Eles Deram Sorte No Azar

em sábado, 29 de agosto de 2020

 Todo mundo deve ter pensado pelo menos uma vez na vida como algumas pessoas simplesmente nascem com muita sorte, enquanto outras parecem ter um incrível talento para o azar. A roleta da sorte é a distribuição mais desequilibrada da humanidade. Talvez porque a vida não teria muita graça se todo mundo conseguisse magicamente tudo o que quisesse. Se bem que, em alguns casos, o azar realmente abusa.

E quando se trata de ficção, os personagens azarados são, invariavelmente, aqueles que mais nos cativam.

Peguem aí seus pés de coelho, ferraduras, trevos de quatro folhas e demais amuletos, porque você está prestes a penetrar um território habitado por pessoas para quem a sorte raramente sorri.

Não necessariamente nessa ordem, eis os azarados da ficção:


Esse cara realmente nasceu com o pé esquerdo. Não basta ser um divorciado de meia idade, frequentemente esculachado pela ex-mulher, em um relacionamento sério com a lei de Murphy, ele ainda é pai de um garoto com muita fome e sem nada na cabeça, não consegue se sustentar sozinho, e acaba tendo que morar com seu irmão mais velho, Charlie, que é o seu exato oposto: um compositor de Jingles com muito dinheiro e muito tempo livre para torrá-lo, muito popular com as mulheres, que parece ter herdado sozinho a parcela de sorte que deveria ter sido distribuída a todos os seres humanos de sua geração. Não bastasse o contraste patético com seu irmão, Alan ainda sofre bullying da empregada de Charlie diariamente, e parece ter um inacreditável talento para espantar a mulherada.

E ele ainda acabou casado com um homem, o bilionário Walden Schmidt – primeiro, porque passou a ser sustentado por ele após a morte de Charlie, e segundo, para ajudá-lo a adotar uma criança.

Alguns de seus momentos mais memoráveis na série são:

* A vez em que ele confessou ter sido rejeitado inúmeras vezes, e, segundo a alegação das mulheres, nunca por culpa dele – o típico pretexto “não é você, sou eu”;

* A vez em que ele marcou hora para renovar a habilitação, mas trocou sua senha com uma mulher que também estava aguardando sua vez, pensando que podia conquistá-la, só para descobrir meio minuto depois que ela tinha um namorado chorão com cara de chefe de gangue;

* A vez em que sua namorada de vinte e dois anos decidiu trocá-lo por sua ex-mulher;

* A vez em que a mesma ex-namorada de vinte e dois anos se tornou uma atriz famosa, e um paparazzi o fotografou em posições comprometedoras no apartamento dela, só para melar o relacionamento dele com Lindsay;

* E tem um episódio particularmente memorável em que o azar de Alan caprichou: ele saiu do manicômio, depois de ter incorporado Charlie Harper no episódio anterior, pegou carona para casa com o Jake, ficou sabendo no caminho que estava prestes a se tornar avô do Frodo – o nome escolhido por Jake para o bebê que sua namorada esperava –, protagonizou um momento constrangedor com Judith quando Walden destacou como a filha dela e do Herb era parecida com Alan, foi auditado pela Receita Federal, teve que entregar tudo o que tinha – ou seja, quatro dólares do bolso –, descobriu que Lindsey o trocara por Walden, foi convidado a se retirar da casa do bilionário, fundiu o motor do carro na hora de ir embora, teve que “agradar” um caminhoneiro para conseguir carona até a casa de sua mãe, debaixo de um toró, e ela lhe negou abrigo, porque estava, aparentemente, fazendo algum tipo de degustação com um pasteleiro chinês – ou mais provavelmente com o presidente da Bolsa de Valores de Pequim –, foi dormir no depósito onde Walden guardara suas tralhas, e quando parecia que as coisas finalmente começariam a melhorar, ao conhecer uma mulher bonita com dificuldade para iluminar seu box e desesperada o bastante para lhe dar mole, eis que aparece o Herb com uma arma na mão, dizendo ter descoberto – antes tarde do que nunca – que foi corneado pelo Harper azarado. Mas só desta vez, a maré de azar era apenas um pesadelo. Afinal, todos sabemos que Two And A Half Men não sobreviveria sem esse azarado de plantão.

Já deu para ter uma ideia do status de relacionamento dele com o azar.

Ok, para ser justa, Alan teve momentos em que a sorte pareceu estar do seu lado. Como quando ele conseguiu até se casar com Kandy, uma garota de vinte e dois anos, muito bonita, do tipo que sempre se envolve com Charlie, em vez do Alan. O único inconveniente é que ela tinha o Q.I. mais ou menos equivalente ao de uma ameba. Tá explicado...

Mas o fato é que a onda de azar que frequentemente atingia Alan, pode na verdade, ter sido um golpe de sorte disfarçado, pois ninguém acreditava que Two And A Half Men pudesse sobreviver sem Charlie Sheen. Mas a série não apenas sobreviveu, como ainda durou três temporadas após a saída do Harper mais sortudo. Porque, convenhamos, era o azar de Alan, mais do que qualquer coisa, que produzia os momentos mais cômicos da série.


O grande barato da série Todo Mundo Odeia o Chris é justamente acompanhar as encrencas em que o protagonista costuma se envolver. Não basta ser o único garoto negro no colégio – que o torna o saco de pancadas oficial do valentão do lugar –, ele ainda é frequentemente chantageado ou incriminado pela irmãzinha encrenqueira, Tonya. Sem falar que toda garota de quem ele gosta foge dele. Ou fica com o Drew, um irmão que é uma porrada em sua autoestima: mais novo, porém mais bonito, mais popular, mais sortudo e mais talentoso em tudo que decide fazer, exceto cantar. Chris até conseguiu namorar a menina de quem gostou a série inteira, sua vizinha Tasha, mas descobriu que se relacionavam melhor quando eram só amigos. E a única garota que realmente gostou dele, ele preferia não exibir em público.

Alguns de seus momentos azarados mais memoráveis na série são:

* A vez em que ele foi eleito presidente do grêmio estudantil do colégio Corleone, mas acabou sofrendo impeachment logo em seguida, porque não tinha como cumprir suas promessas de campanha – algo que todo político faz, sem que ninguém tome providências. Desta vez eu aceito o argumento: só pegaram no pé do Chris porque ele é negro;

* A vez em que ele recebeu um ovo como dever de casa, para fingir que era seu filho. Chris pretendia escrever a redação com base em suas próprias experiências ajudando na criação de seus irmãos mais novos, mas Rochelle descobriu a tarefa e decidiu fazê-lo sentir na própria pele como era criar um filho de verdade. Tudo ia muito bem – tirando o fato de ele passar a semana inteira sem que a mãe o deixasse dormir direito –, até seu ovo se misturar com as compras de um freguês do mercadinho onde trabalhava e ele ter que falsificar outro ovo para não tirar zero. E não adiantou recuperar o verdadeiro, pois na hora de entregar o trabalho, Caruso – seu bully particular na escola –, só para ferrar com o coitado, colocou o ovo na cadeira para o Chris sentar em cima. Quer dizer, além da nota zero, ele ainda voltou para casa com uma mancha de ovo na busanfa. Não se sabe se ele apanhou mais pela nota ou pela calça lambuzada;

* A vez em que o Drew, seu irmão do meio, decidiu matar aula para conhecer seu ídolo de hóquei, Wayne Gretsky. Chris decidiu acompanhá-lo, para evitar que se metesse em encrenca sozinho, e também que os pais descobrissem. Ele só esqueceu um detalhe: que Drew era o cara mais popular de sua escola, de modo que sua ausência acabou sendo notificada aos pais, que colocaram a polícia atrás deles;

* A vez em que ele arrumou um trabalho temporário com o Sr. Omar – o inquilino papa defuntos, ou melhor, papa viúvas, de seus pais – para pagar o ingresso de um show, que ele acabou não assistindo, graças a uma cliente mala que se recusava a ir embora. No final do dia, ele ainda descobriu que o pagamento seria feito em livros. Ou seja, trabalhou à toa, e ainda ficou devendo uma grana ao seu coroa, que havia financiado o ingresso, esperando receber o dinheiro de volta quando Chris recebesse o pagamento do estágio;

* A vez em que ele comprou seu primeiro carro, que ele nem chegou a dirigir, porque quando conseguia a gasolina, alguém roubava os pneus; quando recolocava os pneus, alguém roubava a gasolina... No fim, ele acabou vendendo o carro, com o porta-malas fechado, sem saber que dentro de umas latas guardadas lá atrás havia cinco mil dólares;

* A vez em que ele convenceu a mãe a lhe comprar uma roupa nova para tirar foto na escola, mas elas acabaram sendo roubadas de seu armário durante a aula de educação física. Daí ele tentou arranjar alguma coisa no Achados e Perdidos, mas de repente, todas as crianças reconheceram nele suas roupas perdidas, e ele acabou tirando a foto com uma fantasia emprestada do clube de teatro da escola;

* E não vamos nos esquecer da vez em que ele tentou bancar o bad boy para impressionar Tasha, arrumou encrenca no restaurante onde sua família estava jantando, e terminou a noite com o sapato de Rochelle enterrado no rabo.

Curiosamente, o azar do personagem chegou a afetar a série, que não teve grande repercussão quando foi produzida, e acabou cancelada na quarta temporada, terminando com um final sem pé nem cabeça, em que nem chegamos a saber se Chris passou na prova para o supletivo. O mais impressionante é que, pouco tempo depois de ter sido cancelada, a série acabou sendo “descoberta” pelo público, e se tornou um grande sucesso, que, falando só pelo Brasil, já foi exibida em uns três ou quatro canais, sempre garantindo boa audiência.

Isso é o que eu chamo de golpe de sorte com efeito retardado!


Nem é preciso explanar muito sobre esse personagem, né, afinal o cara praticamente faz parte das nossas famílias. Seu Madruga é um sujeito mal-humorado e meio preguiçoso, que fracassa em tudo com que tenta trabalhar, e sempre acaba levando a culpa pelas travessuras do Chaves – principalmente porque o Quico nunca faz muita questão de esclarecer quem de fato é o autor das encrencas.

Por exemplo:

* Quando Chaves e Chiquinha ficaram atazanando a Dona Florinda, para saber se os churros que ela estava preparando para o Seu Madruga vender já estavam prontos. Eles perguntavam como se fosse por ordens do pai da Chiquinha, que nada estava sabendo, até que ele levou uma panelada de massa na cabeça, quando só queria mostrar à sócia a mesinha que estava montando para vender os churros;

* Quando ele usou sarcasmo ao dizer ao Chaves que a substância branca que ele estava usando para rebocar as paredes era leite de burra. O garoto não apenas levou a sério, como ainda deixou o Quico levar um pouco para a mãe dele experimentar, deixando claro que ele tinha que dizer que foi o Seu Madruga quem mandou, já que o suposto leite de burra era dele. Daí já imaginam, né? Depois de beber uma golada de gesso, a Valentona do 14 desceu bofetada no Seu Madruga. Ela devia ter se tocado que burra não existe, e a mula (feminina do burro), geralmente é estéril, e portanto não dá leite;

* Quando Chaves tenta dar marteladas, tijoladas ou vassouradas no Quico. Seu Madruga toma o instrumento dele, Dona Florinda chega, e Quico sabe contar o crime, mas nunca esclarece quem é o criminoso. Daí... Cacetada! E em muitas dessas tretas, antes de ser confundido com o agressor do Quico, o coitado do Seu Madruga acaba levando o golpe no lugar dele. Ou seja: é cacetada em dobro! Ou, como provavelmente diria a Chiquinha, rebatimento;

* Quando Chaves arrancou uma folha do caderno do Quico para fazer um barquinho de papel. Seu Madruga toma o caderno para repreendê-lo e... Cacetada;

* Quando o Quico e o Chaves mancharam de tinta os lençóis da Dona Florinda, que estavam no varal, com o pincel que, por acaso, era dele... Mais cacetada;

* Quando Quico se escondeu dentro de uma caixa de madeira, cuja tampa o Seu Madruga pregou. Dona Florinda nem pensou que o burrinho do tesouro podia ter avisado ao cidadão que estava lá dentro. Cacetada outra vez! E ainda pregou o coitado dentro da caixa;

* Quando as crianças estavam se pelando de medo do Velho do Saco, e o Quico pensou que fosse esta a nova profissão do Seu Madruga. A história que primeiro chegou ao ouvido da Valentona do 14 foi que o Seu Madruga queria levar o Quico embora dentro do saco, e ela não pensou duas vezes em descer a mão no suposto sequestrador. E o pior é que quem apavorou a molecada com a lenda do Velho do Saco naquele episódio foi ela mesma;

* Aliás, contar histórias pela metade também é a especialidade do Chaves. Como quando Dona Florinda quis saber quem fofocou ao seu tesouro que ela devolveu o Madruguinha ao Professor Girafales. Chaves começou a história contando que tinha se escondido no barril porque Seu Madruga lhe bateu... E foi só o que a Dona Florinda se preocupou em saber;

* Até quando Dona Florinda rompeu o romance com o Professor Girafales, sobrou bofetada pro coitado. E olha que ele não tinha nada a ver com esse rolo...

Tudo bem que, às vezes, o motivo de seu azar não é exatamente uma das crianças, mas sua própria desatenção. Como na ocasião em que o Professor Girafales deixou o ramalhete de flores que trouxera para Dona Florinda largado na sapataria improvisada do Seu Madruga, presenteando-a com os sapatos fedendo a chulé do Seu Barriga. Quando percebeu o engano, o Mestre Linguiça retornou ao pátio da vila, bem a tempo de ver Seu Madruga utilizar as flores como martelo por engano, e usar isso como pretexto para nocauteá-lo.

* Ou quando, depois de ver o show de ioiôs na rua, Chaves decidiu imitá-los, e pediu um cigarro ao Seu Madruga para tirar com o ioiô da orelha do Quico, e Seu Madruga, distraído, tentando convencer o Seu Barriga a aceitar um relógio velho como pagamento de um mês de aluguel, cedeu o cigarro. Dona Florinda interpretou que o vizinho estava induzindo as crianças ao vício, e... Arrebentou-o na pancada! Se bem que, nesse caso, foi uma distração irresponsável, mesmo. Até que ele mereceu apanhar, para se ligar um pouquinho;

* E não vamos nos esquecer do episódio inesquecível em que ele acabou esmagado pelo Seu Barriga, depois de lhe dar o beliscão prometido ao Quico. Porque para o gorducho não bastou lhe dar um murro na boca.

Aliás, Seu Madruga apanhou do elenco inteiro do programa. Nem a Bruxa do 71, que era apaixonada por ele, perdoou, quando Chaves e Quico fizeram a maior confusão com as cestas que continham a compra que Seu Madruga encomendara ao dono da Venda da Esquina, e aquela na qual Dona Clotilde transportava sua sobrinha, que ela estava abrigando pelas costas da Dona Florinda – que baixara uma lei no cortiço, proibindo a presença de animais e crianças; sabe-se lá com que autoridade; provavelmente aproveitando-se do fato de ser a única naquele pátio que paga o aluguel sempre em dia. Seu Madruga acabou ficando com a cesta que abrigava a criança, e assim que a troca foi descoberta, Dona Clotilde não pensou duas vezes em enchê-lo de pancadas. E provavelmente não trouxe de volta a comida que ele comprou, e que foi parar na casa de sua irmã. Ou seja, além da surra, o prejuízo.

Vai ver é por isso – e por viver correndo de todo mundo para não apanhar ou pagar o aluguel – que o cidadão é tão magro.

Seu único golpe de sorte foi quando ele se apaixonou pela nova vizinha, a Srta. Paraíso... Digo, Céu... Digo, Glória. Não chegou a rolar nada, mas bem que ela estava dando condição. Principalmente depois de admitir que gostava de homens feios.

É... Pensando bem, a maior sorte do Seu Madruga, mesmo, foi nunca ter sido expulso da vila, apesar de quase nunca conseguir pagar o aluguel.


O cara tinha um emprego que ninguém conhecia. Dividia apartamento com um cara que era um soco na autoestima de qualquer homem impopular com as mulheres. E quando finalmente parecia se encontrar na vida, descobriu que não podia dar um filho à sua amada. Sinceramente, não lembro se os roteiristas chegaram a esclarecer quem era o estéril da dupla, mas não deixa de ser uma pitada de azar.

Não foi fácil a vida do Chandler.

Algumas de suas desventuras incluem:

* A vez em que ele não conseguiu chutar a chefe maluca da Rachel, e acabou ficando amarrado no escritório dela. E de cueca!

* A vez em que ele pôs um chifre no Joey e passou o episódio inteiro trancado numa caixa, tentando achar um jeito de se desculpar.

* E não vamos nos esquecer que volta e meia ele era assombrado por sua ex-namorada mala com voz de taquara rachada, Janice, que ressurgia em sua vida sempre nas horas mais inconvenientes.

* Sem falar no trauma que ele guarda do Dia de Ação de Graças, quando descobriu que seu pai era um travesti. Se fosse hoje em dia, seria mais uma quarta-feira comum na vida de qualquer criança, mas nos anos, sei lá, 1970, deve ter sido esquisito olhar para o pai um certo dia e perceber que ele era interpretado pela Kathleen Turner.

A única coisa a favor dele é ter sido o único ator masculino da série a continuar tendo uma carreira relativamente estável após o fim de Friends. O spin-off de Joey Tribbiani fracassou, e ele passou um bom tempo esquecido até reaparecer recentemente em outra série da Warner, que, pelo menos por aqui, aparentemente já saiu do ar também.


Um pouco era azar da dupla, um pouco era a malandragem inconsequente do Kenan, um pouco era a burrice do Kel. Mas o fato é que os dois entravam e saíam de confusão o tempo todo.

Como:

* A vez em que Kenan não percebeu que não tinha desligado o telefone antes de começar a xingar o chefe de seu pai, até perceber tarde demais que toda a conversa havia ficado gravada na secretária eletrônica do cara. Daí eles foram tentar trocar a fita antes que a família do sujeito chegasse em casa, mas Kel colocou no lugar a fita da secretária eletrônica de Kenan, onde o pai dele xingava o chefe de coisas ainda mais pesadas;

* A vez em que eles ficaram responsáveis por regar as plantas e alimentar o peixe do Chris, chefe do Kenan no mercadinho, enquanto ele viajava com a mãe; acabaram esquecendo da obrigação, e Kel ainda destruiu a maior parte da casa quando tentaram consertar os estragos;

* A vez em que Kenan acidentalmente criou uma cura para a gripe, mas a segunda dose que prepararam nocauteou seu pai, obrigando a dupla maluca a ajudar a pousar um avião no lugar dele – o pai do Kenan era controlador de tráfego aéreo, e tinha que ficar ligado para ajudar os aviões a pousarem com segurança;

* A vez em que eles pensaram que sua nova colega de classe era uma bruxa, e fizeram tudo quanto é teste bizarro com a garota, até perceber que toda a onda de azar que estava atingindo Kenan desde que a conheceu era culpa do Kel;

* A vez em que eles ficaram responsáveis por buscar uma pulseira de diamantes e o bolo para o aniversário de casamento dos pais do Kenan, e o Kel quebrou o vidro do balcão da joalheria, e Kenan espatifou o bolo, forçando os dois a prepararem outro. Até aí, tirando o prejuízo, tudo bem. Até o Kel decidir experimentar a pulseira da mãe do Kenan e perdê-la dentro da massa do novo bolo;

* A vez em que Kenan tentou lançar Kel como pintor, depois que a dona de uma galeria de arte decidiu comprar uma tela que o rapaz pintou na escola. Então ele tentou aumentar ao máximo os lances sobre as obras de arte no leilão, sem saber que a dona da galeria não havia contado aos compradores que o autor dessas obras era apenas um homônimo de um famoso pintor sueco;

* A vez em que bandidos assaltaram a casa do Kenan e roubaram todos os seus móveis. Então Kenan deixou Kel responsável por reconhecer os móveis interceptados pela polícia num caminhão, enquanto atrasava a chegada de seus pais, que tinham levado sua irmãzinha para jantar, para comemorar uma nota A. Na volta, descobriram que Kel trouxe os móveis de outras pessoas para a casa do amigo;

* A vez em que eles pensaram que o palhaço contratado para animar a festa de aniversário de Kyra, irmã do Kenan, era um bandido que tinha assaltado a loja onde Kenan trabalhava, e quase acabaram com a festa para desmascarar o palhaço errado;

* A vez em que Kenan marcou encontro com duas garotas para o mesmo dia no cinema, e Kel, supostamente para livrá-lo da confusão, marcou um terceiro, e com uma garota extremamente marrenta;

* A vez em que Kenan marcou encontro com uma garota que só pediu que ele não se atrasasse, mas ele acabou com a cabeça entalada numa grade do parque, ao tentar recuperar o ioiô do Kel que tinha caído no canteiro, sem saber que a grade era aberta do outro lado;

* A vez em que Kenan processou uma fábrica de atum depois de ter engasgado com um parafuso em seu sanduíche, e Kel esperou até a hora do depoimento das testemunhas para confessar que foi ele quem deixou cair o parafuso na lata de atum.

Já deu para ter uma ideia.


Primeiro ele não conseguia falar com as mulheres sem que estivesse bêbado – e quando eu digo falar, quero dizer que ele não conseguia pronunciar uma única palavra. Fazia a muda, total! Depois, quando começa a perder o medo, não consegue atrair nenhuma mulher normal. Ele chegou a ter breves relacionamentos durante a série: namorou por pouco tempo uma garota tímida chamada Lucy, que também tinha algumas dificuldades para socializar, mas ela acabou terminando com ele por e-mail após alguns encontros. Mais tarde ele namorou uma dermatologista residente bonita chamada Emily, com predisposição a se tornar uma serial killer. Depois uma faxineira latina da Caltech, que o chutou quando percebeu que ele se envergonhava da profissão dela. Depois ele tentou aceitar o compromisso que seus pais arranjaram com Anu, uma gerente de hotel indiana bem sucedida, mas os dois não tinham praticamente nada em comum. Acabou que Raj foi o único da trupe que não encontrou sua metade da laranja – e estamos falando de uma turma que incluía o maníaco-obsessivo Sheldon Cooper e o inconveniente Howard Wolowitz! –, e pareceu ser, durante a série inteira, o par romântico do Stuart. Inclusive, eles chegaram a morar juntos durante um tempo, quando estavam, segundo a escolha de palavras infeliz do próprio Raj, preenchendo o buraco um do outro. Ele queria dizer o vazio em suas vidas, mas dadas as circunstâncias, a alegação carecia de contexto.


O primeiro azar de Leonard foi ser o colega de apartamento de Sheldon Cooper, o físico teórico mais cheio de manias da ficção, e, quiçá, da vida real também.

O segundo azar foi ter se apaixonado quase à primeira vista por sua vizinha da frente, Penny, uma garçonete aspirante a atriz, cuja inteligência evoluiu ao longo da série devido ao convívio com essa turma de nerds, e ter que competir com os inúmeros namorados e ex-namorados boa pinta que frequentavam o prédio.

O terceiro azar de Leonard foi ter como mãe a Dra. Beverly Hofstadter, que claramente preferia ter sido a genitora de Sheldon Cooper, frequentemente fazendo bullying contra o próprio filho.

E eu posso estender a lista ad infinitum, se for relacionar:

Como quando ele tentou estabelecer uma relação casual com sua colega de trabalho Leslie Winkle; Leonard conseguiu a proeza de ser chutado pela mulher menos atraente de uma série que tem Amy Farrah Fowler no elenco.

E ele também conseguiu, numa noite em que estava sendo particularmente mala, ser considerado por Penny a pessoa mais pé no saco de uma saída que incluía Howard Wolowitz.

No fim das contas, Leonard acabou se dando bem: casou com a Penny, e ela não conseguiu cumprir seu intento de nunca ter filhos, graças a um porre que ela tomou com o Sheldon seguido de um acidente de percurso com o Leonard.

Então, pode-se dizer que o azar desse cara foi uma sorte disfarçada.


Esse carinha aqui levou o azar até as últimas consequências. Não bastava não ter talento para nenhum esporte, sempre bater com a bunda no chão cada vez que tentava chutar a bola de futebol americano, quando esta estava na posse de sua vizinha mau caráter Lucy, que a tirava do caminho na última hora só pelo prazer de ver o garoto se estabacar no chão; Charlie nunca consegue manter sua pipa no alto, frequentemente tem o dever de casa mais bem escrito da turma sendo levado pelo vento no dia da entrega, nunca consegue uma oportunidade para demonstrar seu afeto pela Menininha Ruiva, vive sofrendo bullying na mão da Lucy – que ainda lhe arranca grana como terapeuta improvisada –, e até no Halloween, quando todas as crianças estão ganhando doces, ele acaba com um saco cheio de pedras.

Pois é... Não é fácil ser um Charlie Brown. Isso porque eu nem mencionei que até o seu cachorro, Snoopy tem uma vida social mais movimentada do que a dele.

Um dia ainda vão descobrir que foi esse desenho que aumentou a taxa de suicídios nos Estados Unidos, porque todo mundo, em algum ponto, e em algum momento, acaba se identificando com o coitado do Charlie Brown.


O sobrinho trapalhão do pato mais rico do mundo foi outro que nasceu com a pata esquerda. Não importava o propósito da aventura, era sempre ele quem acabava entalado, agredido, esfolado, espatifado, encrencado...

O azar da pessoa – ou do pato, no caso – começa quando ele ganha FAUNTLEROY como nome do meio...

Por aí já dá para imaginar, né? E a coisa só piora...

Nascido numa sexta-feira 13 (informação publicada na revista Essencial Disney N° 15, embora outras fontes indiquem seu nascimento em 09 de junho, provavelmente porque esta foi a data de sua primeira aparição em 1934, no desenho animado A Galinha Sábia), morando na Rua das Flores N° 13 e com um carro frequentemente dando defeito cuja placa ostenta o número 313... É tanto 13 na vida do coitado do Donald, que só podia resultar num baita azar.

E pior: um azar realmente difícil de remediar. Numa ocasião, Donald pediu ao Professor Ludovico que lhe conseguisse um amuleto que espantasse o azar. O sujeito arranjou, mas não adiantou de nada. No mesmo dia ele foi lavado por uma poça d’água na rua, apanhou de uma velhinha quando tentava lhe devolver a carteira, enfiou a cara numa porta de vidro automática que não quis abrir para ele, caiu um vaso em sua cabeça quando passava sob uma sacada, caiu dentro de uma lixeira, tudo isso antes de se dar conta de que o azar não o abandonara – pode ser até que tenha se multiplicado – porque ele guardara o talismã num bolso furado. Ou seja, perdeu o troço logo depois de ganhá-lo.

Junte ao seu azar irremediável um tremendo de um pavio curto, que frequentemente é responsável por muitas das furadas em que ele se envolve.

Explorado no trabalho, estressado, frequentemente humilhado pela imensa sorte de seu primo Gastão, às vezes vítima das distrações inconsequentes de seu outro primo Peninha, às vezes usado como cobaia para as experiências do Professor Pardal – que nós sabemos muito bem como são “seguras” –, sempre se desdobrando para agradar sua namorada Margarida – que às vezes consegue ser osso duro de roer –, e muitas vezes entrando ou sendo tirado de furadas pelos seus sobrinhos trigêmeos, Huguinho, Zezinho e Luisinho. E é melhor nem mencionar os dissabores que ele passa com o carro: pneu furado, bateria descarregada e pequenas explosões configuram seus dias bons.

Não bastasse isso tudo, o coitado ainda foi agraciado com uma vozinha de taquara rachada que precisava vir acompanhada de uma tecla SAP para ser compreendida. Principalmente em seus acessos de raiva.

Mas nem só de azares é feita a vida do Pato Donald. O rapaz também tem um excelente coração, ficando responsável pelos filhos de sua irmã gêmea Dumbela, quando seria muito mais fácil – e menos custoso –, deixá-los numa cesta na porta de seu tio quadrilhonário Patinhas, e ele que assumisse a bucha. Não que ele não deixe os sobrinhos aos cuidados do pato mais rico do mundo sempre que tem oportunidade...


Dá para fazer uma lista com os personagens azarados só da turma dos Looney Tunes.

O Coyote a gente pode até dizer que seu azar era justiça divina, pois ele estava sempre mau intencionado, tentando jantar o coitado do Papa-Léguas, mas a grande verdade é que o carnívoro não tinha culpa de estar num patamar mais alto na cadeia alimentar. Agora, por que ele cismou com a ave, obcecado em caçá-lo, bolando os planos mais mirabolantes para alcançar seu objetivo, mesmo depois de sofrer todos os tipos de barbaridades que podem acometer um ser humano animal, é algo que nunca descobriremos.

Seus desastres cotidianos incluíam:

* Enfiar a cara num paredão de pedra;

* Ser vítima da explosão que ele mesmo queria provocar;

* Despencar de penhascos com quilômetros de altura – sempre assistido de camarote pelo rival;

* Ser esmagado por uma bigorna, ou por uma pedra, um aerólito, um meteoro, como quiserem chamar o objeto rochoso;

E por aí vai.

Pensando bem, tirando a obsessão por uma ave específica, o Coyote era menos mau caráter que o Patolino, por exemplo, que sempre se dava mal tentando encrencar o Pernalonga, ou o Frajola, que igualmente se acidentava tentando pegar o Piu-Piu. Já o Cérebro era tipo o Kenan dos Looney Tunes, sempre vítima de seus planos mirabolantes e das maluquices de seu fiel escudeiro Pinky.


Esse foi outro azarado que acabou dando sorte na vida. Neville poderia ter sido o protagonista do livro, pois a profecia a respeito da ruína do tio Voldy falava de um menino nascido no fim de julho. Daí, no uni-duni-tê, o vilão acabou escolhendo Harry Potter como seu arqui-inimigo. Para Neville acabou sobrando o papel de colega de quarto azarado, que vive sofrendo bullying dos alunos da Sonserina, frequentemente perdendo suas coisas – principalmente seu sapo de estimação –, e não raramente se borrando de medo de que as confusões dos amigos acabem respingando nele.

Mas, de vez em quando, ele também tinha seus momentos de sorte. Como na ocasião em que foi paralisado pela Hermione, para que não tentasse impedir o trio de ir atrás da Pedra Filosofal. Acabou que sua coragem em enfrentar os amigos rendeu à Grifinória os dez pontos que precisavam para tomar a Taça das Casas das mãos da Sonserina em seu primeiro ano em Hogwarts. Também foi ele o único com coragem suficiente para enfrentar o Lorde das Trevas no último filme, de posse da Espada de Gryfindor, que ele encontrou dentro do Chapéu Seletor, pouco antes de Harry revelar que estava vivo. E também foi ele quem destruiu a última Horcrux, a cobra Nagini, com a mesma espada.

E, seu maior golpe de sorte: enquanto tanta gente mais sortuda morreu na batalha contra os Bruxos das Trevas aliados de Voldemort, Neville sobreviveu, quase sem nenhum arranhão.

Acho que os Bruxos das Trevas estavam evitando chegar muito perto dele. Vai que seu azar fosse contagioso...


Seu azar tinha nome, sobrenome e a cara andrógina do Macaulay Culkin: Kevin McCallister. Esses dois bandidos ligeiramente burros comeram o pão que o diabo amassou nas mãos desse pestinha, quando pensaram que todos estavam viajando, e tentaram roubar a casa de sua família em Esqueceram de Mim. Mais tarde, no segundo filme, eles apanharam mais uma vez do guri, quando este seguiu para o terminal errado no aeroporto e acabou indo parar em Nova York, enquanto toda a sua família estava indo para a Flórida.


O título do filme/livros já diz tudo: Desventuras Em Série. Os irmãos Violet, Klaus e Sunny Baudelaire extrapolam todos os recordes na categoria azar.

Primeiro, eles ficam órfãos e sozinhos, tendo que passar de mão em mão pelos parentes mais esquisitos que uma única família é capaz de reunir. Depois ainda veem os mais legais – ou mais mentalmente sãos – desses parentes sofrerem mortes bizarras. Muito disso se deve à ambição de um dos parentes a quem eles foram entregues, Conde Olaf, que está louco para pôr as mãos na herança dos Baudelaire.

Os desastres são muitos, e bem curiosos de relacionar. Esses três jovens desafortunados – e seus parentes – foram vítimas de incêndios criminosos, sanguessugas carnívoras, quase foram atropelados por um trem, quase despencaram de um penhasco quando a casa em ruínas de uma tia se desfazia durante uma tempestade, e a coitada da Violet quase foi forçada a se casar com o cretino do Conde Olaf. E olha que eu só estou falando do filme! A série de livros Desventuras em Série tem treze volumes, e o filme utilizou apenas os três primeiros em seu enredo, então, dá para imaginar a quantidade de infortúnios que ainda afligiram os órfãos Baudelaire.


Lembrou de mais algum azarado? Deixe aí nos comentários. 😉


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