Seguindo
com o nosso especial de Halloween, hoje eu quero falar sobre um dos meus filmes
favoritos, protagonizado por duas das minhas atrizes favoritas. Da Magia à
Sedução é uma linda comédia romântica, baseada no romance homônimo de Alice Hoffman, que fala sobre superstição.
Da
Magia à Sedução conta a história de duas irmãs, Sally e Gillian Owens, mulheres
de personalidades muito distintas, que pertencem a uma antiga e ilustre
linhagem de bruxas americanas. Quando ainda eram crianças, as duas irmãs foram
morar com suas tias, Frances e Jet, após a morte de seus pais. Sua mãe morrera
de tristeza, depois que a maldição levou seu marido. Reza a lenda que qualquer
homem que se atrever a amar uma Owens, viverá intensamente o seu amor, até que
a morte o leve subitamente.
Tudo
começou quando sua antepassada Maria, que era muito namoradeira, foi banida
para a ilha, depois de ter escapado da forca graças ao seu maravilhoso dom.
Maria estava grávida, e durante meses ela esperou que o homem que ela amava
fosse buscá-la na ilha do estado de Massachusetts para onde ela fora exilada
após escapar da execução, mas ele nunca apareceu. Decepcionada, ela lançou
sobre si mesma um feitiço para nunca mais sentir a agonia do amor. Com o tempo,
seu feitiço transformou-se numa maldição, que foi herdada por todas as suas
descendentes.
Por
temer a maldição, Sally estava decidida a nunca se apaixonar; Gillian, por
outro lado, não via a hora de isso acontecer.
Depois
de ver uma mulher da vizinhança ir até a casa de suas tias encomendar uma
bruxaria para fazer o homem que ela amava deixar a esposa por ela, Sally criou
um feitiço para garantir que nunca se apaixonaria. Ao menos, por nenhum homem
que pudesse existir.
Alguns
anos mais tarde, como já era esperado, Gillian se apaixonou por um homem que
estava disposto a levá-la para longe, para algum lugar onde nunca ouviram falar
das bruxas Owens, mas antes de partir, ela garantiu a Sally que aquilo não era
um adeus definitivo; as duas envelheceriam juntas numa casa grande com um monte
de gatos, e provavelmente morreriam no mesmo dia. Parece uma promessa estranha
para alguém que estava prestes a partir para longe com o amor de sua vida, mas
não se esqueçam de que sobre suas cabeças pairava uma maldição, que,
inevitavelmente levaria aquele pobre rapaz para o túmulo num futuro próximo.
E
selaram a promessa com um pacto de sangue que, nos nossos tempos, é um perigo.
Bem,
Gillian não fica muito tempo com esse namorado. Aliás, nem com ele nem com
nenhum outro, de acordo com as cartas que envia à irmã e às tias – cada uma
enviada de um lugar diferente, noticiando o relacionamento com um homem
diferente. Talvez seja sua maneira de estar sempre apaixonada e feliz, e ao
mesmo tempo, evitar que a maldição se cumpra. Afinal, para acompanhar sua vida
amorosa, essa maldição teria que viajar na garupa do Lewis Hamilton!
A
vida também acabou tomando um rumo diferente do imaginado por Sally. Ela não
queria, mas se apaixonou perdidamente por um entregador de frutas da região.
O
casamento não demora para acontecer, e dessa união nasceram duas meninas: Kylie
e Antônia. E agora as correspondências das irmãs estão muito mais animadas.
Bem,
isso ela fala agora. Deixa ele mostrar as garras para ver se ela não é a
primeira a querer meter a frigideira na cabeça dele.
Quando
as coisas estão perfeitas demais, e o filme ainda está no começo, as pessoas
podem desconfiar que já, já vai acontecer alguma coisa para azedar o cupcake.
No
caso, Sally acordou um dia ouvindo o som do besouro, anunciando que sua
felicidade com Michael estava com os minutos contados. A moça desmontou o piso
da casa inteira tentando achar o maldito inseto agourento, mas não adiantou
nada. Quando um bando de imbecicletados
surgiram na rua...
Ele
escapou por um triz! Os ciclistas passaram lambeeeeeeendo a trave. Mas...
E
assim, Sally teve a felicidade arrancada de seus braços, concretizando os
maiores temores de sua vida.
A
casa caiu! Aparentemente, o romance teve um dedinho de suas tias alcoviteiras
para acontecer, porém, Sally só descobriu isso quando o marido foi levado pela
maldição. Como ela queria ter uma vida normal, as tias fizeram um feitiço para
que Sally e Michael ficassem juntos. Elas só não imaginavam que Sally o amasse tanto.
Sally
se recorda de ter visto um feitiço no livro das tias quando seus pais morreram,
um feitiço capaz de ressuscitar os mortos, mas as tias não estavam dispostas a
realizá-lo, pois Michael voltaria como uma coisa ruim e anormal.
Essa
cena é de cortar o coração. Principalmente porque Sally nunca quis amar desse
jeito, e a interferência das tias, embora tivessem boas intenções, acabou por
trazer-lhe o sofrimento que a vida inteira ela tentou evitar.
Eventualmente,
Sally acaba se convencendo de que suas tias têm razão, e que é melhor não mexer
com forças que não conhecem. Afinal, ela pode querer ressuscitar seu amado e
acabar com a Noite dos Mortos Vivos nas mãos. Ou caindo num episódio de The
Walking Dead...
Então
ela se muda com suas duas filhas para a casa das tias por uns tempos, mas não
está disposta a permitir que sejam criadas com as mesmas liberdades que ela e
Gillian: nada de bolo de chocolate no café da manhã, não deixarão de fazer os
deveres de casa, e não vão fazer magia. Nunca.
Aqui
entre nós: repararam como as gerações das Owens se repetem, sempre uma morena e
uma ruiva.
Ok,
Maria era morena. Acho que se voltarmos à cena de seu enforcamento, e virmos
uma cabeça ruiva na plateia, saberemos quem era o pai de seu bebê... Já que
essa também é uma história de bruxas, será um dos Weasleys?
Para
poder visitar a irmã, Gillian dopa seu namorado, Jimmy Angelov, e dirige a
noite toda rumo à ilha para onde esperava nunca mais voltar.
Sally
aproveita a companhia para desabafar seu sofrimento, e contar que, antes de
ficar viúva, ela e o marido planejavam abrir uma loja de produtos naturais:
Michael arranjaria os ingredientes e Sally faria os produtos.
Isso
lembra o condicionador de abacate, banana e água de coco da Sofia Clarke.
Também parecia apetitoso para o desjejum. Chega a dar fome no cabelo.
Essa
ideia da loja de Sally acaba saindo do papel pouco tempo depois.
E
Gillian aproveita para contar que acredita ter finalmente encontrado um homem
forte o bastante para sobreviver à maldição. O que ela não sabe ainda, é que
não desejará por muito tempo que ele sobreviva.
Só
para constar, o Drácula não era búlgaro. Tudo bem que a Romênia é vizinha da
Bulgária, mas nem de longe é a mesma coisa.
Apesar
de Gillian não ter uma vida amorosa exatamente regular, ela garante que desta
vez é pra valer, que esse é pra casar. O único inconveniente é que ele gosta de
mantê-la a noite toda acordada.
Só
graças à beladona, ela consegue dormir um pouquinho.
São
duas bruxas, sobre as quais paira uma maldição de família, e a única coisa
estranha é Gillian drogar o namorado para ter um pouquinho de sossego. Ok...
Bem,
depois de dar seu apoio moral à irmã para deixar o luto para trás, Gillian
volta para o Arizona, e para o Jimmy, e Sally decide seguir adiante com o plano
de abrir sua loja de produtos naturais. Fica subentendido que ela deve ter
achado outro fornecedor de matéria-prima. E logo depois da inauguração, Sally
se vê obrigada a apartar uma treta das filhas com a molecada da escola na
calçada, pois elas estão sendo zoadas por serem bruxas.
Aqui
entre nós: que tipo de retardado mental fica provocando uma pessoa que pode
simplesmente erguer a mão e fazê-lo desenvolver uma doença... ou um rabo de
porco nas orelhas... ou transformá-lo em torcedor do São Caetano...?
Sally
tenta dizer que Kylie estava só brincando, mas agora a mãe do moleque resolveu aparecer para afastá-lo das
bruxinhas. Onde é que ela estava quando ele estava provocando a confusão? É
impressionante como, seja na vida real, seja em filme, as mães de crianças
atentadas só aparecem depois que a merda está feita.
Cá
entre nós: todo mundo que pratica bullying merecia cair nas mãos de uma bruxa –
ou da Carrie, a estranha – ao menos uma vez na vida, para largar de ser besta!
Sally
repreende a filha por ter amaldiçoado o garoto, argumentando que a magia não é
brinquedo, mas Kylie desconta sua raiva no fato de que a mãe gosta de fingir
que não tem poderes só para agradar essa gentalha.
Naquela
noite, as meninas perguntam às tias se sua mãe sempre foi assim, ou se ficou
azeda só depois que o pai delas morreu. E aproveitam para tentar saber mais
sobre a maldição da família. Mas Sally chega bem nesse momento para acabar com
a festa, e pedir que as tias não fiquem enchendo a cabeça das meninas com essas
bobagens.
Até
aqui, Sally parece mostrar os traços da personalidade ranzinza e amarga do
livro, mas isso é só porque ela ainda não superou a morte de Michael. Já, já
aparece uma crise para ela resolver, e então o carisma de Sandra Bullock
florescerá.
Ok, ok! Sally Owens confessa:
eu me apaixonei uma vez e gostei da brincadeira! Quero repetir a dose!
O mundo realmente dá voltas...
O
problema é que, nessa altura dos acontecimentos, ela não acredita que possa
ainda ter outra chance de felicidade.
Assim
que coloca a carta no correio, Sally ouve o telefone tocar, já com a certeza de
que é sua irmã com a crise que eu prometi agora a pouco.
Acontece
que Jimmy, o namorado perfeito que Gillian tinha certeza de que poderia
sobreviver à maldição, acaba de dar defeito, fazendo-a fugir e se esconder num
motel barato no meio da noite, e agora ela precisa que a irmã vá socorrê-la.
É
uma referência gratuita às tradições das bruxas como servas da natureza, que
ficará perdida nessa história, mas mantive apenas a título de curiosidade. Sobretudo
porque isso levanta a hipótese de que as Owens não fossem as únicas bruxas em
Massachusetts.
Sally
encontra Gillian escondida e assustada no motel, embora ela garanta que está
bem, apesar do olho roxo.
Só
para esclarecer, estão falando de uma rosquinha, mesmo! Aparentemente, as
lanchonetes americanas não estão preparadas para atender aos caprichos dos
clientes mais esquisitos.
A
propósito, taí um cara que merecia ter o dedo da Kylie apontado na cara. Mas em
vez de catapora, ela devia rogar hemorroida. Ou sarna. Melhor ainda: cólica
menstrual! Só para o desgraçado ver o que é bom pra tosse.
E
nesse momento, Gillian se assusta ao ver a lua coberta de sangue, e decide
procurar seu olho de tigre no carro de Jimmy, para se proteger do azar. E, para
seu azar, era justamente lá que o
cretino a esperava.
No
caminho, o maníaco psicopata decide conversar com Sally sobre literatura, comentando
a obra de seu autor favorito.
Fascinante.
Mas, Jimmy, o que nós temos a ver com isso?
Bem,
não se esqueçam que Jimmy é um lunático – e provavelmente um assassino em série
–, e quando chega nessa parte, ele tenta imprimir a marca de seu anel, que ele
foi aquecendo com o isqueiro enquanto resumia a obra de Louis L’Amour, no pé de
Gillian, como se ela fosse uma vaca. Daí Sally larga a direção para bater nele,
quase provocando um acidente.
Sim,
Sally sabe que não se deve usar o celular e nem beber enquanto dirige, mas
Gillian tinha dado um jeito de sinalizar que a beladona estava em sua bolsa, e
Sally decidiu usá-la para escapar do maluco.
Chega
uma hora em que o desgraçado tem que parar para tirar a tequila do joelho, mas
não sem antes confiscar a chave do veículo para que as moças não fujam,
enquanto ele desafina o melhor do repertório de Elvis Presley.
Ao
retornar, Jimmy está mais calminho e bem humorado, e até tenta se desculpar com
Gillian... Um segundo antes de tentar estrangulá-la enquanto a pede em
casamento.
Que,
aliás, é o que acontece em seguida, quando Sally começa a bater nele pelas
costas, tentando tirá-lo de cima de sua irmã, até que ele fica inconsciente.
Xi...
Esse aí o capeta já levou. Gillian tenta reanimá-lo com respiração boca a boca,
mas sem sucesso.
No
livro, tia Jet chegou à conclusão de que a dosagem de beladona administrada por
Gillian não mataria um ser humano do tamanho de Jimmy nem em um milhão de anos.
Mas no filme, a droga foi, com certeza a responsável pela morte dele. Bem,
isso, ou tê-la misturado com tequila.
E
é por isso que dizem para não misturar álcool com remédio.
Quando
nada dá certo, Gillian começa a rezar, prometendo ser boazinha se conseguir
sair dessa confusão sem ser pelo corredor da morte. E Sally aproveita para
descarregar o fato de que sua vida nunca mais será normal depois disso.
Eu,
no corredor da morte, comeria bacon e batata frita em toda refeição. Isto é, se
houver essa opção no cardápio...
De
repente, Gillian começa a se lembrar da conversa que teve com Sally quando foi
consolá-la por sua viuvez, e da cena comovente que a irmã protagonizou com as
tias no começo do filme.
Gosto
do senso prático da Gillian. Ele nos rendeu um dos melhores filmes da minha
videoteca.
Sally
tenta dissuadi-la dessa ideia estapafúrdia, mas Gillian continua firme no plano
de ressuscitar o namorado agressivo.
Pensa
bem, Gillian! O cara tá lá tranquilinho no quinto dos infernos... Você vai
mesmo querer trazê-lo de volta para te atormentar a vida?
E
vai piorar, moça, esteja certa disso!
Mas,
enfim...
Gillian
está irredutível, portanto, Sally prepara o ritual de ressuscitação. O básico,
sabe: queimar umas ervas, desenhar um pentagrama de chantilly no peito do cara,
peidar pela boca, enfiar agulhas nos olhos do defunto, e recitar um feitiço
rimado.
E
então...
Fica
aqui a dica: se seu cônjuge é agressivo, e de alguma forma ele empacotar, deixa
o diabo levar! Não mexe em time que está ganhando. É sempre melhor deixar a
vida – e a morte, nesse caso – seguir seu curso.
Lá
vem a Sally de novo para sentar uma frigideirada na cabeça do dito cujo, matando-o
pela segunda vez em menos de dez minutos de filme.
Assim
sendo, melhor se livrar logo do corpo e deixa isso pra lá.
Depois
disso, é só agir como se nada tivesse acontecido.
No
dia seguinte, quando as tias chegam em casa, ficam felizes ao ver Gillian; e,
ao notar o hematoma em seu rosto, garantem que o cretino que fez isso terá o
que merece.
E
como está sem rumo na vida, Gillian decide ajudar Sally em sua loja recém-inaugurada.
Mas a princípio, a única coisa que a vemos fazer é testar a mercadoria.
Bem,
Sally não está em seu melhor humor, mas agora é perdoável. Afinal, ela acabou
de matar um cara – duas vezes! –, dirigiu a noite inteira da baixa da égua até
em casa, mal teve tempo de dormir depois de enterrar o desgramado no quintal, e, para piorar, tem uma reunião na escola
das filhas.
Hoje
não é o dia dela...
Mas
Gillian vai dar um jeitinho nisso, pois as mulheres que trabalham com Sally já
contaram toda a fofoca: hoje as mães vão sortear a árvore telefone, um serviço
entre os pais dos alunos, que consiste em ligar de uma mãe para a outra sempre
que houver uma emergência, para que a escolhida da classe soe o alarme.
Aqui
entre nós: se é uma emergência, não seria mais lógico a primeira pessoa que
notou soar pessoalmente o alarme? É uma emergência, gente! Vão ficar perdendo
tempo fofocando no telefone?
E
Sally está chateada porque nunca é escolhida, pois todos sabem que ela é uma
bru... diferente.
Então
Gillian vai até a escola dar apoio moral à sua irmã mais velha.
Admito,
eu amo essa cena! Porque Gillian sempre foi popular entre os homens da cidade –
que nem a Maria, sabe? –, e sempre foi hostilizada por esse bando de baranga
recalcada por ser a mais bela de todas. E provavelmente por estar sempre nas
fantasias dos maridos delas.
Foi
só ela aparecer para a mulherada deixar o motivo da reunião de lado, e começar
a fofocar sobre a recém-chegada Srta. Owens.
Essa
fofoca ficou meio perdida no meio do filme, pois Gillian tinha acabado de
voltar à cidade depois de muito tempo, mas no livro, ela se envolveu com um dos
professores de suas sobrinhas após a morte de Jimmy. Deve ter sido daí que
surgiu esse comentário. Mas no filme, Gillian era uma personagem tão forte que
não carecia de um romance para roubar a cena.
E,
convenhamos, o roteiro não tinha nem tempo para desenvolver isso na trama.
Humanizar Sally era muito mais importante do que dar um novo rumo à vida
amorosa de Gillian. Até porque, a vida amorosa que se recusava a desapegar dela
foi o que movimentou a trama até o final do filme.
Mas
sua presença foi fundamental para provocar uma reviravolta na votação escolar,
presidida por ninguém menos do que a velha coroca cujo filho foi cataporado pela Kylie – mais uma razão
para ela não ir com a cara da Sally.
Tomem,
trouxas! Fica provocando gente poderosa, é nisso que dá.
Naquela
noite, para comemorar a ascensão monumental de Sally na reunião, as tias
preparam margaritas...
Para
fofocar a noite inteira sobre a vida amorosa das sobrinhas, enquanto enchem a
cara.
É
assim que bruxas ociosas se divertem no meio da semana...
Ah,
se todas as tias fossem legais assim...
E
depois de dar muitas risadas, tia Frances e tia Jet estão tão altas que começam
a cantar um dueto: a favorita de Jimmy, de Elvis Presley.
Eu
disse Elvis Presley! Não Elza Soares!
Desculpem,
a confusão. O editor das fotos – que, por acaso, sou eu – aproveitou a manguaça
das Owens para tomar um negocinho também, e ficou alterado.
E
é aí que as irmãs finalmente prestam atenção na garrafa que estiveram secando a
noite toda: a tequila envenenada que Sally usara para matar Jimmy.
E
a prova definitiva de que o veneno não era letal é que todas elas beberam muito
mais do que ele, e ninguém passou mal.
Assustada,
Gillian espatifa a garrafa na pia, ligando o desconfiômetro das tias. E suas
suspeitas se confirmam ao ouvir o som da vassoura caindo. E numa casa de
bruxas, isso é sinal de que terão companhia.
Aqui
em casa, o único sinal que a vassoura dá é que está na hora da visita ralar
peito, quando ela aparece virada de ponta-cabeça atrás da porta. Não é
simpatia, não, é grosseria, mesmo!
Mas
as irmãs não fazem a menor questão de explicar o motivo dessa tensão, então as
tias decidem lhes dar uma lição: fazem as malas, e viajam, deixando-as sozinhas
para resolver qualquer que seja a encrenca sobrenatural na qual se envolveram.
Porque
senão essa molecada não aprende. Se cada vez que alguém trouxer uma assombração
para dentro de casa, as tias forem lá acabar com a dita cuja, elas não vão
parar de se encrencar. Então, deixa o pau quebrar, porque o medo é um excelente
professor!
E
a assombração em breve será o menor dos problemas delas, podem acreditar.
Para garantir que isso não respingará nas filhas de Sally, as tias colocam um
pedaço da corda da forca de Maria no pescoço delas, para protegê-las.
Aqui
entre nós: só eu acho perigoso deixar duas crianças dormirem com um colar de
corda na garganta?
Enfim... Elas devem saber o que estão fazendo. Ou assim esperamos...
No dia seguinte, como era de se esperar, as Owens amanhecem com uma baita de uma ressaca, e nem se incomodam com aquele colar de corda horroroso no pescoço das meninas. Afinal, se a garrafa de um defunto apareceu na casa naquela noite, qualquer amuleto que mantenha as garotas longe dessa confusão, por mais esquisito – ou perigoso – que seja, é muito bem-vindo.
Embaixo
da roseira... Exatamente onde vocês enterraram o presunto. E repararam como ele
tem adubado bem essas rosas? Estão crescendo rápido que é uma beleza! Se
continuarem assim, Sally terá matéria-prima para fazer perfume para abastecer a
demanda da Chanel!
Porém,
só Kylie é capaz de ver o sujeito sentado ali, vigiando a casa. E para piorar,
as tias pegaram as vassouras e levantaram voo. Ou seja: se virem!
Gillian
tenta destruir a roseira na porrada, e fica furiosa por perceber que Jimmy está
fazendo a planta crescer só para atormentá-las. E, nesse momento, elas reparam
que as botas dele estão aparecendo acima da terra.
Vendo
como a irmã está perturbada, Sally a manda ficar dentro da casa com as meninas,
enquanto ela mete a tesoura na roseira.
Calma,
Sally... O cara só despencou do Arizona até Massachusetts – uns quatro mil
quilômetros, mais ou menos – para falar com a sua irmã... É... Provavelmente,
ferrou, mesmo...
Só
para constar: ele ainda não mencionou o nome do Jimmy. Só disse que Gillian
podia ter informações sobre o caso em que ele está trabalhando. Só porque o
cara veio do Arizona, não significa que ele esteja procurando o presunto que
vocês enterraram no jardim. Vai ver, alguém bateu no vendedor de rosquinhas, e
ele quer saber da sua irmã se pode ter sido por causa da qualidade da geleia...
O
que se deve vestir para um interrogatório e provável acusação de assassinato?
Já
vi que é melhor o Sr. Hallet não perguntar nada a essa Owens aí, porque a Sally está dando mais bandeira que a moça que dá a largada na Fórmula 1!
E
ela já o pega lá em baixo, fuçando na estufa, investigando suas ervas.
Neste
momento Gillian aparece, com um vestido escolhido especialmente para tirar a
concentração do policial, que finalmente revela a que veio, confirmando as
suspeitas de Sally: sim, ele está atrás do namorado da Gillian.
Gillian
está flertando descaradamente com o detetive. E aproveita que ele parece simpático
para ler sua mão.
Resumindo,
Sr. Hallet: Jimmy bateu nela, e não o viram mais depois disso. Isso foi uns
três dias atrás. E o pior é que isso nem é mentira. Apenas, por acaso, elas
omitiram o complemento da frase: "não o vimos mais, desde que o enterramos no
jardim".
Sabe
como é; briguinha de casal...
Mas
o carro que está lá na entrada é mesmo do Jimmy, e Sally confessa imediatamente
que o roubaram.
É
melhor a Gillian dar um jeito de afastar esse policial de sua irmã, antes que a
Sally conte o que o defunto estava vestindo quando o enterraram.
Felizmente,
Hallet tem um peixe maior para pegar que duas bruxinhas assustadas.
Esse
era o verdadeiro Jimmy Angelov: um assassino de mulheres, violento e psicopata.
E as duas aí estavam com remorso por terem despachado o dito cujo pro Além.
Amigas, tenham pena das baratas, que não têm culpa de serem nojentas.
Mas
prestem atenção nesse cara, porque, antes de mandar rebocar o carro de Angelov,
Gary Hallet recolherá um pouquinho de beladona que Sally deixou cair fora da
garrafa no banco do motorista.
Bem,
Angelov podia não valer a merda que cagava, mas até onde se sabe, ele está
desaparecido, e o dever de Hallet é investigar. E, infelizmente, as irmãs Owens
são sua única pista do paradeiro dele, então, hora de ouvir fofocas pela
cidade.
Só
para constar: a velhinha da cadeira de rodas foi colega de classe de uma das
tias Owens, e só está falando mal delas por raiva porque elas não compartilharam as tais balinhas milagrosas.
Inveja mata, tá, fia! Só para você saber...
Para
constar n° 2: Quando se zangam com motivo,
né, não, garoto? Palhaço gozador duma figa...
Para
constar n° 3: Oh, velha coroca, se você educasse melhor o seu filho, ele não
estaria com catapora, e você não precisaria sair inventando que as moças
mataram o “grande erro”.
Se
bem que elas mataram, mesmo, mas isso não é da conta de ninguém que esteja
participando da fofoca.
Mas,
calma, porque nem todo mundo nessa cidade fala mal das moças. Tem gente neutra
também.
O
que ela faz é fabricar xampu, condicionador, óleo de banho e loções que fazem
crescer cabelo nos lugares mais inesperados. E está de saco cheio de ver seu
nome na boca do povo – mais do que de costume. E mesmo sem ser bruxa, ninguém
iria gostar que a vizinhança inteira soubesse que ela é alvo de uma
investigação. Mesmo que a vítima não valesse todo esse transtorno...
Como
a história que elas contaram não está batendo, o detetive pede para conversar com Sally no dia seguinte, pela manhã, em sua casa. E saber que terão um convidado tão
ilustre para o café da manhã, inspira Gillian a preparar uma calda especial
para as panquecas. Receita extraída diretamente do livro de feitiços das tias.
E
não há nada pior para duas assassinas principiantes do que ter um detetive
vivendo sob o mesmo teto.
Só
que nesse momento, Kylie encontra, entre os livros que Gillian separou, um
caderno antigo escrito com a caligrafia de Sally. Exatamente o caderno onde Sally
escreveu o feitiço que realizou na infância, desejando nunca se apaixonar.
Isso
dito por uma menina que nem parece
uma versão mirim da Gillian... Só escuta um conselho de amiga, Kylie: fique
longe dos Jimmys da vida!
Hora
de Gillian bancar a tia fofa, que explica para a sobrinha como é se sentir
apaixonada, de uma forma muito romântica e muito bonitinha.
Own,
ceninha fofa! ♥
Ding-Dong,
galera! O policial chegou! Hora de vestir as verrugas e os chapéus pontudos, e
botar o infeliz para correr a vassouradas.
Antônia
abre a porta e o deixa entrar, toda animada porque ele veio “para o café da
manhã”. A caçulinha estava interessada em ver a poção de Gillian em ação, e
corre para apressar a tia.
Enquanto
isso, Hallet dá outra bisbilhotada na estufa das Owens, encontrando uma amostra
interessante.
Pois
é, Sally, ele descobriu. Mas, felizmente, não foi o que você pensou.
Menos,
Sally, bem menos... Porque ele pode não entender a ironia. Ainda mais com a
cidade inteira dizendo que vocês fazem balas de placenta e que são adoradoras
do diabo, embora ela garanta que não faça nada disso. Sua bruxaria consiste
naquele monte de frascos que ele viu na loja dela, e nada daquilo mata.
A
não ser que numa das prateleiras ele encontre um inseticida. Mas isso aí é
outra história...
Menos
aquela colherzinha que você viu mexendo o café dela sozinha lá na loja. Aquilo
é bruxaria, mesmo!
E
vamos logo ao que interessa, porque você está fazendo a moça perder tempo.
A
julgar pela cara do Gary, ele ficou pensando se ela estava falando sério, ou só
tirando uma com a cara dele.
Como
não vai conseguir nada com essa irmã na estufa, ele decide colaborar com o café
da manhã virando pessoalmente as panquecas, e seu talento para fazer
malabarismos com a massa – e o fato de estar cantarolando junto com Sally a
mesma canção –, liga o radar de Antônia, que corre para contar sua descoberta à
irmã.
Atenção
Tico e Teco na cabeça da Gillian: acordem! Ele vira panquecas no ar...
Cantarola a mesma canção que a Sally... Tem que prestar atenção nos sinais, ou
pode acabar dando um susto no homem da vida dela! Se liga!
Sally
arruma a mesa do jardim para o café da manhã, e Kylie aproveita para fazer o
checklist com Hallet, enquanto a mãe distribui os guardanapos.
Já
são pelo menos quatro em sete. As probabilidades estão a favor dele. E essa
constatação leva as filhas de Sally a confiscarem a calda com a poção que
Gillian preparou, e atirá-la no mar para evitar que o policial bata em
retirada.
Só
que bem nesse momento, um sapo que estava sentado sobre uma pedra, resolve
regurgitar um brinde para eles: o anel de Jimmy Angelov.
Meninas,
é melhor arranjar um bom advogado, porque vocês estão mais ferradas do que
nunca!
E
é melhor ele nem querer saber o que havia na calda...
Enquanto
Gillian tenta manter a cabeça fria, lembrando-se de que sem corpo não há crime,
portanto, se mantiverem a história, será difícil para o policial provar que
estão envolvidas em alguma coisa – afinal, o carro de Angelov dormiu em seu
quintal durante três dias; aquele sapo pode muito bem ter arrombado a janela,
invadido o veículo, e engolido o anel junto com o toca-fitas –, Sally está cada
vez mais convicta de que devem contar a verdade ao policial e encarar as
consequências.
E
essa divergência de opiniões leva as duas irmãs a trocar farpas e vassouradas
na cozinha.
Sally
vai atrás de Hallet, sob os protestos de Gillian, e confirma que aquele era o
anel de Jimmy. Então ela acompanha o detetive até o motel onde ele está
hospedado, e observa que a carta que ela escreveu para Gillian está no meio da
bagunça na cama dele; sinal de que ele a leu muitas vezes.
Mas,
sabe como é, né? Ele é detetive, e tem que estudar muito bem todas as evidências,
embora ela não faça ideia de que tipo de provas ele pode ter obtido numa carta
em que ela basicamente desabafou suas frustrações com a irmã. O nome de Jimmy
sequer foi mencionado.
Já
o seu depoimento...
Se
o cara fosse um pai de família... Ou um cachorrinho... Dava para entender o
alvoroço. Mas ele era um assassino psicótico! Abre uma champanhe e deixa isso
quieto.
Afinal,
se ele fosse a julgamento, iria para a cadeira elétrica de qualquer modo. No
frigir dos ovos, Sally encurtou o caminho dele até a sentença, economizou
muitos milhares de dólares que o Estado gastaria com o julgamento e a
manutenção de Jimmy na cadeia até que a pena fosse executada, e poupou o estado
do Arizona de muita desordem. Deem uma comenda para a moça, e caso encerrado!
Mas,
segundo Gary, ela deveria mesmo arranjar um advogado antes de continuar.
E
como ela pagou pelo conselho?
Esquenta,
não, criançada, porque a Sally é mais puritana que a Madre Superiora, e vai já
jogar um balde de água fria no Hallet.
Aliás,
é provável que ele tenha jogado um
balde de água fria no fogo dela, só com um olhar fatal.
Espere
aí, deixa eu refazer o checklist:
* Ele
ouvirá o meu chamado à distância – a carta da Sally que ele leu um milhão de
vezes. CONFERE.
* Assobiará
minha canção favorita – cantarolar também é válido, então CONFERE.
* Montará
um pônei ao contrário – e também de frente e de lado. CONFERE.
* Ele
sabe virar panquecas no ar – com várias piruetas. CONFERE.
* Será
muito bondoso – ele ainda não prendeu nenhuma de vocês duas, embora tivesse
fortes indícios para isso, então CONFERE.
* Sua
forma favorita é a de uma estrela – ele é detetive, então CONFERE.
* E
terá um olho verde e um azul – CONFERE.
Oh-oh...
Sally, acho que o seu amor verdadeiro acaba de te encontrar. Contrariando a sua
teoria, o homem dos seus sonhos existe, sim, e se chama Gary Hallet! E se não
tomar cuidado, ele vai colocar você ou sua irmã na cadeia. Ou ambas, provavelmente.
Essa
revelação fez Sally fugir da raia, deixando o Gary esbaforido para trás, e
retornar correndo à casa das tias. Sobretudo depois de ouvir os chamados
desesperados das filhas e da Gillian, trazidos pelo vento.
Lembra
que a Sally falou que o Jimmy as estava assombrando? Surpresa! Você acabou de
encontrar o homem que estava procurando. Mas acho que não vai conseguir prender
as algemas com ele nesse estado.
Já
o toque dele, por outro lado, pode ser bem doloroso.
Doloroso
para ambos: para o Gary por ter uma mão fantasmagórica literalmente apertando seu coração, e
para Jimmy porque desenvolveu pela estrela do distintivo a mesma alergia que os
vampiros têm do crucifixo.
Já
que é assim...
Não
pergunte, Gary, porque se a Sally tiver que explicar o que aconteceu, essa
conversa vai ser bem longa.
Opa!
Vai com calma aí, moça, que isso é informação demais até para um policial
acompanhar. Ele está acostumado a prender criminosos, mas nesse caso, fica
difícil determinar quem é que ele tem que prender, porque, primeiro, elas atacaram
Jimmy em legítima defesa – tudo bem que houve um envenenamento acidental, mas
isso não vem ao caso –; depois elas tentaram desfazer a cagada, trazendo-o de
volta à vida com um feitiço; mas aí o sujeito também não fez por onde aliviar a
barra, tentando matar a Gillian mais uma vez, o que forçou Sally a, de novo,
matá-lo em defesa da irmã; e mesmo depois disso, ele continua a atacá-las na
forma de fantasma...
Na
boa, se alguém tem que ser preso nessa história, morto ou vivo, é o Jimmy!
E
ainda tem toda essa história de bruxaria, e o fato de Sally tê-lo invocado
ainda na pré-adolescência, e constatado agora que ele era o homem dos seus
sonhos que ela supôs que não pudesse existir...
Oh,
historinha enrolada!
E
afinal de contas, o cara existe. E foi sua carta, mais do que qualquer outra
coisa que o trouxe à Massachusetts; Jimmy foi só um pretexto. Mas Sally acha
que aquele sentimento não é real. E se ele ficar, ela não vai saber se foi por
causa do feitiço, e ele não vai saber se foi porque ela não queria ir em cana.
Pois
é... Mas o problema é que, mesmo tendo posto todas essas cartas na mesa, nenhum
dos dois quer realmente largar o osso.
Tradução:
ele já entendeu que se ficar, pode ser atacado por um besouro dia desses, mas
não tá nem aí.
Enquanto
essa conversa acontecia no jardim, o fantasma de Jimmy voltava a possuir o
corpo de Gillian, e desta vez, ele não sai dela nem no tapa.
E
as tias escolheram bem esse momento, quando Sally está quebrando a cozinha em
cima da irmã possuída, para aparecer.
Não
estão nem perto, tia Frances. Mas três contra um, Sally e as tias conseguem
dominar Gillian e amarrá-la numa poltrona. Já viram no que dá brincar com a
magia, né, meninas?! Agora vão ter que expulsar esse cretino da Gillian, da
casa, e desse mundo.
Já
ficou claro desde o começo do filme, e mais precisamente desde a reunião na
escola, como as mulheres dessa cidade adoram
a Sally, né? E as Owens, de modo geral. Tirando aquelas duas que trabalham com
ela, quem mais ela poderia chamar?
Bem,
situações desesperadas pedem medidas desesperadas...
A
propósito, isso parece uma emergência para mim.
Ela
pode até não ser muito benquista, mas tem o telefone de metade das mães dessa
cidade, e pode ficar perturbando todas elas, que nem operadora ligando setecentas
vezes para oferecer o mesmo plano que você continua recusando – estratégia de
marketing elaborada por Debi & Lóide –, até alguma delas se dispor a
ajudar.
Para
surpresa de todos, a mulherada fica toda animada para ir à casa das Owens
participar dessa muvuca, e começam a ligar umas para as outras para reforçar o
convite, e se certificar de que ninguém falte a esse grande evento.
Sinal
de que não acontece muita coisa nessa cidade...
P. S.:
Não se esqueçam de levar uma vassoura, moças!
Tudo
combinado, Kylie e Antônia empurram a poltrona onde Gillian está amarrada para
a sala, deixando uma trilha de sapos para trás – essa bruxaria é do Jimmy.
Depois, acendem um monte de velas ao redor da casa, e aguardam a mulherada
chegar para a festa, enquanto as filhas de Sally colocam a sapaiada para fora,
para não espantar as visitas.
A
julgar pelo cheirinho de ovo podre com carniça, esse troço vai mantê-lo
desmaiado no túmulo até a próxima encarnação.
E
enquanto trabalham nas panelas, a mulherada aproveita para fofocar.
E
olha só quem chega na última hora para se juntar à festa: a velha coroca da escola!
Não
falei que essa mulherada era tudo recalcada? Só o que faltava para serem amigas
da Sally era um convite para conhecer a casa, expulsar um fantasma, participar
de uma bruxaria...
Mas
não se empolguem com essas vassouras, não, moças, porque hoje ninguém vai voar!
Só
o Jimmy que vai bater as asinhas.
Ou
melhor, pular num caldeirão fervendo! E não é o da tia Frances, não...
Bem,
vamos começar logo com esse exorcismo, porque já está ficando muito tarde.
Enquanto tia Frances e as mulheres do bairro preparavam o grude na cozinha, tia
Jet e Sally formaram um círculo de vassouras em volta de Gillian no chão da
sala. Porque nessa mitologia as vassouras funcionam como sal para aprisionar
fantasmas dentro de um círculo.
Tia
Jet instrui as mulheres a formarem o círculo, e segurar a vassoura na frente do
corpo, com o cabo encostando-se à palha que está ao lado, e repetir com elas o
mantra para expulsar o desgramado daquele corpo porque...
O
curioso, é que a mulherada vai se empolgando conforme vão recitando o mantra,
como se tivessem feito esse tipo de bruxaria a vida toda. A violência é tanta
que Sally começa a temer pela integridade física de Gillian, que está se
debatendo de dor no meio do círculo. Mas quando tenta defendê-la, a irmã, ainda
possuída, tenta partir para cima dela, e só não acerta o tapa porque o círculo
forma uma barreira, que a joga de volta no chão, como se tivesse batido numa
parede invisível.
Sally
então lembra à irmã da promessa que fizeram de morrer juntas, e sua hora ainda
não chegou.
Essa
conversa acaba dando uma ideia a Sally, que corre para pegar uma garrafa de
tequila, para chamar a atenção do fantasma. Mas só para balançar o doce na
frente da criança, e negá-lo em seguida.
A
isca funciona, pois quando Jimmy avança para lhe tomar a garrafa, aproveitando
a pequena brecha que abriram no círculo de vassouras, Sally agarra a mão de
Gillian, faz um corte em sua mão e outro na dela – como quando fizeram aquele
pacto de envelhecer juntas –, une suas mãos e se joga dentro do círculo.
Um
monte de cenas do passado começa a desfilar na tela, enquanto as mulheres
voltam a formar o círculo para expulsar o fantasma, lembrando-as de toda a
bagagem que essas irmãs compartilham:
Eis
que quando a luz emana do círculo, Jimmy deixa o corpo de Gillian com um
estrondo. As irmãs saem imediatamente do caminho para que o feitiço possa ser
completado.
Talvez,
mas primeiro você terá que sentar a frigideira na cabeça dele, depois trazê-lo
de volta à vida, deixar ele te possuir – no mau sentido –, e então chamar a
mulherada para fazer bagunça na sua casa.
Na
boa, é mão de obra demais. Não vale o esforço. Fica só no divórcio que é muito
mais prático.
E
só para garantir que desta vez o desgramado não vai mais sair do caldeirão do
tinhoso, elas o varrem até uma cova aberta no jardim, e despejam a poção
fedorenta que Frances preparou, para dissolver até o último pozinho do malacabado.
Agora,
sim, moças, já podem comemorar, porque é missão cumprida!
No
dia seguinte, enquanto a nova cova de Jimmy ainda está fumegando com o grude da
tia Frances – o troço é quente! Literalmente –, Gillian pega a correspondência
no portão e a leva para Sally, que está cuidando da horta. É um envelope
tamanho ofício, vindo diretamente do Arizona.
Morte
acidental... Com indícios de envenenamento... Anel saído diretamente da boca do
sapo... E nada disso chegou ao conhecimento da promotoria. Isso aí não é
feitiço, não, Sally; é amor verdadeiro!
Gillian
descarta o anel nas cinzas de Jimmy, enquanto Sally verifica se Gary não veio
junto dentro do envelope.
Ela
fez essa pergunta para a mulher que na primeira oportunidade fugiu da cidade
com um encanador... Para a mulher que achou que pudesse viver para sempre com
um cidadão agressivo, que ela precisava drogar para ter um pouco de sossego...
Para a mulher que não estava preocupada em soltar um Frankenstein no mundo, só
para escapar da cadeira elétrica... Para a mulher que... Bom, já deu para
entender.
A
propósito: eu acho que eu vi um gatinho fofinho! ♥
Own...
Já
que funcionou uma vez, Sally decide lançar outra folha ao vento para
buscar seu grande amor. Só esperamos que esse feitiço não demore outros vinte
anos para encontrar o Gary, porque o filme não pode durar tanto.
A
história então dá um salto à noite de Halloween, para cumprir aquela promessa
de que veríamos uma verdadeira manifestação das bruxas Owens saltando do
telhado e voando.
Só
não precisa matar o novo marido, não, tá, Sally!
E
enquanto fazem seu espetáculo, vestidas à caráter – de vestido preto, com os
tradicionais chapelões pontudos –, desta vez assistidas com entusiasmo pelos
moradores locais, que já não têm mais nem medo nem preconceito contra as Owens,
Sally resume as lições aprendidas com essa experiência.
As
três gerações de bruxas Owens abrem seus guarda-chuvas e saltam, planando do
telhado até pousarem no chão, diante da multidão, e, no caso de Sally, direto
para os braços de seu amado policial.
Ou até que a maldição os separe...
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