Esta
é, talvez, a mais bela história de amor de todos os tempos. E hoje vamos
relembrar uma versão contada com muito bom humor pelo Chapolin, então, sigam-me
os bons!
Na
bela Verona – ou Tangamandápio, afinal, Chapolin não chegou a mencionar em qual
cidade estava adaptando seu conto –, um casal apaixonado troca beijos e juras
de amor sob a lua cheia.
Como
já vai dar meia-noite, e o pai dela se preocupa que ela chegue muito tarde,
Juleu se apressa a levá-la em casa, pois um homem como ele nunca deve chegar
tarde quando sai para passear com sua noiva. Aqui entre nós: uma mocinha do
século XVI está na rua até às tantas da noite, quase madrugada, sem uma dama de
companhia que seja, e o pai ainda não saiu pela cidade à sua procura?! É muito
amor envolvido nessa família, não acham?
Mas
Juleu pode ficar sossegado quanto ao seu atraso em devolvê-la, pois o mesmo
aconteceu com todos os seus pretendentes anteriores: Pedro, João, Luís,
Enrique, Ramon e todos os outros. Sinal de que essa Romieta é mais rodada que
pratinho de micro-ondas.
E
o relógio da Igreja diz que o relógio dessa moça está bem atrasado, pois ao
chegarem à casa dela, são informados pelo Seu Capuletto de que já são doze e
vinte e cinco.
Ao
fazerem as apresentações, nos deparamos com a confusão dessa novela.
Bom,
pelo menos a Romieta não está galinhando escondido; o pai dela está bem ciente
de que ela troca mais de noivo que de vestido. O caso é que dessa vez ela
arrumou encrenca, porque os Capulettos e os Montescos estão em guerra de morte
há muito tempo.
Pelos
meus cálculos, está 3x0 para os Montescos. E como eu não vivi os anos 1980,
quando esse episódio provavelmente foi dublado, nem sabia dessa rivalidade com
o América. Sempre pensei que o maior rival do Palmeiras fosse o Corinthians...
Mas como Chapolin Colorado não é uma prévia de O Casamento de Romeu e Julieta, vamos deixar assim. Até porque, no
México também existe um time de futebol chamado América – o time para o qual
Roberto Bolaños torcia –, então é provável que tenham escolhido, entre os times
grandes do Brasil, um que casasse foneticamente na dublagem com o rival Chivas
de Guadalajara, citado em espanhol.
Ô
coitado!
Então
Juleu vai saindo cabisbaixo, relembrando as juras de amor que fizera ainda há
pouco com Romieta, e pede auxílio ao Chapolin Colorado. Porque se o velho
Capuletto matar Juleu, não dou dois dias para Romieta se casar com outro. E
como sabemos que ela tem senhas distribuídas pela cidade inteira, não vai lhe
faltar pretendentes.
E
além disso, não há porque ter medo do velho, pois se Juleu mesmo disse que é um
cara fraco, fraco, fraco, que parece lombriga de água suja. Vai ter medo de um
pobre diabo que parece tripa escorrida?
E
como Chapolin não é um de seus inimigos, Capuletto pede que ele se case com sua
filha.
Acontece
que Chapolin já tem tudo friamente calculado. Secretamente, eles farão um
acordo com Romieta para simular que ela e Chapolin estão apaixonados um pelo
outro. Então pedirão ao pai dela que lhes dê permissão para se casarem em outra
cidade; e estando longe, quem se casará com Romieta será Juleu!
Depois
de combinarem toda a estratégia, nossos heróis se esgueiram até o balcão da
Romieta, e é quando Chapolin começa a irritar certo vizinho, entrando em sua
casa sem ser convidado. Melhor dizendo, caindo pela janela de sua casa sem ser
convidado.
Mas
não será, meu caro! Pode ficar sossegado... Pois logo em seguida, ele se
encosta à porta da frente, que não foi devidamente trancada, e acaba despencando
dentro da casa do sujeito mais uma vez, o que lhe rende uma paulada na cabeça.
E
para completar os azares do Chapolin, Juleu não tem como subir no balcão da
Romieta, e Chapolin, que ainda não apanhou o suficiente nesse episódio, se
recorda de que dentro da casa do vizinho há uma escada, e manda Juleu buscá-la.
Só que o idiota, o grande burrão, acaba trazendo a escada principal da casa. E
aí, adivinha?
Porque
o Chapolin, para não admitir que é todo estabanado, disse ao Juleu que tinha
entrado naquela casa para cumprimentar um amigo que mora lá. E já que foi o
Juleu quem lhe arrumou essa última surra, Chapolin manda que ele entre de novo
na casa do vizinho para pegar a escada certa, e caso o encontre pelo caminho,
deixe cair um baita aerólito na cabeça dele.
Tomara
que essa moda não pegue. Amigos, amigos, pedradas à parte.
Enfim,
os mocinhos levam a escada certa até o balcão da Romieta, mas Juleu acaba
puxando-a para o balcão do vizinho, que dá outra cacetada no Chapolin. Afinal,
já passa da meia-noite e esse povo não para de fazer bagunça nos arredores de
sua casa. O sujeito quer dormir, gente!
Mas
eles seguem com o plano. Só uma coisinha, Juleu:
Só
aqui vemos diálogos como esses...
E
na falta de uma pedrinha para jogar na janela da Romieta, Juleu arremessa outro
aerólito, que acaba levando os dois à nocaute.
Era
uma vez um plano...
Uma
semana depois, Romieta foge correndo de casa para se encontrar com Juleu
Montesco, e só vai voltar na hora em que lhe der vontade!
É
de uma autoridade esse Seu Capuletto... Me admira o Juleu estar se borrando de
medo dele.
Capuletto
aproveita, então, para desabafar com o vizinho sobre sua filha, que se
apaixonou por seu inimigo mortal.
E
como aparentemente não encontrou nenhum paquera aí pela rua, Romieta voltou
assim que seu pai virou as costas, e bem a tempo de flertar com o novo vizinho.
Claro
que ela não pode aceitar o convite de um homem que acaba de conhecer, mesmo ele
não tendo feito convite nenhum, mas fica toda ouriçada por achá-lo atraente.
E
como já era de se esperar, ela sai rebolando, e ele fica lá com cara de quem
não entendeu patachongas!
Juleu,
que assistiu à cena toda escondido num dos becos, jura que vai matar os dois,
pois Romieta é sua. E Chapolin tenta acalmá-lo, dizendo que Romieta quer apenas
lhe passar um trote.
E
como seu objetivo nessa história é ajudar a juntar os pombinhos, Chapolin
arruma um violão, e os dois vão para junto do balcão da Romieta para lhe fazer
uma serenata.
Como
não faz muita diferença acertar a janela, contanto que ela possa escutá-los,
Chapolin começa a cantar.
Mas
Juleu o interrompe porque não gosta dessa canção para serenata. E propõe ao Chapolin
que cante algo que esteja mais de acordo com sua personalidade. Mas não La Cucaracha! Que seja de preferência
uma canção que fale que Juleu e Romieta querem se casar.
Óbvio
que essa também não agrada ao Juleu. Ele quer uma canção que fale que ele e
Romieta querem se casar porque não têm culpa de se amarem tanto, porque não têm
culpa que suas famílias se odeiam... Enfim, que eles não têm culpa de nada.
Esse
Chapolin é uma figura. Com um repertório desse, ele vai fazer o maior sucesso
em tudo quanto é casório lá em Parangaricutirimirruaro. Ou talvez em
Tangamandápio, onde sem dúvida ele não será interrompido, pois diz a lenda que
os cidadãos de lá preferem evitar a fadiga.
Quanto
à serenata para a Romieta, Juleu pede uma canção qualquer para que a moça perceba
que ele está ali fora, para lhe cantar os seus versos mais românticos. E como finalmente
compreende que o mais importante é que primeiro ela saiba que Juleu está ali
fora, agora Chapolin acerta a canção.
Daí
o Chapolin perde a paciência e dá uma violãozada na cabeça de Juleu. E segue a
música.
Se
vai ficar com graça, Juleu que faça serenata para Romieta sozinho! Então ele
começa a esganiçar um desafinadíssimo “Big
My Love”, que atrai até o vizinho encrenqueiro para fora de casa, com os
ouvidos tampados, para acabar de vez com essa bagunça na sua porta.
A
princípio eles negam que tenham vindo fazer serenata para Romieta, mas depois
que o vizinho diz que pretendia lhes dar uma ajudazinha, eles ficam confusos,
porque pensavam que ele estava afim de namorar com ela.
Enquanto
o vizinho vai buscar seu violão, Juleu compartilha com Chapolin uma preocupação
que o está corroendo.
Isso
é uma realidade, Juleu: nunca vi mulher de político pedindo pra ele provar a
origem do dinheiro. Relaxa! É só manter o cartão de crédito sem limite e
desbloqueado, que fica tudo certo!
O
vizinho volta com o violão, e finalmente eles conseguem fazer a prometida
serenata para Romieta, cantando a icônica canção “Taca La Petaca”.
Então
Romieta sai para o balcão – criatura,
como é que você não acordou antes, com toda a algazarra que eles estavam
fazendo bem debaixo da sua janela? Bela Adormecida perdeu feio, hein! Vai ter
sono pesado assim lá longe! –, ansiosa para ouvir os poemas de amor que
Juleu preparou. O problema é que ele não conhece nenhum poema. Mas, calma,
calma, não criemos pânico, porque o Chapolin tem tudo friamente calculado, e um
belo poema na ponta da língua para soprar ao Juleu.
Como
Juleu mesmo disse, com um poema tão bonito está arriscado Romieta cair lá de
cima. Pena que ela não teve a chance de ouvi-lo corretamente declamado, porque,
como já perceberam, Juleu é burro que nem uma porta, e faz a maior salada com
esses versos.
E
o pior é que o idiota nem se deu conta do que estava repetindo. Então é claro
que a moça volta para dentro de casa chateada, e seu pai já vem pra rua tirar
satisfações. E na falta de uma espada, decidiu ir pra cima de Juleu com a
primeira coisa que lhe veio à mão. No caso, um penico!
Como
Chapolin é sempre o primeiro a apanhar, nosso herói sai em defesa de Juleu, e
toma a primeira penicada na cabeça. E como desgraça pouca é bobagem, Romieta ainda
decidiu jogar um balde d’água em cima dos mariachis,
para vingar os versinhos espirituosos de Juleu, e acaba dando um belo banho em
Chapolin e no vizinho.
Nosso
herói recobra os sentidos, e depois de toda a polêmica sobre o banho ter sido
de água ou não, ele corre para procurar Juleu, antes que o rapaz seja morto
pelo Capuletto, e enquanto isso, Romieta sai de casa desesperada, querendo
salvar seu grande amor. É quando o vizinho bola um plano para fazer com que o
pai dela consinta em seu casamento com Juleu, e acabe de vez com esse ódio
contra os Montescos: ela deve fingir que está morta; ele dirá ao pai dela que
Romieta morreu de amor, e ele, arrependido, deixará de alimentar esse ódio
contra a família do moço.
Então
ela se deita no chão da praça, e finge de morta. Chapolin chega bem na hora em
que o vizinho dá a triste notícia ao Capuletto, e como pegou o bonde andando, o
herói acredita que ela realmente bateu as botas, e se assusta quando ela tenta
piscar para ele, para sinalizar que é tudo um embuste para enganar o seu pai.
E
como é turrão, Capuletto culpa Juleu pela morte de Romieta. Chapolin o defende,
os dois começam a lutar, penico contra marreta biônica, e Juleu acaba tomando
uma penicada traiçoeira.
Os
dois ficam desesperados, pensando terem matado Juleu – se não com uma penicada na
rabiola, com a capotagem na rampa da praça. E nesse momento, a morta ressuscita
para lamentar a morte do amor de seus amores.
Conforme
friamente calculara o vizinho, Capuletto se arrepende, pede perdão à filha,
promete não brigar com mais ninguém, e permite que ela se case com quem quiser.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!
E já que chegou até aqui, deixe um comentário ♥
Se tiver um blog, deixe o link para que eu possa retribuir a visita.