso ao teto da cabine, pegar o xale e correr. Mas não
vai muito longe, pois ele logo desperta, e como conhece o navio como a palma de
seu gancho, sabe exatamente como alcançá-la antes que escape.
E
o Gancho ainda fica provocando, lembrando ao Senhor das Trevas que ele agora
parece com sua versão covarde, e o incentiva a matá-lo para que se reúna à
Milah, a mulher que os dois amavam. Mas sob os apelos de Belle, Rumple acaba
poupando a vida do pirata. Por ora!
Enquanto
Rumple tentava fazer picadinho de coisa linda, Henry recebia a visita de seu
melhor amigo, Dr. Grilo, vivinho da Silva, que veio tranquilizar o menino e
contar à Xerife Emma que fora sequestrado por Cora. Porque a megera achou um
jeito de vir à Storybrooke no fim das contas.
E
agora todo mundo deve um pedido de desculpas à Regina por terem-na acusado tão
injustamente de assassinato.
Haja
torta de maçã para conseguir o perdão da Rainha Má, minha gente! Vocês precisam
se ligar...
Agora
que resolveram toda a pendenga do dia, Rumple dirige até o limite da cidade,
derrama a poção sobre o xale e cruza a fronteira, conservando suas memórias
intactas.
Calma,
minha gente, que a Belle não morreu. Foi um tiro no ombro, quase tão inofensivo
quanto uma picada de pernilongo, mas o impacto foi suficiente para fazê-la
cruzar a fronteira da cidade. E como ela não tinha um talismã encantado para
proteger suas memórias, agora ela não faz ideia de quem é, nem conhece mais o
Rumplestiltskin.
Não
vai rolar, não, Rumple. Porque bem nesse momento, um carro desgovernado vem
pela estrada, atravessa a fronteira, fazendo Rumple bancar a Sandra Bullock salvando o Peter na linha do trem, rolando com Belle para a margem da estrada,
e atropela Gancho antes de se acidentar contra as árvores. Ao menos isso serviu
para salvar a vida do nosso pirata favorito. Para noooooossa alegriaaaa! Se bem que ele foi à nocaute!
Como
todos temiam, o mundo exterior acaba de descobrir Storybrooke.
Mas
o sujeito que estava dirigindo o carro também está inconsciente e em estado
grave depois de ter batido na placa de bem-vindo à Storybrooke – aliás, essa
placa parece um imã para carros, hein! Pelamor...
Foi o Fusca amarelo da Emma, o carro da Kathryn, agora o do Zé Ruela... Alguém
coloca uma placa sinalizando “cuidado com
a placa”, pelo amor de Deus!
Enfim,
todos os feridos são levado ao hospital. Rumple já tinha curado o ferimento à
bala de Belle com magia, mesmo assim, a levaram para o pronto-socorro; Gancho
tirou Raios X e constatou que havia quebrado algumas costelas; e Emma abriu o
guichê de apostas: estão pagando 95 contra 1 que ele será o morto do ano.
Mas
vamos logo ao que interessa: onde está aquela megera do baralho de corações,
também conhecida como Cora?
Tradução:
vigiem a casa da Regina!
Mas
vamos tratar de um problema de cada vez. Primeiro precisam arrumar um jeito de
desbloquear o celular do forasteiro, para tentar descobrir se ele pode ser uma
ameaça imediata, mas é quase impossível adivinhar sua senha. Hora de o pendrive
recuperador de HD da Emma entrar em ação – só queria saber que tipo de celular
tem entrada USB? Enfim, Emma já tinha revistado o carro do sujeito, e
descoberto em sua correspondência que o nome dele é Greg Mendell. No celular
tem fotos dele sozinho em pontos turísticos da costa leste, uma conta no LinkedIn
e ele tweeta fotos de comida.
Mas
sua presença na cidade acende um sinal de alerta na galera, pois o que quer que
tenha impedido as pessoas de entrarem em Storybrooke durante a Maldição, já
era! E todo mundo sabe o que os humanos costumam fazer com criaturas que não entendem:
levam para um laboratório, matam e dissecam para descobrir o que são. Imaginem
o que farão com uma lobisomem, ou com um Grilo Falante, ou com um homem de
madeira... Isto é, quando alguém encontrar o Pinóquio...
A
boa notícia é que o sujeito – Greg, no caso – está perigando de bater as botas.
E o Dr. Frankenstein quer saber se deve operá-lo ou fingir que não viu os
ferimentos.
Deviam
ter prestado atenção no alerta do Frankenstein!
Pelo
sim, pelo não, o doutorzinho, até gente boa, pediu ao Rumple que curasse o
sujeito com magia, como fez com seu braço no início da temporada, mas o Senhor
das Trevas estava torcendo pro forasteiro cantar pra subir o quanto antes.
Já
são dois votos para deixar o sujeito empacotar. Vou até contabilizar mais um aqui.
Mas
vocês conhecem os Encantados, né? Eles se reúnem com os bonzinhos na sala do
café, tentando persuadir todos que votaram por deixar que a vida siga seu curso
a reconsiderar e evitar o que pode ser considerado um assassinato, dependendo
do bom humor do tribunal.
Agora,
com o Zangado, são quatro votos a favor de deixar que o sujeito faça a
passagem. Sim, estou contando o meu voto também, porque eu sei onde essa
história vai dar, e Charming, querido, eu
te amo, mas vamos dar uma trabalhada em calar essa boca linda, meu amor!
Porque esse cidadão é um personagem horrível, e não bastasse isso, ele em breve
estará aliado a uma bruaca que eu queria matar o bebum que a inventou!
Certo,
galera, esqueci o alerta de spoiler. Mas vocês sobrevivem.
E
o forasteiro também, porque esses Charmings são teimosos feito mulas e acabam
convencendo o Frankenstein a operar o cara. Merda!
Ah,
sim, Branca de Neve notou que o médico está bêbado. Podia tremer um pouco mais
a mão que segura o bisturi, né, querido?! E
nenhuma enfermeira se atreva a ajudá-lo! Humpf!
E
para piorar, tem alguém ligando de minuto em minuto para o celular do fulano.
Mais um sinal de alerta: daqui a pouco terão novos hóspedes na Pensão da Vovó.
Todavia,
quando tudo está indo pro brejo, eis que um enfermeiro aparece com uma ótima
notícia: o forasteiro não pôde ser operado ainda, porque o Dr. Frankenstein,
além do uísque, mamou chá de sumiço!
Comemora
ainda não, moço, porque a Ruby já saiu para farejá-lo, e convencê-lo a voltar
ao trabalho e operar o moribundo.
Aí
não deu outra, né. O sujeito foi salvo, graças às Meninas Super Poderosas
ao Dr. Frankenstein.
Charming,
querido, você não quer dar outro soco nele? Está merecendo.
Tão
logo o sujeito se recupera um pouco, e desperta da anestesia, Emma o interroga
sobre o acidente.
Ela
o tranquiliza a respeito do atropelado, que está muito melhor do que ele
próprio, e decide deixá-lo somente com um aviso desta vez. Assim que tiver
alta, Greg Mendell pode ir para casa.
Mal
Emma vira as costas, deixando os pertences dele na mesa de cabeceira, o sujeito
pega o celular e retorna a ligação da mulher que procurou por ele o dia todo,
para revelar que viu algo muito estranho ao chegar àquela cidade.
Ou
seja: eu avisei, pessoal! Deviam ter dado ouvidos ao médico bêbado preguiçoso
que não queria se envolver nesse assunto.
Aliás,
se a Emma tivesse feito uma investigação mais minuciosa no celular do cara,
teria sacado a mentira na hora.
Como
ainda não sabem disso, nossos heróis vão para casa e tentam descansar um
pouquinho, mas a paz dura pouco, porque Rumple não demora a bater à porta do
loft para cobrar o favor que Emma lhe deve.
Já
que Belle não quer papo com ele, e até jogou a xícara lascada que ele tentou
usar para fazê-la recuperar suas memórias na parede, Rumple decidiu usar a
oferta de paz que Cora lhe deu – um globo localizador – para rastrear Baelfire,
e sair de uma vez em busca do filho, antes que perca as estribeiras e esfole o
pirata safado que fez sua amada cruzar a fronteira desprotegida.
E
como Emma costumava ganhar a vida caçando fugitivos, Rumple decidiu levá-la
consigo, para que use seus talentos e agilize a busca por Baelfire. Mas ela só
vai se puder levar Henry, porque com Cora à solta na cidade, ela não vai deixar
seu filho desprotegido.
Além
disso, é Rumple quem está pagando tudo, e ele transforma palha em ouro, portanto,
dinheiro não é problema; e como ele tem pressa de sair da cidade antes que
comece a promover um novo massacre da serra elétrica – a referência também vale
para Emma –, ele concorda em financiar mais uma passagem.
Enquanto
o trio sai da cidade, Cora começa a pôr seu plano em prática. Regina havia
saído de circulação desde o incidente do falso assassinato do Dr. Grilo, e como
a maçã nunca cai longe da árvore, e as duas são realmente muito parecidas,
tanto fisicamente, quanto no modus
operandi, Cora não demora a descobrir que a moça está encafofada em sua cripta/cofre/apartamento de emergência/quarto do
pânico. Aquele mausoléu tem mil e uma utilidades.
Então
lá vai a megera propor uma aliança à filha para botar um pouco de fogo nessa
história, que anda meio monótona desde que chegaram de Tão, Tão Distante, e
concluir todas as vinganças que Regina tem adiado nos últimos tempos.
Regina
quer levar a mãe à cidade e entregá-la à multidão com as forquilhas, mas Cora
tem um plano para tirar os Charmings do caminho, e ajudá-la a reaver seu filho.
E como aparentemente provar que está disposta a mudar será um caminho longo
demais, Regina está disposta a ouvir sobre o atalho.
Assim,
depois de ouvir o plano todo, Regina vai ao loft dos Charmings justamente
quando eles estão de saída para ajudar os Anões a patrulhar a cidade atrás de
Cora.
E
como já estão sabendo que o Dr. Grilo está vivo, os Charmings a recebem de
braços abertos, e completamente desarmados – quer dizer, desconsiderando o
revolver no coldre do Príncipe –, pois já sabem que Cora tentou incriminar a
filha. E ela fica chateada ao saber que Emma tirou Henry da cidade sem
comunicá-la. Mas, primeiro, ninguém sabia em que buraco de tatu ela tinha se
enfiado; e segundo, dadas as circunstâncias, com Regina foragida, acusada de
assassinato, e todo mundo na cidade ainda furioso com ela por ter lançado a Maldição
– de modo que juiz nenhum ficaria do lado da Prefeita nesse momento –, Emma não
devia satisfação alguma, nem precisava de permissão para tirar o próprio filho
da cidade. Regina acaba sendo obrigada a engolir essa e ficar calada.
Questão
resolvida, os Charmings vão ao cais perguntar ao Gancho, que já teve alta do
hospital nesse meio tempo, onde podem encontrar a Rainha de Copas.
Com
todo mundo contra ele, Gancho decide que é melhor colaborar para não
comprometer sua integridade física. Ele não faz ideia de onde Cora se enfiou,
mas ela deixou uma arma guardada em seu navio.
Gancho
entrega a chave da jaula aos Charmings e sai de fininho enquanto eles despertam
o Gigante encolhido. Pelo recente encontro do grandalhão com Emma, sabemos que
esse camarada aí não é um vilão, mas é só colocar os olhos no Príncipe para o
sujeito começar a espumar de raiva.
O
que você fez foi o seguinte, bonitão: você dividiu o útero com um cidadão que
acabou sendo criado pelo calhorda do Rei George, e um belo dia, esse seu irmão
gêmeo se aliou a uma certa senhorita chamada Jacqueline, carinhosamente
conhecida como Jack, e saiu na caça desse Gigante Pequenino aí.
Acontece
que Pequenino era, segundo os próprios Gigantes, um nanico, o menor da turma,
um anão para os padrões dos Gigantes, e sofria muito bullying por causa disso.
Mas ele admirava demais os objetos que haviam sido confiscados dos humanos e
guardados na sala do tesouro do Castelo no alto do Pé de Feijão. Por isso ele
decidiu descer e conhecer o mundo dos humanos.
Foi
quando se deparou com o Príncipe James e sua amiga Jack, que lhe ofereceu um
pedaço de cogumelo que ganhou por matar um Jaguadarte no País das Maravilhas,
para que Anton, o Gigante Pequenino pudesse diminuir temporariamente de
tamanho, e tomar uma cerveja com eles na taverna.
O
casalzinho mal intencionado fez o Gigante se sentir tão em casa, a ponto de
desejar ficar lá com eles para sempre. E ao saber que o Reino está
profundamente endividado, Pequenino se dispôs a buscar alguns tesouros no
Castelo dos Gigantes para que seus novos amigos pudessem saldar as dívidas.
O
que ele não sabia era que o papo sobre a dívida era pura enganação. Tudo o que
eles queriam era que Pequenino lhes indicasse o caminho para o Pé de Feijão,
para que eles pudessem apanhar alguns feijões mágicos para saquear outros reinos.
A
lenda que Gancho nos apresentou na review passada era a versão distorcida dos
fatos. A verdade é que os Gigantes cultivavam os feijões mágicos somente por
hobby, mas não utilizavam os portais. Antigamente eles até costumavam trocar feijões
com os humanos por seus tesouros, mas quando descobriram que eles estavam usando
os portais para saquear outros Reinos, os Gigantes cortaram relações com os
homens. Só esqueceram de cortar o Pé de Feijão, né... Daí veio o Anton se
misturar com a galera errada, cair na conversinha de uma periguete aventureira
qualquer, e sem querer querendo os guiou até o Pé de Feijão.
Eu
só queria saber por que raios precisavam que o Gigante lhes mostrasse o
caminho; porque não é possível que ninguém visse um troço daquele tamanho de
longe...
Daí
enquanto ele enchia um saco com as joias do tesouro para dar aos novos amigos,
James e Jack subiram pelo Pé de Feijão, determinados a matar os grandalhões e
roubar quantos feijões mágicos fossem capazes de carregar.
E
a julgar pela velocidade com que alcançaram Anton lá em cima, imagino que
exista um elevador instalado no Pé de Feijão; porque a gente está falando de
uma escalada quilométrica! Só isso explicaria o povo subir na maior facilidade,
sem derramar uma gotinha sequer de suor...
Outra
coisa que não fez o menor sentido nesse enredo foi os humanos, ainda que
supostamente acompanhados de um exército – que deveria estar exausto depois da
escalada do Pé de Feijão, se a história fosse plausível –, conseguir derrotar
uma comunidade inteira de Gigantes sem muito esforço. Tudo bem que só vimos
meia dúzia de grandalhões à roda da mesa de banquete nesse flashback, mas mesmo
assim, uma chinelada de qualquer um deles esmagaria fácil, fácil uns quatorze
soldados de uma vez! Dois gigantes podiam virar aquela mesa em cima dos
invasores e esmagar o restante. Como é que aquele bando de formiguinhas conseguiu
matar TODOS os gigantes sem sofrer baixas? O tal exército do Príncipe James
devia estar sendo liderado pelo Rei Davi, né, só pode...
Mesmo
a explicação das espadas envenenadas não explica como os Gigantes foram lerdos
o suficiente para permitir que os humanos chegassem perto de seus calcanhares.
Não tinha cadeira para todo mundo subir, não, gente?
Diante
da derrota iminente, Arlo, o líder dos Gigantes encarregou o Pequenino Anton de
destruir os campos de feijão, para que os humanos não levassem a destruição a
outros reinos.
Pelo
menos a burrice dos roteiristas do episódio estava jogando em ambos os times:
se por um lado os Gigantes foram derrotados fácil demais para ser verdade, por
outro, Jack também deixou claro que por baixo da tinta ruiva, suas madeixas são
amarelas como milho, porque a moça cravou a espada envenenada no pé do líder
dos Gigantes, deixou-a para trás e saiu correndo. Daí, claro, Arlo se tocou que
era só esticar a mão e alcançar a vagabunda. Resultado: ela acabou apanhada
pelo Gigante e ferida com sua própria espada envenenada!
Já
sabíamos que ela não sairia viva do Castelo dos Gigantes, pois Emma pegou a
espada envenenada em seus ossos para persuadir o Gigante Pequenino a entregar a
bússola, quando ela estava tentando abrir um portal para fora de Tão, Tão
Distante. Mas agora estamos diante da história completa: Jack acabou traída
pelo Príncipe James, que preferiu deixá-la para trás, agonizando com o veneno
da espada, e escapar com o saco cheio de tesouros para comandar seu reino, em
vez de levá-la até um antídoto. Provando que os Gigantes tinham razão, e os
humanos são um bando de FDP!
Não
que Jack fosse conseguir descer pelo Pé de Feijão enquanto agonizava, mas já
concordamos que deve ter um elevador instalado.
No
resumo da ópera: o motivo da raiva de Pequenino contra Charming é que ele pensa
que está diante do Príncipe James, que foi responsável pela morte de todos os
Gigantes. Só ele sobreviveu para contar essa história.
E
como tem pressa de colocar fogo na cidade, Regina aproveita que o Gigante ficou
violento ao dar uma boa olhada no marido de sua arqui-inimiga, dá um bolinho de
Altestrudel ao Gigante para desfazer o efeito da pastilha encolhedora, e o
solta na cidade para transformar o Príncipe em massa de modelar.
Eis
a confusão: agora todo mundo corre pelo centro da cidade, tentando fugir da
fúria do Gigante em seu tamanho normal.
Só
queria perguntar uma coisa, galera: como vocês pensam escapar de alguém que os
alcançaria numa única passada?
Recadinho
para a garçonete que serve café na sala de reunião dos roteiristas:
Tá
bom, querida!?
Enquanto
correm, porque provavelmente não encontrarão outra deixa para debater a
questão, Leroy tenta entender essa confusão a respeito da identidade do
Príncipe: porque embora Branca de Neve o chamasse de James em Tão, Tão
Distante, esse era o nome de seu irmão; o nome dele, mesmo antes da Maldição,
já era David.
Não
que seja relevante, mas fica aí a informação.
Como
eu já previa, o grandalhão logo os alcançou, e quando saltou para esmagar o
Príncipe com um pisão, acabou abrindo uma cratera e afundando no terreno. A boa
notícia é que ele não feriu ninguém. A má é que, com o pulo, o grandão deve ter
cuspido o Altestrudel, voltando ao efeito da pastilha encolhedora, encolhendo
dentro do buraco, e sendo obrigado a se segurar num cano para não cair no poço
sem fundo.
Então
os cidadãos se mobilizam para jogar uma corda no buraco para David poder descer
e resgatar o Gigante que quer vê-lo morto. E provando que está em ótima forma,
e que é quase tão forte quanto Sansão, David segura o Gigante gorducho pela mão
e o puxa para cima na maior facilidade. Tipo o povo subindo naquele Pé de
Feijão.
Agora
Pequenino reconhece que aquele Príncipe ali é muito diferente do patife que
conheceu em Tão, Tão Distante, e é colocado a par da história do Príncipe e o Mendigo
que os gêmeos representaram e toda a tramoia do Rei George para enrolar o
Midas.
Além
disso, Pequenino conheceu sua filha, Emma recentemente, quando lhe entregou a
bússola, e se ela é gente boa, seus pais também devem ser.
E
agora que se convenceu de que o pessoal ali não vai lhe fazer mal, Anton
compartilha com os novos amigos um segredo precioso: antes de morrer, seu irmão
Arlo lhe entregou um pequeno broto de feijão conservado num frasco. Se a terra
dali for boa, só precisam cultivá-lo, e em breve terão feijões mágicos
suficientes para que todos possam voltar para casa ou procurar outro mundo com
o qual se identifiquem.
E
também é apropriado plantar os feijões mágicos assobiando “Eu vou, eu vou, pra casa agora, eu vou...”.
Mas
isso aborrece profundamente a Branca de Neve, que estava tentando dissuadir o
marido da ideia estapafúrdia de voltar para Tão, Tão Distante, pois sabe que
Emma não concordará com a mudança, e ela não quer mais separar a família. Se o
Príncipe não parar com essa mania, vai acabar voltando solteiro para a Floresta
Encantada.
Bem,
mas antes de se preocupar com um possível retorno ao lar doce lar, precisam
esperar Emma retornar de sua viagem pela terra do Tio Sam com o Senhor das
Trevas.
E
a viagem de avião não demora a se revelar um problema, porque uma das
exigências para acessar a área de embarque é que todos os passageiros tirem
sapatos, casacos e cachecóis antes de passarem pelo detector de metais. Mas
Rumple depende do xale de seu filho para preservar sua memória, portanto não
pode tirar ou corre o risco de ter sua mente apagada.
Moça,
melhor não ficar inventando parentesco com esse camarada, não, que já, já você
vai descobrir um que vocês já têm.
Ops!
Alerta de Spoiler!
Sobre
o fato de Rumple não saber que teria que tirar o xale para passar pela
segurança do aeroporto, é óbvio que ele nunca viajou de avião. Ele é o Senhor
das Trevas! Possui meios de transporte muito mais rápidos que essas aeronaves
vulgares. Mas, como fora de Storybrooke não tem magia, avião é o que tem pra
hoje, né...
Então
Emma ajuda “seu pai” a passar pela área de segurança, e coloca o xale de volta
nele o mais rápido possível. Enquanto isso, Henry está bancando o bobo alegre,
correndo para lá e para cá na área de embarque, finalmente parecendo uma
criança normal – como ele nunca pareceu desde que a série começou.
E
se Rumple já parecia nervoso antes de embarcar, imagine dentro do avião, sem
ter sua magia para ajudar, caso haja algum problema durante o voo...
Emma
tenta acalmá-lo, garantindo que encontrarão o filho dele, e quanto a isso,
Rumple não tem a menor dúvida.
Até
porque, o Globo Mágico que ele consultou aparentemente informou o endereço
completo com CEP e tudo, porque eles saltaram do taxi bem na frente do prédio
onde Baelfire estava morando em Nova York. Mas a precisão geográfica do mapa
encantado acaba aí, porque eles não sabem o número do apartamento.
E
Rumplestiltskin não reconhece nenhum nome na lista de moradores do prédio como
possibilidade de pseudônimo para seu filho.
Na
verdade, a mágica que ela fez desta vez podia ser feita por qualquer mané com
meio cérebro faltando. Havia um único apartamento sem nome de morador no
prédio; e como estão procurando um cara que gosta de ficar na moita, é óbvio
que o tal apartamento não está vago. Então Emma usa aquele truque que o Chris
ensinou ao Drew quando estavam tentando conseguir um autógrafo do Wayne
Gretzky: se quer ser recebido por uma pessoa que não quer a sua visita, é só
tocar a campainha e dizer que chegou a pizza!
Mas
o sujeito estava ligado que seu pai podia bater lá uma hora dessas, e como ele
não estava esperando entrega nenhuma, tratou de dar no pé rapidinho, pela
escada de incêndio.
Falou
e disse, meu chapa!
A
propósito, foi nesse episódio que descobrimos porque Rumple tem essa perna
deformada, e também o motivo porque Milah o difamava para a cidade inteira,
preferindo bancar a quenga na taverna do que ficar em casa como a esposinha
perfeita do covardão da região.
Antes
de ser convocado para lutar na Guerra dos Ogros – que deve ser o equivalente
mágico de uma Guerra Mundial –, quando ainda tinha as duas pernas boas, Rumple
era um tecelão, e ensinou seu ofício à sua amada esposa Milah. Aparentemente,
naquela época os dois formavam um feliz casal, vivendo os melhores dias de seu
casamento amoroso. Era de se esperar que a convocação para o Fronte fosse
deixar Rumple desesperado, mas a verdade é que ele adorou a notícia, pois era a
oportunidade que ele esperara a vida inteira para provar que não era um covarde
como seu pai.
No
geral, eu simpatizo com a Milah, mas essa mulherzinha precisa decidir o que
quer da vida...
Como
não consegue dissuadi-lo, Rumple vai para a guerra. E sua primeira missão é
vigiar a jaula de um prisioneiro, supostamente uma fera que ajudará as tropas a
vencerem os Ogros. Na realidade, a prisioneira é uma criança cega, cujos olhos
parecem ter sido arrancados, e reimplantados nas palmas de suas mãos, e as
pálpebras costuradas.
Bizarro,
mas eu adorei essa caracterização da personagem.
Acontece
que a menininha é uma bruxa que consegue prever o futuro. Ela sabe que
Rumplestiltskin era filho de um covarde, e que ele foi criado por um bando de
solteironas, e ainda revela que sua esposa Milah já está grávida.
E
ela também viu que as ações dele no campo de batalha deixariam seu filho sem
pai. Como ainda não sabia naquela época que profecias sobre o futuro são
passíveis de muitas interpretações, e temendo que estivesse marchando direto
para a morte, Rumple pegou um machado e quebrou a própria perna – pois este
era, basicamente, o único jeito de retornar vivo da guerra, tendo sua morte
profetizada ou não.
Mas
quando chegou em casa, em vez das lágrimas de alegria por vê-lo retornar vivo,
Milah o recebeu com a vassoura na mão, virada no Jiraya, rosnando por ele ter
agido como o pai, como um covarde e um desertor. Ele tentou argumentar que fez
isso pelo filho – que já nasceu, a propósito; sinal de que o campo de batalha
ficava bem distante de sua aldeia –, para que Baelfire não crescesse sem pai,
mas Milah jogou na cara dele que Rumple o condenou a um destino muito pior:
crescer como filho de um covarde. Porque, segundo ela, Rumple deveria ter
lutado e morrido com honra.
Aqui
entre nós, Rumple: se eu fosse você daria uma assuntada aí pela vizinhança, se
a sua esposa andou visitando ou recebendo a visita de alguém, porque, como você
estava fora, e considerando principalmente o futuro dessa vagaba, é possível
que você acabe criando o filho de outro Zé Ruela...
Mas
como não havia exame de DNA em Tão, Tão Distante, Rumple criou o garoto sem
questionar, jurando de pés juntos que jamais o abandonaria...
...
Até se tornar o Senhor das Trevas, e correr o risco de perder seu poder se
caísse com o filho numa terra sem magia...
Mas,
voltando aos dias atuais, Emma consegue alcançar o sujeito em fuga, e acaba se
deparando com uma surpresa bombástica: ela já conhecia o filho do Senhor das
Trevas. E conhecia no sentido bíblico
da coisa...
Acontece
que o nome falso que ele usa no nosso mundo é Neal Cassidy, e num passado mais
ou menos distante os dois foram namorados. Aliás, ele foi um cara extremamente
importante na vida da Salvadora, e principalmente, ele deu uma grande
contribuição para essa série acontecer. Uma contribuição extremamente fofa,
chamada Henry!
Foi
há mais ou menos onze anos; Emma tinha saído do sistema de adoção recentemente,
e estava perambulando pelas ruas de Portland, Oregon, quando usou uma lima para
abrir a porta de um Fusca amarelo – aquele
mesmo que ela dirige até hoje – estacionado num beco, e uma chave de fenda
para dar a partida. E acabou que esse roubo de carro era o seu destino
convergindo com o do filho perdido do Senhor das Trevas, que também teve que se
virar sozinho desde muito cedo.
Assim
que o carro começou a andar, o dono dele, que estava dormindo no banco de trás,
despertou para dar um baita susto na ladra.
A
moça acaba concluindo as apresentações, e fica interessada em saber se ele mora
no carro ou se estava esperando que ele fosse roubado. Não que eu tenha
experiência no assunto, mas quem além de você roubaria um Fusca, Emma?!
E
já que a oportunidade se apresentou tão graciosamente, Neal a convida para
tomar um drinque enquanto eles se conhecem melhor, o que faz Emma desviar os
olhos momentaneamente da estrada, para avaliar se o dono do Fusca vale a pena,
e acaba ultrapassando uma placa de Pare. Resultado: agora a polícia quer
conferir seus documentos.
Neal
troca rapidamente a chave de fenda no contato pela chave do carro, e convence o
policial de que está ensinando sua namorada a dirigir com câmbio manual.
O
policial cai na conversinha furada, e acaba liberando os dois apenas com um
aviso, sem nem conferir a habilitação da moça, nem os documentos do Fusca.
Saber que a polícia rodoviária nos States pode ser enrolada tão facilmente, me
fez sentir um orgulho repentino do nosso Brasil...
Então
Neal pula para o banco da frente, e manda Emma seguir em frente. O que leva a
moça a concluir que Neal jogou o papinho no policial para não apresentar os
documentos do carro, porque ele também não é o dono.
Pelo
menos, agora que sabe que ele é só um ladrão de carros, e não um pervertido
como supôs a princípio, Emma decide aceitar seu convite para uma bebida.
Esse
foi o início de uma linda parceria no mundo do crime.
Juntos,
naquele Fusca amarelo, Emma e Neal atravessaram o país, furtando mercadinhos e
lojas de conveniência, fazendo a moça fingir de grávida, enquanto Neal distraía
o balconista, pedindo ajuda para entender uma rota traçada no mapa. Uma vida de
aventuras.
A
pior parte de viver num carro, era a falta de um chuveiro; mas nada que não
pudessem resolver, aproveitando os vinte minutos entre o check-out dos hóspedes
de um motel e a chegada da camareira para trocar a roupa de cama.
Naquela
época, Neal começou a pensar seriamente em sossegar o facho e conseguir uma
casa de verdade para viver com Emma.
Ele
deixou que Emma escolhesse a cidade em que fincariam raízes: ela fechou os
olhos e apontou Tallahassee, Flórida no mapa. Aparentemente, depois que o romance
foi para o vinagre, Emma viveu um período nostálgico, porque, segundo as
investigações de Regina, a moça passou dois anos em Tallahassee depois de ter
entregado Henry para adoção.
Seja
lá como for, sabemos que ela não morou lá com Neal. Porque logo depois de
colocar caraminholas na cabeça dela sobre seu futuro juntos, Neal se deparou
com sua foto estampando cartazes de procurado pelo FBI espalhados pela cidade.
Acontece que, tempos atrás, ele trabalhou como zelador numa joalheria chique em
Phoenix, Arizona, e aproveitou que o gerente era chegado num goró, e
frequentemente esquecia de trancar o armário de relógios caros para afanar um
lote e dar no pé. A loja tinha seguro, e também câmeras de segurança bem mais
ligadas que o gerente do lugar.
Os
relógios ainda estavam trancados num armário na estação de trem de Portland
nessa época. Então eles decidiram mudar os planos, e em vez de Tallahassee, ir
viver no Canadá, fora do radar e da jurisdição do FBI.
Emma
já tinha visto o suficiente para saber que não é tão difícil conseguir
documentos e passaporte falsos para cruzar a fronteira, e também poderiam
trocar a placa do Fusca, para que ninguém descobrisse que era roubado. E se
dispôs a ir pessoalmente à estação de trem para buscar os relógios, já que
ninguém estava procurando por ela. Daí era só vender e usar o dinheiro para
recomeçar a vida, onde quer que fosse.
O
problema é que, quando foi vender os relógios, Neal se deparou com nosso amigo
August W. Booth, o Pinóquio, e ele o convenceu a se afastar de Emma, para não
impedi-la de cumprir seu destino.
Vocês
podem me perguntar: mas Baelfire e Pinóquio se conheceram em Tão, Tão Distante?
Bem, a resposta é não. Baelfire provavelmente viajou pelo portal uns cem anos
antes de Gepeto nascer. Mas aparentemente a terra do Tio Sam não foi o primeiro
nem o único lugar que ele visitou depois de ter sido separado do pai.
Falaremos
disso mais à frente nesta temporada.
Não
me perguntem como Pinóquio descobriu que o maloqueiro que estava andando com
Emma era o filho de Rumplestiltskin. Acho que nem o tiozinho do Posto Ipiranga
pode nos esclarecer essa informação. Mas o fato é que Pinóquio sabia, e abriu a
caixa na garupa de sua moto para convencer Neal a prestar atenção em sua
história. E o que havia na caixa?
Eu
só queria comentar o seguinte: em quê o relacionamento com Baelfire impediria
Emma de ir à Storybrooke quebrar a Maldição? Pensem comigo: se ela tivesse
continuado com Neal, assim que se cumprissem os vinte e oito anos da Maldição,
eles seriam dois para convencer Emma de que sua família veio da terra dos
contos de fadas – e dois para ela prender numa camisa de força, também, ok...
Por mais que Neal não quisesse reencontrar o pai, lavar essa roupa suja seria
um preço pequeno a pagar pelo amor da Emma. Tudo o que August fez foi afastar
Emma do homem que ela amava, jogá-la na cadeia, não ficou por perto para ver no
que a história da Maldição ia dar, e deixou a coisa toda nas mãos do acaso.
Se
Emma, depois de ter sido presa naquela noite com o último relógio roubado, e de
ter sido informada de que Neal deu no pé e a deixou para levar a culpa sozinha
pelo roubo dos relógios, não tivesse descoberto que estava grávida, e decidido
entregar o filho para adoção, o que possibilitou a Rumple mexer os pauzinhos
para trazer o menino para Storybrooke – Deus sabe como, já que ninguém de fora
podia entrar e ninguém de dentro podia sair, nem mesmo se fosse o caminhão do
Sedex –, para ser criado pela Rainha Má, descobrir a verdade graças às aulas
repetitivas da Professora Mary Margaret sobre construir casas de passarinhos, e
roubar o cartão de crédito da professora para ir ao encontro da mãe biológica,
Emma jamais teria ouvido falar que existia uma cidade chamada Storybrooke no
mapa do Maine, pois o Pinóquio naquela altura estava do outro lado do mundo, e
nem aí com a hora do Brasil...
Embora
a primeira temporada tenha deixado algumas histórias inacabadas pelo caminho,
foi essa segunda temporada que realmente marcou o início da fase sem sentido no
roteiro de Once Upon a Time.
Aliás,
só para jogar mais um pouco de lenha na fogueira do August, depois de vender os
relógios, Neal voltou a se encontrar com ele em Vancouver, onde entregou os
vinte mil dólares que conseguiu com a venda dos relógios, e o Fusca amarelo –
reemplacado e legalizado –, para que ele entregasse à Emma quando ela saísse da
prisão de segurança mínima em Phoenix dali a um ano.
Pelo
que consta, só o carro chegou às mãos de Emma. O dinheiro foi passar férias em
paraísos asiáticos com o Pinóquio.
Pelo
menos August se lembrou de enviar um cartão postal de Storybrooke a Neal,
avisando que a Maldição foi quebrada, no início dessa segunda temporada, como
tinha prometido.
Isso
me faz pensar: se os pássaros não são afetados pelas manias da fronteira de
Storybrooke, terá sido uma cegonha que levou o bebê Henry para a cidade?
Enfim...
Agora
que se reencontraram, Emma e Neal têm um caminhão de roupa suja para lavar. Ele
explica que não sabia que ela tinha vindo do mesmo mundo que ele, até Pinóquio
lhe contar a história toda, e ele não
quis atrapalhar seu destino. E Emma tem uma década de tapas para dar na
cara dele por tê-la feito ir em cana em seu lugar.
E
o pior é que ele não vai colaborar desta vez também, pois não quer nem papo com
o pai depois de ter permitido que ele caísse sozinho num portal para um mundo
desconhecido. Pede que ela diga ao Rumplestiltskin que o perdeu de vista e o
convença a desistir da busca.
Até
parece que o sujeito não conhece o pai que tem. Rumple teve que esperar sabe-se
lá quantos anos até Regina estar pronta para lançar a Maldição, e depois mais
vinte e oito anos até Emma quebrá-la, e mais algumas semanas até conseguir
desenvolver a poção que preservaria suas memórias fora de Storybrooke...
Rumplestiltskin é capaz de mofar no apartamento de Neal esperando ele voltar.
E
como prevê que o pai não engolirá essa historinha de que Emma o perdeu de
vista, e se lembra muito bem do que o Senhor das Trevas costumava fazer àqueles
que o contrariavam em Tão, Tão Distante, Neal reconsidera e decide encarar o
velho de uma vez.
E
acaba se deparando com outra surpresinha em seu apartamento.
A
casa caiu!
Porque
Emma tinha dito ao Henry que o pai dele era bombeiro, e tinha morrido salvando
uma família de um incêndio – uma mentira piedosa, para não contar a novela
dolorosa sobre ter servido de mula no tráfico de relógios roubados, abandonada
pelo namorado trombadinha e presa por um crime que ele cometeu. Por um lado, é
óbvio que ela estava querendo proteger a si mesma; por outro, ela ainda não
conhecia a versão do Neal, que envolvia o Pinóquio nesse rolo.
Então
podem imaginar como o garoto ficou chateado ao saber que ela mentiu. E o pior
vai ser entender sua árvore genealógica daqui pra frente, porque o garoto agora
descobriu que é neto de Rumplestiltskin, o Senhor das Trevas; ele já tinha
Regina, a Rainha Má como bisavódrasta e mãe adotiva, e a Rainha de Copas Cora
como trisavódrasta e avó adotiva, por tabela... E as duas são inimigas mortais
dos seus outros avós Branca de Neve e Príncipe Charming, tendo sido inclusive
responsáveis pela morte do pai e da mãe da vovó Branca; e Regina ainda tentou
dar um créu no Charming pouco antes de a Maldição ser quebrada... O Natal dessa
família vai ser animado, hein...
E
o Grilo Falante vai ficar milionário fazendo terapia no Henry pelos próximos
cem anos...
E
como roupa suja foi o tema do episódio, Henry lava um pouco com sua mãe na
escada de incêndio, por ela ter mentido sobre o pai dele, enquanto Neal e
Rumple lavam mais um caminhão na sala, porque embora Rumple esteja arrependido,
Neal não consegue esquecer o fato de ter crescido sozinho, num mundo estranho,
tendo que enfrentar todo tipo de coisa para sobreviver. Agora ele não quer
conversa com o pai ou com sua magia, nem mesmo quer tentar recomeçar. Tudo o
que ele quer é que Rumple pegue o mesmo disco-voador de Varginha que o trouxe à
Nova York e desapareça de sua vida para sempre.
Mas
o Henry ele quer conhecer. Afinal, o menino é seu filho, e ele não quer ser
igual ao pai.
A
julgar pela forma como se separaram, dá para entender porque Emma não fez um “toma que o filho é teu” com o Neal, em
vez de entregar o menino para adoção, um sistema que ela conhecia de perto, e
sabia que normalmente não funcionava muito bem.
Enquanto
pai e filho recém-descobertos batem um papo na escada de incêndio, Rumple os
observa através da janela, recordando uma parte delicada de seu passado, quando
reencontrou aquela vidente que previu que as ações dele no campo de batalha
fariam seu filho crescer sem pai. Deu-se o caso que ela estava certa, no fim
das contas, porque Rumple não morreu na guerra, mas ao desertar, acabou
ganhando o desprezo da esposa, mais tarde o abandono, procurou o Poder das
Trevas para proteger o filho, deixou subir à cabeça, e graças a isso, Bae caiu
num portal para outro mundo, onde cresceu sem o pai.
O
reencontro com a moça aconteceu depois de ter se tornado Senhor das Trevas. A
vidente já era adulta, e estava doida para se livrar daquele dom inconveniente.
Porque, como Rumple constatará um dia, prever o inevitável é um fardo muito
pesado. Assim mesmo, ela previu que Rumple reencontraria o filho, após
percorrer um caminho muito difícil. Ela previu até a Maldição, poderosa o
bastante para tirar todos daquele Reino – menos ela, pelo visto, porque eu
nunca vi essa mulher com olhos costurados perambulando por Storybrooke. Alguém
viu? Ela também previu que não seria Rumplestiltskin quem lançaria a Maldição,
nem seria ele quem a quebraria. E como ele queria saber tudo nos mínimos
detalhes desta vez, para não se deparar com outra surpresa desagradável, ela
pediu que ele tomasse o fardo dela.
E
foi assim que o Senhor das Trevas aprendeu a prever o futuro. Mas ele não
demorou a descobrir que esse dom era uma grande confusão de imagens desconexas,
como um quebra-cabeças com várias peças faltando, difícil de ler. Ele levou um
bom tempo para aprender a distinguir entre possibilidade e infalibilidade.
E
para não dizerem por aí que ela é mal-agradecida, a vidente lhe ofereceu uma
peça do quebra-cabeças como agradecimento por ele ter aliviado seu fardo. Ela revelou
que ele reencontraria o filho da forma mais inesperada, guiado por um garoto, e
que mais tarde, esse garoto seria sua ruína.
E
como o buraco é sempre mais embaixo, agora ele vê o problema: naquela época ele
ainda não sabia, mas o tal garoto é seu neto, e se Rumple o matar, aí sim, seu
filho nunca o perdoará. Agora ele tem um passado e um futuro inteiro para
replanejar em cima dessa informação.
Uma
coisa interessante sobre aquela vidente, é que ela estava na roda de macumba da
Rainha Má, quando ela reuniu a galera do mal para lançar a Maldição. Ela estava
idosa, mas é difícil não reconhecer as pálpebras costuradas. O engraçado é que
em momento nenhum nesse flashback ela me pareceu malvada. E uma vez que Rumple
tirou seu fardo... Não entendi o que ela estava fazendo na panelinha das
bruxas...
Enquanto
Rumple e Emma reencontram o passado em Nova York, o clima começa a ficar tenso
em Storybrooke. Porque os três mosqueteiros do mal, Regina, Cora e Gancho
decidem aproveitar a ausência do Senhor das Trevas para procurar a Adaga que
pode controlá-lo e matá-lo.
E
Regina ainda deixa escapar uma informação que, se chegar aos ouvidos de Rumple,
pode pôr em risco a integridade física da Rainha Má: Gancho quer aproveitar que
o Crocodilo está fora da cidade, sem magia, e testar se a regra de só a Adaga
ser capaz de matá-lo continua valendo do outro lado da fronteira, mas tem medo
de perder suas memórias ao cruzar a linha vermelha.
Ou
seja: como Rumple também não foi afetado pela Maldição, ele não precisava
daquela poção para sair da cidade. O que significa que quando Belle pediu para
ir junto, ele poderia ter consentido; e se ela estivesse protegida por um
talismã mágico, não teria perdido a memória quando Gancho lhe enfiou uma bala
no ombro. E aquela tontura que Rumple sentiu nos dez segundos em que ficou sem
o cachecol no aeroporto não passou de frescurite aguda, meramente psicológica.
Deixa
ele saber desses detalhes... Não vai sobrar uma bruxa inteira nessa cidade...
Isto
é, se ele estiver gozando de plena saúde quando retornar, o que eu duvido,
porque agora que Gancho já sabe que não tem nada a perder se cruzar a
fronteira, nada o impede de tentar dar o teco na Fera com ou sem Adaga mística.
E
para garantir que ninguém tentará atrapalhar, Gancho faz uma interpretação
maluca do suposto mapa que Rumple deixou escondido na biblioteca, e manda Cora
e Regina cavarem buracos na área rural de Storybrooke em busca da Adaga.
Supostamente o plano de Cora é usar a Adaga para controlar o Senhor das Trevas
e induzi-lo a matar os Charmings para que Regina possa ter Henry de volta sem
sujar as mãos. Mas, conhecendo essa megera como conhecemos, esse deve ser
somente o resumo do Plano A.
Como
ainda não estão a par das tramoias do trio vilanesco, os Charmings estão ocupados
com outra questão: hoje é aniversário de Branca de Neve, por isso ela acordou
deprimida, e não quer papo com ninguém. Mas alguém além do Príncipe estava
informado da data festiva, e enviou um presente: uma tiara que ela ganhou da
mãe no último aniversário que passaram juntas.
E
esse é justamente o motivo do drama: a Rainha Eva, mãe de Branca de Neve morreu
no aniversário da filha. E sua morte não foi o que se possa chamar de natural.
A
Rainha Eva fez o melhor que pôde para ensinar à Branca de Neve que ela não era
melhor do que as outras pessoas por ter nascido na Realeza, e que o dever de
uma boa governante era garantir, antes de mais nada, a felicidade de seus
súditos.
Mas
justamente na manhã do aniversário de sua amada filha, a Rainha Eva não estava
se sentindo nada bem, e o médico não deu qualquer esperança de que ela pudesse se recuperar.
Então
Johanna, a aia de Branca de Neve a aconselhou a pedir ajuda à Estrela Azul, a
Fada benevolente que costuma realizar desejos se o coração da pessoa for
verdadeiro, como a Princesa garante ser.
O
caso é que Branca de Neve teve alguma dificuldade em localizar a estrela certa,
mas no fim das contas não precisou, porque a Fada Azul apareceu antes mesmo de
ser chamada. Afinal, ela sempre sabe quando precisam dela. E ela já estava
sabendo que a Rainha estava doente – sinal de que a Rádio Patroa é bem
sintonizada naquele canto do Reino. Então Branca pediu que a Fada curasse sua
mãe com magia.
Azulzinha, querida, você sabe
com quem está falando? A fofoqueira n° 1 do Reino! Vai pedir segredo logo pra
ela?! Quanta ingenuidade...
Como
a menina prometeu ficar de boca fechada, a Fada Azul lhe deu uma vela metade
branca, metade negra, embebida numa magia poderosa. Todavia, como todo mundo
nessa série adora bater na tecla, a Fadinha avisa que aquela magia virá com um
alto preço. Salvar uma vida sem esperança significa violar as leis da natureza;
de modo que para salvar a vida de sua mãe, a Princesa terá que sacrificar outra
em seu lugar.
Bastava
segurar a vela sobre o coração da vítima escolhida e sussurrar o nome dela.
Quando a vela apagasse, a vida dessa pessoa seria trocada pela de sua mãe. Mas
a Rainha sempre quis que Branca de Neve fosse boa. Se ela aceitasse a vela,
estaria desonrando seus ensinamentos. Por isso a Princesa recusou a oferta.
E
vejam só por que não dá para confiar nessa linguarudazinha: ela tinha acabado
de prometer à Fada Azul que nunca contaria a ninguém que ela lhe oferecera magia negra para salvar a vida de sua
mãe; mas foi a Fadinha virar as costas para ela ir contar tudo para a Rainha
moribunda.
E
a mulher ficou toda orgulhosa porque a filha foi capaz de resistir ao mal –
oferecido por uma Fada, detalhe! Veja
só até onde vai o uísque na sala dos roteiristas...
E
foi assim que a Rainha Eva morreu nos braços da filha, bem no dia do
aniversário dela.
E
é por isso que a Princesa não comemora.
Ao
abrir a caixa e se deparar com aquela tiara, Branca de Neve deduz que só uma
pessoa poderia tê-la enviado, e ela nem desconfiava que essa pessoa estivesse
na cidade: sua antiga aia, Johanna.
Porque quinze episódios depois da
quebra da Maldição, e cinco depois de ela ter retornado de Tão, Tão Distante,
Branca de Neve ainda não teve tempo de fazer o reconhecimento geral de todos os
cidadãos de Storybrooke.
Mas agora que está sabendo, ela
vai ao seu encontro, para matar a saudade e colocar o papo em dia. Johanna
encontrou a tiara no antiquário do Sr. Gold, e sabia o quanto significava para
Branca. Por isso ela vendeu um pedaço do fígado para comprá-la. Sim, porque uma
joia daquele tamanho, cravejada com tantos diamantes não pode ter sido barata;
e eu duvido que o salário de uma aposentada de Storybrooke possa cobrir esse
tipo de despesa, mesmo que Gold tenha parcelado em novecentas prestações no
crediário. A não ser que a senhorinha tenha afanado na mão grande, aproveitando
que o Senhor das Trevas está fora, e que sua namorada está desmemoriada no
hospital...
E foi enquanto colocava o papo em
dia com a aia, que Branca de Neve viu Cora e Regina montadas no saltão, cavando
buracos na floresta, já começando a suspeitar que o pirata as tenha feito de
bobas.
Então Branca de Neve corre para fazer
o que faz de melhor: fofoca. Ela vai correndo contar ao marido que as duas
megeras estão aprontando alguma. E se conseguirem a Adaga, além de poderem
controlar o Senhor das Trevas, ainda existe o perigo de Cora decidir se tornar
ela mesma a Senhora das Trevas, matando Rumple.
E como obviamente Regina não está
interessada em discursos açucarados sobre continuar tentando mudar, resistir ao
mal e Cora fugirá de vós, ou sobre ter cuidado com as artimanhas da mãe –
porque depois de tantos anos fervendo de raiva, Regina a perdoou fácil demais
pelo assassinato de Daniel; talvez por tê-lo matado pela segunda vez
recentemente –, a única chance dos Charmings manterem a cidade segura é entrar
em contato com Rumplestiltskin e tentar convencê-lo a contar a eles onde está a
Adaga, para que a protejam das duas malvadas.
Aqui entre nós: só na cabeça da
Branca de Neve e do Príncipe Encantado que os dois, sem magia, e sem nada além
de um arco e uma espada para se defender, podem impedir que as duas bruxas mais
poderosas da cidade confisquem a Adaga se estiver com eles.
É de se imaginar que
Rumplestiltskin seja mais esperto que isso. Afinal, ele é o Senhor das Trevas
há séculos, e aquela Adaga nunca – repito: NUNCA – saiu de baixo de sua vista.
Mas o problema é que Rumple está
num momento sensível, delicado e vulnerável no momento, e não só porque acaba
de reencontrar o filho e descobrir que é avô do filho da Salvadora.
Acontece que Gancho mandou as duas
megeras brincarem de castores na floresta para que não o impedissem de ir
procurar confusão com o Crocodilo lá em Nova York. Ele aproveita quando o homem
está sozinho com Emma no saguão do prédio de Neal, esperando Henry pegar sua
câmera no apartamento para fazer uma visita ao Museu de Arte Moderna, para
jogar Emma no chão e atacar seu arqui-inimigo com o gancho envenenado,
finalizando o ataque com um tique-taque
bastante significativo.
Emma consegue bater em Gancho e
fazê-lo desmaiar, para poder socorrer Rumple. Com o auxílio de Neal, ela leva o
“sogro” para o apartamento, e prende Gancho num depósito para que não os
incomode mais.
Normalmente, ninguém precisaria
esquentar a cabeça com a saúde de Rumplestiltskin, afinal, o Senhor das Trevas
é imortal; mas estando numa cidade sem magia, e considerando que o veneno com
que Gancho o feriu veio de uma planta mágica, obviamente não haverá antídoto
nesse mundo. De modo que ele precisa ser levado de volta para Storybrooke o
mais rápido possível.
E como passar pela segurança de um
aeroporto com um homem moribundo, com um ferimento difícil de explicar, quando
o mais lógico seria levá-lo a um hospital, está fora de cogitação, eles decidem
que o Jolly Roger é sua melhor alternativa de transporte – afinal, o navio do
Capitão Gancho é a embarcação mais veloz de todos os Reinos; e mesmo num mundo
sem magia, ele não tem como ser mais lento que o trânsito de Nova York. E nem
precisam se preocupar com o fato de o único Capitão disponível querer ver
Rumplestiltskin morto, porque Neal sabe conduzir aquele navio tão bem quanto
Gancho.
A versão curta de como ele
conheceu o pirata: este não foi o único lugar em que esteve depois que se
perdeu do pai. Se fosse, ele teria uns duzentos anos agora. O que significa que
Emma é uma papa-velho. Ou Neal é um papa-anjo. Vocês decidem.
E Rumple também devia estar bem
informado acerca dos desvios de caminho de seu filho, para saber exatamente em
que tempo poderia encontrá-lo, e programar a Maldição para bater com isso,
porque aparentemente não passou pela cabeça do Senhor das Trevas que Bealfire
já poderia estar morto a essa altura dos acontecimentos.
Enfim, ao receber a mensagem dos
Charmings fofocando o plano da Cora para a Adaga do Senhor das Trevas, Emma,
que também parece ter um parafuso solto, convence Rumple a contar onde a
escondeu, para que seus pais a encontrem antes de Cora.
E o pior é que ele conta!
Eu só queria saber por que diabo
Rumple não levou a Adaga consigo nessa viagem? Na pior das hipóteses, ela só
não teria poder algum fora dos limites da cidade, como também não teve durante
todo o período da Maldição.
Ok, seria difícil passar pela
segurança do aeroporto com uma faca daquele tamanho na mala de mão. Podiam ter
despachado. Ou guardado num armário do aeroporto... Qualquer lugar que não fosse
em Storybrooke a manteria mais protegida em sua ausência.
Muito mais protegida do que no
ponteiro do relógio da torre, que ficou parado por vinte e oito anos...
Lembram aquele episódio do Chapolin
Colorado em que a Florinda Meza interpretava uma bruxa que trabalhava como
empregada do Ramón Valdés, e que o poder dela vinha de um anel? Lembram qual
era o maior medo dela? Que o anel caísse nas mãos de gente gananciosa que o
usasse para dominar o mundo e escravizar as pessoas. Foi mais ou menos o que
aconteceu nessa cena: Branca de Neve é a boazinha da história, até pôr as mãos
na Adaga do Senhor das Trevas, deixar o poder subir à cabeça, e sugerir ao
Príncipe que eles aproveitem a deixa para controlar Rumplestiltskin, e fazê-lo
agir a seu favor.
Mas Cora já está lá para disputar
a posse da Adaga com os Encantados. E ela trouxe uma garantia de que a Princesa
fará a escolha adequada.
E
como Regina está literalmente com o coração da aia na mão, Branca de Neve tem
uma difícil escolha a fazer: entregar a Adaga às vilãs e deixar o circo pegar
fogo, ou assistir de camarote Regina fazendo sua vítima número setecentos mil
oitocentos e onze, mais ou menos...
E
quando Cora desdenha de Branca de Neve, sabendo que ela fará a coisa certa, do
jeitinho que a mãe lhe ensinou, a Princesa finalmente se toca de que não foi a
Fada azul quem lhe ofereceu aquela vela maldita para salvar a vida da mãe em
Tão, Tão Distante.
Por
isso a Fada Azul se fez de desentendida naquele dia, quando Branca de Neve
tocou no assunto da magia negra clandestina que as Fadas usam de vez em quando,
para arrombar a loja do Sr. Gold, que ele trancou com um feitiço de proteção
antes de sair da cidade. Porque estava na cara que, mesmo a Fada tendo pedido
segredo na época, Branca de Neve não perderia a oportunidade de revelar sua
travessura assim que fosse conveniente. Porque fofoca boa é aquela que faz a
língua coçar – nesse caso, por anos.
Só
que dessa vez a Azulzinha realmente não fazia ideia de que diabos Branca de
Neve estava falando, pois quem se fantasiou de Estrela Azul no flashback foi
Cora, para enganar a Princesa. E foi ela também quem envenenou a mãe de Branca
de Neve – com alguma magia negra que a fez parecer tuberculosa aos olhos do
médico –, para mais tarde colocar a própria filha no trono.
Porque
não foi coincidência Regina ter salvo a vida de Branca de Neve quando seu
cavalo correu desembestado. Cora cuidou para que Regina estivesse no campo
quando ela passasse, e cutucou a bunda do cavalo com magia, para colocar a vida
da menina em perigo. Justamente na época em que o Rei procurava uma nova
Rainha.
E
para garantir que sua vingança seria completa e maligna, Cora jurou diante do
cadáver da Rainha Eva que ainda tornaria o coração de Branca de Neve negro como
carvão, para que até o legado daquela Rainha fosse destruído.
Porque
se havia algo que Cora odiava profundamente em sua vida, além de sua origem humilde,
essa coisa era a Rainha Eva. Falaremos disso já, já.
Apesar
de que o passado da Fada Azul também a condena, né, não, empata rolo de Anão
com Fada travessa? Ah, Anões não pode se
apaixonar... Ah, Fadas não podem se desviar dos seus propósitos... Vá tomar
no Pozinho Mágico!
Pelo
menos, Cora não mentiu sobre uma coisa: a vela realmente teria funcionado. Para
ambos os propósitos, aliás: salvar a vida da Rainha Eva e obscurecer o coração
de Branca de Neve. Se a menina tivesse aceitado sua proposta indecente, só
obrigaria Cora a ser mais criativa em sua próxima tentativa de assassinato
contra a Rainha alguns dias depois.
E
como já perdeu gente demais nessa história, Branca de Neve se rende e entrega a
Adaga às megeras, para evitar que matem sua querida aia recém-encontrada.
Viu, Rumplestiltskin! É nisso
que dá confiar nos Encantados!
Só
mais uma coisinha, Nevezinha Derretida...
Se
fosse qualquer outro cidadão de Storybrooke, eu diria que essa expressão de
vandalismo contra um patrimônio municipal cometido debaixo do nariz da Prefeita
lhe acarretaria uma multa. Mas como Cora é a mãe da Prefeita, e a dita cuja é
sua cúmplice, é provável que nem mandem reparar os estragos.
No
relógio, eu quero dizer. A pobre velhinha estraçalhada, infelizmente, não tinha
conserto.
E
infelizmente, também, essa é mais uma morte para Branca de Neve chorar em seu
aniversário. O que finalmente a faz questionar se a “coisa certa” é sempre
bancar a mártir, apanhando de todos os vilões da série sem revidar, e assistir
de camarote seus entes queridos sendo assassinados à sangue frio sem poder
fazer nada para evitar; ou se, talvez a “coisa certa” não seja colocar um fim
no reinado de horror da Rainha de Copas e sua rebenta.
Claro
que o Charming tenta fazer a esposa reconsiderar, porque acha que ela não
conseguirá viver com a culpa se der mesmo o teco na malvada, mas de nada
adianta; Branca de Neve encasquetou que quer dar o teco na Cora, e não tem nada
que ele possa fazer ou dizer para ela mudar de ideia.
E
se a gente lembrar que eles lideraram uma guerra contra os exércitos do Rei
George e da própria Rainha Má em Tão, Tão Distante, é de se imaginar que essa
não será a primeira morte provocada pela Princesa. Porque é óbvio que eles não
derrotaram dois exércitos só com o amor em seu coração. Além disso, Branca de
Neve não hesitou em atirar no meio do zóio
do Ogro para salvar a Emma, e não venham me dizer que matar um Ogro é como
matar um boi ou um porco, porque eu não atiraria uma flecha no Shrek! O fato de
ter conhecido a Cora e parte da família dela não devia tornar sua morte
diferente da de qualquer soldado anônimo a quem Branca de Neve possa ter
flechado durante a guerra. Esse papinho de remorso é pura conversa fiada.
Seja
lá como for, eles ainda terão um pouco de tempo para agir contra as megeras,
porque, como eles sabem que as duas Rainhas estão com a Adaga, e obviamente,
Branca de Neve contará para a cidade inteira, as vilãs não poderão usar o
Senhor das Trevas para matar a família perfeita sem que o Henry saiba. Elas
terão que repensar seu ataque, e os mocinhos poderão aproveitar o tempo para
pensar num bom plano para detê-las.
Não
que costumem sair bons planos da cachola desse casal...
Enquanto
isso, Neal conduz o navio de volta à Storybrooke, e aproveita para ensinar
Henry a manejar o timão – porque nunca se sabe quando esse tipo de conhecimento
será útil; afinal, sua família tem histórico com crianças sendo obrigadas a se
virar sozinhas em territórios hostis.
As
vilãs já estão sabendo que o Senhor das Trevas está com os minutos contados,
pois o nome dele está se apagando da Adaga. Se apagar completamente, significa
que Rumplestiltskin está morto, e o poder dele desaparecerá no ar.
Ao
menos, segundo a Cora, porque de acordo com a mitologia da série, o Senhor das
Trevas é imortal; a única coisa que pode matar o hospedeiro das Trevas é a
Adaga, e através disso transferi-las para outra pessoa. O que me fez pensar: se
Rumple morresse em decorrência do veneno que o Capitão Gancho usou para
feri-lo, pela lógica – se é que há alguma no uísque dos roteiristas –, Gancho
não deveria assumir seu lugar como Senhor das Trevas? Porque a regra só diz que
toma o lugar da criatura aquele que o matar; a questão da arma utilizada ser a
Adaga apenas está implícita, pois ela seria, supostamente, a única coisa que
poderia matá-lo.
Eu
até poderia considerar a hipótese de Rumple estar exagerando o drama de seu
ferimento para tirar a Cora de seu caminho; mas considerando que o nome dele
começou a ser apagado da Adaga quando ele ainda estava fora da cidade, sem
magia, é sinal de que o veneno poderia, sim, matá-lo. Depois de ter retornado à
cidade, são outros quinhentos! Pode até ser que a partir daí ele tenha fingido
estar mal e forjado a coisa toda. Mas, se foi esse o caso, nunca foi revelado.
E considerando que esta não seria a primeira, nem a última inconsistência no
roteiro da série, vai saber!
Seja
lá como for, Cora finalmente revela a que veio: ela quer correr para esfaquear
Rumplestiltskin antes que ele dê o último suspiro, para se tornar a Senhora das
Trevas.
Ou
seja, todo esse tempo em que encheu a cabeça de Regina de discursos sobre ter
vindo à Storybrooke para ajudá-la, para reunir a família, tirar os inimigos de
seu caminho, e permitir que ela recupere o filho, era puro papo furado. Essa
megera só queria mesmo era adquirir mais poder. Pode não ter sido por acaso ela
ter se aliado justamente ao Capitão Gancho, um homem que não mediria esforços
para dar o teco no Crocodilo, proporcionando a ela oportunidades valiosas para
roubar o poder dele para si.
Interessante
escolha de palavras, Corinha, porque
era exatamente esse o motivo do seu ódio pela mãe da Branca de Neve, não é
mesmo?
Cora
nasceu bem longe da Realeza. Ela era filha de um moleiro que bebia muito e
trabalhava pouco, deixando praticamente todo o serviço a cargo dela, que já
estava de saco cheio de viver na miséria, sofrendo humilhações. Como quando foi
entregar um saco de farinha no castelo do Rei Xavier, e a Princesa Eva, do
Reino do Norte, que estava de visita, pôs o pé na sua frente, só para vê-la
tropeçar e enfiar a cara na farinha.
A
“quenguinha” em questão é a mãe da Branca de Neve, muito antes do nascimento da
Princesa. Como veem, os ensinamentos transmitidos à menina estavam cheios de
hipocrisia, porque Eva, em sua juventude, era uma metidinha, que adorava
maltratar a gentalha. E a julgar pelo contexto da encrenca, desconfio que
aquela cútis extremamente branca da filha dela tenha sido praga da Cora...
Porque
se a coisa tivesse ficado no tropeção estava bom, mas a “quenguinha” ainda foi
se queixar com o Rei que a farinha
estragou seus sapatos novos. Daí o Rei, além de se recusar a pagar pela
farinha derramada, exigiu que Cora se ajoelhasse diante de sua convidada e
pedisse perdão.
Pedindo
assim com jeitinho, Cora obedeceu, a contragosto. Mas essa foi a gota d’água
para a filha do moleiro.
Naquela
noite, Cora decidiu provar seu valor ao Rei Xavier e a todas aquelas
Princesinhas esnobes no baile de máscaras em que ele pretendia leiloar o filho.
Acontece
que o Reino estava falido, e sua última alternativa para colocar algum ouro nos
cofres Reais era casar o Príncipe Henry com alguma Princesa de um Reino
próspero.
Melhor
a gente nem querer saber quem a Cora atacou para roubar aquele vestido vermelho
deslumbrante, mas é muito provável que haja uma nobre qualquer amarrada e
pelada no banheiro feminino.
Ela
se aproxima do Príncipe Henry como quem não quer nada, fingindo nem saber de
quem se trata, e vai logo comentando como é terrível que o Rei tenha convidado
todas aquelas mulheres ricas para competir pela mão de seu filho naquele baile,
e como ela sente pena do Príncipe por estar sendo vendido daquela maneira.
Porque
não é de hoje que a bicha é sonsa. Mas esses seus modos “desajeitados” acabam
conquistando a atenção do Príncipe e lhe rendendo um convite para dançar.
Aqui
entre nós: como o Príncipe Henry encolheu na velhice, hein! A escalação de
elenco de Once Upon a Time costuma ser impecável quando o assunto é aparência,
mas dessa vez estão de parabéns! Conseguiram escolher um ator quase meio metro
mais alto que o pai da Regina que já conhecíamos. A não ser que um dia desses a
gente veja um flashback explicando que a madrasta dele era a Madame Tremaine, e
que ela cortou trinta centímetros da perna dele para fazê-lo caber numa calça!
Enfim,
Cora promete não atrapalhar a aquisição do Rei, revelando que só está ali pela
comida de graça. Mas o Rei estava com as antenas ligadas, e já tinha reparado
que a moça dançando com seu filho era a filha do moleiro.
Parece
que encontraram a moça que estava amarrada no banheiro!
Mas
Cora não chegou até ali para continuar levando desaforo para casa.
Afinal,
Cora não tem nada a lhe oferecer além de palha e um saco de farinha, embora ela
garanta que isso é mera ilusão.
Ela
só esqueceu de um detalhezinho: aquele homem era o Rei, e também não era
obrigado a aguentar sua petulância. Sendo assim, ele a segurou firme enquanto
chamava a atenção de todos no salão para revelar o suposto dom que sua não-convidada afirmava ter, o que,
claro, arrancou muitas risadas de todos. Ele pretendia que ela demonstrasse seu
talento na frente de todos, mas ela o convenceu de que se concentrar para fazer
a magia requeria tempo. Assim o Rei mandou trancá-la numa das torres do castelo
com montes de palha, para que ela transformasse tudo em ouro. Se ela
conseguisse cumprir o acordo até de manhã, poderia se casar com o Príncipe, e
finalmente entrar para a Realeza com a qual sonhou a vida toda. Senão, viraria
quindim.
O
interessante, é que o Príncipe pareceu bastante animado com a ideia de se casar
com a filha do moleiro.
E
foi nesse momento de dificuldade que a moça conheceu aquele que viria a ser seu
mentor na Magia das Trevas, Rumplestiltskin. Ele ouviu boatos sobre sua
situação, e a promessa descabida que fez ao Rei Xavier; e como por acaso
transformar palha em ouro é o passatempo favorito do Senhor das Trevas, ele a
visitou na torre naquela noite, para ajudá-la a escapar da execução ao
amanhecer – e de passar ainda mais vergonha diante daquele bando de narizes
empinados.
Ao
contrário da Cinderela, Cora se preocupou em ler as letras miúdas antes de
assinar.
Mas
ela pediu que ele fizesse uma pequena alteração no contrato, e em vez de
transformar toda aquela palha em ouro para ela, preferiu que ele a ensinasse a
fazer pessoalmente. E como para ele os meios não eram tão importantes quanto os
fins, ele concordou.
Segundo
Rumple, a magia carecia de emoção para ser gerada. Por isso ela precisava parar
de pensar, e simplesmente invocar aquele momento que a deixou tão irritada,
aquele em que ela mataria alguém se pudesse.
Porque
fazer magia é tipo conjurar um Patronum ao contrário. E adivinhem qual foi a
lembrança odiosa que ela escolheu?
Ela
relembra o momento em que a fizeram ajoelhar diante da Princesa Eva, mesmo sem
ter feito nada de errado, e a obrigaram a se desculpar com aquela criança
mimada. Como vingança, ela gostaria que todos eles se curvassem diante dela,
até seus pescoços quebrarem.
E
conhecendo essa megera como conhecemos, é bem possível que em algum momento ela
tenha providenciado que isso acontecesse, ao menos com o Rei Xavier, já que não
sabemos que fim ele levou depois desse flashback.
E
depois de imaginar a cena da vingança nos mínimos detalhes... Mágica!
Isso, Rumplestiltskin,
dá asa à cobra... Depois não reclame quando ela for até o seu leito de morte
para acelerar o processo. Foi você quem criou esse monstro!
No
dia seguinte, ela exibe pessoalmente seu novo talento diante da corte, fiando a
palha e transformando em ouro no meio do salão de bailes do castelo, no mesmo
lugar onde foi humilhada no dia anterior.
Pena
que o Príncipe Henry ainda nem estava casado e já era corno do Rumplestiltskin.
Porque
Cora tinha um plano em mente para se livrar do acordo que fizera com aquele
diabo. Ela estava ciente de que, como quinta na linha de sucessão para ser
Rainha, isso não aconteceria sem um grande derramamento de sangue. E de repente
isso pareceu ter uma importância pequena, diante do sentimento que nasceu entre
ela e seu mentor. E a declaração de amor dela o comoveu a ponto de alterar o
contrato para, em vez de lhe dever uma primogênita qualquer, ela ficar lhe
devendo uma filha dele.
Claro
que ele sabia que ela teria uma menina, porque ele prevê o futuro. O que ele
não previu, e sequer desconfiou, é que ela nunca
teria filhos com ele.
Porque
no fim das contas esse dom de prever o futuro é relativo... Ele vê muita coisa,
mas deixa escapar mais ainda!
E
como continua com sede de sangue, Cora planeja arrancar o coração do Rei
naquela noite, e esmagá-lo diante de seus olhos, para que ele veja quanto ela o
odeia por tê-la humilhado por causa de sua pobreza.
Mas
na hora H, em vez de esmagar o coração que arrancou naquela noite, Cora decidiu
guardá-lo numa caixa.
Porque
o coração que ela arrancou não foi o do Rei. Foi o seu próprio.
Porque
ela se deu conta de que o amor é uma fraqueza. E quando sua escolha é entre o
amor e o poder...
Não
é da música que eu tô falando! Concentra! Até porque a trilha sonora da Cora é
outra.
Quando
a escolha é entre o amor e o poder, até mesmo ter um coração pode ser uma
grande inconveniência.
Só
então ela revela a Rumple que decidiu manter seu plano original, e casar-se com
o Príncipe Henry, em vez de fugir com o Senhor das Trevas. Ela arrancou o
próprio coração para que nada pudesse desviá-la de seu propósito. E como
alteraram o contrato, ela não lhe deve mais nada, pois Rumple só poderia levar
uma filha que fosse dele, e ela vai garantir que qualquer bebê que venha a ter
não possua uma gotinha sequer do sangue do Senhor das Trevas.
Ou
seja: Cora foi talvez a única personagem nessa série a arrumar um modo de dar
um calote no Dark One!
Quanta
ingenuidade, Rumple...
Algum
tempo depois, Cora apresentou sua filha recém-nascida à corte.
Bem,
todos, menos o Rei, porque ele pode.
E não é obrigado.
Fiz
questão de contar essa história nos mínimos detalhes porque o conto da filha do
moleiro foi o meu episódio favorito nessa temporada - e um dos meus favoritos da série. Eu já conhecia o conto do
Rumplestiltskin, em que ele faz o acordo com a filha do moleiro, obrigada a
transformar palha em ouro, em troca de seu primeiro filho – na versão original,
a criança viraria ingrediente para sopa, mas em Once Upon a Time, sabemos que
Rumple planejava treinar a filha da Cora nas Artes das Trevas para um dia
lançar sua tão desejada Maldição –, e essa versão, cruzando o conto original de
Rumple com a juventude da mãe de Regina foi simplesmente épica. A combinação
perfeita entre duas histórias e dois personagens que têm tudo em comum;
principalmente a preferência pelo lado sombrio.
E
como aprendeu direitinho que o poder está acima de tudo, Cora só precisa que
Rumple retorne à cidade para concluir sua terrível e diabólica trama.
Assim
que desembarca em Storybrooke, Emma pede que Ruby cuide de Henry, para mantê-lo
longe do fogo cruzado – sem se preocupar que Regina o sequestre na lanchonete
da Vovó.
E
levam Rumplestiltskin à sua loja, onde ele ficará protegido com magia.
Magia,
aliás, que precisará ser conjurada pela Salvadora. Porque Rumple está fraco
demais até para um feitiço de proteção. Não que Emma saiba o que está
fazendo... Mas ele a orienta a traçar uma linha na porta com um giz invisível e
depois se concentrar para conjurar a proteção.
Agora
é só deixar de lado o esforço intelectual e dar lugar à emoção. Então, voilà! O feitiço está pronto. Ou a
lasanha acabou de descongelar no micro-ondas. É difícil diferenciar os “plins”.
Agora,
para se livrar do veneno, Rumple só precisa induzir Branca de Neve a usar a
vela que recusou anos atrás para salvar a própria mãe, e trocar a vida de Cora
pela dele.
Porque
Rumple prestou atenção na língua comprida da Branca de Neve lá no cais, quando
ela compartilhou com a filha seu desejo de matar a mãe de Regina. E como ele é
especialista em manipular desejos de vingança, agora ele vai alimentar o ódio
da Princesa contra a megera, apesar dos apelos que Charming vinha fazendo.
Claro
que sempre tem o problema de precisar segurar a vela sobre o coração da vítima
para amaldiçoá-la; sorte deles que Cora não esteja com o coração dentro do
corpo...
E
quando se diz "desde o princípio", é desde o princípio mesmo! Seus destinos foram traçados por ele na maternidade, minha
filha...
Tudo
o que Branca de Neve precisa fazer é amaldiçoar o coração e dar um jeito de
colocá-lo de volta no corpo da megera. Cora morre, Rumple vive, e todos ficam
felizes. Especialmente ele.
E
é bom se apressar, Princesa, porque Cora e Regina já estão na porta da loja,
tentando quebrar o feitiço de proteção da Emma. E como sua filha ainda é
aprendiz nesse negócio de magia, a barreira pode não aguentar muito tempo.
Então
Branca de Neve sai de fininho pela porta dos fundos, no exato momento em que as
megeras rompem a barreira protetora e entram na loja, para lutar contra o resto
de sua família, que está determinada a não permitir que a vilã se aproxime do
moribundo. E como o coração de Cora tem um sensor de aproximação, a Rainha de
Copas manda Regina cuidar do invasor no cofre, enquanto ela se vira com aqueles
mocinhos.
Acontece
que o coração de Cora estava guardado com o resto de suas coisas no mausoléu de
Regina. E como Conveniência também é a Santa Padroeira da Branca de Neve, em
meio a tantas caixas, e tantos corações que Cora já arrancou em sua longa vida
dedicada ao mal, ela não tem a menor dificuldade em identificar o coração da
malvada.
E
a caixa nem estava etiquetada! Como Branca de Neve tinha tanta certeza de que
estava segurando o coração certo, é um mistério... A não ser que a macumba
funcionasse com qualquer coração aleatório, contanto que fosse colocado no
corpo da vítima amaldiçoada.
A
Princesa chega a hesitar, mas já que chegou até ali, melhor acabar logo com
isso. Ela acende os dois lados da vela – nem quero saber porque Branca de Neve
anda com um isqueiro no bolso, já que está claro que essa professora não fuma
–, e posiciona o lado negro sobre o coração de Cora, deixando pingar um pouco
de cera em cima dele.
Eis
que ela é flagrada por Regina com o coração de Cora na mão. Literalmente! Provando
também ter talento para manipulação, Branca de Neve inventa rapidamente uma
história sobre ter ido buscar o coração de Cora para que Regina pudesse
colocá-lo de volta no corpo da mãe.
E
como tocou no ponto fraco da Rainha Má, ela deixa a caixa com o coração de Cora
com a filha dela, confiando que Regina perceberia que a Princesa tinha razão, e
que Cora não seria capaz de amá-la enquanto não tivesse seu coração de volta.
E
estava certa. Exatamente quando Neal fez as pazes com o pai, Cora conseguiu
vencer o outro feitiço de proteção que Emma colocara na sala dos fundos da
loja, onde Rumple estava agonizando, e despachou seus guarda-costas para a
floresta do Maine com magia, antes de admitir que ele foi o motivo de ela ter
arrancado o próprio coração. Que nem o Davy Jones, arrancando o coração para
não continuar apaixonado pela deusa Calipso.
Cora
ergue a Adaga sobre o Senhor das Trevas, e bem nesse momento, Regina chega
enfiando o coração no corpo da mãe pelas costas.
Tal
como Rumplestiltskin planejara, ao colocar o coração amaldiçoado de volta no
corpo de Cora, o ferimento dele se curou instantaneamente, e a Adaga voltou a
exibir seu nome completo; sinal de que ele está completamente fora de perigo.
E
tal como Branca de Neve previra, Cora sorri para a filha agora verdadeiramente
amada, deixando Regina emocionada com esta inédita demonstração de afeto da
mãe. Pena que não tenha durado mais do que um segundo, e então Cora começou a
agonizar, desabando nos braços da filha. A ferida e o veneno que estavam
matando Rumple foram transferidos para ela.
O
que Cora tentou dizer em seu último suspiro é que o amor de Regina teria sido o
suficiente, se ela não fosse uma megera sem coração.
E
a julgar pelo olhar de ódio de Regina para Branca de Neve, a vida dessa
Princesa está correndo um sério risco. Melhor fazer um seguro de vida para
ontem, Charming, porque eu não dou dois minutos para Regina começar a brincar
de tiro ao alvo com a sua esposinha. E com bolas de fogo ao invés de flechas!
Mas
isso é assunto para o próximo post, porque esse já ficou longo demais. Nos
vemos então na próxima postagem, nessa mesma hora, e nesse mesmo blogspot!
sinceramente, OUAT é uma série incrível, e, por mais que eu goste muito da Branca e do David, eu sinto muito odio ao ver que o povo odeia a Cora injustamente. ela é a minha personagem favorita junto da Regina, e ambas não mereciam o que a vida fez com elas. Cora se tornou má graças a Eva, porque se não fosse aquele dia Eva tê-la derrubado, Cora não teria feito tudo que fez. e para piorar! Eva estragou a vida da Cora duas vezes, Eva já não era mais uma princesa e sim uma rainha, certamente como vemos mais tarde. porque se ela fosse uma princesa ainda, Regina teria sido a primeira filha de Cora ao invés da Zelena. enfim, são muitas coisas a se analisar. e uma alerta de spoiler: felizmente Branca descobre na terceira temporada que a linhagem dela é suja e hipócrita. com isso viu que os Mills nunca foram maus, a família da Branca que os destruiu e o Rumple ajudou a corromper bem mais.
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