Hoje
o Admirável Mundo Inventado vai homenagear as pessoas que ralam, que dão duro
para ganhar a vida, que levantam cedo, pegam ônibus lotado, passam mais tempo
no busão do que em casa, e que raramente ganham um salário que compense os
dissabores. Mas fazer o quê, né? Nem todo mundo carrega o sobrenome Abravanel
no RG.
Pensando
em gente trabalhadora, me ocorreu fazer uma pequena homenagem a um dos maiores
trabalhadores da ficção: o Seu Madruga.
É
possível que algumas pessoas olhem para esse artigo e se perguntem “como
assim?”. Seu Madruga era o maior vagabundo, ficava na cama até às dez da
madrugada, sonhando com a senhorita Paraíso... Digo, Céu... Digo, Glória... Sem
sequer se preocupar em achar um jeito de pagar os quatorze meses de aluguel que
devia ao Sr. Barriga...
Mas
a verdade é que ninguém naquela vila ralou tanto quanto ele. Seu Madruga podia
não ter muita sorte, mas ninguém pode dizer que ele não tentava. Até a Dona
Florinda teve que reconhecer isso, no episódio Recordações (1978), quando o cidadão tinha sido finalmente
despejado de casa, e ela contou ao Professor Girafales que em certa ocasião,
Seu Madruga se meteu até a lutar boxe. Mas, como ela própria observou, embora
tente trabalhar, ele fracassa em tudo.
Parte
disso, talvez seja falta de sorte. Parte disso, talvez seja excesso de Chaves.
Minha
comparação com os doze trabalhos de Hércules no título deste artigo foi bem
proposital, pois, como verão a seguir, os trampos do pai da Chiquinha eram
quase tão desafiadores quanto os desafios do herói grego.
Mas,
desta vez, o número está incorreto. Seu Madruga teve muito mais que doze
empregos. Embora nem sempre eles tenham sido remunerados.