Eu
confesso que não estava nos meus planos falar sobre o desenho do Hércules esse
mês, mas aí o TBS resolveu desencavá-lo do fundo do baú – sério, acho que a
última vez que eu tinha assistido essa versão do Hércules foi logo que ela saiu
–, e depois a Disney também exibiu, e então me bateu uma vontadinha de
resenhá-lo.
Antes
de mais nada, é importante dizer que a Disney tomou diversas liberdades com o
mito grego ao conceber este desenho. Parte disso se deve ao fato de a história
do herói conter diversos traços que o compasso moral do estúdio não aprovaria –
tipo Hércules ser fruto de um adultério –, e a outra parte se deve ao bom
andamento do roteiro.
Permita-me
explicar um pouco essa verdadeira salada que a Disney fez com os personagens
das lendas gregas, antes de começar nosso desenho de hoje.
* Para
começar, Hércules era filho de Zeus, mas não de Hera. Zeus se envolveu com a
mortal Alcmena, esposa de Anfitrião, que havia sido banido de Micenas e foi
viver em Tebas, e Hércules foi o fruto dessa união – aliás, algo muito comum na
vida do soberano do Olimpo, que teve inúmeros filhos bastardos com mortais,
ninfas e deusas menores ao longo dos séculos. Na ocasião do nascimento de
Hércules, Hera ficou revoltada, e tentou inclusive matar o menino, atiçando uma
cobra contra ele no berço, e Hércules deu um nó na danada, e ficou brincando
com ela até algum adulto perceber e tirá-la de sua mão.
* Agonia e Pânico, os lacaios de Hades, foram inspirados em Phobos e Deimos
(respectivamente Medo e Pânico), mas no mito grego eles eram filhos de Ares,
deus da guerra, com Afrodite, deusa do amor.
* A Disney também cruzou as Moiras (ou Parcas, como dizem os romanos), as três
entidades que determinavam o destino das pessoas, com as Greias, as velhacas
que dividiam um único olho, e transformou-as em bruxas demoníacas lá do Mundo
Inferior.
* Pégaso nasceu do sangue da Medusa, depois que Perseu a decapitou, e nunca
chegou nem perto de Hércules.
* Mégara foi de fato esposa do herói, mas ela era filha de Creonte, rei de Tebas.
* O mito de Hércules é mais famoso pela descrição de seus doze trabalhos,
impostos por Euristeu, rei de Micenas, depois que o herói, num acesso de
loucura provocado por Hera, matou a esposa Mégara e todos os seus filhos. Seus trabalhos
consistiam em matar o Leão da Nemeia; derrotar a Hidra de Lerna; furtar a Corça
de Cerínia; capturar o Javali de Erimanto; limpar os estábulos imundos de
Áugias – que ele precisou desviar o curso de dois rios para conseguir lavar,
prova de que a coisa estava realmente feia! –; matar as Aves Carnívoras do Lago
Estínfalo; roubar o cinto de Hipólita, rainha das amazonas – as guerreiras
selvagens, não o estado brasileiro –; capturar os cavalos de Diomedes, rei da
Trácia; e os bois do gigante Gerião; domar o Touro de Creta; roubar as maçãs
douradas de Hera no Jardim das Hespérides; e por fim, capturar Cérbero, o cão
infernal de três cabeças, que guarda a entrada para o Mundo Inferior.
Ufa! Só depois de
toda essa trabalheira o herói pôde finalmente limpar seu nome, e mais tarde,
curtir a aposentadoria no Olimpo, ao lado da deusa Hebe, mas isso é outra
história.
Como o filme da
Disney não podia ter mais de uma hora e meia, a maior parte dessa jornada
acabou ficando de fora. Detalhadamente, mostraram apenas a luta do herói contra
a Hidra, mas em vez de Lerna, ela aconteceu em Tebas, e a monstra foi enviada
por Hades para perturbar nosso herói. Durante uma das canções do filme, vemos
flashes do combate de Hércules contra o Pumba de Erimanto, uma ave gigante que
provavelmente é uma das Aves Carnívoras do Lago Estínfalo, o Touro de Creta, a
Medusa – que no mito original foi morta por Perseu, muito antes do nascimento
de Hércules –, o Leão da Nemeia – que aqui foi interpretado por Scar, de O Rei
Leão, que estava desempregado desde o fim do filme, sinal de que não tá fácil
pra ninguém –, e até uma serpente aquática gigante, que deve ser parente do
Monstro do Lago Ness, mas não consegui identificar o mito grego de onde ela
saiu. Quanto ao Cérbero, Hércules até pôs uma coleira nele no desenho, mas só
quando foi tirar satisfações com Hades pela morte de Mégara. Todo o resto não
coube na película.
Enfim,
vamos ao que interessa!
É
um dia muito feliz no Olimpo. Estamos aqui acompanhando em primeira mão e com
exclusividade a grande festa em comemoração ao nascimento de Hércules, filho do
todo-poderoso Zeus e de sua esposa Hera. Conta aqui pra gente, Zeus, como é que
você está se sentindo diante do nascimento do seu primeiro – só aqui nessa
versão, vamos fazer de conta – filho?
E
não é para menos que o nosso artilheiro dos deuses está todo orgulhoso. O
moleque mal nasceu e já consegue levantar o pai com uma mão só, e ainda ameaça
atirar raios no fiofó dos deuses menores só porque não se entendeu com o
brinquedo.
Não
importa o grau de divindade da criança: como essas figurinhas gostam de colocar
as coisas na boca, hein! Benza Zeus...
E
como sabemos que toda criança precisa de um bichinho de estimação, Zeus pega um
travesseiro de nuvens, um punhado de penas de cacatua, joga um pouco de
purpurina, uma pitada de pó de arroz e presenteia seu filho com Pégaso! Olha
que gracinha!
É,
mas nem tudo são flores nesse grande dia. Nossos repórteres acabam de flagrar
um penetra na festa!
Como
a segurança do Olimpo foi reforçada para o evento, Hades não tem muitas
oportunidades de conhecer seu novo sobrinho favorito, filho de seu irmão menos
favorito, que deveria estar provocando coceiras na testa de um mortal se a
Disney não fosse uma instituição familiar.
Tão
logo é colocado para fora pela saída de serviço, o Senhor do Mundo Inferior
começa a desenvolver a trama diabólica – literalmente – do filme, pois já
suspeitava desde o princípio que seu sobrinho um dia atrapalharia seus planos
de enfiar Zeus na caixa de Pandora, jogá-lo no fundo do Tártaro e mandar a
chave pro espaço, para poder ele próprio assumir o controle do Olimpo, com uma
ajudinha de peso de seus prisioneiros da cela mais escura.
Mas
como Hades é um cara persuasivo, e ninguém é doido de querer vê-lo com a cabeça
quente – sacaram? –, as Moiras acabam revelando a profecia que ele tanto
queria: dali a dezoito anos exatamente, os planetas irão se alinhar, e esse
será o momento ideal para libertar os titãs...
Não
gente... Não são esses Titãs... São esses aqui:
Essa
galera do mal, entendeu? Os outros são Titãs maneiros.
Como
ia dizendo, quando os planetas se alinharem será o momento ideal para libertar
os titãs – monstros do mal! Não a banda de Rock maravilhosa! –, enfiar Zeus
numa quentinha, que Cronos devorará numa bocada só, e assumir o controle do
Olimpo – que é um reino muito mais iluminado que o Mundo Inferior, e
basicamente o motivo porque Hades é o único deus nesse desenho que não brilha.
Isso, e talvez o fato de que ele não deve tomar banho há milênios, já que o
único rio lá embaixo é o Estige, e sua água não faz lá muito bem para a cútis.
Enfim,
mas é melhor prevenir do que remediar, afinal, Hércules não é filho de peixe,
mas sim de um deus, e sabe-se lá que raios ele pode fazer, caso decida unir sua
força descomunal aos outros deuses para proteger seu papito...
Pelo
sim, pelo não, Hades decide mandar seus lacaios inúteis, Agonia e Pânico
surrupiar o moleque, e dar um jeitinho de colocá-lo fora de combate, para
garantir que nada atrapalhe seus planos. E mesmo sabendo que se forem pegos
Zeus acabará com sua raça, eles o levam para a Terra, enfiam em sua goela uma
mamadeira recheada com a poção que o passarinho não bebe, e que os deuses
também não deviam beber, porque ela acaba com a divindade de qualquer um, e o
fazem mamar até a última gota.
Ou
quase...
Acontece
que esses lacaios do capeta se assustaram com os mortais tocando vuvuzela na
direção do beco, comemorando o final da Maratona, chutaram a mamadeira para
escanteio, com a última gota da poção ainda brilhando no vidro despedaçado,
fizeram cara de “fessora, fui eu,
não”, e se transformaram em cobras para tentar botar os farristas para correr.
Eles só esqueceram de um detalhe pequenininho: o mancha língua que botaram na
mamadeira do moleque tirou sua divindade, mas não sua força. E como eles não
leram a história original, os diabinhos não sabiam que Hércules gostava de
brincar com cobras – no bom sentido –, dar um belo de um nó nas danadas e
usá-las para brincar de pular corda.
Agonia
e Pânico são chutados para fora de cena pelos mortais que vinham batucando, e
que acharam o bebezinho dos deuses a coisinha mais fofinha do mundo, e
decidiram adotá-lo.
Naturalmente,
Agonia e Pânico sabem que se um dia Hades descobrir que eles falharam na missão
de matar o pirralho vai transformá-los em cobertura de pizza e mandá-los para
Brasília. Mas qual a probabilidade de uma ninfa futriqueira fofocar tudo ao
Senhor dos Mortos? O cara é zerado no Twitter, não tem nenhum amigo no
Facebook, o povo corre do seu Instagram porque ele só tira selfie que dá
medo... Se tem um antissocial nessa parada é o Hades! Em qual roda de fofoca
ele poderia ficar sabendo de sua travessura?
Hein?
Além
do mais, o garoto agora é mortal, não pode mais retornar ao Olimpo, e Zeus os
livre de serem pegos pelos deuses com a boca na botija!
Então
os malandrinhos pegam a estrada para o inferno, tranquilos da vida – ou da
morte –, e fazem cara de paisagem pelos dezoito anos seguintes.
Aqueles
dezoito anos passam voando, e Hércules, agora adolescente, usa sua superforça
divina para puxar a carroça do pai adotivo – para poupar o cavalo que torceu o
pé – descarregar um montão de feno, ajudar um comerciante a carregar um jarro
do tamanho de uma caixa d’água como se fosse um tupperware de R$1,99, destruir o estádio só porque os rapazes não
deixaram ele entrar em seu time de frisbee, e enfim... Causar um monte de
confusão.
Tadinho,
gente...
Aqui
entre nós, esse povo precisa aprender os perigos de se provocar um cara que
pode transformá-los em farinha com um espirro...
Enfim,
depois de ser malhado pela cidade inteira, Hércules fica chateado – pudera! –
porque, por mais que se esforce, ele não consegue se ajustar e se enturmar com
o pessoal de sua idade. E como sabe que seus pais o encontraram num beco quando
era bebê, ele já começa a imaginar se seus pais biológicos não seriam Myke
Tyson e a Dona Florinda, mas seus pais adotivos garantem que não. Quando o
encontraram, ele carregava um medalhão com o símbolo dos deuses, portanto só
podem deduzir que o garoto foi chutado de um berço muito mais elevado.
E
como sente que merece algumas explicações, Hércules vai ao Templo de Zeus em
busca de respostas.
Só
para dar um nó na cabeça do Hércules pior do que aquele que ele deu nas cobras
lá no início do filme... Porque, se ele é filho de Zeus, isso devia fazer
dele...
Mas
a boa notícia é que eles criaram seu cavalo! E agora que Hércules já tem idade
para dirigir, Zeus lhe devolve o Pégaso, e diz que se ele passar no vestibular
para herói da USP, terá sua divindade restaurada e poderá voltar a viver no
Olimpo.
Assim,
Hércules sai à procura de Philoctetes, o treinador de heróis mais badalado do
Olimpo, que estava feito bocó escondido numa moita, vendo as ninfas tomando
banho de rio... E isso é um desenho da Disney, gente! Pero no mucho...
A
propósito, esse aí é o Philoctetis, mas pode chamá-lo de Phil. E ele está
aposentado. Mas aí o Hércules choraminga, porque viajou três quarteirões para
encontrá-lo, para que ele o ajudasse a realizar o sonho de se tornar um
verdadeiro herói, um sonho da vida inteira que ele começou a idealizar há cinco
minutos, e além do mais, o sátiro foi uma indicação de Zeus!
Afinal,
quem tem essas referências merece uma chance, né não? Por isso eu digo: é
sempre bom ser parente dos figurões...
Acontece
que o Phil está cansado de tantas decepções. Ele treinou simplesmente os heróis
mais badalados da mitologia grega: Odisseu, o cara que deu a ideia de colocar
os soldados num cavalo de madeira para pegar os troianos desprevenidos, cegou o
ciclope Polifemo, venceu Cila, Caríbdis e a deusa Calipso, só para não deixar
uma viúva bonita dando sopa por aí; Perseu – que no mito original foi antepassado
de Hércules por parte de sua mãe Alcmena –, o cara que matou a Medusa! E ainda
usou sua cabeça para transformar o titã Atlas em uma montanha de pedra, governou
Tirinto e fundou Micenas; Teseu, o fulano que matou o Minotauro no Labirinto de Dédalo, enfrentou um bando de amazonas, teve a brilhante ideia de raptar
Perséfone, a Rainha do Mundo Inferior, e só não ficou preso lá graças ao
Hércules, acabou assassinado por um rei invejoso, e depois de morto ainda
ajudou os atenienses a afugentar os persas durante a batalha de Maratona –
aliás, esse foi outro herói que teve trabalho, hein! E algumas ideias de Jerico
também; e, por último, mas não menos importante, Aquiles, o cara que liderou o
exército grego na guerra contra Troia! E que teria sido o herói perfeito, não
fosse aquele maldito calcanhar!
Phil
também costumava sonhar em treinar um herói que os deuses pudessem admirar,
alguém que ficasse conhecido como “o garoto do Phil”. E ao ver a força de
Hércules, ele percebe que talvez esse seja o garoto que ele estava esperando, o
herói que elevaria seu nome ao hall da fama dos deuses – ele já devia estar bem
perto disso, já que seu cartão estava no bolso de Zeus.
E
como tempo é dracma, Phil inicia o treinamento de Hércules imediatamente.
Coisas básicas, tipo salvar uma donzela de palha em perigo, tiro ao alvo com
arco e flechas, como acertar um alvo usando um sátiro como flecha...
E
Hércules deve ter bebido aquele refresco do Quico que o comercial disse “que fica forte, e fica bonito, e fica
grande, du-du-du-du...”, porque num curto espaço de tempo o rapaz fica
fortão, grandão, desenvolve um monte de habilidades de batalha e está pronto
para conquistar o Olimpo.
Bem,
na verdade, ele está pronto para sair pelas ruas da Grécia e enfrentar uns
monstros, mas, só por garantia, Phil decide fazer alguns testes com ele
primeiro. Afinal, seu último herói quebrou com uma flecha no calcanhar; vai que
ele bota o bloco na rua, e dois minutos depois o povo devolve o moleque batendo
biela, com algum parafuso solto depois de perder uma briga com um moinho de
vento...?
Então
eles vão para Tebas, um lugar que está muito acima do nível normal de problema.
Um ótimo lugar para iniciar uma reputação de herói.
Mas
segura o tchan um minutinho, porque
tem uma donzela indefesa na área sendo amassada por um centauro. Aliás,
“amassada” não é no bom sentido. Não que exista um bom sentido para essa
palavra estar relacionada a um ser humano... Na verdade até tem, mas só quando
é voluntariamente, o que não era o caso aqui...
Enfim,
esqueçamos a semântica, e vamos ver nosso herói em ação.
O
Ministério da Saúde adverte: testosterona demais faz muito mal aos neurônios!
Duvida?
Dá só uma olhada no resto da cena, depois vocês me contam...
Sem
mais, meritíssimo!
Bem,
no fim das contas, Hércules conseguiu derrotar o centauro, depois de montá-lo até
deixá-lo tonto, arremessá-lo contra uma rocha, dar-lhe um soco que o mandou
para fora do estádio, e foi ferradura
para todo lado, Ya-Ya-Oh ♪♪...
E,
de quebra, ainda deixou a garota bem impressionada com sua força. Bem, isso, e
o lindo veículo alado que o rapaz pilota. Mas Pégaso literalmente sobe na
árvore quando Hércules manda ele dar uma carona à moça, para deixar bem claro
que não carrega muamba.
E
como já fez o que tinha que fazer, e seduziu quem tinha que seduzir, a moça vai
embora toda rebolativa, deixando o herói suspirando no campo de batalha. Mas
não é hora para isso, afinal, Tebas está esperando. Hércules ainda tem muito
trabalho a fazer antes de tirar seu diploma de herói.
Quanto
à moça, ela vira a esquina e dá de cara com dois diabinhos roedores – Agonia e
Pânico metamorfoseados em um coelhinho e um esquilinho muito engraçadinhos –,
trazendo o recado de que o chefe quer falar com ela.
Mas
calma aí, seu esquentadinho! A culpa não foi dela. Foi o garotão, o tal do
Hércules que apareceu na hora errada para bagunçar a cena do crime...
Nem
é preciso dizer que Hades ficou furioso por saber que o filho de seu rival
continua perambulando por aí, comprando pirulitos na venda da esquina e comendo
churros com a galera da vila... Mas Agonia e Pânico garantem que ainda podem
dar um jeito nisso. Pelo menos, o garoto é mortal, então, é só dar um
empurrãozinho num precipício e, se nenhuma nuvem aparecer, prontinho. Tchauzinho,
moleque! Era uma vez um herói... Adeus, filho do Zeus...
Enquanto
isso, em Tebas, Phil discute com os carroceiros, porque ele atravessou na
faixa, e mesmo assim quase foi atropelado, um maluco aparece apregoando o fim
do mundo – valeu a informação! –, um pessoal está tentando ordenar as
catástrofes da cidade numa linha do tempo – os incêndios foram depois do
terremoto, mas antes das inundações... Uma cidade adorável, realmente...
Percebendo
como o lugar é animado, Hércules se apresenta para o emprego de herói, mas como
seu currículo é imprestável, o povo ri dele, e o manda plantar batatas. E ainda
se divertem tirando sarro do homem-bode que treinou Aquiles, com aquela beleza
de calcanhar a prova de flechas – só que
não. Ali eles precisam de um herói profissional, e não de um amador a fim
de ser espatifado.
Mégara,
a moça que Hércules salvou do centauro vem correndo e gritando desesperada
pelas ruas, porque tem duas criancinhas presas num desmoronamento fora da
cidade, e precisam de alguém muito forte para ajudar a remover as pedras e resgatá-las.
Naturalmente,
Hércules consegue levantar as pedras gigantescas e salvar as crianças sem
bagunçar o topete, para alegria geral dos cidadãos de Tebas, que ainda não estão
botando muita fé em seu candidato a herói, mas quebra o galho...
Surpresa,
surpresa! As duas criancinhas em perigo, eram na verdade dois diabinhos.
Literalmente! E a atriz principal ainda está se recuperando do enjoo lá na
coxia.
Mas
nós não temos tempo para essas frescuras, porque se vocês olharem para a esquerda,
vão ver que já tem um monstro atacando a cidade.
São
três palavras, Phil. E, puxa, esse pessoal não estava brincando, hein... É
descuidar um minutinho, e lá está outro monstro!
E
agora o pau vai comer!
Hércules
joga pedra na goela do monstro, prende a mandíbula dele com as mãos, saca a
espada e... É engolido pela serpente gigante!
Mas
espera um pouco... Por que essa cobra está fazendo careta?
Oh!
Acho
que isso vai ensiná-la a não engolir heróis com suas espadas.
Não
esquenta, Phil, o moço é filho dos deuses, ele vai ficar bem. E ele não é o
único...
Devia
ter visto isso em seu treinamento de herói, Hércules: sempre que você corta a
cabeça de uma Hidra, outras duas – nesse caso, três – crescem no lugar.
E
ele diz isso a um cara que é especialista em multiplicar problema! Conforme o
herói brande sua espada contra o monstro, a coisa vai ficando mais feia. E como
Phil não lhe ensinou nada sobre Hidras no treinamento básico, Hades começa a sorrir
por antecipação, prevendo a chegada de sua parte preferida do jogo: morte súbita!
Ele
só não previa que fosse ser a morte súbita do
monstro, que foi vencido graças ao enorme talento para demolição de
Hércules, que acabou por soterrar a Hidra debaixo de um monte de pedras.
Dali
em diante, Hércules não parou mais. Virou mito. Seu single virou o maior sucesso das Musas Gospel do filme, foi eleito
o grego da semana pela Gazeta do Olimpo, lotou estádios, esgotou a lotação para
cada monstro que enfrentou, virou garoto propaganda da Itaipava, estampou
vasos, encheu o rabo de dinheiro, tirou selfie
com a Madonna, pediu música no Fantástico... Nada mal para quem era um zero,
mas agora como herói é... Isso aí!
E
como o tempo urge, Hades tenta novamente aliciar Mégara a usar as curvas certas (filme da Disney!) para
seduzir Hércules e tirá-lo de seu caminho.
Fica
aí a dica da Meg para vocês não entrarem nessas enrascadas, crianças: nunca
façam acordo com o diabo! Seja lá qual pele ele estiver vestindo...
Hércules
vai todo contente contar os melhores momentos de suas aventuras ao papito, que
está todo orgulhoso do filho favorito – aliás, conhecendo-os como os
conhecemos, Atena deve estar fazendo cara feia, Dionísio deve estar enchendo a
cara de vinho, Ares deve estar planejando uma guerra, e Hermes, que não é dado
a esses recalques, deve estar fazendo as malas para uma viagenzinha pelo mundo;
deuses evoluídos são outro nível...
A
verdade é que Hércules está se achando, mas Zeus manda ele ir com calma, pois
ainda não está pronto para se reunir aos deuses.
Phil
estava no banheiro, colocando a leitura em dia, e agora retorna cheio de
novidades. Pelas manchetes do jornal, Hércules estará com a agenda
completamente lotada pelas próximas semanas.
Mas
nesse momento Hércules não vê muito sentido em continuar lutando contra
monstros, se aparentemente nunca será bom o bastante para morar no Olimpo, e
Phil levanta sua moral dizendo que Hércules tem um talento que ele nunca tinha
visto.
Enquanto
Phil joga milho no quintal para pôr ordem no galinheiro, Mégara encontra
Hércules escondido atrás de uma cortina, e avisa que os hormônios em fuga já
foram. Ela é a única que não parece muito impressionada com sua força
descomunal e sua habilidade para eliminar monstros letais, embora toda a Grécia
ache que ele é a melhor coisa desde que inventaram o arroz à grega. E ela é a
única mulher que ele queria impressionar. Se bem que ele nem tem tempo para
isso agora, já que Phil marcou compromissos para manter Hércules ocupado o dia
todo.
Simples
assim. E assim essa garota dos infernos – mais ou menos literalmente – leva o
herói para o mau caminho, ensinando-o que matar o trabalho para ficar com uma
paquera é muito divertido.
Mas
isso não significa que ela esteja com sua tarefa resolvida, já que Hércules,
aparentemente, não tem nenhuma fraqueza: saúde perfeita, curiosidade zero,
nenhum interesse em cavalos além do Pégaso, fã de alimentação saudável, não
come carboidrato à noite... Tirando o fato de ser meio estabanado, o Garotão é
perfeito!
Não
sei se ligaram o nome à pessoa, mas essa estátua é a Vênus de Milo, e agora
sabemos porque ela não tem braços...
Hércules
aproveita o passeio, e confessa a Mégara que antigamente ele queria ser igual
às outras pessoas.
É
nesse momento que Hércules dá uma banana para a intuição de Phil sobre o
caráter de Mégara, e confessa seus sentimentos à moça, que começa a ficar com
peso na consciência por ter que vendê-lo ao Hades. Porque afinal, apesar do
discurso sobre ficar sozinha para evitar sofrimento, ela também está caidona pelo
filho de Zeus.
Assim,
Phil empata o romance do casalzinho, leva nosso herói embora, e deixa Mégara
sozinha ao relento, contando para o vento que está gostando do Garotão. E como
ela já tomou muita pancada na vida, sabe que não devia deixar seu coração sem
rédea.
Até
porque, o chefe cabeça quente está doidinho para saber das novidades.
A casa caiu, caiu, caiu ♪♪
O
que o Phil não viu foi a parte em que Mégara disse ao Hades que Hércules é um
homem diferente, honesto, corajoso, que não tem fraqueza nenhuma, e que ele
podia jogá-la no Tártaro se quisesse, porque ela não iria ajudá-lo a acabar com
seu herói.
E
foi aí que Hades percebeu que ela era
a fraqueza de Hércules, já que o garotão se importa com ela.
Hércules
não acredita quando Phil lhe conta a fofoca sobre Mégara, e fica com raiva do
sátiro por falar mal da moça. E aqui eu deveria dizer que Hércules é um idiota,
que ele deveria pensar que conhecia Phil muito melhor do que conhecia Meg, e
que deveria prestar atenção na intuição de seu amigo, mas eu sei como é, quando
o coração resolve se intrometer no rolo, não adianta esbravejar, que a criatura
não escuta. E é por isso que eu troquei o meu por outro fígado!
Mas
é só o Hércules virar a esquina para o Hades aparecer e dizer que o garoto está
atrapalhando seus planos.
Hades
promete libertar Mégara, se Hércules abrir mão de sua força por vinte e quatro
horas. Claro que sempre tem o risco de alguém se machucar, por causa da guerra
e tudo mais, mas depois que as vinte e quatro horas vencerem, Hércules poderá
recuperar sua força e salvar quem quiser.
Sabe
do quê que eu lembrei com essa cena?
Ou
o seu Madruga, quando precisava do remédio para insônia...
Enfim,
Hércules agora não tem nada de especial, é tão comum e tonto como qualquer
mortal, e Hades demonstra ser um homem de palavra, libertando Mégara na mesma
hora. Afinal, ele tem coisas mais importantes com que se ocupar. Mas antes
ainda dá tempo de jogar uma pequena intriga no casalzinho.
Mégara
tenta se explicar e se desculpar, mas como Hades tem um universo inteiro para
tomar, que é seu e ninguém tasca, ele não pode perder tempo com esses bla-bla-blás
de namorados.
E
nós também não.
Hades
fica contente como uma cacatua por finalmente poder libertar os titãs – os monstros! Não os roqueiros! – que estavam
presos no Tártaro, o poço mais profundo e sombrio do Mundo Inferior, para que
eles se ocupem dos deuses, enquanto ele assiste de camarote em sua carruagem
infernal à queda dos Olimpianos.
Enquanto
Hades providencia um mapa para guiar os titãs ao Olimpo, um Ciclope ataca a
cidade, para dar serviço aos heróis de plantão, e evitar que se intrometam em
assuntos de gente grande – literalmente!
É
um pandemônio! Hermes acorda com o barulho dos titãs marchando para os portais
do Olimpo, Zeus manda soar o alarme para que os deuses se coloquem em posição
de contra-ataque...
E
em terra firme, o Ciclope desafia o poderoso Hércules, e como o garotão nunca
recusa uma briga, cai dentro, mesmo com Mégara implorando que ele não vá, e
lembrando-o de que sua força se foi.
Eis
o por quê de vocês nunca poderem confiar no coisa ruim: é o Hércules virar as
costas, e uma coluna pedra enorme esmaga Mégara. Pelo menos o esforço para
salvá-la fez com que Hércules recuperasse sua força antes do tempo. Talvez
porque Hades também não cumpriu o contrato, já que ele prometeu que Mégara não
se machucaria, e no primeiro descuido ela virou recheio de um sanduíche de
coluna grega.
Então
Hércules monta no Pégaso e voa para o Olimpo, virado no Jiraya, disposto a
esfregar a cara do Hades no asfalto quente, e já chega descendo o sarrafo em
tudo quanto é titã, e libertando os deuses capturados, inclusive seu pai, para
dar mais emoção aos minutos finais de jogo. Depois, usando um titã em forma de
tornado como aspirador de pó – acho que é o Tifão –, Hércules suga todos os
outros titãs da bagunça e os arremessa de volta ao Tártaro.
Quando
o árbitro apita e é fim de jogo! Hércules e os Olimpianos vencem por um placar 16x2!
Morrendo
ela está, com certeza; agora, se ela quer ver essa sua cara feia é uma
ooooooutra história!
Hércules
desce voando para salvá-la, mas chega tarde demais. As Moiras acabam de cortar
o fio da vida de Mégara. Phil tenta consolar o garoto, dizendo que, infelizmente,
há coisas que ele não pode mudar. Mas então Hércules se lembra que é da família
dos deuses, e decide ir ao Mundo Inferior para ter uma “conversinha” com seu
tio endiabrado.
O
Hades tá lá, sentindo pena de si mesmo, se lamentando por ter estado tão perto
de tomar o Olimpo, e fracassado na última hora por causa daquele fedelho mortal
fedendo a leite, quando de repente, eis que o próprio irrompe no recinto, montado
no Cérbero, o cão infernal de três cabeças, exigindo Mégara de volta. Hades,
como bom anfitrião, mostra a casa ao sobrinho, inclusive o rio onde as almas
estão sendo levadas. Hércules tenta resgatar Mégara, mas suas mãos ressecam
imediatamente ao tocar a água do Estige.
Então
Hércules se propõe a ficar no lugar dela, o que deixa Hades saltitante
novamente com a possibilidade de ter o filho de seu maior rival preso para
sempre no Reino dos Mortos, que seu próprio irmão o obrigou a governar.
As
Moiras já estão até esticando o fio da vida dele para fazer o corte fatal.
Hércules
resgata a alma de Mégara, e sai do rio, recuperando sua antiga forma, vigor e
saúde da cútis, e agora brilhando como novo depois daquele banho bem tomado de
divindade no rio dos mortos. Hades fica literalmente ardendo de raiva e começa
a bajulá-lo, implorando que o garoto convença Zeus a relevar sua travessura,
mas Hercules faz a surda, manda o tio malvado conversar com seu punho, amassando
a cara dele com um murro, enquanto caminha com seu troféu, na maior ostentação
para fora daquela pocilga.
E
só para fechar o dia com chave de ouro, Hércules ainda empurra a ovelha negra
de sua família para tomar um banho no rio dos mortos.
Hércules
coloca a alma de Mégara de volta no corpo, e declara seu amor, sem se importar
mais com o fato de ela ter andado com as pessoas – e entidades – erradas no
passado. Afinal, todo mundo comete erros...
Então
uma nuvem os envolve e os transporta para o Olimpo, e Phil pega uma carona com
Pégaso para não perder o grande momento da ovação de seu herói.
Todos
os deuses saúdam o novo herói, contam quanto estão orgulhosos dele – inclusive
Hera, que não é sua mãe coisíssima nenhuma, não insistam nisso! Mas agora
Hércules é um verdadeiro herói... E ainda não sabe o que fez de certo dessa
vez...
Eis
a lição de moral do desenho. Afinal, como já disse algumas vezes ao longo da
review, é Disney!
E
agora Hércules pode finalmente voltar a viver no Olimpo com seus pais, agora
que teve sua divindade restaurada, e é um herói em tempo integral, com carteira
assinada, e registrado no Sindicato dos Heróis, Paladinos, Quixotes, Machões e
Similares.
Mas,
tal como seu primo Percy Jackson fará no futuro, Hércules agradece a
oportunidade e a confiança, mas decide recusar o emprego, pois não consegue
imaginar sua vida sem Mégara. E como ela é mortal, ele prefere viver na Terra
com ela, abrindo mão da divindade que ele tanto lutou para alcançar. E ela que
já estava meio orgulhosa por ele ter alcançado o posto mais elevado do reino...
E
acho que nem é preciso dizer que todos viveram felizes para sempre, né?
Bem,
quase todos...
Até
porque, depois do final feliz, ninguém mais presta atenção na reclamação dos
recalcados, não é mesmo?
Great post dear
ResponderExcluirHave a nice day! :)
Thank you, dear *-*
ExcluirHave a nice week!
Quando passava na tv eu gostava e assistir esse desenho animado. Sempre gostei muito de desenho educativo que aprende algo, mas adoro até hoje de assistir vários tipos de desenhos, kkkkk. bjsss
ResponderExcluirespacodividido5.blogspot.com
Eu também sou apaixonada por desenhos, e é uma coisa que a Disney sempre soube fazer muito bem. Pena que estão meio devagar nesse sentido hoje em dia, rs.
ExcluirSeja sempre muito bem-vinda ao meu cantinho animado *-*
Beijos