Por
Talita Vasconcelos
Foi por acaso… Eu estava ali sozinha, sentada à
janela do trem quase vazio, totalmente concentrada na leitura de um livro… E
então você entrou… Parecia cansado; tirou a mochila do ombro, e sentou no
primeiro lugar vazio que encontrou – assim, por acaso –, de frente para mim.
Acho que eu mal tinha notado sua presença, até ouvir você suspirar, olhando
distraidamente para a capa do meu livro, e dizer, meio sonolento, que o casal
ficaria junto no final. Eu ri… Apesar de o título ser sugestivo, eu não estava
lendo um romance.
Mas então, por acaso também, quando eu estava
prestes a dizer alguma coisa sobre não ser educado revelar o final a uma pessoa
que ainda está lendo o livro, o trem deu um solavanco, que me projetou para
frente, e fez meu livro cair no seu colo. Você o confiscou, sorrindo, e só me
devolveu quando chegamos à minha parada, mas não sem antes colocar dentro dele
um cartão com seu telefone.
Eu nunca pretendi ligar, afinal, você era um
cara estranho, que praticamente sequestrou meu livro no trem, insistindo em
conversar, e ainda fingiu conhecer o final de uma história que estou certa de
que você nunca tinha ouvido falar…
Mas então, por acaso, outra vez, nós nos
reencontramos, agora num vagão lotado, e enquanto a multidão empurrava o meu
corpo contra o seu, você me perguntava se faltava muito para eu terminar o
livro. Achei que você era maluco, e não sei por que razão eu continuava dando
atenção ao que você dizia, mas o seu jeito doce e sincero de me olhar,
lentamente foi colocando abaixo todas as minhas defesas.
Assim, por acaso, lá estava eu, aceitando tomar
um café com você; e depois um filme; e depois um jantar; e quando menos
esperei, o café com você, se tornou café da manhã; a janela por onde eu olhava
era a do nosso quarto; e não havia mais lugar vazio ao meu lado no trem. Porque
eu descobri no seu jeito completamente atrapalhado de se aproximar, as
primeiras frases do enredo de um romance, que só o acaso, mesmo, poderia criar.
Porque, quem mais, senão o acaso, poderia
colocar no meu caminho (duas vezes!) um cara, que à primeira vista, nem fazia o
meu tipo, mas que, por acaso, era exatamente o que eu precisava?
E então, de repente, da garota que estava lendo
sozinha no vagão de trem, eu me tornei a metade de nós; parte de
uma história que estava sendo escrita pelo acaso. E o acaso, talvez, seja na
verdade um pseudônimo que o destino usa quando quer permanecer anônimo, e
realizar o inimaginável.
E assim, um dia, por acaso, eu percebi que você
tinha razão desde o início: eu não precisaria ler o livro até o final, pois eu
tinha certeza de que o casal nunca mais iria se separar.
***
O conto faz parte do meu novo projeto para
Wattpad, “Encontros e Encantos Em Contos”, que trará uma série de contos,
cartas e poemas, que mostrarão que o amor pode surgir nos momentos e nas formas
mais inesperadas. *♥*
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!
E já que chegou até aqui, deixe um comentário ♥
Se tiver um blog, deixe o link para que eu possa retribuir a visita.