O
tema parecia extremamente simples: um circo. Mas a magia em que ele estava
envolto ia muito além da lona e do picadeiro.
Quando peguei esse livro, eu não fazia ideia de que estava diante de uma das melhores histórias que eu leria na minha vida. Esse livro não apenas resgata a magia do circo – e neste caso, literalmente –, mas é um grande espetáculo por si só.
O CIRCO DA NOITE
Título Original: The Night Circus
Autora: Erin Morgenstern
Editora: Intrínseca
Páginas: 365
Gênero: Fantasia
Sinopse:
Sob suas tendas listradas de preto e branco uma experiência única está prestes a ser revelada: um banquete para os sentidos, um lugar no qual é possível se perder em um Labirinto de Nuvens, vagar por um exuberante Jardim de Gelo, assistir maravilhado a uma contorcionista tatuada se dobrar até caber em uma pequena caixa de vidro ou deixar-se envolver pelos deliciosos aromas de caramelo e canela que pairam no ar.
Por trás de todos os truques e encantos, porém, uma feroz competição está em andamento: um duelo entre dois jovens mágicos, Celia e Marco, treinados desde a infância para participar de um duelo ao qual apenas um deles sobreviverá.
À medida que o circo viaja pelo mundo, as façanhas de magia ganham novos e fantásticos contornos. Celia e Marco, porém, encaram tudo como uma maravilhosa parceria. Inocentes, mergulham de cabeça num amor profundo, mágico e apaixonado, que faz as luzes cintilarem e o ambiente esquentar cada vez que suas mãos se tocam.
Mas o jogo tem que continuar, e o destino de todos os envolvidos, do extraordinário elenco circense à plateia, está, assim como os acrobatas acima deles, na corda bamba.
EEEEE
Num
primeiro momento, O Circo da Noite conta a história de dois jovens que acabaram
envolvidos numa trama incomum: Célia Bowen, a pequena filha de Próspero, O
Mágico, é desafiada a desenvolver as habilidades mágicas que herdou do pai para
competir contra o discípulo de seu rival, Alexander. Um discípulo que ele
sequer havia escolhido ainda. Foi num orfanato que Alexander encontrou Marco
Alisdair, um garoto com grande potencial para aprender a arte da magia, e
enfrentar Célia nesse jogo milenar.
Não
se trata de ilusionismo, mas de magia de verdade.
Nenhuma
regra fica clara, até que os oponentes finalmente decidem qual será o palco do
jogo. E que lugar melhor para um desafio entre magos do que um circo?
A
história se passa no final do século XIX, quando os circos ainda não eram um
espetáculo comum. E este, em particular, está muito longe de ser um circo
comum.
Idealizado
pelo excêntrico empresário Chandresh Christophe Lefèvre, o Circo da Noite foi
concebido como um evento grandioso, dentro de uma aparência minimalista. Tudo
no circo é preto e branco: as tendas – e sim, são tendas no plural –, os
figurinos dos artistas, os mosaicos do piso, e principalmente, o deslumbrante e
intrincado relógio posicionado na entrada do portão, onde um malabarista de
aço, emoldurado pela névoa que flutua do mecanismo, ganha uma nova bola para
jogar a cada hora.
O
Circo da Noite é um complexo de tendas de diferentes tamanhos, cada uma
apresentando uma atração diferente: vidente, contorcionista, trapezistas,
ilusionista, domadores de animais, labirintos de câmaras, um impressionante
jardim de gelo que nunca derrete, labirinto de nuvens, sala de espelhos, potes
de sonhos... São tantas as atrações que eu não conseguiria citar todas de cor.
E no meio do imenso pavilhão, a fogueira que foi acesa na noite da inauguração
do circo, com doze flechas incandescentes atiradas em seu centro, que não se
apagou desde então.
O
espetáculo é tão deslumbrante, que não demora a atrair seguidores, que formam
uma espécie de fã-clube, liderado pelo relojoeiro que confeccionou o belo
relógio do circo. Conhecidos como revêurs – porque o nome oficial é Cirque de
Rêves (Circo dos Sonhos, em português) –, esses seguidores do circo se destacam
por um cachecol vermelho sobre vestes em preto e branco.
Ok,
até aqui eu não contei muito sobre a história. Mas é que eu precisava primeiro
apresentar os detalhes sobre o circo, para poder destrinchar seus personagens
dentro deste intrincado contexto.
Como
eu disse, o tema central é o desafio entre os aprendizes dos mágicos Alexander
e Próspero: Marco e Célia. A princípio, eles não se conhecem, nem sequer
imaginam quem são seus respectivos oponentes. Marco é infiltrado na casa de
Chandresh, como seu assistente, para poder manipular o circo nos bastidores,
enquanto que Célia, o manipula por dentro, já que é a ilusionista e principal
atração do espetáculo. Mas esse desafio acaba envolvendo diversas pessoas
inocentes numa trama ao mesmo tempo mágica e obscura.
A
começar por Isobel, uma moça que se envolvera por acaso com Marco, e acabou se
infiltrando como vidente no circo, graças ao seu talento para ler o tarô, para
ser seus olhos lá dentro, acompanhando e relatando todos os passos de Célia. E
assim como todos os envolvidos no espetáculo, não envelhece uma ruga nos mais
de trinta anos de duração do desafio.
Também
acompanhamos a trajetória dos gêmeos Widget e Poppet, que nasceram na noite de
estreia do circo, filhos de artistas da companhia, cujo destino parece
prenunciar um novo desafio que ainda será proposto no futuro. Eles foram os
únicos para quem o tempo não parou dentro do Circo dos Sonhos – ao menos, até
alcançarem a adolescência. E é nessa fase que eles conhecem aquele que se
tornaria um amigo em especial, Bailey Clarke, que fora atraído pela magia do
circo, inesperadamente envolvido entre os rêveurs para segui-lo, e mais tarde,
para se tornar parte fundamental do espetáculo.
Sem
falar nas pessoas que participaram com Chandresh da criação do circo, cujas
vidas ficaram irrevogavelmente ligadas à magia do espetáculo dali em diante.
E
em meio a toda a magia e os espetáculos descritos em cada cena, Célia e Marco
descobrem que suas vidas estão ligadas por muito mais do que um desafio. Uma
intensa paixão nasce entre os oponentes, a ponto de eles decidirem pôr um fim
no jogo, sem definir um vencedor; sobretudo depois de descobrirem que, para que
haja um vencedor, é preciso que seu oponente esteja morto.
Todos
esses personagens ganham voz ao longo da narrativa, que não segue uma ordem
cronológica precisa – algo que poderia facilmente deixar o leitor confuso, mas
que neste caso específico, amarrou brilhantemente uma trama que estava muito
além do tempo e de tudo o que ele pode significar.
A
magia é viva. Ela respira e é palpável. O circo envolve tanto seus artistas,
quanto seu público e seus criadores, numa história de puro encantamento, que
absorve o leitor a ponto de não sentir o peso das quase quatrocentas páginas do
livro.
Uma leitura deliciosa, que nos faz reviver um pouco da essência mágica que o circo evoca, somado a uma fantasia engenhosa e muito longe da impressão infantil que a temática circense poderia sugerir.
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