Verde de Inveja... Ou de Raiva?

em quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Depois de um início de temporada encantador na Terra do Nunca – ok, teve alguns momentos bem paradinhos, mas o conjunto da obra foi mais que satisfatório –, Once Upon a Time manteve a regularidade na segunda metade da terceira temporada.
Desde o início, a ideia era muito boa: introduzir uma das histórias mais queridas de todos, O Mágico de Oz, mas de uma perspectiva que jogou fora metade dos personagens do clássico, e um enredo centrado na vilã, a Bruxa Má do Oeste. O resultado foi uma versão completamente nova, e praticamente desconectada do conto original, exceto pelos macacos-voadores e a tinta verde.
E se a temporada já não estivesse boa o bastante, a série ainda nos brindou com a melhor Season Finale de todas: uma incrível releitura da obra de Lymann Frank Baum, adaptada ao contexto da série, e protagonizada pelo nosso casal favorito – para a alegria dos shippadores de plantão – só para encerrar uma temporada sensacional com chave de ouro.
A expectativa em cima dessa nova história era alta, e a escolha da atriz Rebecca Mader – vocês se lembrarão dela sugerindo florais para a edição de primavera da Runaway na sala de reuniões de Miranda Priestly em O Diabo Veste Prada – para viver a vilã da vez apenas abrilhantou ainda mais um enredo que recuperou completamente o brilho que a série fez oscilar na reta final da temporada passada, e no desfecho do arco Neverland.


Depois que Regina desfez a Maldição, todos os personagens voltaram direto para a Floresta Encantada, exceto Emma e Henry, que ganharam uma segunda chance de conhecer a vida como teria sido se Emma nunca tivesse abandonado o filho. E, se por um lado, Emma e Henry estão se saindo bem em sua nova vida – muito embora Emma sinta que falta alguma coisa –, Regina, por outro lado, está comendo o pão que a antiga Rainha Má amassou, e sofrendo pela segunda vez as consequências da Maldição que lançou.
Primeiro, ela descobre que o feitiço que impedia que as pessoas entrassem em seu castelo foi quebrado, o que é muito estranho, já que ela o selou com seu sangue; de modo que somente ela – e Cora, se estivesse viva – poderia quebrá-lo. Mas, como o invasor, seja lá quem for, aparentemente já picou a mula, a boa notícia é que, pelo menos, ela não terá que acampar na floresta.
Todavia, agora que não tem mais Henry ao seu lado, Regina também não tem mais motivo para viver. E como a dor da separação do filho é grande demais para ela suportar, Regina decide usar em si mesma a Maldição do Sono com que adormecera Branca de Neve no passado.
Felizmente, alguém chegou no castelo em cima da hora para impedir que nossa Rainha cometesse uma loucura. Mas não qualquer alguém; aquele a quem Regina teve medo de conhecer quando Tinker Bell lhe ofereceu uma segunda chance para ser feliz: o nobre e corajoso ladrão-herói das florestas de Sherwood, Robin Hood!
Mas a aventura dos nossos heróis – e vilões – de volta à Floresta Encantada não dura para sempre. Porque, afinal, a temporada está só na metade, e não daria para seguir em frente sem a Salvadora, não é mesmo?
Então, um ano depois de Regina desfazer a Maldição e dar novas lembranças ao filho adotivo e sua mãe biológica, Hook, o príncipe dos nossos sonhos – ou melhor, o pirata dos nossos sonhos – bate à porta da Salvadora, para tentar convencê-la de que suas lembranças são mentiras implantadas em sua mente pela ex-Rainha Má, e que ela precisa voltar para Storybrooke para quebrar outra Maldição.
E neste momento o pirata descobre que Emma refez completamente a vida durante sua ausência; inclusive, ela está noiva de um cidadão esquisito chamado Walsh, que eles logo descobrem que é um macaco voador. Claro que, para quem namorou o filho do Senhor das Trevas, um primata com asas é fichinha...
Mas foi graças à descoberta da espécie bizarra de seu novo namorado que Emma decidiu dar uma chance ao pirata para lhe contar sua história.
Então, depois de fazer um resumo do que aconteceu nas duas primeiras temporadas e meia da série, Hook convence Emma a beber a poção que ele trouxe de Tão, Tão Distante, para fazer suas lembranças retornarem – provavelmente a mesma que a Fada Azul fizera para Belle e Atchim no final da segunda temporada. O caso é que a fada andou cheia de preguiça lá no reino encantado, e fez somente uma dose da poção. Assim, Emma recuperou a memória: lembrou que é filha da Branca de Neve e do Príncipe Encantado; que nasceu em Tão, Tão Distante; que o pai de seu filho tem mais de duzentos anos de idade; que o bisavô do garoto era uma criança até pouco tempo atrás; que ela já andou brincando de casinha com um pirata; que divide um filho, e antigamente também dividia o namorado, com a Rainha Má; e que os passarinhos da Floresta Encantada estão tweetando por toda parte que a Mulan está à procura de uma esposa... Enfim, ela lembrou da novela inteira; mas Henry não!
E é por isso que, quando anuncia que eles vão viajar para uma cidadezinha simpática no Maine, Emma não dá detalhe nenhum sobre as pessoas que vão encontrar por lá. E curiosamente, Henry não chega a questionar por que nunca soube que sua mãe era amiga da cidade inteira. Pois é, Regina pode até ter alterado a memória do garoto, mas os genes “Encantados” permanecem intactos!
Emma chega à Storybrooke, crente de que já conhece o caminho para quebrar a Maldição. Todavia, assim que bate à porta do loft de seus pais, preparada para contar toda a história dos sete anões, da maçã envenenada e do beijo de amor verdadeiro, ela se depara com uma estranha surpresa: eles sabem exatamente quem ela é!
Desta vez a Maldição não apagou a memória de quem eles são, nem de onde vieram, mas eles não têm qualquer lembrança do que aconteceu no último ano na Floresta Encantada. Nem imaginam quem foi que lançou a segunda Maldição.
Mas trazem uma novidade: Branca de Neve está quase estourando de tão grávida! OBA! O desejo da ex-princesa foi realizado! Pena que ela não se lembra como foi que isso aconteceu...
E como é praticamente uma mãe de primeira viagem, já que não criou sua primeira filha, Branca de Neve conta com a ajuda de uma parteira chamada Zelena, que apareceu em Storybrooke do nada, aparentemente pegando carona no tornado da segunda Maldição, e que ninguém ainda decifrou qual personagem representava lá no reino Tão, Tão Distante.
E enquanto ninguém desconfia das intenções dessa fulana, Regina está, de novo, comendo o pão que algum vilão amassou – mas ela jura que não foi ela desta vez! –, com a cidade inteira de birra, pensando que foi ela que lançou a segunda Maldição. E enquanto todo mundo pede o impeachment da prefeita, ela está pura fúria, porque pensava que todo mundo já tinha superado sua antiga personalidade e se convencido de que ela não era mais a vilã da história. E, principalmente, ela está p... da vida porque está tendo que bancar a amiga que a Salvadora anda alugando para ficar de babá, porque essa é a única maneira de poder passar um tempinho com Henry, já que ele não faz a menor ideia de quem ela é.
E a maior de todas as ironias, é que a única pessoa que acredita em sua mudança e fica do seu lado, é precisamente Emma – outrora, uma de suas maiores inimigas.
Claro que ninguém na cidade sabe que as duas estão de bem, porque faz parte do plano fingir que Emma acredita na culpa de Regina, esperando que assim o verdadeiro culpado ou culpada se descuide e possa ser descoberto.
Enquanto investigam quem está por trás disso, Emma e Hook – porque tudo começa assim: vamos trabalhar juntos, como quem não quer nada, e dar uns amassos furtivos na sala de café da delegacia, sem ninguém ver – descobrem uma casinha de fazenda perdida numa pradaria no meio do nada, com um curioso alçapão, onde há uma cela desabitada, com uma roca, palha e fios de ouro espalhados pelo chão.
Nem precisava de um alerta de spoiler para eles deduzirem que o morador ausente daquela cela não podia ser outro, senão Rumplestiltskin.
Então, de repente, todo mundo começa a se perguntar como foi que o Senhor das Trevas retornou dos mortos? E principalmente, porque ainda não deu as caras em Storybrooke? Ou melhor: que tipo de maluco anda mantendo o duende endiabrado em cativeiro à palha e água?
E é quando Emma finalmente se dá conta de que também não teve notícias do pai de seu filho. Desde que retornaram das férias em Tão, Tão Distante, Neal não foi visto por ninguém, o que levou alguns conspiradores a imaginarem se ele também não teria se transformado num macaco voador.
Mas não demoramos a descobrir onde foi que o moço se enfiou.
Depois de chegarem em Tão, Tão Distante, Neal e Belle se mobilizaram na busca por uma maneira de ressuscitar Rumplestiltskin. O filho que nunca perdoou o pai por tê-lo abandonado – exceto por um segundinho, enquanto o homem agonizava pelo veneno no gancho do pirata, para em seguida retornar à picuinha –, e a boadrasta que sempre acreditou que o Senhor das Trevas tinha um lado bom retornaram ao castelo de Rumplestiltskin, onde foram instruídos por Lumière a destrancar o cofre onde o primeiro Dark One fora criado; o único lugar onde ele poderia ser revivido.
Ele só esqueceu de lhes alertar sobre um pequeno detalhe: quem destrancasse o cofre, daria sua vida para devolver a do Senhor das Trevas.
Acontece que Lumière estava trabalhando para Zelena, em troca de fósforos gourmet, pois a megera queria trazer o Senhor das Trevas de volta para poder usá-lo em sua vingança contra Regina.
Então, Neal e Belle foram até o meio do bosque forrado de neve, onde está localizado o cofre do Dark One, e Neal decidiu ter a honra de girar a chave no contato para trazer seu pai de volta, demonstrando assim que sua mágoa é um problema pequeno diante da morte do pai, e que finalmente o perdoou por tê-lo abandonado.
Mas assim que o Senhor das Trevas se ergue das cinzas, Neal percebe o preço dessa magia negra. Rumplestiltskin, que aparentemente já conhecia esse detalhe, e detesta pagar impostos, arrumou um jeito de adiar a partida do filho, fundindo seus corpos, para que sua imortalidade sustentasse Neal vivo até que ele encontrasse uma maneira de salvá-lo.
Só que isso também acabou tendo um preço para o Senhor das Trevas, pois com duas mentes fundidas em seu corpo, o velho Rumplestiltskin parece mais biruta do que de costume.
Depois que retornaram à Storybrooke, Neal chegou a assumir o controle do corpo de seu pai algumas vezes, e como ele não é controlado pelo poder da Adaga, conseguiu fugir da cela e aparecer na loja de penhores para tentar avisar Belle sobre o que estava acontecendo, e quem era a nova vilã do pedaço, mas tudo o que conseguiu com isso foi uma visita grátis ao Dr. Frankenstein.
Mas agora que todos sabem o que ele tem feito para sobreviver, Neal percebe o terrível inconveniente que será estar no corpo do pai quando ele se casar com Belle; ou voltar a namorar a Emma enquanto divide o corpo com um duende escamoso. Então ele se dá conta de que sai mais barato deixar a Salvadora de brinde para o pirata do que entrar nesse quadrado amoroso bizarro com o pai e a madrasta. Assim sendo, Neal pede a separação de corpos para o pai, diz adeus à mãe de seu filho e morre.
Foi uma cena verdadeiramente triste. Eu ainda esperava alguma coisa dessa relação tapas e beijos entre Baelfire e Rumplestiltskin, embora o evidente perdão entre os dois e o sacrifício de Neal tenham sido comoventes. Uma perda lamentável, principalmente para aqueles que, como eu, gostariam de ver mais explorada a rivalidade de Neal com seu pai postiço, Hook, pelo amor de Emma. Sobretudo porque nem chegamos a ver a DR tão aguardada, em que Baelfire apela para a exposição do passado sujo do pirata, como tentativa baixa de fazer Emma vê-lo com maus olhos. Porque, convenhamos: esse Capitão Don Juan Gancho pegou a mãe do Baelfire, pegou a mulher do Baelfire, e se o cara tivesse uma irmã, aposto que ela já estaria na roda também...
Pelo menos deu tempo de Neal convencer o pai a fofocar o nome da megera que o estava mantendo em cativeiro, e que ainda está de posse de sua Adaga, e, portanto, ainda pode controlá-lo. Aliás, não deveria ter sido tão chocante descobrir que a vilã da vez é a parteira que saiu da toca do coelho para enfiar chá de cogumelo na Branca de Neve.
A grande questão era: por que essa bruxa verde se deu ao trabalho de pegar o tornado das seis da tarde, e desembarcar em Storybrooke para ficar brincando de casinha com Branca de Neve e o novo bebê Encantado?
Olha a família se complicando mais um pouquinho: há muito tempo, no reino Tão, Tão Distante, havia uma cidadã ordinária filha de um moleiro, que sonhava em dar o golpe do baú em qualquer membro da Realeza, a fim de chegar ao trono. Mas sua primeira escolha acabou sendo frustrada por um detalhe bem pequenininho: a megera já andava frequentando os estábulos do reino e sacudindo feno com belos tratadores de cavalos, caçadores, guarda-caças, ou jardineiros, e estava à espera de seu primeiro herdeiro.
E como sua rival pelo coração do Rei descobriu sua travessura e a entregou, Cora ficou com uma raiva dos diabos da criança e decidiu jogá-la recém-nascida no primeiro tornado que encontrou em seu caminho. Só algum tempo depois é que seu golpe finalmente deu certo, depois de ela mentir para o Rei Xavier sobre saber transformar palha em ouro, conhecer Rumplestiltskin, seduzi-lo, aprender com ele todos os segredos sujos da magia negra, casar com o Príncipe Henry e fazer sua maior contribuição para a série: dar à luz Regina, nossa querida e amada Evil Queen.
Perguntinha: como é que Rumple não sabia que a primogênita de Cora já tinha nascido e sido abandonada quando ele propôs o acordo da magia em troca da criança? Já que esta criatura aparentemente onisciente sabe tudo o que vai acontecer e o que já aconteceu no passado de todo mundo nessa série – verdade seja dita, porque boa parte das coisas que acontecem com essa galera tem o seu dedo podre envolvido.
Perguntinha número dois: se eu me recordo bem, Cora estava passando fome com o pai bêbado quando conheceu o Príncipe Henry, pai da Regina. De onde foi que ela tirou aquele vestido maravilhoso com que estava desfilando para o Rei Leopoldo, como se fosse uma dama da corte? Recadinho para a Fada Madrinha: não pode dar asa à cobra!
E só um detalhezinho para quem gosta de curiosidades e de ironias: o primeiro Rei pretendido por Cora era o pai de Branca de Neve; e a moçoila que denunciou o brinde que ela já trazia na barriga foi a Princesa Eva, do Reino do Norte, a futura mãe da Branca de Neve! E a gente aqui achando que a Cora tinha raiva dela por causa do saco de farinha, hein... Esse buraco é sempre mais embaixo...
E, pensando bem, essa história explica muita coisa...
Parece que a Cora tinha lá suas razões para ser uma megera psicopata esmagadora de corações...
Enfim, por ter sido abandonada pela mãe – aliás, como Once Upon a Time gosta de repetir essa novela, hein?! –, Zelena acabou tendo uma vida bem difícil. Ela foi levada recém-nascida por um tornado para o Reino de Oz – mais ou menos como aconteceu com a Dorothy, mas fundi-las seria loucura –, e acabou sendo criada por um casal pobre – porém, honrado! Será? –, mas depois que a mãe adotiva morreu, ela descobriu que o pai adotivo nunca gostou dela de verdade, pois percebeu o poder que ela possuía, e teve medo dela desde o princípio. Por isso, ele sempre castrou o desenvolvimento desse poder.
Desiludida da vida, Zelena decidiu procurar o Mágico de Oz para que ele a ajudasse a “encontrar o caminho de casa”. Mas ao perceber que ele não passava de um embusteiro, Zelena decidiu castigá-lo, transformando-o em seu primeiro bichinho de estimação: um macaco-voador – não por acaso, aquele que ficou noivo da Emma.
Em seguida, ela encontrou alguém bem melhor para ajudá-la: o Senhor das Trevas, Rumplestiltskin – na época, selecionando bruxas para lançar a Maldição que varreria todo mundo da Floresta Encantada para o mundo real. E como Zelena tinha habilidade demais com a magia para ele desperdiçar, decidiu submetê-la a um teste. O problema é que a malvada se afeiçoou por ele, e como ele já teve sua cota de traições com a mãe da figura, achou melhor cortar o mal pela raiz, dando cartão vermelho à Zelena, e contratando a outra filha de sua ex, Regina, para executar a tarefa.
E como ser preterida duas vezes por sua irmã morena causou um sério estrago no orgulho dessa megera, a magia transbordou junto com a raiva, tingindo-a de acordo com o sentimento que a dominava: tornando-a verde de inveja!
Tudo bem que ela até tentou se redimir, em certo momento, quando passou umas férias na Irmandade das Bruxas Boas de Oz, onde recebeu de Glinda, a Bruxa Boa do Sul, o colar com a esmeralda que ela não tira do pescoço, que ajudou a manter seus poderes sob controle e apagou a tinta verde de sua pele. Mas, depois da visita de Dorothy, de se cansar de tomar conta de um simples ponto cardeal, e de ter sua chapinha estragada por um balde de água fria, Zelena retornou ao modus Wicked Witch, e preferiu seguir carreira solo, longe da estrada de tijolos amarelos.
E então, nós finalmente descobrimos quais eram os planos da nova Bruxa Má do pedaço: Zelena descobriu uma maneira de voltar no tempo, evitar que sua mãe a abandonasse, e impedir que Regina nascesse. Mas para isso ela precisava de alguns ingredientes.
E foi por isso que Zelena começou a colecionar lembrancinhas dos moradores de Storybrooke. Começando pelo encantador marido de sua patroa.
Porque, como se não tivessem nenhum outro problema para resolver, o Charming se afundou numa crise existencial, e começou a questionar se conseguiria ser um bom pai para o novo bebê, já que ele não teve a oportunidade de treinar com a Emma.
Na verdade, a crise começou ainda na Floresta Encantada, depois de ter um “pesadelo” com Emma vestida de princesa, e de dançar com ela sua primeira valsa de pai e filha. Na ocasião, para superar o medo da paternidade, Robin Hood sugeriu que ele procurasse pela Raiz Noturna, que de acordo com a lenda, faz desaparecer qualquer medo que a pessoa possua.
Mas Charming nem chega a consumir a tal raiz, pois, durante sua busca, ele encontra uma princesa que ficou presa numa torre por causa dela. E para quem sentiu o cheiro de chifre queimado ao imaginar que Charming seria o príncipe que iria libertar Rapunzel de sua torre, saiba que a princesa não teve um final feliz. Ou, ao menos, não o final que estava previsto no conto.
Acontece que a tal Raiz Noturna não elimina o medo de ninguém, mas faz com que a pessoa o enfrente. Rapunzel tinha medo de não ser uma boa governante em seu reino, e deve ter passado muito tempo naquela torre criando coragem para enfrentar a si mesma, pois deu tempo de crescer aqueles dois quilômetros de cabeleira que é responsável por consumir 80% da produção mundial de creme para pentear Seda, e que revolucionou o conceito de escadas para torres.
A grande surpresa ficou por conta da identidade da bruxa para quem ela jogava suas tranças. Nem Regina, nem Cora, nem Malévola, nem Bruxa Má do Oeste; a assombração que Rapunzel tanto temia, era ela mesma.
Ao perceber qual seria o efeito da Raiz Noturna sobre o seu medo, e percebendo o perigo de soltar uma cópia de si mesmo na Floresta Encantada – correndo o risco de que ele esbarrasse em algum antigo inimigo de seu irmão gêmeo, James, que não tivesse acompanhado a primeira temporada e não soubesse que o sujeito estava morto; ou pior, que o dito cujo acabasse se encontrando com a filha mimada do Rei Midas –, Charming decidiu não experimentar a erva, ficar sóbrio e trocar fraldas como qualquer pai normal.
Mas, como em Storybrooke as coisas sempre fogem ao controle, ele acaba provando seu veneno graças a uma tramoia de Zelena, e sendo obrigado a enfrentar seu medo. E ao vencê-lo, atravessando-o com sua espada, ela se torna o símbolo de sua coragem, que acaba sendo roubada pela megera antes que ele terminasse de dizer Mississipi.
Esse papo de covardia e descoberta da coragem lembra alguma coisa?
Mais uma vez, Once Upon a Time promove uma fusão de personagens para economizar no elenco de apoio. Mas cá entre nós: Charming Leão? Nem o Gato que Ri...
Em seguida, como não tem nenhum Homem de Lata na área, Zelena se conforma com a Dama de Ferro, e tenta se apoderar do coração de Regina.
Essa Zelena é hilária... Querendo o coração da mulher que aprendeu com a mãe que coração é feito para ficar guardado num cofre, bem longe das garras de bruxas verdes que caem sem paraquedas de um tornado, querendo se infiltrar na família principal da série. Se liga, moça! Com que tipo de amadora você acha que está lidando? Snow White?
INTERROMPEMOS NOSSA PROGRAMAÇÃO PARA EXIBIR O MOMENTO MAIS DELÍCIA DA TEMPORADA:
Regina está se preparando para ir tirar satisfações com sua irmã Bruxa Má do Oeste, lhe dar um pé na bunda, e mandá-la de volta para Oz – ou Osasco, ou para qualquer outro buraco onde pudesse enfiá-la! Mas, como eu disse, se há uma lição que nossa Rainha aprendeu com a mãe, é: “nunca leve seu coração para uma briga de bruxas!” Então, como não confia realmente em ninguém nessa cidade, Regina decide guardá-lo no lugar mais seguro do mundo; ou melhor, entregá-lo para quem lhe é de direito: sua alma gêmea anunciada desde os tempos antigos, Robin Hood!
Fica a dica, Robin! #ReginaDandoCondição!!!
Assim, depois de derrotar sua irmã malvada, e de quebra, ainda dar uma alfinetada com “isso é o que se aprende quando não se é abandonada pela mãe”, Regina fica com a faca, o queijo e o gato na mão para finalmente alcançar seu tão desejado final feliz.
Todavia, Zelena ainda não estava completamente vencida, e ainda tinha alguma lenha para queimar antes de dar seu trabalho por encerrado.
Para começar, informada das evoluções no flerte entre Emma e Hook, agora que a mocinha ficara oficialmente viúva, Zelena amaldiçoou os lábios do pirata para que na próxima vez que ele beijasse a Salvadora, ela perdesse seus poderes. Um grande infortúnio, sobretudo se considerarmos que Regina estava tendo um trabalho danado para ensiná-la a controlar a magia.
O pirata bem que tentou se esquivar, mas diante da chantagem de Zelena sobre matar todas as pessoas amadas por Emma caso ele demorasse demais para agarrar a moça, e do quase afogamento do coitado, Emma não teve outra saída, senão se enganchar no bonitão e fazer um boca a boca para salvá-lo – o que a maldição interpretou como um beijo.
Mas Zelena guardara sua pior maldade para o final, pois o último ingrediente que lhe faltava para levar a cabo sua “terrível e diabólica experiência” de voltar no tempo, era o novo fruto do amor verdadeiro: o bebê da Branca de Neve e do Príncipe Encantado – que, falando nisso, nasceu todo fofinho e saudável bem no meio dessa confusão.
E me parece que esse último assalto contrariou a lógica, porque, se a princípio Zelena estava recolhendo itens relacionados com os desejos dos personagens originais de O Mágico de Oz – a coragem do leão e o coração do Homem de Lata –, com o objetivo de realizar o seu próprio – que, como a Dorothy, queria voltar para casa, mas no tempo específico que mais lhe aprouvesse –, seguindo a mesma lógica, o último item deveria ser um cérebro – o desejo do Espantalho. Neste caso, seria mais lógico assaltar o Dr. Frankenstein; porque, como ficou provado nos episódios anteriores, se há uma coisa que falta na cachola da Branca de Neve, é precisamente cérebro! Por que imaginar que sua cria teria um? Ou vai ver, o que Zelena precisava era apenas que o tal cérebro fosse zero quilômetro; não importando de onde viria...
Repararam na carinha de assustado desse neném? Parece tudo, menos recém-nascido...
Quanto ao cérebro, é possível que sua primeira escolha para o fornecedor tenha sido Rumplestiltskin, mas como o cérebro do Senhor das Trevas andou meio bagunçado durante boa parte deste arco – muito por culpa da Zelena, que mandou o filho dele pro sacrifício, sem adverti-lo do que aconteceria se trouxesse seu renegado pai de volta – é provável que o feitiço o tenha recusado.
E quando o dia tão aguardado do nascimento do novo bebê Real chegou, Regina e Emma montaram guarda na maternidade e interditaram a ala hospitalar onde a família Charming estava concentrada, selando tudo com magia, para evitar que Zelena pudesse se aproximar da criança.
Mas de nada adiantou, e a malvada conseguiu burlar a segurança, nocautear o Príncipe com a coragem roubada, sequestrar o bebê e deixar Branca de Neve de resguardo esperneando e gritando na cama de hospital.
Agora vejam só a grande ironia: Emma perdeu os poderes, e a única coisa que pode combater a magia negra da Zelena é magia de luz. E como já deu várias provas de que sua maldade ficou no passado, e que concluiu com sucesso o caminho da redenção, esta foi a vez de uma nova heroína brilhar e salvar o dia: Regina, definitivamente EX Rainha Má, outrora formada, doutorada, com MBA e PhD em magia negra, pela primeira vez na vida, invoca magia de luz e consegue combater e derrotar Zelena, salvando, assim, a nova criança Encantada, Storybrooke, e a si mesma, já que impediu que sua irmã malvada conseguisse habilitar o vira-tempo e impedir que Cora tivesse a segunda filha.
Mas esta não foi a única prova de que o tempo de Regina como vilã expirou. Porque, não se esqueçam de que os personagens retornaram à Storybrooke graças a uma nova Maldição. Só que desta vez, não foi nenhuma filha da Cora que lançou.
Quando ainda estavam na Floresta Encantada, procurando uma maneira de derrotar Zelena, Branca de Neve teve a ideia de pegar um portal até Oz e pedir a receita do balde d’água à Glinda, mas a Bruxa Boa do Sul lhe garantiu que a única maneira de vencer a Bruxa Má do Oeste definitivamente, seria combatendo-a com magia de luz. Uma solução bem óbvia, na verdade, não fosse por um pequeno problema: a única pessoa que eles conheciam que possuía esse tipo de poder era a Salvadora, Emma Swan, que naquele momento estava vivendo uma vida perfeita de mentirinha com Henry em Nova York.
E como mandar um telegrama com um feijãozinho mágico ou outra bruxaria qualquer, como um sinal de fumaça verde, seria muito complicado, e essa ligação interdimensional é cara demais para o orçamento da série, Branca de Neve percebeu que a única opção viável para estarem novamente no mesmo plano com a Salvadora seria lançar outra vez a Maldição das Trevas.
Agora imaginem o desalento da ex-princesa, ao tomar sobre si a responsabilidade de recriar a Maldição que sua ex-inimiga lançara no passado, conhecendo o preço que terá que pagar: sacrificar o coração de quem mais ama, para servir de passaporte para levar todos de volta à Storybrooke.
Apesar de esse casal ter se tornado meio maçante nos últimos tempos, teria sido horrível se Branca de Neve retornasse ao mundo real sem o seu príncipe.
Ok, vamos contar essa parte direito, porque a cena foi bonita.
Mas a princesa realmente sacrificou o coração do amado para lançar a Maldição. E em seguida, devastada pela dor da perda, pediu que sua ex-madrasta, e agora aliada, Regina, tomasse uma atitude salomônica, dividisse seu coração em duas metades, e colocasse uma delas no peito do Charming, acreditando que seu amor e seu coração eram grandes o suficiente para dar vida aos dois. Regina sabia que era arriscado, mas também conhecia a dor e o vazio que acompanhariam Branca de Neve se isso não funcionasse. Então, com lágrimas nos olhos – com lágrimas nos olhos! Pelo casal que ela outrora jurara destruir! –, Regina partiu literalmente o coração de sua enteada, e deu metade para cada um, preservando assim o grande amor de Branca de Neve.
Todavia, como diriam nossas avós, “panela em que muitos mexem ou fica insosso ou salgado”. Na última hora, quando a Maldição está prestes a decolar, eis que a Bruxa Má do Oeste entra em cena, voando em sua vassoura, só para acrescentar um último ingrediente à Maldição: a cláusula que proíbe que as pessoas levem na mala as lembranças daquele ano sabático na Floresta Encantada.
Por isso que, ao chegar em Storybrooke, ninguém se lembrava de Zelena, nem de quem lançara a nova Maldição, como escaparam de Tão, Tão Distante, ou como Branca de Neve arrumou aquela pança...
Essas lembranças somente são recuperadas quando a Maldição é novamente quebrada; de novo, com um beijo de amor verdadeiro, que acaba estendendo seus efeitos também ao filho da Salvadora com a Rainha Má, que passou toda essa metade de temporada jogado no sofá dos avós, brincando com um Gameboy, e fingindo que não viu uma cidadã de pele verde circulando pela cidade.
Só que, desta vez, Emma também não teve qualquer participação no milagre. A Maldição da vez foi quebrada – olha a ironia de novo – por Regina!
Um beijo de amor verdadeiro da mãe adotiva em seu filho amado, trouxe de volta toda a esperança à Storybrooke.
E depois de restituir o bebê Encantado à sua mãe, dar o abraço pelo qual esperara mais de dez episódios no filho adotivo, trocar uns beijos com o Robin Hood, e colocar Zelena atrás das grades anti-magia da delegacia de Storybrooke, Regina prova mais uma vez que sua redenção foi completa: ao invés de tacar fogo na irmã malvada até torrar, Regina opta por deixá-la presa até porcos criarem asas, ou até que a irmã deixe toda a inveja de lado, aprenda o discurso da Branca de Neve, e se volte para o lado do bem; o que acontecer primeiro.
Pois é... Regina recuperou sua humanidade. Mas Rumplestiltskin, não. Ele até poderia esquecer o fato de que Zelena o manteve preso numa cela por três episódios, brincou de Sweeney Todd fazendo sua barba com a Adaga que pode matá-lo, só para espantar o tédio, e ameaçou matar metade da cidade, incluindo seu neto Henry. Mas Zelena também foi responsável pela morte de Baelfire, o filho que Rumple lutou tanto para reconquistar, e pelo qual ele vendeu uma Maldição, paquerou uma megera, treinou duas bruxas, enganou a Belle, transformou o Sr. Smee num rato, agonizou com Sonho Sombrio, adicionou homicídio à lista de acusações contra Branca de Neve, e é melhor eu parar por aqui, antes que a lista de atrocidades cometidas pelo Senhor das Trevas fique grande demais para essa postagem...
Por isso Rumplestiltskin não foi capaz de perdoá-la. Assim que Regina lhe deu as costas, o Senhor das Trevas invadiu a delegacia para vingar a morte de seu filho, fazendo Zelena engasgar com a Adaga que usara para controlá-lo.
Porém, mesmo a destruição de Zelena teve um efeito colateral no final das contas, porque depois que os cacos de seu corpo se espalharam pelo chão da cela, seu espectro foi dar um passeio lá no rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo, e abriu o portal do tempo que a megera havia criado.
E embora não tenhamos mais notícias da vilã nesta temporada, a história ainda não acabou. Porque, a exemplo do que aconteceu nas temporadas anteriores, tivemos uma season finale com episódio duplo, e cá entre nós, só esse episódio valeu pela temporada IN-TEI-RI-NHA!
E como é uma história a parte, a review completa dessa Season Finale maravilhosa será o tema do próximo post, porque este já ficou grande demais.
Então, nos vemos na próxima postagem, nessa mesma hora, e neste mesmo blogspot!

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