Conforme prometido, nesta sequência de postagens em homenagem ao mestre Bolaños, que completaria 90 anos no dia de hoje, teremos a primeira review.
Peguem
seus sanduíches de presunto, pirulitos, churros, refrescos de limão que parecem
de laranja e têm gosto de tamarindo, e sigam-me os bons!
Vamos
começar com o pé direito com uma Grande Festa – pegaram o trocadilho? –, uma
das sagas mais queridas do Chaves. Quatro episódios de 1976, que serão
intitulados aqui:
Seu
Madruga está construindo um palanque em frente à sua casa, para servir de palco
aos festejos de boa vizinhança que vão realizar em breve. Acontece que esse ano
pensaram em fazer as coisas bem grandes, com apresentações artísticas e tudo
mais. Desta vez, as crianças vão cantar, vão recitar, e até apresentar uma peça
de teatro. Mas naturalmente, ele não conta com o apoio de certos vizinhos. Como
de costume, a Dona Florinda aparece para reclamar que ele está sujando todo o
pátio da vila com aquela porcaria, e atrapalhando o espaço, e que nem ao menos
tiveram a consideração de comunicá-la sobre o projeto e...
Afinal
de contas, o único espaço que o palanque está ocupando é a frente da casa do
Seu Madruga, e se ele, que é o maior sacrificado, não está reclamando, Dona
Florinda que vá plantar batatas!
Mas,
caso queira participar, ouvi dizer que ainda tem vaga para mulher de gelo,
mulher barbada e mulher biônica. Será que a Velha Coroca do 14 estará
interessada em fazer teste para um desses papéis?
Depois
não sabe porque leva cascudo, não é, Chaves? Mas desta vez Seu Madruga vai
deixar passar, porque ele não tem tempo a perder. E, ignorando o garoto, volta
a trabalhar no palanque. Ou melhor, ele tenta, pois Chaves praticamente
atravessa o focinho na frente para curiar
o que ele está fazendo, deixando Seu Madruga furioso.
Aliás,
desta vez, não dá nem para criticar Seu Madruga por ter ficado bravo com o
Chaves em cima, atrapalhando seu serviço. Crianças que têm essa mania bem que
merecem ser levadas pelo velho do saco.
Mães
me xingando em 3... 2... 1...
Strike dois!
No próximo tu toma um cascudo, moleque! Não diga que eu não avisei.
Acontece
que o Chaves estava doido para ver o Seu Madruga dar uma martelada no dedo,
pois quando ele sente dor fica com uma cara tão engraçada que, segundo ele,
parece a pantera cor de rosa quando se sente acuada. Mas o pai da Chiquinha
garante que não vai martelar dedo nenhum. E exatamente como os políticos estão
acostumados a fazer, meio minuto depois de prometer, ele descumpre a promessa;
e mais uma vez seguindo o exemplo do pessoal de Brasília, ele finge que a
martelada nem foi com ele.
Pelo
menos até se certificar de que o Chaves não pode vê-lo estrebuchando de dor em
cima do palanque.
Não
bastasse o Chaves para atrapalhar, logo vem o Quico sentar na bola, e ficar curiando seu serviço.
Nunca
viram o verbo curiar? Realmente ele
não está no Aurélio, mas dá até para conjugar: eu curio; tu curia; ele curia; nós curiamos; vós curiais;
eles curiam... Fiquem à vontade para
utilizá-lo com os curiosos de plantão.
Mas
ao ser informado de que Seu Madruga está trabalhando, Quico fica em dúvida
sobre lhe dar os parabéns ou os pêsames. O que não é tão grave quanto a dúvida
que acomete o Seu Madruga, sobre lhe dar uma martelada na cabeça ou naquelas
bochechas de mamão macho.
Como
seguro morreu de velho, Quico se afasta e começa a quicar a bola junto com as
batidas do martelo, enfurecendo ainda mais o Seu Madruga, que joga o martelo no
palanque para ralhar com o garoto, e acaba machucando outro dedo.
Cadê
o Chaves para vê-lo chupando o dedo de novo?
E
como ainda não sabia que a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena, Seu
Madruga aproveita enquanto o Quico ainda está rindo dele, para tomar sua bola,
e usar o martelo para jogá-la por cima da casa.
Como
não viu onde sua bola caiu, Quico vai chorar no seu muro das lamentações,
enquanto Seu Madruga tenta voltar a trabalhar no palanque... Até ser nocauteado
pela bola que Chaves devolveu por cima da casa com um chute.
APIIIIIIIITA
O ÁRBITRO! Começa o grande jogo: Seu Madruga dá a saída chutando a bola do
Quico pro outro pátio. Chaves pega de primeira, lançando-a de volta no campo do
adversário, e Seu Madruga DEFEEEENDE de cabeça! O Quico vai à loucuuuuuuura!
E
o Seu Madruga vai para o outro pátio, virado no Jiraya, para descer cascudo no
Chaves, que nem sequer foi informado sobre por que estava apanhando. Deixa que
a gente desenha, Chavinho.
Mas
desta vez foi o Quico, que estava tentando explicar para a Chiquinha que sua
bola estava se convertendo em boomerangue: eles jogavam por cima da casa, e
segundos depois ela voltava sozinha.
O
Seu Madruga, com certeza, não. Aliás, ele acaba de passar por ela, com a bola
do Quico na mão, sem o menor medo de apanhar, mal tomando conhecimento de quem
ele estava mandando cair fora, até se
tocar, na marca do pênalti, que estava prestes a dar uma bolada no tesouro da
mamãe bem na frente da dita cuja.
Felizmente,
bem a tempo de disfarçar.
Mas
afinal de contas, por que o Quico disse que a bola estava voltando sozinha? Por
acaso, Seu Madruga não é ninguém?
Mas
o Quico está determinado a provar para ela que é verdade. Então, enquanto ela
vai ao outro pátio procurar o disco-voador, Quico se prepara para chutar a bola,
ele chuta e é... BOLA NA CARA!
Eu
já vi Manuel Neuer fazendo essa Quicada nas eliminatórias da Copa.
Se
um dos melhores goleiros do mundo está sujeito a fazer esse tipo de trapalhada,
que dirá o Quico...
Naturalmente,
Chiquinha não demora nem meio minuto para descobrir que era o Chaves quem
estava devolvendo a bola com um chute, e corre para fofocar tudo ao bochechudo.
Pena que ninguém avisou pro Quico que estavam chegando, porque com a boa
pontaria desse moleque, tá arriscado o coitado do Chaves levar outra bolada na
cuca.
Claro
que o Quico não acredita que o garoto que come um sanduíche de presunto por ano
tenha força suficiente no pé para fazer a bola passar por cima da casa do Seu
Madruga. E aqui entre nós, isso seria uma proeza difícil até para o Neymar. E
como Tomé só acredita vendo, Chaves concorda em chutar de novo para que Quico
veja com seus próprios olhos que ele consegue realizar a façanha.
Claro
que não é culpa do Chaves que o palanque tenha se atravessado na sua frente.
Mas na segunda ele não vai errar.
Só
tem um probleminha...
Era
para ter chutado a bola, não o sapato!
Enquanto
as crianças vão ao outro pátio resgatar o sapato do Chaves e ver se sobrou
alguma coisa do bochechudo, Seu Madruga retorna com o saco de pregos, e tenta
voltar a trabalhar no palanque. Mas agora foi a Dona Florinda quem resolveu
atrapalhar. Só para repetir aquela velha ladainha de que não vai permitir que
realizem nenhum festival na vila.
Meu
querido, se sem pedir, tu já toma uma cacetada por minuto dessa mulher, ainda
vai arrumar encrenca?!
Enquanto
isso, no outro pátio, Quico se recusa a devolver o sapato do Chaves, decidindo
fazê-lo voltar para o lugar de onde veio, ou seja, jogando-o por cima da casa,
e fazendo uma cesta. Literalmente!
E
como Seu Madruga foi muito mais rápido em se jogar por cima do palanque para
dentro de casa, Florinda decidiu deixar a surra para mais tarde, pegar sua
cesta, e ir arrumar confusão na venda da esquina.
Já
o Chaves, só não vai dar um chute no Quico, porque está descalço do pé.
Seu
Madruga põe o chapéu para fora de casa, para testar se a Valentona do 14 já
bateu as asinhas, e volta a trabalhar no palanque. Pelo menos até a Chiquinha o
interromper para perguntar se ele não viu passar algum sapato voando por ali.
Sim,
aquele que aterrissou dentro da cesta da Dona Florinda. Mas se faz questão de
comprovar com seus próprios olhos que é comum ver esse tipo de pássaro
sobrevoando o pátio da vila, espera só um minutinho que logo vem mais um
aterrissar no seu martelo.
E
que pontaria certeira, hein! Benza Deus! Esse povo podia ser convocado pra
seleção.
Daí
é claro que Seu Madruga toma um tabefe. E enquanto sai pisoteando o chapéu,
Chiquinha lembra-o que tem que ficar calmo, para poder terminar de montar o
palanque.
Mas
aí...
O
que não faz a promessa de uma Linguiça no festival, hein, minha gente?
Pelo
menos, agora o Seu Madruga poderá terminar seu trabalho na santa paz.
Mas
como aqui não é um canal de televisão, o próximo episódio começa agora mesmo.
Para
o discurso de abertura, ninguém melhor que a moradora mais velha da vila – em
todos os sentidos –, a Bruxa do 71... Digo, a Dona Clotilde.
Segundo
ela, os festejos de boa vizinhança significam unicamente amor. Eis que toca o
tema de Tara, o Professor Girafales e a Dona Florinda começam a se olhar com
aquela cara de lombriga apaixonada de sempre, enquanto a Bruxa desenrola sua
bonita definição sobre o amor:
Falou,
Dona Bruxa! Todo mundo já entendeu que a senhora arrasta um caminhão pelo Perna
de Saracura. A propósito, é ele quem vai anunciar os próximos números dos
festejos. Primeiro, verão a estrela desta Companhia, ou seja, a Chiquinha,
recitando As Aventuras do Zorro.
Que
depois dos comerciais, se tornará As
Aventuras do Jeca Valente.
Se
não é a Bruxa do 71 nessa casa...
De
qualquer forma, podemos deixar essa discussão sobre qual estrela brilha mais
nesse espetáculo para mais tarde, pois agora é a vez de apresentar o único, o
fantástico, o incrível Quinteto Vizinhança!
Categoria:
afinação. DEZ. Nota: Dez! Categoria coreografia: DEZ. Nota: Dez! Categoria
originalidade: tudo a ver com o amor da vizinhança.
A
propósito, acho que o Lobo Mau era uma ode à Dona Florinda.
Corre,
Seu Madruga, que o povo segura a fera!
Em
seguida as crianças começam a apresentar seus números individuais. Primeiro,
veremos o Quico recitando um precioso poema dedicado às mães.
Eu
não iria com tanta sede ao pote, Dona Florinda, porque seu tesouro não está
querendo subir no palco. Os meninos até estão tentando empurrá-lo, mas como ele
continua feito um burro empacado, Chiquinha se prontifica a recitar primeiro.
Daí, é claro, ele monta no recalque, e decide não deixá-la passar à sua frente.
Assim
resolvidos, Quico começa a rebolar no palco, recitando “Mamãe Querida...”, mas
o Chaves fica interrompendo, para lembrá-lo de que depois dele será a vez da
Chiquinha, e depois a sua. Até que o Quico se irrita, e Chiquinha sugere que
deixem o Chaves recitar primeiro, para depois poderem fazer suas apresentações
em paz.
É,
seria a vez do Quico, se a Chiquinha não começasse a bancar o Chaves,
interrompendo o bochechudo para lembrá-lo de que ela é a próxima da fila, e
depois porque ele repetiu o mesmo verso após sua interrupção.
Então
Dona Florinda sugere que seu tesouro permita que Chiquinha recite primeiro,
para que ele possa encerrar com chave de ouro.
Mas
aí a Chiquinha pede ao Chaves que faça os efeitos sonoros com o violão, do
mesmo jeito que fizeram na escola, mas estavam tão bem ensaiados, que ela
precisou repetir as instruções na hora, para que Chaves se lembrasse de como
deveria fazer o som do cavalo, do relógio e do cachorro.
Então
Chiquinha começa a apresentar As
Aventuras do Jeca Valente – que, segundo o pessoal da dublagem, é o equivalente
do Zorro abaixo da linha do Equador. O que me lembra que nós não temos um super
herói nacional.
Não
lembram dele? É da mesma safra do Capitão Bestalhão e da Doméstica Maravilha.
A
narrativa da Chiquinha começa bem, até o Chaves latir mais fino que o Quico, e
Chiquinha ser comparada a um basset. Depois o relógio da igreja se adianta
algumas badaladas. Então o Chaves começa a confundir cachorro com cavalo, relógio
com cachorro, e emenda um Cão Arrependido no meio da história dela... Até que a
Chiquinha decide acabar logo com isso, engata a quinta marcha e começa a
recitar sua história na velocidade cinco do créu, o Chaves se aborrece por não
conseguir acompanhá-la, e encerra sua apresentação com um puxão de cabelo que
faz a menina abrir o berreiro.
E,
se não me engano, a história completa das Aventuras
do Jeca Valente era uma saga épica que ia do nada a lugar nenhum.
E
o detalhe é o seguinte: de acordo com a Chiquinha, eles já tinham apresentado esse
número na escola. Será que lá tinha dado certo? Com o Chaves como sonoplasta,
eu duvido muito.
Mas
o show tem que continuar, e finalmente chegou a hora do tesouro apresentar seu
poema dedicado às mães.
Segura
o tchan aí, Dona Florinda! Que pressa é essa? Deixa o garoto recitar,
primeiro...
Pelo
sim, pelo não, Quico se certifica de que Chaves e Chiquinha, que agora estão
sentados na plateia, não vão interromper, e o Seu Madruga garante que ficará de
olho neles para que se comportem. Mas agora é o Seu Madruga quem fica
interrompendo o Quico, até ele se irritar e mandar um cale-se, cale-se, cale-se que o senhor me deixa louco!
E
já que ele não quer que o defenda, Seu Madruga lava as mãos.
Então,
o Quico recita seu poema. Isto é, se dá para chamar isso de poema...
Pois
é... Era só isso. Cadê os aplausos, meu povo?
Atendendo
a milhares de pedidos – todos de sua querida mãezinha –, Quiquinho decide
recitar mais um poema, para desagrado de Chaves e Chiquinha que, sentados na
primeira fila, põem em prática seu plano de vingança contra as gozações do
bochechudo quando eles estavam apresentando As Aventuras do Jeca Valente.
A
cena é hilária, todo mundo conhece de cor e salteado, mas não cortem meu
barato. Vale a pena relembrar.
E
o pior, é que o público aplaude de pé quando Quico sai do palco, e vai chorar
no muro das lamentações, assustando o garoto. A única pessoa que não se alegra
com o final da apresentação do tesouro é sua mãe, que vai logo reclamar com o
Seu Madruga.
Mas
essa confusão não pode durar muito. O Festival Continua com o Professor
Linguiça... Digo, o Professor Girafales, discursando a respeito da apresentação
teatral que será realizada em seguida, montada e dirigida pelo Sr. Madruga.
Convenhamos,
Professor, que é bem pouco cortês ficar desfiando os defeitos do coitado do Seu
Madruga, que teve todo o trabalho de organizar esse festival sozinho, enquanto
você ficava de braços cruzados, paquerando a mãe do Quico.
Enfim...
Melhor começar de uma vez esse espetáculo.
Seu
Madruga entra em casa para buscar as crianças, que estão disputando a tapa a
marreta biônica do Chapolin Colorado. Mas desta vez, o brinquedo não é para o
seu bico, ok, Quico? Afinal, é o Chaves quem vai interpretar o nosso herói
favorito. E como vai fazer o mau, Quico pode levar um revólver. Se encontrarem
algum na casa. Mas considerando a falta de juízo dessa galera, melhor não
inventar moda, Seu Madruga!
Quico,
que não entendeu que, ao dizer que ele faria o mau, Seu Madruga se referia ao
papel de vilão que ele interpretaria na peça, foi chorar as pitangas lá no
pátio, o que acabou rendendo ao pobre do Seu Madruga a terceira pancada do dia
– a primeira foi a marretada que tomou do Chaves, e a segunda, a bonecada que
tomou da Chiquinha, quando ela disputava o brinquedo com a Pópis, que não
queria emprestá-la para fingir ser a filha da Chiquinha na peça. E eu estou
desconsiderando a encarada que ele deu na parede, quando correu para entrar na
casa e chamar as crianças.
Acontece
que a Dona Florinda, pelo visto, também não estava informada de que seu tesouro
faria o vilão na peça, e foi logo distribuindo tabefes e gentalhas. Pelo menos
até Seu Madruga desenhar a ópera para ela.
Mas
nem em sonho... que a calça do Seu Madruga vai caber no Nhonho. Nem adianta
tentar vestir...
Contratempos
com figurino à parte, Seu Madruga anuncia o momento mais esperado de todos: o
grande espetáculo intitulado "O Chapolin Colorado".
Ainda
não é a sua deixa, Chaves. Também não é ainda a deixa do Quico, portanto,
voltem os dois para dentro da casa do Seu Madruga e esperem a sua vez!
Começa,
enfim, o grande espetáculo.
Só
queria saber como o Nhonho conseguiu esquecer um texto mole desses...
Então
Chiquinha sopra para ele que o vilão vai roubar a filha deles, e, desesperados,
eles invocam o Chapolin Colorado.
Por
mais que eu já tenha assistido esse episódio duas milhões de vezes, nunca
consegui entender que protocolo era esse do vilão, de mandar uma carta para
avisar que vai roubar a filha do casal. Sujeitinho educado, não acham?
“Prezados Sr. e Sra. Monchito,
Se não for muito incômodo, se forem muito amáveis,
por obséquio, estejam em casa amanhã por volta das cinco da tarde, que eu vou
dar um pulinho aí para roubar vossa pequena.
Atenciosamente,
Senhor Malfeitor”.
Bem,
como ia dizendo, o casal invocou imediatamente o Chapolin Colorado, e Chaves
incorporou tão bem o personagem, que até tropeçou na janela ao subir no palco.
E só não reclamou, porque alguém prometeu lhe dar um sanduíche de presunto, se
ele interpretasse direito seu personagem.
Deviam
ter feito a mesma promessa ao Nhonho. Quem sabe ele se sentisse mais inspirado
a decorar o texto?
Felizmente,
a Chiquinha fez a lição de casa, e se lembrou de contar ao Chapolin que o
vilão, que é um “malfeitoso” vai
roubar sua filha – que na verdade é filha da Pópis, que lhe emprestou a boneca.
Chaves tenta corrigi-la sobre a questão entre “malfeitoso” e “malfeitor”, mas
como é o Quico quem vai interpretar o personagem, a derivação é aceita.
De
repente Seu Madruga começa a assoviar, imitando as anteninhas de vinil que
estão detectando a presença do inimigo, e o Chaves volta para dentro da casa,
batendo novamente a cara na parede, para procurar o bandido.
Se
tivesse ficado no palco um minuto a mais, ele poderia ter visto a entrada do
Quico, ao som de uma trilha sonora bem vilanesca.
Atenção, senhores atores, mantenham-se
nos personagens, por gentileza. Obrigada.
E
pela primeira vez na história desse programa – e também do teatro e da
televisão –, a vítima precisa lembrar o bandido quais são suas intenções em
cena.
Passada
essa interrupção e os comerciais, estão todos prontos para seguir com o espetáculo,
mas o Chaves perdeu a marreta biônica. Sendo assim, ele toma a boneca do vilão
de mãos limpas mesmo, acertando a pança do suposto pai da criatura. Recuperada
a marreta – que ele provavelmente esqueceu no banheiro, e a Pópis trouxe de
volta –, Chaves começa a descer o sarrafo no Quico, até jogá-lo pela janela para
dentro da casa do Seu Madruga. A empolgação foi tanta, que o pai da Chiquinha
precisou ir atrás deles para apartar a treta, antes que o “Chapolin Colorado”
matasse o “Melquior” a marretadas.
Como
de costume nessa vila, o espetáculo terminou em confusão, com Quico
arremessando a boneca na plateia, acertando sua querida mãezinha e o Professor
Girafales, que pareciam mais interessados em ficar se olhando com os olhos
esbugalhados do que em prestar atenção na peça. O Professor, que também é
chegado numa treta, devolveu a boneca na fuça do Nhonho; depois o Chaves tacou
a coitada na cara do Quico... Ou seja, a coitada da boneca começou como vítima
do episódio, no colo de uma mãe adotiva, e acabou sendo usada como porrete. E
depois ainda virou cabo de guerra numa disputa entre o “Chapolin” e o “Malfeitoso”.
Enfim,
depois de toda essa confusão, com boneca apanhando, marreta biônica voando, e meio
mundo se estranhando, começou uma grande discussão, que deixou o Chaves profundamente
aborrecido. Afinal, não dá para ter festa da boa vizinhança com todo mundo
brigando.
Mas
a celebração ainda não acabou. E agora é a vez do Seu Barriga anunciar a
apresentação dos adultos.
O
primeiro a subir no palco é o Seu Madruga, preparando-se para cantar como
bezerro desmamado, conforme disse o Chaves; porém, com o Nhonho comendo
batatinhas na primeira fila, fazendo barulho com as batatas e com os saquinhos,
Seu Madruga acaba se irritando, e depois de esbagaçar todos os saquinhos que
encontrou malocados nas roupas do filho de seu credor, o pai da Chiquinha fica
enfezado demais para cantar.
A
apresentação seguinte é da Bruxa do 71, recitando um poema extraído da história
de Don Juan Tenório. Mas ela abusa um pouco da licença poética.
Ok,
Dona Bruxa, todo mundo já entendeu que a senhora ama o Perna de Saracura. Já
tinha ficado claro no seu discurso de abertura sobre o amor.
Agora
é a vez da Dona Florinda e do Professor Girafales cantarem um dueto de amor. Eu
só não entendi, nessa cena, para quê Florinda trouxe um regador...
Finalizada
a parte dos adultos, que só serviu mesmo para Seu Madruga não demonstrar seus
talentos musicais, para Dona Clotilde declarar mais uma vez seu amor pelo pai
da Chiquinha, e para Dona Florinda e o Professor Girafales quase protagonizarem
o primeiro beijo nessa novela, chegou a vez das crianças apresentarem seus
números de mágica.
Quico
começa com o truque de fazer ovos desaparecerem... para dentro do estômago do
Chaves, que estava escondido debaixo da mesa, pegando-os pelo buraco debaixo da
caixa que o mágico de araque usou para cobrir o ovo. O truque até que foi bem
aplaudido; pelo menos, até Chaves botar a mão pelo buraco, sem que estivesse devidamente
coberto pela caixa.
Em
seguida, Quico pede uma mordaça para Chiquinha.
Ele
quis dizer o lenço, Chiquinha. E também a faz desaparecer pelo buraco na mesa.
Mas quando se curva para fazer uma reverência, Chaves começa a puxar sua
gravata, fazendo Quico bater a cara na mesa repetidas vezes, estragando o
truque e arrancando gargalhadas do público.
Em
seguida, Chiquinha aproveita o cenário para apresentar também um truque de
mágica, a la Mister M.
Os
truques ainda não acabaram. Chiquinha cobre a mão com um lenço e pede que
Chaves lhe diga um número de um a cinco.
Como
não quer ficar para trás, Chaves pede para mostrar um truque de mágica que viu
uma vez no circo, e Seu Barriga concorda em ser o voluntário da plateia. Algo
de que ele se arrependerá muito em breve.
Chaves
pede o chapéu dele emprestado, prometendo não estragá-lo. Em seguida corta um
pedaço de sua gravata e o deposita dentro do chapéu. Daí ele começa a fazer
mistureba: quebra um ovo dentro do chapéu, joga tinta, põe sal, cobre com o
lenço... E como podemos imaginar o desfecho dessa mágica?
Mas
como esse é o programa do Chaves, é claro que não é isso que acontece. Chaves
agita a varinha sobre o chapéu sem dizer nada, retira o lenço e...
...
percebe que o truque não deu certo.
Ele
até tenta agitar a varinha de novo, pedindo pelo amor de Deus para a mágica
acontecer... E não entende o que fez de errado.
É...
O truque não saiu bem como o Chaves imaginou, mas apesar da raiva inicial, até
o Seu Barriga teve que rir de sua situação ridícula, depois de, sem querer
querendo, colocar na cabeça o chapéu cheio de tinta amarela.
E,
apesar de esse povo viver brigando, todo mundo nessa vila sabe encontrar um
denominador comum quando lhes convém. E como todos os episódios festivos, este
aqui também terminou em música, com o elenco inteiro cantando esta icônica
canção:
Na
próxima postagem, relembraremos uma das mais memoráveis sagas do Chapolin
Colorado: Os Piratas. E, quem sabe, desvendaremos o capítulo final desta saga,
que é um dos maiores mistérios da história de Chespirito e seus episódios
mundialmente perdidos.
Então,
não percam!
*♥*
Confiram
nesse vídeo nossa homenagem especialíssima ao mestre Bolaños.
Thank you! Check back often ;)
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