♪♪ Hoje a Festa é Sua, Hoje a Festa é Nossa... E É Na Vila do Chaves!

em quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Conforme prometido, nesta sequência de postagens em homenagem ao mestre Bolaños, que completaria 90 anos no dia de hoje, teremos a primeira review.
Peguem seus sanduíches de presunto, pirulitos, churros, refrescos de limão que parecem de laranja e têm gosto de tamarindo, e sigam-me os bons!
Vamos começar com o pé direito com uma Grande Festa – pegaram o trocadilho? –, uma das sagas mais queridas do Chaves. Quatro episódios de 1976, que serão intitulados aqui:


Seu Madruga está construindo um palanque em frente à sua casa, para servir de palco aos festejos de boa vizinhança que vão realizar em breve. Acontece que esse ano pensaram em fazer as coisas bem grandes, com apresentações artísticas e tudo mais. Desta vez, as crianças vão cantar, vão recitar, e até apresentar uma peça de teatro. Mas naturalmente, ele não conta com o apoio de certos vizinhos. Como de costume, a Dona Florinda aparece para reclamar que ele está sujando todo o pátio da vila com aquela porcaria, e atrapalhando o espaço, e que nem ao menos tiveram a consideração de comunicá-la sobre o projeto e...
Afinal de contas, o único espaço que o palanque está ocupando é a frente da casa do Seu Madruga, e se ele, que é o maior sacrificado, não está reclamando, Dona Florinda que vá plantar batatas!
Mas, caso queira participar, ouvi dizer que ainda tem vaga para mulher de gelo, mulher barbada e mulher biônica. Será que a Velha Coroca do 14 estará interessada em fazer teste para um desses papéis?
Depois não sabe porque leva cascudo, não é, Chaves? Mas desta vez Seu Madruga vai deixar passar, porque ele não tem tempo a perder. E, ignorando o garoto, volta a trabalhar no palanque. Ou melhor, ele tenta, pois Chaves praticamente atravessa o focinho na frente para curiar o que ele está fazendo, deixando Seu Madruga furioso.
Aliás, desta vez, não dá nem para criticar Seu Madruga por ter ficado bravo com o Chaves em cima, atrapalhando seu serviço. Crianças que têm essa mania bem que merecem ser levadas pelo velho do saco.
Mães me xingando em 3... 2... 1...
Strike dois! No próximo tu toma um cascudo, moleque! Não diga que eu não avisei.
Acontece que o Chaves estava doido para ver o Seu Madruga dar uma martelada no dedo, pois quando ele sente dor fica com uma cara tão engraçada que, segundo ele, parece a pantera cor de rosa quando se sente acuada. Mas o pai da Chiquinha garante que não vai martelar dedo nenhum. E exatamente como os políticos estão acostumados a fazer, meio minuto depois de prometer, ele descumpre a promessa; e mais uma vez seguindo o exemplo do pessoal de Brasília, ele finge que a martelada nem foi com ele.
Pelo menos até se certificar de que o Chaves não pode vê-lo estrebuchando de dor em cima do palanque.
Não bastasse o Chaves para atrapalhar, logo vem o Quico sentar na bola, e ficar curiando seu serviço.
Nunca viram o verbo curiar? Realmente ele não está no Aurélio, mas dá até para conjugar: eu curio; tu curia; ele curia; nós curiamos; vós curiais; eles curiam... Fiquem à vontade para utilizá-lo com os curiosos de plantão.
Mas ao ser informado de que Seu Madruga está trabalhando, Quico fica em dúvida sobre lhe dar os parabéns ou os pêsames. O que não é tão grave quanto a dúvida que acomete o Seu Madruga, sobre lhe dar uma martelada na cabeça ou naquelas bochechas de mamão macho.
Como seguro morreu de velho, Quico se afasta e começa a quicar a bola junto com as batidas do martelo, enfurecendo ainda mais o Seu Madruga, que joga o martelo no palanque para ralhar com o garoto, e acaba machucando outro dedo.
Cadê o Chaves para vê-lo chupando o dedo de novo?
E como ainda não sabia que a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena, Seu Madruga aproveita enquanto o Quico ainda está rindo dele, para tomar sua bola, e usar o martelo para jogá-la por cima da casa.
Como não viu onde sua bola caiu, Quico vai chorar no seu muro das lamentações, enquanto Seu Madruga tenta voltar a trabalhar no palanque... Até ser nocauteado pela bola que Chaves devolveu por cima da casa com um chute.
APIIIIIIIITA O ÁRBITRO! Começa o grande jogo: Seu Madruga dá a saída chutando a bola do Quico pro outro pátio. Chaves pega de primeira, lançando-a de volta no campo do adversário, e Seu Madruga DEFEEEENDE de cabeça! O Quico vai à loucuuuuuuura!
E o Seu Madruga vai para o outro pátio, virado no Jiraya, para descer cascudo no Chaves, que nem sequer foi informado sobre por que estava apanhando. Deixa que a gente desenha, Chavinho.
Mas desta vez foi o Quico, que estava tentando explicar para a Chiquinha que sua bola estava se convertendo em boomerangue: eles jogavam por cima da casa, e segundos depois ela voltava sozinha.
O Seu Madruga, com certeza, não. Aliás, ele acaba de passar por ela, com a bola do Quico na mão, sem o menor medo de apanhar, mal tomando conhecimento de quem ele estava mandando cair fora, até se tocar, na marca do pênalti, que estava prestes a dar uma bolada no tesouro da mamãe bem na frente da dita cuja.
Felizmente, bem a tempo de disfarçar.
Mas afinal de contas, por que o Quico disse que a bola estava voltando sozinha? Por acaso, Seu Madruga não é ninguém?
Mas o Quico está determinado a provar para ela que é verdade. Então, enquanto ela vai ao outro pátio procurar o disco-voador, Quico se prepara para chutar a bola, ele chuta e é... BOLA NA CARA!
Eu já vi Manuel Neuer fazendo essa Quicada nas eliminatórias da Copa.
Se um dos melhores goleiros do mundo está sujeito a fazer esse tipo de trapalhada, que dirá o Quico...
Naturalmente, Chiquinha não demora nem meio minuto para descobrir que era o Chaves quem estava devolvendo a bola com um chute, e corre para fofocar tudo ao bochechudo. Pena que ninguém avisou pro Quico que estavam chegando, porque com a boa pontaria desse moleque, tá arriscado o coitado do Chaves levar outra bolada na cuca.
Claro que o Quico não acredita que o garoto que come um sanduíche de presunto por ano tenha força suficiente no pé para fazer a bola passar por cima da casa do Seu Madruga. E aqui entre nós, isso seria uma proeza difícil até para o Neymar. E como Tomé só acredita vendo, Chaves concorda em chutar de novo para que Quico veja com seus próprios olhos que ele consegue realizar a façanha.
Claro que não é culpa do Chaves que o palanque tenha se atravessado na sua frente. Mas na segunda ele não vai errar.
Só tem um probleminha...
Era para ter chutado a bola, não o sapato!
Enquanto as crianças vão ao outro pátio resgatar o sapato do Chaves e ver se sobrou alguma coisa do bochechudo, Seu Madruga retorna com o saco de pregos, e tenta voltar a trabalhar no palanque. Mas agora foi a Dona Florinda quem resolveu atrapalhar. Só para repetir aquela velha ladainha de que não vai permitir que realizem nenhum festival na vila.
Meu querido, se sem pedir, tu já toma uma cacetada por minuto dessa mulher, ainda vai arrumar encrenca?!
Enquanto isso, no outro pátio, Quico se recusa a devolver o sapato do Chaves, decidindo fazê-lo voltar para o lugar de onde veio, ou seja, jogando-o por cima da casa, e fazendo uma cesta. Literalmente!
E como Seu Madruga foi muito mais rápido em se jogar por cima do palanque para dentro de casa, Florinda decidiu deixar a surra para mais tarde, pegar sua cesta, e ir arrumar confusão na venda da esquina.
Já o Chaves, só não vai dar um chute no Quico, porque está descalço do pé.
Seu Madruga põe o chapéu para fora de casa, para testar se a Valentona do 14 já bateu as asinhas, e volta a trabalhar no palanque. Pelo menos até a Chiquinha o interromper para perguntar se ele não viu passar algum sapato voando por ali.
Sim, aquele que aterrissou dentro da cesta da Dona Florinda. Mas se faz questão de comprovar com seus próprios olhos que é comum ver esse tipo de pássaro sobrevoando o pátio da vila, espera só um minutinho que logo vem mais um aterrissar no seu martelo.
E que pontaria certeira, hein! Benza Deus! Esse povo podia ser convocado pra seleção.
Daí é claro que Seu Madruga toma um tabefe. E enquanto sai pisoteando o chapéu, Chiquinha lembra-o que tem que ficar calmo, para poder terminar de montar o palanque.
Mas aí...
O que não faz a promessa de uma Linguiça no festival, hein, minha gente?
Pelo menos, agora o Seu Madruga poderá terminar seu trabalho na santa paz.
Mas como aqui não é um canal de televisão, o próximo episódio começa agora mesmo.
Para o discurso de abertura, ninguém melhor que a moradora mais velha da vila – em todos os sentidos –, a Bruxa do 71... Digo, a Dona Clotilde.
Segundo ela, os festejos de boa vizinhança significam unicamente amor. Eis que toca o tema de Tara, o Professor Girafales e a Dona Florinda começam a se olhar com aquela cara de lombriga apaixonada de sempre, enquanto a Bruxa desenrola sua bonita definição sobre o amor:



Falou, Dona Bruxa! Todo mundo já entendeu que a senhora arrasta um caminhão pelo Perna de Saracura. A propósito, é ele quem vai anunciar os próximos números dos festejos. Primeiro, verão a estrela desta Companhia, ou seja, a Chiquinha, recitando As Aventuras do Zorro.
Que depois dos comerciais, se tornará As Aventuras do Jeca Valente.
Se não é a Bruxa do 71 nessa casa...
De qualquer forma, podemos deixar essa discussão sobre qual estrela brilha mais nesse espetáculo para mais tarde, pois agora é a vez de apresentar o único, o fantástico, o incrível Quinteto Vizinhança!
Categoria: afinação. DEZ. Nota: Dez! Categoria coreografia: DEZ. Nota: Dez! Categoria originalidade: tudo a ver com o amor da vizinhança.
A propósito, acho que o Lobo Mau era uma ode à Dona Florinda.
Corre, Seu Madruga, que o povo segura a fera!
Em seguida as crianças começam a apresentar seus números individuais. Primeiro, veremos o Quico recitando um precioso poema dedicado às mães.
Eu não iria com tanta sede ao pote, Dona Florinda, porque seu tesouro não está querendo subir no palco. Os meninos até estão tentando empurrá-lo, mas como ele continua feito um burro empacado, Chiquinha se prontifica a recitar primeiro. Daí, é claro, ele monta no recalque, e decide não deixá-la passar à sua frente.
Assim resolvidos, Quico começa a rebolar no palco, recitando “Mamãe Querida...”, mas o Chaves fica interrompendo, para lembrá-lo de que depois dele será a vez da Chiquinha, e depois a sua. Até que o Quico se irrita, e Chiquinha sugere que deixem o Chaves recitar primeiro, para depois poderem fazer suas apresentações em paz.
É, seria a vez do Quico, se a Chiquinha não começasse a bancar o Chaves, interrompendo o bochechudo para lembrá-lo de que ela é a próxima da fila, e depois porque ele repetiu o mesmo verso após sua interrupção.
Então Dona Florinda sugere que seu tesouro permita que Chiquinha recite primeiro, para que ele possa encerrar com chave de ouro.
Mas aí a Chiquinha pede ao Chaves que faça os efeitos sonoros com o violão, do mesmo jeito que fizeram na escola, mas estavam tão bem ensaiados, que ela precisou repetir as instruções na hora, para que Chaves se lembrasse de como deveria fazer o som do cavalo, do relógio e do cachorro.
Então Chiquinha começa a apresentar As Aventuras do Jeca Valente – que, segundo o pessoal da dublagem, é o equivalente do Zorro abaixo da linha do Equador. O que me lembra que nós não temos um super herói nacional.
Não lembram dele? É da mesma safra do Capitão Bestalhão e da Doméstica Maravilha.
A narrativa da Chiquinha começa bem, até o Chaves latir mais fino que o Quico, e Chiquinha ser comparada a um basset. Depois o relógio da igreja se adianta algumas badaladas. Então o Chaves começa a confundir cachorro com cavalo, relógio com cachorro, e emenda um Cão Arrependido no meio da história dela... Até que a Chiquinha decide acabar logo com isso, engata a quinta marcha e começa a recitar sua história na velocidade cinco do créu, o Chaves se aborrece por não conseguir acompanhá-la, e encerra sua apresentação com um puxão de cabelo que faz a menina abrir o berreiro.
E, se não me engano, a história completa das Aventuras do Jeca Valente era uma saga épica que ia do nada a lugar nenhum.
E o detalhe é o seguinte: de acordo com a Chiquinha, eles já tinham apresentado esse número na escola. Será que lá tinha dado certo? Com o Chaves como sonoplasta, eu duvido muito.
Mas o show tem que continuar, e finalmente chegou a hora do tesouro apresentar seu poema dedicado às mães.
Segura o tchan aí, Dona Florinda! Que pressa é essa? Deixa o garoto recitar, primeiro...
Pelo sim, pelo não, Quico se certifica de que Chaves e Chiquinha, que agora estão sentados na plateia, não vão interromper, e o Seu Madruga garante que ficará de olho neles para que se comportem. Mas agora é o Seu Madruga quem fica interrompendo o Quico, até ele se irritar e mandar um cale-se, cale-se, cale-se que o senhor me deixa louco!
E já que ele não quer que o defenda, Seu Madruga lava as mãos.
Então, o Quico recita seu poema. Isto é, se dá para chamar isso de poema...
Pois é... Era só isso. Cadê os aplausos, meu povo?
Atendendo a milhares de pedidos – todos de sua querida mãezinha –, Quiquinho decide recitar mais um poema, para desagrado de Chaves e Chiquinha que, sentados na primeira fila, põem em prática seu plano de vingança contra as gozações do bochechudo quando eles estavam apresentando As Aventuras do Jeca Valente.
A cena é hilária, todo mundo conhece de cor e salteado, mas não cortem meu barato. Vale a pena relembrar.

E o pior, é que o público aplaude de pé quando Quico sai do palco, e vai chorar no muro das lamentações, assustando o garoto. A única pessoa que não se alegra com o final da apresentação do tesouro é sua mãe, que vai logo reclamar com o Seu Madruga.
Mas essa confusão não pode durar muito. O Festival Continua com o Professor Linguiça... Digo, o Professor Girafales, discursando a respeito da apresentação teatral que será realizada em seguida, montada e dirigida pelo Sr. Madruga.
Convenhamos, Professor, que é bem pouco cortês ficar desfiando os defeitos do coitado do Seu Madruga, que teve todo o trabalho de organizar esse festival sozinho, enquanto você ficava de braços cruzados, paquerando a mãe do Quico.
Enfim... Melhor começar de uma vez esse espetáculo.
Seu Madruga entra em casa para buscar as crianças, que estão disputando a tapa a marreta biônica do Chapolin Colorado. Mas desta vez, o brinquedo não é para o seu bico, ok, Quico? Afinal, é o Chaves quem vai interpretar o nosso herói favorito. E como vai fazer o mau, Quico pode levar um revólver. Se encontrarem algum na casa. Mas considerando a falta de juízo dessa galera, melhor não inventar moda, Seu Madruga!
Quico, que não entendeu que, ao dizer que ele faria o mau, Seu Madruga se referia ao papel de vilão que ele interpretaria na peça, foi chorar as pitangas lá no pátio, o que acabou rendendo ao pobre do Seu Madruga a terceira pancada do dia – a primeira foi a marretada que tomou do Chaves, e a segunda, a bonecada que tomou da Chiquinha, quando ela disputava o brinquedo com a Pópis, que não queria emprestá-la para fingir ser a filha da Chiquinha na peça. E eu estou desconsiderando a encarada que ele deu na parede, quando correu para entrar na casa e chamar as crianças.
Acontece que a Dona Florinda, pelo visto, também não estava informada de que seu tesouro faria o vilão na peça, e foi logo distribuindo tabefes e gentalhas. Pelo menos até Seu Madruga desenhar a ópera para ela.
Mas nem em sonho... que a calça do Seu Madruga vai caber no Nhonho. Nem adianta tentar vestir...
Contratempos com figurino à parte, Seu Madruga anuncia o momento mais esperado de todos: o grande espetáculo intitulado "O Chapolin Colorado".
Ainda não é a sua deixa, Chaves. Também não é ainda a deixa do Quico, portanto, voltem os dois para dentro da casa do Seu Madruga e esperem a sua vez!
Começa, enfim, o grande espetáculo.


Só queria saber como o Nhonho conseguiu esquecer um texto mole desses...
Então Chiquinha sopra para ele que o vilão vai roubar a filha deles, e, desesperados, eles invocam o Chapolin Colorado.
Por mais que eu já tenha assistido esse episódio duas milhões de vezes, nunca consegui entender que protocolo era esse do vilão, de mandar uma carta para avisar que vai roubar a filha do casal. Sujeitinho educado, não acham?

“Prezados Sr. e Sra. Monchito,
Se não for muito incômodo, se forem muito amáveis, por obséquio, estejam em casa amanhã por volta das cinco da tarde, que eu vou dar um pulinho aí para roubar vossa pequena.
Atenciosamente,
Senhor Malfeitor”.

Bem, como ia dizendo, o casal invocou imediatamente o Chapolin Colorado, e Chaves incorporou tão bem o personagem, que até tropeçou na janela ao subir no palco. E só não reclamou, porque alguém prometeu lhe dar um sanduíche de presunto, se ele interpretasse direito seu personagem.
Deviam ter feito a mesma promessa ao Nhonho. Quem sabe ele se sentisse mais inspirado a decorar o texto?
Felizmente, a Chiquinha fez a lição de casa, e se lembrou de contar ao Chapolin que o vilão, que é um “malfeitoso” vai roubar sua filha – que na verdade é filha da Pópis, que lhe emprestou a boneca. Chaves tenta corrigi-la sobre a questão entre “malfeitoso” e “malfeitor”, mas como é o Quico quem vai interpretar o personagem, a derivação é aceita.
De repente Seu Madruga começa a assoviar, imitando as anteninhas de vinil que estão detectando a presença do inimigo, e o Chaves volta para dentro da casa, batendo novamente a cara na parede, para procurar o bandido.
Se tivesse ficado no palco um minuto a mais, ele poderia ter visto a entrada do Quico, ao som de uma trilha sonora bem vilanesca.

Atenção, senhores atores, mantenham-se nos personagens, por gentileza. Obrigada.
E pela primeira vez na história desse programa – e também do teatro e da televisão –, a vítima precisa lembrar o bandido quais são suas intenções em cena.
Passada essa interrupção e os comerciais, estão todos prontos para seguir com o espetáculo, mas o Chaves perdeu a marreta biônica. Sendo assim, ele toma a boneca do vilão de mãos limpas mesmo, acertando a pança do suposto pai da criatura. Recuperada a marreta – que ele provavelmente esqueceu no banheiro, e a Pópis trouxe de volta –, Chaves começa a descer o sarrafo no Quico, até jogá-lo pela janela para dentro da casa do Seu Madruga. A empolgação foi tanta, que o pai da Chiquinha precisou ir atrás deles para apartar a treta, antes que o “Chapolin Colorado” matasse o “Melquior” a marretadas.
Como de costume nessa vila, o espetáculo terminou em confusão, com Quico arremessando a boneca na plateia, acertando sua querida mãezinha e o Professor Girafales, que pareciam mais interessados em ficar se olhando com os olhos esbugalhados do que em prestar atenção na peça. O Professor, que também é chegado numa treta, devolveu a boneca na fuça do Nhonho; depois o Chaves tacou a coitada na cara do Quico... Ou seja, a coitada da boneca começou como vítima do episódio, no colo de uma mãe adotiva, e acabou sendo usada como porrete. E depois ainda virou cabo de guerra numa disputa entre o “Chapolin” e o “Malfeitoso”.
Enfim, depois de toda essa confusão, com boneca apanhando, marreta biônica voando, e meio mundo se estranhando, começou uma grande discussão, que deixou o Chaves profundamente aborrecido. Afinal, não dá para ter festa da boa vizinhança com todo mundo brigando.
Mas a celebração ainda não acabou. E agora é a vez do Seu Barriga anunciar a apresentação dos adultos.
O primeiro a subir no palco é o Seu Madruga, preparando-se para cantar como bezerro desmamado, conforme disse o Chaves; porém, com o Nhonho comendo batatinhas na primeira fila, fazendo barulho com as batatas e com os saquinhos, Seu Madruga acaba se irritando, e depois de esbagaçar todos os saquinhos que encontrou malocados nas roupas do filho de seu credor, o pai da Chiquinha fica enfezado demais para cantar.
A apresentação seguinte é da Bruxa do 71, recitando um poema extraído da história de Don Juan Tenório. Mas ela abusa um pouco da licença poética.
Ok, Dona Bruxa, todo mundo já entendeu que a senhora ama o Perna de Saracura. Já tinha ficado claro no seu discurso de abertura sobre o amor.
Agora é a vez da Dona Florinda e do Professor Girafales cantarem um dueto de amor. Eu só não entendi, nessa cena, para quê Florinda trouxe um regador...
Finalizada a parte dos adultos, que só serviu mesmo para Seu Madruga não demonstrar seus talentos musicais, para Dona Clotilde declarar mais uma vez seu amor pelo pai da Chiquinha, e para Dona Florinda e o Professor Girafales quase protagonizarem o primeiro beijo nessa novela, chegou a vez das crianças apresentarem seus números de mágica.
Quico começa com o truque de fazer ovos desaparecerem... para dentro do estômago do Chaves, que estava escondido debaixo da mesa, pegando-os pelo buraco debaixo da caixa que o mágico de araque usou para cobrir o ovo. O truque até que foi bem aplaudido; pelo menos, até Chaves botar a mão pelo buraco, sem que estivesse devidamente coberto pela caixa.
Em seguida, Quico pede uma mordaça para Chiquinha.
Ele quis dizer o lenço, Chiquinha. E também a faz desaparecer pelo buraco na mesa. Mas quando se curva para fazer uma reverência, Chaves começa a puxar sua gravata, fazendo Quico bater a cara na mesa repetidas vezes, estragando o truque e arrancando gargalhadas do público.
Em seguida, Chiquinha aproveita o cenário para apresentar também um truque de mágica, a la Mister M.
Os truques ainda não acabaram. Chiquinha cobre a mão com um lenço e pede que Chaves lhe diga um número de um a cinco.
Como não quer ficar para trás, Chaves pede para mostrar um truque de mágica que viu uma vez no circo, e Seu Barriga concorda em ser o voluntário da plateia. Algo de que ele se arrependerá muito em breve.
Chaves pede o chapéu dele emprestado, prometendo não estragá-lo. Em seguida corta um pedaço de sua gravata e o deposita dentro do chapéu. Daí ele começa a fazer mistureba: quebra um ovo dentro do chapéu, joga tinta, põe sal, cobre com o lenço... E como podemos imaginar o desfecho dessa mágica?
Mas como esse é o programa do Chaves, é claro que não é isso que acontece. Chaves agita a varinha sobre o chapéu sem dizer nada, retira o lenço e...
... percebe que o truque não deu certo.
Ele até tenta agitar a varinha de novo, pedindo pelo amor de Deus para a mágica acontecer... E não entende o que fez de errado.
É... O truque não saiu bem como o Chaves imaginou, mas apesar da raiva inicial, até o Seu Barriga teve que rir de sua situação ridícula, depois de, sem querer querendo, colocar na cabeça o chapéu cheio de tinta amarela.
E, apesar de esse povo viver brigando, todo mundo nessa vila sabe encontrar um denominador comum quando lhes convém. E como todos os episódios festivos, este aqui também terminou em música, com o elenco inteiro cantando esta icônica canção:

Na próxima postagem, relembraremos uma das mais memoráveis sagas do Chapolin Colorado: Os Piratas. E, quem sabe, desvendaremos o capítulo final desta saga, que é um dos maiores mistérios da história de Chespirito e seus episódios mundialmente perdidos.
Então, não percam!
**
Confiram nesse vídeo nossa homenagem especialíssima ao mestre Bolaños.


Um comentário:

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