Por Talita Vasconcelos
Quarentena, Dia 08
Fiquei hoje com
uma sensação esquisita, quando deu nove horas da noite e a Dona Lourdes,
síndica do prédio, não veio encher o saco porque o meu carro estava ocupando a
vaga para visitantes na garagem. Isso acontece toda terça-feira, porque os
namorados da Karina Periguete insistem em estacionar na minha vaga. Como eu não
saí de casa, eles devem ter arrumado outra vaga para ocupar. Ficou faltando
alguma coisa para completar a minha rotina diária...
Quarentena, Dia 09
Pronto! Criei
vergonha na cara e consertei o fundo da gaveta. Agora preciso comprar outra
maçaneta para ela, porque a original acaba de se transformar num
quebra-cabeças.
Quarentena, Dia 10
Essa quarentena
está deixando todo mundo maluco. Estava saindo para ir ao mercado, e de repente
descobri que estou preocupada com a Dona Lourdes. Arranca-rabos à parte, eu sei
que ela é hipertensa, e já não é nenhuma garotinha. Deve ser do grupo de risco.
Acho que vou dar um pulinho no apartamento dela e perguntar se ela precisa de
alguma coisa do supermercado. Não custa nada, né, fazer um favor para uma
vizinha tão... marcante.
Quarentena, Dia 11
Finalmente, acho
que consegui dar um jeito nas sapatilhas que a tia Vilma me deu. Já que a tinta
para tecido não funcionou para melhorar a cara daquele pano cor de diarreia, o
jeito foi cobrir tudo com crochê – uma coisinha que aprendi com a minha vizinha
Bibi nessa quarentena. Ficou uma graça! Só que agora eu acho que a tia Vilma
não vai mais reconhecer as sapatilhas...
Quarentena, Dia 12
Desisti da minha
lista! Tirando o conserto da gaveta e a reforma das sapatilhas, as outras
tarefas não tem como errar: não posso ver uma coisa suja que já corro para
limpar; a geladeira me avisa quando preciso sair para comprar comida; o teatro
não vai reabrir tão cedo; e o resto do tempo... Ah, eu invento alguma coisa
para fazer.
Quarentena, Dia 13
Não dá mais para
adiar a lavagem das roupas, senão minha próxima ida ao supermercado será de
pijama. Ou com a fantasia de Carmem Miranda do Carnaval de 2015. Não, espera...
Ela está com cheiro de naftalina. Cruzes!
Quarentena, Dia 14
Gente, acabei de
descobrir uma blusinha no meu armário que eu nem lembrava que tinha! Quando foi
que eu comprei isso? E ainda encontrei vinte reais no bolso de uma calça que eu
não usava desde 2009. Vou interpretar isso como um sinal de que as coisas logo
vão melhorar.
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