Com
um atraso de duas temporadas, finalmente vamos fazer um recap da terceira
temporada de Once Upon a Time.
Como
devem se lembrar, no último episódio da segunda temporada, Henry foi
sequestrado pela dupla me-dá-nos-nervos Greg Mendell – ou Pamonhão, como gosto
de chamá-lo – e Tamara-Que-Tenha-Caído-Num-Portal-Para-o-Mar-de-Monstros-e-Buon-Apettit-Cila-e-Caríbdis
– sim, estou mencionando mitologia grega em Once Upon a Time. Afinal de contas,
nunca se sabe – e arrastado para um portal, para se encontrar com o terrível
chefe da gangue dos imprestáveis. Tudo isso porque seus avós Branca de Neve e
Príncipe Encantado, quando viram o Apocalipse se aproximando, se esqueceram de
ficar de olho nele.
Por
sorte, o Capitão Tudo-de-Bom Gancho teve uma crise de consciência, após
roubar o último feijão mágico dos mocinhos, e decidiu regressar quando já fugia
de Storybrooke, fazer uma trégua com seu arquirrival Rumplestiltskin, e
oferecer seu navio e seus serviços à família Charming-Stiltskin-Mills para
resgatar o garoto. Parte disso se deve, é claro, ao fato de que ele ainda
queria descolar uma chance com a mãe do guri – mesmo sabendo que ela já esteve
envolvida com seu filho postiço, Baelfire.
Falando
nele, sabemos que depois de cair baleado num portal, Neal – ou Baelfire, se
preferirem – foi encontrado numa praia pelo trio mais inútil da tela, Aurora, Príncipe Phillip e – o
que está fazendo aqui? – Mulan. Encontrado vivo, porém desacordado, e
aparentemente, muito mal.
Só
que os protagonistas dessa história não sabem disso, e acreditam que ele morreu
ao cair ferido no portal. O que coloca metade da família principal de luto, faz
Emma vestir pela segunda vez trajes de viúva nessa série, e deixa o Hook
ligeiramente inseguro em investir de cara numa aproximação com a Salvadora.
Olhando
por essa perspectiva, dá a impressão de que começa a se desenhar uma trama
estilo novela mexicana em Once Upon a Time. Pois é... Parece...
Mas,
se há algo que já aprendemos ao longo das duas primeiras temporadas da série, é
que nada é o que parece!
Logo
depois que o Jolly Roger mergulha no portal para a Terra do Nunca,
Rumplestiltskin abandona o barco, pois acredita que terá mais êxito sozinho no
resgate de Henry, do que com a família meio muçarela, meio calabresa – entenda:
metade heróis, metade vilões – em sua cola para atrapalhar. Sua partida é pouco
sentida pelo resto da trupe, que logo começa a elaborar planos para atacar o
acampamento de Peter Pan: Gancho pretende levá-los até o lado oposto da ilha
para tentar surpreendê-los; Emma tenta se manter em forma para a luta; Branca
de Neve e o Príncipe Encantado estão chateados porque a filha está de mal com
eles; e Regina parece ter cada vez menos paciência com o velho lengalenga “se você for bonzinho e acreditar, tudo dará
certo”. Aliás, depois de três temporadas, realmente já estava na hora de a
Branca de Neve virar o disco.
Mas
quando o barco é atacado por sereias, e uma delas invoca uma tempestade mortal,
descobrimos que até a Branca de Neve é capaz de se irritar o bastante para
trocar socos com a Rainha Má.
Sabe
aquele capítulo da novela das nove (toda novela tem), em que a mocinha
finalmente decide descer do salto, invade o banheiro feminino durante uma festa
e desce o sarrafo na vilã? Então, foi mais ou menos o que aconteceu. A
diferença é que, neste caso, não sei se a Regina mereceu...
E
se tivessem deixado as duas brigar na santa paz de nosso Senhor – não que essa
expressão faça sentido –, tudo bem. O problema foi que o Charming tentou reunir
a turma do deixa disso para apartar a treta, antes que a Rainha Má conjurasse
um Avada Kedavra qualquer em cima de sua digníssima senhora, e Gancho, na
intenção de lembrá-lo de que enfrentavam um problema mais grave no momento –
uma tempestade monstruosa que estava prestes a engoli-los –, teve a péssima
ideia de chamar as duas de “vadias”.
Aí,
no popular, danou-se!
Porque
o Charming partiu para cima dele, virado no Jiraya, e agora só restava a Emma
para segurar o timão e tentar manter o navio estável.
Mas
foi graças ao pandemônio que se formou ao seu redor, que ela se deu conta de
que era a raiva deles que estava alimentando a tempestade. E como ninguém parou
de bater em ninguém para escutá-la, Emma apelou para a ideia mais estapafúrdia
da história d... ... ... ... ... ... Bem, das histórias atuais: ela se
prevaleceu de seu valor como protagonista da série, e daquele contrato que
prevê que ela tem que chegar viva até o último episódio de Once Upon a Time, e
do pressuposto de que todos naquele navio a amavam demais para deixá-la morrer –
não sei se ela estava considerando a Regina nesses cálculos –, e decidiu
colocar sua própria vida em risco para forçá-los a parar de brigar para
socorrê-la.
Diga-me:
qual é o problema dessas mocinhas de hoje em dia?
Seja
lá como for, funcionou. Ao vê-la pular na água, Charming dá o alarme, e todos
correm para a amurada, bem a tempo de vê-la ser atingida na cabeça por um
molinete que se soltou dos cabos de mastreação.
E
nesse instante, Branca de Neve se esquece completamente de que estava sentando
porrada na Regina até um minuto atrás, e começa a implorar que a malvada use
magia para salvar sua filha. Porém, Regina, conhecendo os riscos de acabar
fatiando Emma no processo, explica que não tem como usar magia para resgatá-la
com aquela tempestade. Então, Hook manda amarrar uma corda na cintura do
Charming, para que ele possa pular na água e procurá-la. E quando puxam os dois
de volta, percebem que Emma tinha razão em pôr ordem no galinheiro, porque foi
só eles pararem de brigar, e a tempestade passou.
Enquanto
isso, em terra firme, Greg Pamonhão e Tamara-Que-Vire-Comida-de-Crocodilo
descobrem que o “escritório” para o qual trabalhavam é dirigido por um garoto
malvado, que desistiu da vida de adulto para liderar um grupo de delinquentes
juvenis que vivem sequestrando criancinhas para ele brincar, e nunca
pretenderam acabar com magia nenhuma. Greg e Tamara foram enganados para fazer o
serviço sujo, e trazer Henry para a Terra do Nunca, enquanto eles esperavam
calmamente na floresta, comendo Doritos. Tsk, tsk... Deviam ter puxado o CNPJ
da firma...
E
como agora eles não estão mais dispostos a colaborar, e se recusam a entregar o
garoto antes de receberem uma boa explicação sobre aquela tramoia toda, os
Meninos Perdidos percebem – assim como o resto do mundo já estava careca de
saber – que eles não servem para mais nada, e dão cartão vermelho aos dois.
Henry corre para a floresta, Tamara é atingida nas costas por uma flecha e
deixada agonizando, e a Sombra malvada de Peter Pan leva um pequeno suvenir de
seu encontro com Greg Pamonhão: arranca a sombra dele do corpo e a leva para o
esquecimento.
Houve
um breve momento “WTF?”, quando Tamara estava agonizando na floresta, e foi
encontrada por ninguém menos que o Senhor das Trevas, em pessoa, sem a menor
paciência para enrolação, e com cara de “tire
essa carcaça do meu caminho que eu quero passar com a minha raiva”. Até aí,
tudo bem. Mas então ele teve um súbito surto de misericórdia com a vadia que
deu um tiro em seu filho Bae, e o deixou cair ferido num portal para “lugar
nenhum”, e resolveu curar a ferida que a flecha causou na traidora.
Como
assim? Depois de tudo o que ela fez, o Rumple vai deixá-la sobreviver?
Teria
sido a prova cabal de que os roteiristas ficaram completamente loucos! Mas então,
depois de interrogar a safada e descobrir que Henry conseguira fugir para a mata,
Rumple – nosso querido e amado Rumple – finalmente se desfez da pose de piedoso
que estava encenando com a megera, e fez aquilo que todos esperávamos dele:
demonstrando que sua ajuda inicial fora apenas um ardil para conseguir
informações rápidas, ele vingou a “morte” de Bae, arrancando e esmagando o
coração da Tamara-Que-Não-Volte-Nunca!
E
nesse momento ganhamos mais uma história inacabada no enredo de OUAT para a
nossa coleção: Greg Pamonhão estava com raiva porque seu pai foi morto em
Storybrooke, a cidade criada por Regina com magia na época da Maldição; mas por
que era mesmo que a Tamara odiava a magia? Nunca vamos saber...
Enquanto
foge pela floresta sem olhar para trás, com os Meninos Perdidos em seu encalço,
Henry encontra um garoto que supostamente também está fugindo do bando, porque
roubou um frasco de pozinho mágico de Peter Pan para escapar, mas descobriu que
ele não funciona. O garoto promete levar Henry até a Caverna do Eco, onde eles
poderão se manter escondidos do vilão. O problema é que, depois de despistar os
Meninos Perdidos, eles acabam ficando encurralados diante de um penhasco, e a
única maneira de sair dali é voando.
Então,
Henry surrupia o pozinho mágico do garoto, e explica que não basta ter o combustível;
para que ele funcione, eles precisam acreditar. O garoto deixa claro que é
cético, mas Henry garante que acredita o suficiente pelos dois; e prova isso
puxando o garoto para saltar com ele do penhasco, joga o pozinho sobre os dois,
e assim eles conseguem voar e atravessar a Terra do Nunca.
Lembra
daquele conselho dos pais sobre não falar com estranhos? Então, Henry parece
ter se esquecido completamente disso. E só foi perceber que estava lascado,
quando finalmente se lembrou de perguntar o nome de seu supostamente cético
companheiro de aventuras.
Depois
de duzentos anos trazendo os garotos errados à Terra do Nunca, Peter Pan chegou
àquela conclusão básica: se quer que uma coisa saia bem feita, faça você mesmo!
Então, decidiu testar por conta própria se o garoto que a dupla odiosa trouxe
desta vez era o verdadeiro crédulo de coração, que ele procurava há tanto
tempo.
E
como Henry passou no teste, foi logo integrado ao grupo, sem precisar passar
por todos aqueles trotes básicos que a gente via nas gangues juvenis de filmes
dos anos 80.
O
caso é que Peter Pan, pelo visto, gosta mesmo de brincar, e não se contenta
apenas em ter conseguido trazer o garoto para junto de si. Ele também precisa
atormentar Emma, fazendo-a remoer, primeiro a mágoa por ter sido abandonada
pelos pais e crescido num sistema de adoção, e depois a culpa por ter
abandonado o próprio filho. Ele faz isso, quando “gentilmente” lhe dá um mapa
que a levará até Henry, porém, o mapa está travado com um feitiço, e só se
revelará no pergaminho quando Emma aceitar quem realmente é – ou neste caso,
como se sente –, uma órfã.
E
Peter Pan garante que, quando sair da ilha, Emma não apenas se sentirá uma
órfã; ela será uma! E começa a cumprir a promessa imediatamente, pois um dos
Meninos Perdidos acerta de raspão uma flecha embebida em Sonho Sombrio, o
veneno que Gancho havia usado para tentar matar Rumplestiltskin em Nova York – na
ocasião em que Branca de Neve usou a vela que tinha recusado para salvar a vida
da mãe para salvá-lo, matando Cora no lugar dele –, no Príncipe Encantado, de
modo que, a partir daquele momento, o prazo de validade do pai da Salvadora já
começa a expirar.
Pensando
nisso, e em como farão para invadir o acampamento de Pan e pegá-los de surpresa
– já que, graças ao mapa que ele “tão gentilmente” cedeu à mãe do garoto, eles
obviamente estão sendo aguardados –, Gancho sugere que eles procurem a ajuda de
uma fada que no momento goza da inteira confiança do “Senhor da Terra do
Nunca”: Tinker Bell!
Não
imagino por que Emma ficou tão surpresa com a sugestão, já que, estando na
Terra do Nunca, era óbvio que cedo ou tarde ela acordaria com essa fadinha
zumbindo em seu ouvido...
A
verdadeira surpresa quanto à introdução da fada nessa história foi a revelação
de seu passado sórdido com Regina.
Muuuuuuito
tempo atrás – coloca aí na conta: 28 anos de Maldição, mais uns dois anos desde
que a Emma encontrou Storybrooke, e mais uns dez anos de casamento com o pai da
Branca de Neve antes de mandar todo mundo picar a mula da Floresta Encantada –,
Regina, Rainha à esta altura, se sentia infeliz em sua vida, presa em um
casamento sem amor, ressentida com a mãe por ter matado seu adorado tratador de
cavalos – vide Daniel, o primeiro amor da nossa Rainha –, e sem esperança de
ser feliz algum dia. Eis que, numa noite abençoada, ela foi visitada por uma
linda fadinha verde – e, só para ficar claro, não estou fazendo referência ao
absinto! –, que, a contragosto de sua chefe, a Fada Azul – que adora se
intrometer na vida amorosa de todo mundo, e frequentemente acabar com a farra, SaFadinha
fura-olho dos infernos... –, roubou um pouco de pó de fada para ajudar nossa Rainha
a encontrar seu verdadeiro amor.
Que
coisinha linda!
E
teria dado certo, não fosse por aquelas crianças intrometid...
Opa!
Perdão, série errada. É que é muito embaraçoso admitir que a poderosa Evil
Queen, um belo dia, teve medo de encontrar-se cara a cara com o amor de sua
vida!
Sim,
meus amigos... Regina se acovardou diante da sua promessa de felicidade. Por
medo de que o amor verdadeiro não conseguisse preencher o espaço que o ódio
deixara em seu coração; ou por medo de que, apesar do novo amor, ela não
conseguisse jamais superar aquele amor perdido; ou talvez por medo de que ele
fosse o Shrek – que, falando nisso, ainda não deu as caras nessa série –; ou,
quem sabe, por medo de que Branca de Neve, de novo, desse com a língua nos
dentes e pusesse tudo a perder... Seja lá como for, tudo o que Regina viu de
sua alma gêmea foi uma extremamente sugestiva – Once Upon a Time devia ter dado
um alerta de spoiler antes de dar um close! – tatuagem de leão perto do pulso.
Nem precisava esperar até o fim do episódio para descobrir quem estava no fim
daquele braço...
O
problema é que, esse pequeno momento de fraqueza da nossa Rainha, teve sérias
consequências para a pobre fadinha rebelde Tinker Bell, que acabou tendo suas
asas e seus poderes confiscados pela Fada Azul, e sendo banida do Refúgio das Fadas.
Agora, muitos anos depois, descobrimos que o pé na bunda que tomou da patroa a
mandou direto para a Terra do Nunca, onde ela vive marginalizada, numa casinha
improvisada na floresta, tentando conviver com o bando de adolescentes rebeldes
liderados por Pan, e sem um grão de pozinho mágico que seja para contar a
história. Perguntinha: de quem Peter Pan roubou aquele pozinho mágico que
compartilhou com Henry em seu primeiro encontro, então? Alguém viu outra fada
na Terra do Nunca?
Esta
revelação – de que não há pozinho mágico em estoque na casa da fadinha – causa
um visível abalo no Charming, que vê sua esperança de que o veneno pudesse ser
anulado pelo poder dessa substância escorrer pelo ralo.
Enquanto
isso, em Tão, Tão Distante, Neal
desperta completamente recuperado do tiro, e se vê aos cuidados da Princesa
Aurora, do Príncipe Phillip – que ainda não explicou como foi que retornou dos
mortos –, e da sempre completamente deslocada Mulan. Sério, se queriam tanto
ela na série, podiam pelo menos ter-lhe dado alguma história, uma motivação,
incluído em algum núcleo mais útil...
Enfim,
como Aurora não consegue fazer contato com Henry, Branca de Neve ou Chaming
através da Terra dos Sonhos – provavelmente porque o fuso horário da Floresta
Encantada não bate com o da Terra do Nunca –, Neal decide retornar ao castelo
de seu pai para procurar algum objeto mágico que o ajude a descobrir um modo de
voltar para Emma e Henry.
Mulan
o leva até o castelo de Rumplestiltskin, e descobrem que ele foi invadido por
Robin Hood. Mas, como Neal gentilmente decidiu não despejá-lo, Robin, sem
sequer conferir os documentos do filho do Senhor das Trevas, se dispõe a
ajudá-lo. Ou vai ver ele só queria que Neal pegasse de uma vez o que foi buscar
e sumisse de sua nova morada bem rapidinho...
O
castelo tinha sido saqueado após a Maldição, e tudo o que havia de valor fora
levado pelos bandidos, mas Neal reconhece o bastão de madeira com que o pai
acompanhava seu crescimento, e o agita um pouco no ar, até que ele revela a
localização de um armário camuflado com magia, onde Neal encontra uma bola de
cristal que lhe revela que Emma está, neste momento, na Terra do Nunca.
Adivinhando
que ela e Henry estejam metidos em alguma confusão, Neal logo bola um plano que
o levará ao encontro de sua família: ele coloca o pequeno Roland, filho de
Robin Hood, diante de uma das janelas do castelo, e pede que o garoto diga as
palavras mágicas – que rufem os tambores:
UAU!
Agora o Abracadabra já pode se aposentar.
Acontece
que essa é a mandinga necessária para invocar a terrível Sombra raptora de
crianças, que há pelo menos duzentos anos leva criancinhas do nosso mundo e da
Floresta Encantada para passar uma noite divertida com seu amigo Peter Pan!
E
assim que ela aparece, Neal se atravessa no caminho dela, enquanto Robin Hood
protege o filho, se agarra ao pé da Sombra do mal, e pega uma carona com ela
para Neverland.
Agora
que Neal já está a caminho de sua aventura, e que Roland continua são e salvo
nos braços do pai, que herdou o suntuoso castelo do Senhor das Trevas com
porteira fechada diretamente do filho dele, e não tem mais nada para fazer
daquele lado do reino, Mulan recusa a oferta de Robin Hood para se juntar ao
bando, e decide seguir o conselho que recebera de Neal, sobre se declarar à
pessoa amada antes que seja tarde demais. Então, a guerreira chinesa retorna
rapidamente ao castelo de seus inúteis companheiros de cena, pronta para declarar
seu amor... à Princesa Aurora!
Queridos
roteiristas de Once Upon a Time: WTF?????
Mulan
apaixonada pelo Príncipe Phillip já seria um absurdo sem proporções – sobretudo
considerando que a história daquele núcleo caminha a passos de tartaruga nesse
roteiro –, mas eu poderia fazer um esforço para entender. Mas Aurora? Nem o Phillip sabe, a essa
altura, por que diabos gosta dela! E eu jurava que a Mulan, no mínimo, teria um
gostinho melhor pra mulher...
E
cá entre nós, escolher a personagem feminina, digamos, mais masculinizada – dentro
do contexto da série: alguém que não foge à luta, que enfrenta batalhas e prova
que as mulheres também podem ter uma guerreira dentro de si – para ser
homossexual foi uma estratégia de mal gosto! Para dizer o mínimo. Se tivessem
escolhido uma princesa, vá lá – Aurora apaixonada por Mulan, por exemplo, em
vez do contrário –; porque com a Mulan, só apontaram um estereótipo. Me
poupem...
Porém,
diante da notícia de que Aurora e o Príncipe Phillip estão à espera de um
herdeiro – e eu nem vi esse casório, hein, safadinhos –, Mulan não vê outra
alternativa, senão engolir sua declaração pela metade e anunciar que vai se
juntar ao bando de Robin Hood.
Meus
sinceros votos de que a Mulan encontre uma companheira mais à altura de seus
sentimentos. Alguém menos songa monga, de preferência...
Enfim...
Ao
chegar à Terra do Nunca, Neal logo atravessa o caminho de seu pai,
Rumplestiltskin; o que teria sido maravilhoso para o rapaz, se seu pai não o
tivesse confundido com uma alucinação criada por Pan, ou por ele mesmo, como
vinha fazendo com a Belle. Felizmente, o Senhor das Trevas decidiu perguntar
primeiro antes de ir passando fogo no cidadão, e depois de se convencer de que
estava mesmo falando com seu filho recém-saído das garras da morte, os dois se
uniram num plano para resgatar Henry. Neal se recordou da tinta extraída de uma
lula gigante, que tem o poder de paralisar momentaneamente qualquer criatura
mágica – a mesma que a Fada Azul usou para que os Charmings pudessem capturar
Rumple antes da primeira Maldição, e que mais tarde descobrimos que o Senhor
das Trevas tinha usado para escrever o nome de Emma milhares de vezes num
pergaminho enquanto aguardava a Maldição no calabouço anti-magia –, e como já
previa que Pan suspeitaria da armadilha no momento em que ele disparasse a
flecha, e a interceptaria, Neal sabiamente pincelou a toxina no cabo da flecha,
em vez da ponta.
Com
Pan momentaneamente paralisado, Neal e Rumplestiltskin aproveitaram para fugir
com Henry, que no momento estava adormecido por um feitiço. Mas por uma
estupidez sem tamanho de papai e filho Stiltskin – que não podiam esperar sair
da Terra do Nunca com o garoto antes de lavar outro caminhão de roupa suja –,
Henry acabou sendo recapturado pelos Meninos Perdidos. Tudo isso porque Pan fez
a gentileza de participar Neal a respeito da profecia que Rumplestiltskin
recebera da bruxa cega – a mesma de quem ele roubou o poder de prever o futuro
–, que dizia que Henry seria sua ruína. Logo, o malévolo Senhor das Trevas não
poderia ter outro interesse no garoto, senão destruí-lo antes que a casa caísse
sobre sua própria cabeça.
Prova
de que Peter Pan acompanhou assiduamente a segunda temporada da série.
E
como Henry esteve o tempo todo sob o feitiço do sono, ele não percebeu que
tinha sido resgatado e depois recapturado – porque é claro que essa parte o
safadinho do Peter Pan não fez questão de fofocar –, e quando despertou desse
sono de dez minutos, o garoto que possui o coração do verdadeiro crédulo
começou a ser afetado pelo ar deprimente da Neverland de Once Upon a Time, e
perder a esperança de que sua família estivesse procurando por ele. E ao
permitir que a dúvida chegasse ao seu coração, Henry deve ter começado a se
sentir abandonado, pois nesse momento ele começou a ouvir o som da flauta de
Pan – com que Baelfire fora encantado quando era menino, e se sentia abandonado
pelo pai –, e ficou bem perto de se admitir como um Menino Perdido.
Como
para provar que o cordão umbilical de Henry com suas mães nunca foi
verdadeiramente cortado, Emma e Regina começam a se preocupar em mandar uma
mensagem a ele, para avisá-lo de que estão a caminho para resgatá-lo, pois
imaginam que, àquela altura, sem saber o que se passava com sua família, ou se
conseguiram encontrar algum feijãozinho mágico caído atrás da geladeira para
irem à Terra do Nunca salvá-lo, Henry poderia estar se sentindo abandonado.
Então,
Regina sequestra um dos Meninos Perdidos, e rouba seu coração para fazer com
que ele leve um espelho que ela roubou do Harry Potter, para que ela, Emma e
Branca de Neve possam fazer um hangout com Henry.
O
problema é que Henry não se convence de que é realmente sua família falando do
outro lado do espelho, ou se é mais uma artimanha de Peter Pan para
ludibriá-lo, e se livra da prova do crime assim que percebe a aproximação do
vilão.
E
enquanto o clube da Luluzinha está ocupado tirando selfies com o espelho, Hook
conduz Charming ao Pico do Homem Morto – e não é para jogá-lo lá de cima,
embora Peter Pan tenha feito a sugestão. Na verdade, o que o monstrinho queria
era que Hook testasse se a ponta de seu gancho continua afiada o bastante para
arranhar o coração do futuro sogro, mas como a piada é sempre com a sogra, o
pirata decidiu bancar o camarada.
E
neste momento, finalmente, entramos em contato com o passado de Killian Jones,
nosso querido e amado Capitão Gancho.
Bota
aí algumas centenas de anos atrás, o tenente Killian Jones estava a serviço do
Rei de Tchuim Tchuim Tchum Claim – porque não se sabe a que reino ele servia –,
navegando no maravilhoso navio Jewel of
the Realm (A Joia do Reino), que, à época, era capitaneado por seu irmão
mais velho, Liam Jones. Eles foram enviados por Sua Majestade à Neverland, para
procurar uma planta que, segundo o Rei, curaria qualquer enfermidade.
Acreditando estarem numa missão pacífica e filantrópica, os irmãos Jones
partiram nesta aventura, e puseram o “Jewel” para voar, pois o navio ostentava
uma maravilhosa vela feita com as últimas penas das asas de Pégaso, o cavalo
alado da mitologia grega, e assim, eles navegaram
pelo céu, em direção à segunda estrela à direita, e depois direto até o
amanhecer.
Lá
chegando, porém, eles foram recebidos por um habitante local, um garoto metido,
com cara de “eu mando nessa bagaça”,
chamado Peter Pan, que lhes garantiu que eles estavam mal informados, pois
Sonho Sombrio, a planta que eles procuravam, era, na verdade, um veneno. Liam,
porém, incapaz de acreditar que fora enganado por seu Rei, decidiu provar que
Pan é que era o mentiroso, mas ao ferir-se com o espinho da planta, ele percebeu
o tremendo erro de julgamento que cometera.
Killian
fica desesperado ao ver o irmão à beira da morte, e Pan, num surto de bondade
repentina, lhe fala sobre uma nascente de águas milagrosas naquela ilha, que é
capaz de curar qualquer coisa, inclusive o veneno do Sonho Sombrio. Mas, como
os personagens de Once Upon a Time sempre gostam de frisar, toda magia tem um
preço. Killian garante que dinheiro não é problema, e sem se preocupar em ouvir
mais, busca um pouco da tal água para o irmão, que fica imediatamente curado.
Eles
agradecem o menino, apertam as mãos, postam uma selfie no Instagram, e partem
de volta para o seu reino para tirar satisfações com o Rei ardiloso que os
colocou nesta confusão.
Porém,
assim que o navio sai da jurisdição das águas de Neverland, a água milagrosa
que Liam bebera perde o efeito, e o veneno completa sua missão, matando o capitão
Jones.
Revoltado
com o fim que tivera o irmão, Killian decide dar uma banana ao Rei, manda todos
os escrúpulos para o inferno, queima a vela do Pégaso, muda o nome do navio
para Jolly Roger, e se autoproclama o
novo Capitão Jones, decidindo navegar sob suas próprias cores dali por diante,
como pirata, mas mantendo sua honra intacta. Acho que foi Robin Hood que disse
uma vez (fora da série), que às vezes se encontra mais honra entre os ladrões
do que entre os nobres.
E
Hook provou isso, ao recusar a oferta de paz de Peter Pan, a custa de matar o
pai de sua amada antes que o veneno o fizesse, e confessar que o enganou o dia
todo, fazendo-o subir aquela montanha supostamente para procurar o sextante de
seu irmão, que poderia guiá-los para longe da Terra do Nunca, quando na
verdade, o que ele queria era levá-lo até a nascente onde encontrariam a cura
para o veneno que estava matando o Príncipe. Porém, Gancho o alerta de que, se
beber daquela água, Charming não poderá mais sair da Terra do Nunca, ou ela
perderá o efeito, e ele morrerá.
Mas
como tem um neto para salvar, e é mais fácil fazer isso vivo do que morto, o
Príncipe decide encarar a prorrogação.
E
na volta dessa aventura, Charming, contente por poder viver mais um pouquinho,
mas ainda sem querer contar à sua família que esteve com os minutos contados,
inventa uma história sobre terem caído numa armadilha de Pan, e Gancho ter
salvo sua vida, deixando as mulheres de sua família emocionadas, e fazendo o
pirata ganhar uns pontinhos com sua filha.
Está
tudo muito bom, tudo muito bem, mas aí o diabinho do Peter Pan resolveu jogar
um balde de água fria na alegria do pirata, com a revelação bombástica de que
seu rival na disputa pelo coração de Emma, Neal, está vivinho da Silva, e é seu
hóspede de honra na Terra do Nunca.
Isto
posto, Peter Pan deixa Gancho à vontade para decidir se compartilha a informação
com Emma, correndo o risco de perdê-la para o pai do filho dela, ou se guarda o
segredo e torce para que Neal se torne comida de crocodilo antes que Emma
descubra. E, surpreendentemente, o pirata acaba escolhendo a primeira opção!
Bem, ele não conta para Emma, exatamente, mas ele comenta com seus futuros
sogros, e, temendo que seja uma mentira de Pan, eles concordam em guardar o
segredo; o que significa que naquela mesma noite, Branca de Neve invade a
transmissão da Rede Globo em edição extraordinária, toma o lugar do William
Bonner e anuncia a novidade no Jornal Nacional.
Então
a família Charming faz um pequeno desvio nos planos, e vai até a Caverna do
Eco, onde Neal está preso, para resgatá-lo. E como o pirata foi tão gentil em
revelar o paradeiro de seu rival, ele decide também ser o primeiro a confessar
um segredo embaraçoso na caverna, para que a magia do lugar construa uma ponte
até a jaula onde Neal está preso – talvez, secretamente desejando poder enfiar
o gancho na goela do infeliz para poder ficar com a mulher dele em paz.
Eis
que é chegado o momento da verdade: Hook, extremamente embaraçado, confessa que
está apaixonado por Emma; Branca de Neve, ainda ressentida por não ter visto
Emma crescer, confessa que está louca para voltar para Storybrooke, para poder
jogar o Charming debaixo do edredom, fazer outro filho e recuperar o tempo
perdido; Charming acaba tendo que contar que ela terá que pedir isso ao
leiteiro, ou fazer o trabalho sujo por ali mesmo e levar o pãozinho no forno
para Storybrooke, porque ele nunca mais vai poder sair da Terra do Nunca; e
Emma cospe na cara do Neal que preferia que ele estivesse morto, porque não
suportaria perdê-lo novamente.
Por
essa, nem eu esperava!
Sentiram
falta de algum segredo sujo? Pois é... Nossa Rainha Regina finalmente se cansou
do dramalhão dos Encantados, e decidiu se aliar ao time do Senhor das Trevas. E
enquanto a família do Henry se ocupava confessando verdades escondidas para
tirar o pai do garoto da jaula, ela e Rumplestiltskin saíram em busca de uma
arma para derrotar Peter Pan.
Rumple
se lembrou de que havia deixado um artefato muito útil em Storybrooke, e como o
Sedex aparentemente não faz entregas daquele lado do mundo, eles tiveram que
pedir ajuda a uma antiga conhecida de Regina. Para aqueles que também ficaram
surpresos com a descoberta de que a Rainha Má, além da fadinha peralta, também
já andou desgraçando sereias, aqui vai um beijo da Ariel!
Pois
é... Muito antes de a Maldição ser lançada, a pequena sereia teve a
infelicidade de se tornar amiga de uma conhecida inimiga de Regina: Branca de
Neve. E graças ao seu encontro com a fofoqueira mais procurada do reino, Ariel
acabou ficando sem a voz, sem o príncipe, e sem o seu par de pernas, pois se
sentiu culpada por deixar a cauda com a Branca de Neve para sempre.
Aliás,
aqui vai uma lição muito importante da nossa Rainha Regina: certifique-se
sempre de guardar algo muito importante das pessoas que você sacaneou, porque o
mundo dá voltas, e você pode precisar de um enorme favor delas no futuro.
E
quando esse momento chega, Regina, sem o menor constrangimento, usa a voz
roubada da pequena sereia como barganha para convencê-la a nadar milhares de
quilômetros até Storybrooke para buscar a arma que Rumplestiltskin esquecera em
sua loja.
E
é aqui que nós finalmente temos notícias reais dos moradores que ficaram
esquecidos do outro lado do roteiro: aparentemente eu cometi um ligeiro engano
na minha suposição sobre o que Belle deveria fazer com o feitiço deixado por
Rumple. Quer dizer, mais ou menos. Porque, a princípio, Belle pensou o mesmo
que eu: “vou entregar o feitiço à Fada
Azul, e ela que se vire!”. Mas na hora H, a fadinha deduziu que
Rumplestiltskin ficaria mais orgulhoso se fosse a própria Belle a conjurar o Protego Totalum – olha eu citando um
feitiço do Harry Potter, e dando um upgrade em Once Upon a Time, hehe –, o que
a bibliotecária fez, sem titubear, no marco zero da cidade – onde parece ser o
coração de Storybrooke: a mina dos anões.
E
até agora ninguém explicou de onde foi que a Belle tirou a magia!
Seja
lá como for, o feitiço dá certo, e a cidade é selada por uma película que
impede que Storybrooke seja encontrada por gente de fora. Mas um carro que
vinha em alta velocidade pelo Maine consegue cruzar a fronteira no último
segundo, antes que tudo fosse coberto, deixando apenas o para-choque para trás,
no mundo real.
Creio
que essa cena deve ter dado taquicardia em muita gente que acompanhou a reta final da segunda temporada dessa série. A exclamação: “Ah, não! Greg e Tamara 2 – A Missão, não! Pelo amor de Deus!!!”
deve ter passado pela cabeça de algumas pessoas ao ver aqueles dois nerds
desembarcando na cidade. Felizmente, o diabo não era tão feio desta vez. Eram
apenas os irmãos John e Michael Darling, que foram coagidos por Peter Pan a
destruir o que quer que seja que Rumplestiltskin mandara a sereiazinha buscar,
porque ele ainda mantinha Wendy como sua refém, e se eles não cooperassem, ele
a jogaria às feras.
E
mandou roubar o doce da boca da garota que encontrou um lado bom no
Rumplestiltskin quando ele estava no auge do poder das Trevas! Esse Peter Pan é
uma figura...
É
claro que Belle fez um de seus meigos discursos açucarados, e acabou
convencendo os garotos a confiarem que o pessoal que estava na ilha é quem está
acostumado a arrumar a bagunça naquela cidade, e que se enviassem a encomenda
de Rumple a tempo, eles dariam um jeito em tudo.
Resolvidos
assim, Ariel retornou à Neverland, cheia de notícias do outro lado do oceano, e
entregou a coisa que Rumplestiltskin tanto queria: a caixa de Pandora.
Aquela
caixa que, de acordo com a mitologia grega, costumava guardar todos os males do
mundo; até que sua curiosa guardiã decidiu fazer como o Bial, e dar uma
espiadinha no que havia dentro dela, e acabou liberando tudo. Quer dizer, tudo,
menos a esperança: a única coisa que ficou guardadinha no fundo da caixa.
O
que ele pretende fazer com essa caixinha de joias contra o maléfico Peter Pan?
Aguardem só um pouquinho que eu já conto!
Porque
enquanto os vilões redimidos esperavam Ariel trazer a caixa lá do fim do mundo –
o que, aliás, lança uma dúvida sobre a real distância entre Neverland e
Storybrooke, porque a sereiazinha parece ter feito a travessia ida e volta em
muito menos tempo do que o povo leva para entrar e sair da Marginal Tietê no
horário de rush –, Hook, Neal e Emma puseram em prática um plano de fuga
sugerido pelo recém-resgatado filho do Rumplestiltskin.
Aparentemente,
Neal já estava acostumado a viajar pela Sombra Maligna Air Lines, e tinha
algumas milhas acumuladas, porque, não bastasse ele ter pego uma carona com a
criatura para chegar à Terra do Nunca, ele confessou que a tinha usado também
para escapar quando esteve lá pela primeira vez. O que, de certo modo, faz
sentido, afinal, todo mundo sabe que ela é quem melhor conhece o caminho para
entrar e sair de Neverland e viajar entre os mundos, graças aos seus duzentos
anos fazendo o frete de crianças mal-educadas para integrar a gangue do Pan.
Então
ele finalmente explica como funciona aquele coco todo furado que a família
Encantada encontrou na caverna que outrora lhe servira de abrigo, e que eles
pensaram que fosse um mapa de estrelas. Neal tirou um sarro da cara de todo
mundo, ao esclarecer aquilo que já era suficientemente óbvio: que o coco
furado, na verdade, era uma lanterna!
Uma
vez explicado o plano, Neal leva Emma e Hook para dentro do Buraco Negro, que
nós descobrimos ser o covil das sombras, onde eles pretendem usar o coco para
capturar a Sombra maligna, e poder usá-la para sair da ilha.
Mas
aparentemente, eles não pensaram muito bem nos detalhes do plano, e se não
fosse pela magia apatetada da Emma, a esta hora, todos eles jazeriam com suas
sombras arrancadas no esquecimento. Tudo porque Neal e Hook começaram a se
estranhar, porque o cheiro de queimado que o Neal estava sentindo era do
próprio chifre, e os dois ficaram tentando provar para Emma quem era o macho
alfa da parada, e Emma acabou tendo que mostrar que, no caso, era ela.
E
depois de prender a criatura no coco, eles se preparam para a batalha final
contra Peter Pan na “Pedra da Caveira”, para onde Pan levara Henry, depois de
fazer Wendy se passar por moribunda, e convencer o menino de que estava
morrendo, e que a única maneira de salvá-la seria salvando a magia da ilha, ou
seja, dando seu precioso coração para Peter Pan. E, PELA SANTA PACIÊNCIA DE
DUMBLEDORE! Como foi que esse moleque tapado caiu nessa???
Juro,
eu esperava um pouco mais de inteligência da parte do Henry. Porque, veja bem:
o garoto é neto do Rumplestiltskin, o ardiloso Senhor das Trevas; filho do
Baelfire, que nesse mundo é um conhecido batedor de carteiras, que sabe muito
bem como enrolar uma garota e abandoná-la grávida na prisão; foi criado pela Regina,
vulgo Rainha Má, que, nos dias bons, gosta de arrancar o nobre coração de
simples camponeses que vão todos os dias ao bosque recolher lenha e
transformá-los em poeira; e, portanto, neto adotivo da Cora, que é dez vezes
pior que a filha; neto biológico da traidora Milah, que foi capaz de trocar o
marido covarde e o filho pequeno pelo sacolejo do barco de um pirata que usava
mais delineador que ela – um pirata lindo de morrer, claro, mas não deixa de
ser sacanagem –; e não bastasse tudo isso, ainda descobrimos que o bisavô do
garoto é, ninguém mais, ninguém menos, que Peter Pan, o pai covarde que
abandonou Rumplestiltskin quando ele era criança – e de quem Rumple vem se
queixando exaustivamente há dez séculos –, entregando-o à Sombra Maligna da
Terra do Nunca em troca de sua juventude de volta, vida longa na ilha, e muito
pó de fada para ele se divertir com os amigos! Com tudo isso, proveniente de
uma família tão “abençoada”, eu juro que esperava um pouquinho mais de malícia
nesse moleque!
Ah,
é, esqueci: o garoto também é neto do Príncipe Encantado e da Branca de Neve e
seu eterno lenga-lenga sobre tudo no mundo ter um lado bom, e blá-blá-blá.
Parece que os cromossomos “Encantados” fizeram um tremendo estrago na genética
desse garoto...
Enfim...
Rumplestiltskin
bem que tentou impedir que seu pai fizesse o estrago na criança, invadindo
sozinho a Pedra da Caveira, com a caixa de Pandora na mão, pronto para trancar
seu coroa dentro dela e jogá-la no fundo do mar, mas Peter Pan ficou furioso
porque seu filho esqueceu os bons modos nesses séculos que passaram separados e
não lhe pediu a bênção ao reencontrá-lo, e provando ter mais experiência na
malandragem que o Senhor das Trevas e toda a sua descendência junta, acabou
virando o feitiço contra o feiticeiro: trancando Rumplestiltskin dentro da
caixa que ele trouxera para aprisioná-lo.
Henry,
que tinha ido ao matinho e perdeu essa parte do episódio, foi mais uma vez
ludibriado por Peter Pan. E depois de ser apresentado à ampulheta mágica que
conta o tempo que resta para a cirurgia plástica do pai do Rumple perder o
efeito e ele deixar de ser o Peter Pan, e se transformar numa múmia viva, Henry
decide ignorar toda a sua família – que ele conhece tão bem –, e atender ao
pedido de seu recém-descoberto bisavô, e lhe dar o presente que ele tanto
queria de natal: o coração do verdadeiro crédulo, ou seja, dele próprio!
Ok,
Henry is dead, God save Peter Pan, e
todos viveram felizes para sempre. Fim da história!
Nem
preciso dizer que não foi isso que aconteceu, né?
Pois
é... A família Charming-Stiltskin-Mills-Jones fica revoltada com a baixa do seu
integrante café-com-leite e com a fuga do todo poderoso Peter Pan, joga toda a
diplomacia pela janela e finalmente partem para a briga, como deviam ter feito
desde o começo.
Regina,
que até então estava ficando de fora de toda a ação, finalmente tira a Rainha
Má do stand-by, liga no modo Evil Queen Mega Power Revenge, e realiza seu sonho
de torturar as criancinhas enormes da ilha para que alcaguetem onde é o
esconderijo de Peter Pan, e assim que consegue arrancar a informação, parte pra
bronca, com sangue nos olhos, e coitado de quem entrar em seu caminho!
O
problema é que ela é acompanhada por suas fiéis escudeiras: a Salvadora e
Branca-atraso-de-vida-Neve, e elas acabam caindo numa armadilha de Peter Pan e
ficam presas na Árvore do Arrependimento.
Retiro
o que eu disse alguns parágrafos atrás: o gene palerma de Henry também se
encontra no lado paterno da família. Porque, é inacreditável que Peter Pan
tenha sido tão ingênuo a ponto de supor que a poderosíssima Evil Queen possuía
uma gota que fosse de arrependimento!
De
modo que, nossa amada Rainha, exibindo um sorriso sádico, se desfaz facilmente
de suas amarras, caminha soberanamente em direção ao garoto, e num piscar de
olhos, toma de volta o coração de seu filho adotivo. E sem bagunçar o cabelo!
E
depois de recuperar a caixa de Pandora, onde o monstrinho havia aprisionado
Rumplestiltskin, e de estocar água da ilha o suficiente para manter Charming
vivo até encontrarem a cura definitiva para o veneno, todos retornam ao Jolly
Roger, onde o coração do verdadeiro crédulo é restituído ao seu legítimo dono,
Henry, e o Senhor das Trevas é libertado de sua prisão. E na falta de uma vela
melhor – aquela feita com as penas das asas do Pégaso, por exemplo –, nossos
heróis costuram a Sombra malvada à vela do navio, e zarpam rumo à Storybrooke.
Perguntinha
básica, só para não perder o costume: se o feitiço que Belle conjurou para
proteger a cidade deu certo, como foi que eles conseguiram encontrá-la tão
facilmente? Ou será que a futura Sra. Stiltskin se esqueceu de trancar a porta
dos fundos, aquela que pode trazer visitantes indesejáveis por mar?
E
como ainda faltavam dois episódios para a Mid-Season
Finale, quando a etapa Neverland de Once Upon a Time finalmente teria que
ser amarrada, é óbvio que Peter Pan ainda não estava completamente vencido.
O
garoto deu um jeitinho de embarcar clandestinamente no Jolly Roger, e tão logo
Henry foi deixado sozinho na cabine, Peter Pan entrou para tirar satisfações
com o pirralho.
Todavia,
Rumplestiltskin, que aparentemente já está calejado com esse tipo de situação,
em que um vilão que não tenha sido devidamente eliminado retorna para procurar
encrenca, esperava de tocaia, com a caixa de Pandora engatilhada e pronta para
aprisionar o pai covarde e puni-lo pelo abandono, pelo sequestro de seu filho,
depois de seu neto, e por ser um grande filho da mãe.
Mas,
como eu disse, ainda tinham dois episódios pela frente antes de mudar o foco da
temporada, então, Peter Pan, antes de ter seu corpo sugado para dentro da caixa
de Pandora, conjurou um feitiço rápido, e trocou de corpo com Henry sem que seu
filho percebesse.
Assim,
todos retornam felizes à Storybrooke, sem ao menos suspeitar que estão levando
um diabinho na bagagem. Ainda bem que ninguém teve a brilhante ideia de jogar a
caixa de Pandora no mar...
Assim
que desembarcam na cidade, e depois de uma linda comemoração na lanchonete da
vovó – que só não foi linda para Regina, que ficou excluída num canto até
Branca de Neve anunciar que grande parte do êxito na operação de resgate foi
mérito de sua madrasta; e depois de receber os devidos aplausos, ficou excluída
novamente –, Henry-Pan decide que está cansado do lado bonzinho da família, e
que gostou da experiência de andar com a galera do mal, e pede para passar uma
temporada com a mãe adotiva.
Então,
Regina leva o pai do Senhor das Trevas fantasiado de filho da Salvadora para
casa, e o moleque não demora a mostrar a que veio. Primeiro, ele se apodera do
livro de contos de fadas de Henry – para ter acesso a todos os segredinhos
sujos de seus inimigos; o vilão misterioso de Pretty Little Liars deve ter
ficado com inveja! #SQN –; depois ele evidencia que pode ter qualquer parentesco
também com o Ali Babá, pois foi só a Regina virar as costas, para o moleque
passar os quarenta dedos na Maldição que ela usara para trazer os personagens
para o mundo real.
E
é aí que a porca começa a torcer o rabo! Porque Peter Pan já tinha tudo
arquitetado para lançar outra vez a Maldição sobre os moradores de Storybrooke,
destruindo a cidade, e roubando mais uma vez seus finais felizes em benefício
próprio. E para realizar tal intento perverso, ele facilmente se dispõe a pagar
o preço que Regina pagara por ela – uma taxa simbólica, na verdade: apenas o
coração de quem ele mais ama... E é aí que esbarramos num grande problema,
porque, pelo que consta, Peter-sem-coração-Pan não tinha amor suficiente nem
pelo próprio filho, a quem abandonou em troca do retorno da puberdade e todo o
pó mágico que ele pudesse, sei lá, cheirar! Quem – eu pergunto – seria essa
pessoa que ele tanto ama, além dele próprio? Porque não havia sentido em usar o
próprio coração, pois, neste caso, ele não viveria para ver a Maldição se concretizar.
A solução, então, foi usar o coração mais próximo de ter sido estimado nos
últimos duzentos anos: Félix, o líder dos Meninos Perdidos!
Será
que só eu achei essa relação Peter-Félix – não me atrevo a criar um nome de shipper neste caso, já que a melhor das
hipóteses que me passou pela cabeça foi Pélix, e acho que esse nome não soa
muito bem – extremamente estranha, na
falta de um adjetivo melhor? Porque, veja bem: estamos falando de uma série
que, alguns episódios antes, jogou na nossa cara uma Mulan que passou tempo
demais com uma espada na mão! Como querem que esse súbito amor do vilão sem
alma e sem coração – ou, no mínimo, com um coração muito defeituoso –, Peter
Pan por seu lacaio/companheiro-de-ilha-mais-ou-menos-deserta, Félix seja
interpretado?
Pois
é, Snow, mas o caso é que, em Once Upon a Time, o buraco é mais embaixo! Mas
como essa série também é assistida por crianças, vamos “acreditar” na sua
teoria e deixar o assunto de lado...
O
coração do adolescente perdido acaba passando sem problemas na máquina da
Cielo, e agora que tem o recibo de pagamento da taxa em mãos, Peter Pan assiste
sua Maldição se espalhando por Storybrooke – e o caos junto com ela!
Mas,
quando Emma decide bancar a assistente social e verificar como Henry está se
saindo na casa de sua outra mãe, e percebe que Regina não faz a menor ideia do
que seu filho adotivo está aprontando, a Salvadora desconfia que haja algo
errado com o moleque.
Então,
nossos heróis levam a caixa de Pandora até a fronteira da cidade, e libertam
Peter Pan bem perto do limite, de modo que ele fica a apenas um pé na bunda de
ser banido da cidade para sempre – a menos que ele encontre o caminho do mar –,
se tentar alguma gracinha. E é nesse momento, enquanto Emma está com a arma
engatilhada e apontada para o elemento, que vemos uma das situações mais
cômicas da temporada:
Daí,
Henry atualiza sua mãe sobre a cena que ela perdeu do episódio anterior –
possivelmente discutindo a relação com Neal e Hook no convés do Jolly Roger...
A
partir daqui, muitas ações se misturam: de um lado da cidade, Charming sai com
Tinker Bell para caçar a Sombra maligna da Terra do Nunca, e com isso
conseguem, não apenas destruir a criatura, mas também trazer a Fada Azul de volta
dos mortos – ela tinha sido abduzida pela Sombra tão logo pôs os pés
metafísicos na cidade; diga-se de passagem, a troco de nada! –, e com ela, a
varinha mágica da Fada Negra, com a qual Rumplestiltskin poderia destrocar os
corpos de Peter Pan e Henry, transformar o vilão novamente no senhor de meia
idade golpista e trambiqueiro que ele um dia chamou de pai, e finalmente dar o
teco na fera. E como gratificação pelos serviços prestados, a Fada Azul
devolveu os poderes da fadinha encrenqueira.
Não
muito longe dali, Rumplestiltskin dá as últimas orientações à Regina sobre como
deter a Maldição – já que foi ela quem a lançou da primeira vez, ela tem o
poder de revertê-la, anulando a de Pan.
Antes
disso, porém, aconteceu um fato relacionado ao Senhor das Trevas que nem Freud
explica, e desconfio que os roteiristas da série também não: como a água que
trouxeram de Neverland não iria durar para sempre, o pessoal tinha pressa em
curar Charming do envenenamento por Sonho Sombrio; e como os dois agora têm um
neto em comum, Rumplestiltskin decidiu ser legal com seu aparentado, e preparar
para ele um elixir que o livraria definitivamente do poder do veneno. Até aqui,
tudo bem. Mas alguém se recorda de que Gancho confessou, lá no comecinho da
operação de resgate, que Sonho Sombrio foi precisamente o veneno que ele usou
para tentar matar Rumplestiltskin em Nova York? E alguém se lembra do Senhor
das Trevas conhecer um elixir para salvar a si mesmo naquela época? Pois é...
Com
a varinha da Fada Negra em mãos, Rumplestiltskin vai à guerra. A primeira parte
do plano dá certo, e Peter Pan envelhece e volta a ser mortal. Então, a sombra
de Rumplestiltskin, que ele havia separado de seu corpo logo que desembarcou na
Terra do Nunca, e incumbido de esconder sua Adaga onde nem ele próprio pudesse
encontrar, e que aparentemente pegou um engarrafamento no caminho para
Storybrooke, chega em cima da hora para devolver a Adaga ao seu mestre bem no
meio da briga. E então, o inesperado acontece: Rumplestiltskin desiste de fugir
do destino, e encara a ruína que Henry traria sobre ele, sacrificando-se, mas
levando seu pai consigo.
E
não deu nem tempo de ouvir a Belle chorar, porque com a Maldição avançando,
todo mundo teve que correr até a fronteira da cidade, onde Emma esperou com seu
Fusca amarelo ligado, enquanto Regina se despedia “para sempre” – até parece... – de Henry, porque, como a
reversão da Maldição da Rainha Má mandaria todos os personagens de volta aos
seus lugares de origem, e o garoto nasceu no mundo real, Henry ficaria sozinho.
E como Emma, a Salvadora, também não havia sido atingida pela primeira Maldição,
ela poderia atravessar a fronteira e continuar a viver no nosso mundo com o
filho. Então, Regina altruisticamente cedeu a guarda definitiva à mãe biológica
do menino, e generosamente lhes deu memórias novas, apagando Storybrooke e
todos os seus habitantes de suas lembranças antigas, e fazendo parecer que Emma
jamais abandonara o filho.
Aqui
entre nós: o Neal também não foi vítima da Maldição, o que significa que ele
também poderia ter ficado com Emma e Henry no mundo real, não é?
E
o Gancho também, não é?
Ou
eles fizeram algum tipo de pacto que eu perdi, tipo “se ela não pode ser minha, não será de nenhum dos dois”?
Enfim...
O
feitiço da memória passa a fazer efeito no exato momento em que o Fusca de Emma
atravessa a fronteira da cidade. E, de novo, Regina não tem nem tempo para
chorar; afinal, ela tem uma Maldição para deter. Então, ela vê o Fusca se
afastando na estrada além da fronteira, e rasga o pergaminho com a receita da
Maldição, fazendo tudo retroceder, e varrendo todo mundo de volta para Tão, Tão
Distante.
Está
aí uma reviravolta interessante, e uma ótima maneira de encerrar a primeira
metade da temporada – com aquele sabor de Season Finale.
Mas,
como a vida continua, e a série também, a última cena do episódio nos dá um
aperitivo do que está por vir: Emma e Henry estão vivendo num apartamento de
classe média, e aparentemente estão se dando “muito bem, obrigada” – mamãe,
ex-Salvadora, até joga videogame com seu rebento, outrora abandonado ao nascer.
Eis que, um ano depois de deixarem Storybrooke para trás, eles recebem a visita
de um lindo pirata, que bate à sua porta para dar um beijo de amor verdadeiro
na mocinha, esperando que essa mandinga também funcionasse para restaurar
memórias perdidas...
Pois
é... O beijo não funcionou, mas nós sabemos que Hook não é homem de desistir –
sobretudo agora que Neal está longe o bastante para não atrapalhar.
Mas
isto é assunto para o próximo post. Então, até lá!
Adorei a review!!!!!!!
ResponderExcluirMuito obrigada Gisele!!! *-*
ExcluirLogo, logo tem mais! Beijos
kkk Muito bom.
ResponderExcluirMuito obrigada! *-*
ExcluirKKKKKKKK adorei demais
ResponderExcluirObrigada, fico muito feliz que tenha gostado. Estou preparando as reviews da quarta temporada em diante de OUAT, serão postadas em breve. ;)
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