Minha Irmã Matou Um Cara... Duas Vezes!

em domingo, 25 de outubro de 2020


Seguindo com o nosso especial de Halloween, hoje eu quero falar sobre um dos meus filmes favoritos, protagonizado por duas das minhas atrizes favoritas. Da Magia à Sedução é uma linda comédia romântica, baseada no romance homônimo de Alice Hoffman, que fala sobre superstição.

Da Magia à Sedução conta a história de duas irmãs, Sally e Gillian Owens, mulheres de personalidades muito distintas, que pertencem a uma antiga e ilustre linhagem de bruxas americanas. Quando ainda eram crianças, as duas irmãs foram morar com suas tias, Frances e Jet, após a morte de seus pais. Sua mãe morrera de tristeza, depois que a maldição levou seu marido. Reza a lenda que qualquer homem que se atrever a amar uma Owens, viverá intensamente o seu amor, até que a morte o leve subitamente.

Tudo começou quando sua antepassada Maria, que era muito namoradeira, foi banida para a ilha, depois de ter escapado da forca graças ao seu maravilhoso dom. Maria estava grávida, e durante meses ela esperou que o homem que ela amava fosse buscá-la na ilha do estado de Massachusetts para onde ela fora exilada após escapar da execução, mas ele nunca apareceu. Decepcionada, ela lançou sobre si mesma um feitiço para nunca mais sentir a agonia do amor. Com o tempo, seu feitiço transformou-se numa maldição, que foi herdada por todas as suas descendentes.

Por temer a maldição, Sally estava decidida a nunca se apaixonar; Gillian, por outro lado, não via a hora de isso acontecer.

Depois de ver uma mulher da vizinhança ir até a casa de suas tias encomendar uma bruxaria para fazer o homem que ela amava deixar a esposa por ela, Sally criou um feitiço para garantir que nunca se apaixonaria. Ao menos, por nenhum homem que pudesse existir.


Alguns anos mais tarde, como já era esperado, Gillian se apaixonou por um homem que estava disposto a levá-la para longe, para algum lugar onde nunca ouviram falar das bruxas Owens, mas antes de partir, ela garantiu a Sally que aquilo não era um adeus definitivo; as duas envelheceriam juntas numa casa grande com um monte de gatos, e provavelmente morreriam no mesmo dia. Parece uma promessa estranha para alguém que estava prestes a partir para longe com o amor de sua vida, mas não se esqueçam de que sobre suas cabeças pairava uma maldição, que, inevitavelmente levaria aquele pobre rapaz para o túmulo num futuro próximo.

E selaram a promessa com um pacto de sangue que, nos nossos tempos, é um perigo.

Bem, Gillian não fica muito tempo com esse namorado. Aliás, nem com ele nem com nenhum outro, de acordo com as cartas que envia à irmã e às tias – cada uma enviada de um lugar diferente, noticiando o relacionamento com um homem diferente. Talvez seja sua maneira de estar sempre apaixonada e feliz, e ao mesmo tempo, evitar que a maldição se cumpra. Afinal, para acompanhar sua vida amorosa, essa maldição teria que viajar na garupa do Lewis Hamilton!

A vida também acabou tomando um rumo diferente do imaginado por Sally. Ela não queria, mas se apaixonou perdidamente por um entregador de frutas da região.

O casamento não demora para acontecer, e dessa união nasceram duas meninas: Kylie e Antônia. E agora as correspondências das irmãs estão muito mais animadas.


Bem, isso ela fala agora. Deixa ele mostrar as garras para ver se ela não é a primeira a querer meter a frigideira na cabeça dele.

Quando as coisas estão perfeitas demais, e o filme ainda está no começo, as pessoas podem desconfiar que já, já vai acontecer alguma coisa para azedar o cupcake.

No caso, Sally acordou um dia ouvindo o som do besouro, anunciando que sua felicidade com Michael estava com os minutos contados. A moça desmontou o piso da casa inteira tentando achar o maldito inseto agourento, mas não adiantou nada. Quando um bando de imbecicletados surgiram na rua...

Ele escapou por um triz! Os ciclistas passaram lambeeeeeeendo a trave. Mas...

E assim, Sally teve a felicidade arrancada de seus braços, concretizando os maiores temores de sua vida.

A casa caiu! Aparentemente, o romance teve um dedinho de suas tias alcoviteiras para acontecer, porém, Sally só descobriu isso quando o marido foi levado pela maldição. Como ela queria ter uma vida normal, as tias fizeram um feitiço para que Sally e Michael ficassem juntos. Elas só não imaginavam que Sally o amasse tanto.

Sally se recorda de ter visto um feitiço no livro das tias quando seus pais morreram, um feitiço capaz de ressuscitar os mortos, mas as tias não estavam dispostas a realizá-lo, pois Michael voltaria como uma coisa ruim e anormal.

Essa cena é de cortar o coração. Principalmente porque Sally nunca quis amar desse jeito, e a interferência das tias, embora tivessem boas intenções, acabou por trazer-lhe o sofrimento que a vida inteira ela tentou evitar.

Eventualmente, Sally acaba se convencendo de que suas tias têm razão, e que é melhor não mexer com forças que não conhecem. Afinal, ela pode querer ressuscitar seu amado e acabar com a Noite dos Mortos Vivos nas mãos. Ou caindo num episódio de The Walking Dead...

Então ela se muda com suas duas filhas para a casa das tias por uns tempos, mas não está disposta a permitir que sejam criadas com as mesmas liberdades que ela e Gillian: nada de bolo de chocolate no café da manhã, não deixarão de fazer os deveres de casa, e não vão fazer magia. Nunca.

Aqui entre nós: repararam como as gerações das Owens se repetem, sempre uma morena e uma ruiva.

Ok, Maria era morena. Acho que se voltarmos à cena de seu enforcamento, e virmos uma cabeça ruiva na plateia, saberemos quem era o pai de seu bebê... Já que essa também é uma história de bruxas, será um dos Weasleys?

Para poder visitar a irmã, Gillian dopa seu namorado, Jimmy Angelov, e dirige a noite toda rumo à ilha para onde esperava nunca mais voltar.

Sally aproveita a companhia para desabafar seu sofrimento, e contar que, antes de ficar viúva, ela e o marido planejavam abrir uma loja de produtos naturais: Michael arranjaria os ingredientes e Sally faria os produtos.

Isso lembra o condicionador de abacate, banana e água de coco da Sofia Clarke. Também parecia apetitoso para o desjejum. Chega a dar fome no cabelo.

Essa ideia da loja de Sally acaba saindo do papel pouco tempo depois.

E Gillian aproveita para contar que acredita ter finalmente encontrado um homem forte o bastante para sobreviver à maldição. O que ela não sabe ainda, é que não desejará por muito tempo que ele sobreviva.

Só para constar, o Drácula não era búlgaro. Tudo bem que a Romênia é vizinha da Bulgária, mas nem de longe é a mesma coisa.

Apesar de Gillian não ter uma vida amorosa exatamente regular, ela garante que desta vez é pra valer, que esse é pra casar. O único inconveniente é que ele gosta de mantê-la a noite toda acordada.

Só graças à beladona, ela consegue dormir um pouquinho.

São duas bruxas, sobre as quais paira uma maldição de família, e a única coisa estranha é Gillian drogar o namorado para ter um pouquinho de sossego. Ok...

Bem, depois de dar seu apoio moral à irmã para deixar o luto para trás, Gillian volta para o Arizona, e para o Jimmy, e Sally decide seguir adiante com o plano de abrir sua loja de produtos naturais. Fica subentendido que ela deve ter achado outro fornecedor de matéria-prima. E logo depois da inauguração, Sally se vê obrigada a apartar uma treta das filhas com a molecada da escola na calçada, pois elas estão sendo zoadas por serem bruxas.

Aqui entre nós: que tipo de retardado mental fica provocando uma pessoa que pode simplesmente erguer a mão e fazê-lo desenvolver uma doença... ou um rabo de porco nas orelhas... ou transformá-lo em torcedor do São Caetano...?

Sally tenta dizer que Kylie estava só brincando, mas agora a mãe do moleque resolveu aparecer para afastá-lo das bruxinhas. Onde é que ela estava quando ele estava provocando a confusão? É impressionante como, seja na vida real, seja em filme, as mães de crianças atentadas só aparecem depois que a merda está feita.

Cá entre nós: todo mundo que pratica bullying merecia cair nas mãos de uma bruxa – ou da Carrie, a estranha – ao menos uma vez na vida, para largar de ser besta!

Sally repreende a filha por ter amaldiçoado o garoto, argumentando que a magia não é brinquedo, mas Kylie desconta sua raiva no fato de que a mãe gosta de fingir que não tem poderes só para agradar essa gentalha.

Naquela noite, as meninas perguntam às tias se sua mãe sempre foi assim, ou se ficou azeda só depois que o pai delas morreu. E aproveitam para tentar saber mais sobre a maldição da família. Mas Sally chega bem nesse momento para acabar com a festa, e pedir que as tias não fiquem enchendo a cabeça das meninas com essas bobagens.

Até aqui, Sally parece mostrar os traços da personalidade ranzinza e amarga do livro, mas isso é só porque ela ainda não superou a morte de Michael. Já, já aparece uma crise para ela resolver, e então o carisma de Sandra Bullock florescerá.

Ok, ok! Sally Owens confessa: eu me apaixonei uma vez e gostei da brincadeira! Quero repetir a dose! O mundo realmente dá voltas...

O problema é que, nessa altura dos acontecimentos, ela não acredita que possa ainda ter outra chance de felicidade.

Assim que coloca a carta no correio, Sally ouve o telefone tocar, já com a certeza de que é sua irmã com a crise que eu prometi agora a pouco.

Acontece que Jimmy, o namorado perfeito que Gillian tinha certeza de que poderia sobreviver à maldição, acaba de dar defeito, fazendo-a fugir e se esconder num motel barato no meio da noite, e agora ela precisa que a irmã vá socorrê-la.

É uma referência gratuita às tradições das bruxas como servas da natureza, que ficará perdida nessa história, mas mantive apenas a título de curiosidade. Sobretudo porque isso levanta a hipótese de que as Owens não fossem as únicas bruxas em Massachusetts.

Sally encontra Gillian escondida e assustada no motel, embora ela garanta que está bem, apesar do olho roxo.

Só para esclarecer, estão falando de uma rosquinha, mesmo! Aparentemente, as lanchonetes americanas não estão preparadas para atender aos caprichos dos clientes mais esquisitos.

A propósito, taí um cara que merecia ter o dedo da Kylie apontado na cara. Mas em vez de catapora, ela devia rogar hemorroida. Ou sarna. Melhor ainda: cólica menstrual! Só para o desgraçado ver o que é bom pra tosse.

E nesse momento, Gillian se assusta ao ver a lua coberta de sangue, e decide procurar seu olho de tigre no carro de Jimmy, para se proteger do azar. E, para seu azar, era justamente lá que o cretino a esperava.

No caminho, o maníaco psicopata decide conversar com Sally sobre literatura, comentando a obra de seu autor favorito.

Fascinante. Mas, Jimmy, o que nós temos a ver com isso?

Bem, não se esqueçam que Jimmy é um lunático – e provavelmente um assassino em série –, e quando chega nessa parte, ele tenta imprimir a marca de seu anel, que ele foi aquecendo com o isqueiro enquanto resumia a obra de Louis L’Amour, no pé de Gillian, como se ela fosse uma vaca. Daí Sally larga a direção para bater nele, quase provocando um acidente.

Sim, Sally sabe que não se deve usar o celular e nem beber enquanto dirige, mas Gillian tinha dado um jeito de sinalizar que a beladona estava em sua bolsa, e Sally decidiu usá-la para escapar do maluco.

Chega uma hora em que o desgraçado tem que parar para tirar a tequila do joelho, mas não sem antes confiscar a chave do veículo para que as moças não fujam, enquanto ele desafina o melhor do repertório de Elvis Presley.

Ao retornar, Jimmy está mais calminho e bem humorado, e até tenta se desculpar com Gillian... Um segundo antes de tentar estrangulá-la enquanto a pede em casamento.

Que, aliás, é o que acontece em seguida, quando Sally começa a bater nele pelas costas, tentando tirá-lo de cima de sua irmã, até que ele fica inconsciente.

Xi... Esse aí o capeta já levou. Gillian tenta reanimá-lo com respiração boca a boca, mas sem sucesso.

No livro, tia Jet chegou à conclusão de que a dosagem de beladona administrada por Gillian não mataria um ser humano do tamanho de Jimmy nem em um milhão de anos. Mas no filme, a droga foi, com certeza a responsável pela morte dele. Bem, isso, ou tê-la misturado com tequila.

E é por isso que dizem para não misturar álcool com remédio.

Quando nada dá certo, Gillian começa a rezar, prometendo ser boazinha se conseguir sair dessa confusão sem ser pelo corredor da morte. E Sally aproveita para descarregar o fato de que sua vida nunca mais será normal depois disso.

Eu, no corredor da morte, comeria bacon e batata frita em toda refeição. Isto é, se houver essa opção no cardápio...

De repente, Gillian começa a se lembrar da conversa que teve com Sally quando foi consolá-la por sua viuvez, e da cena comovente que a irmã protagonizou com as tias no começo do filme.

Gosto do senso prático da Gillian. Ele nos rendeu um dos melhores filmes da minha videoteca.

Sally tenta dissuadi-la dessa ideia estapafúrdia, mas Gillian continua firme no plano de ressuscitar o namorado agressivo.

Pensa bem, Gillian! O cara tá lá tranquilinho no quinto dos infernos... Você vai mesmo querer trazê-lo de volta para te atormentar a vida?

E vai piorar, moça, esteja certa disso!

Mas, enfim...

Gillian está irredutível, portanto, Sally prepara o ritual de ressuscitação. O básico, sabe: queimar umas ervas, desenhar um pentagrama de chantilly no peito do cara, peidar pela boca, enfiar agulhas nos olhos do defunto, e recitar um feitiço rimado.

E então...

Fica aqui a dica: se seu cônjuge é agressivo, e de alguma forma ele empacotar, deixa o diabo levar! Não mexe em time que está ganhando. É sempre melhor deixar a vida – e a morte, nesse caso – seguir seu curso.

Lá vem a Sally de novo para sentar uma frigideirada na cabeça do dito cujo, matando-o pela segunda vez em menos de dez minutos de filme.

Assim sendo, melhor se livrar logo do corpo e deixa isso pra lá.

Depois disso, é só agir como se nada tivesse acontecido.

No dia seguinte, quando as tias chegam em casa, ficam felizes ao ver Gillian; e, ao notar o hematoma em seu rosto, garantem que o cretino que fez isso terá o que merece.

E como está sem rumo na vida, Gillian decide ajudar Sally em sua loja recém-inaugurada. Mas a princípio, a única coisa que a vemos fazer é testar a mercadoria.

Bem, Sally não está em seu melhor humor, mas agora é perdoável. Afinal, ela acabou de matar um cara – duas vezes! –, dirigiu a noite inteira da baixa da égua até em casa, mal teve tempo de dormir depois de enterrar o desgramado no quintal, e, para piorar, tem uma reunião na escola das filhas.

Hoje não é o dia dela...

Mas Gillian vai dar um jeitinho nisso, pois as mulheres que trabalham com Sally já contaram toda a fofoca: hoje as mães vão sortear a árvore telefone, um serviço entre os pais dos alunos, que consiste em ligar de uma mãe para a outra sempre que houver uma emergência, para que a escolhida da classe soe o alarme.

Aqui entre nós: se é uma emergência, não seria mais lógico a primeira pessoa que notou soar pessoalmente o alarme? É uma emergência, gente! Vão ficar perdendo tempo fofocando no telefone?

E Sally está chateada porque nunca é escolhida, pois todos sabem que ela é uma bru... diferente.

Então Gillian vai até a escola dar apoio moral à sua irmã mais velha.

Admito, eu amo essa cena! Porque Gillian sempre foi popular entre os homens da cidade – que nem a Maria, sabe? –, e sempre foi hostilizada por esse bando de baranga recalcada por ser a mais bela de todas. E provavelmente por estar sempre nas fantasias dos maridos delas.

Foi só ela aparecer para a mulherada deixar o motivo da reunião de lado, e começar a fofocar sobre a recém-chegada Srta. Owens.

Essa fofoca ficou meio perdida no meio do filme, pois Gillian tinha acabado de voltar à cidade depois de muito tempo, mas no livro, ela se envolveu com um dos professores de suas sobrinhas após a morte de Jimmy. Deve ter sido daí que surgiu esse comentário. Mas no filme, Gillian era uma personagem tão forte que não carecia de um romance para roubar a cena.

E, convenhamos, o roteiro não tinha nem tempo para desenvolver isso na trama. Humanizar Sally era muito mais importante do que dar um novo rumo à vida amorosa de Gillian. Até porque, a vida amorosa que se recusava a desapegar dela foi o que movimentou a trama até o final do filme.

Mas sua presença foi fundamental para provocar uma reviravolta na votação escolar, presidida por ninguém menos do que a velha coroca cujo filho foi cataporado pela Kylie – mais uma razão para ela não ir com a cara da Sally.

Tomem, trouxas! Fica provocando gente poderosa, é nisso que dá.

Naquela noite, para comemorar a ascensão monumental de Sally na reunião, as tias preparam margaritas...

Para fofocar a noite inteira sobre a vida amorosa das sobrinhas, enquanto enchem a cara.

É assim que bruxas ociosas se divertem no meio da semana...

Ah, se todas as tias fossem legais assim...

E depois de dar muitas risadas, tia Frances e tia Jet estão tão altas que começam a cantar um dueto: a favorita de Jimmy, de Elvis Presley.

Eu disse Elvis Presley! Não Elza Soares!

Desculpem, a confusão. O editor das fotos – que, por acaso, sou eu – aproveitou a manguaça das Owens para tomar um negocinho também, e ficou alterado.

E é aí que as irmãs finalmente prestam atenção na garrafa que estiveram secando a noite toda: a tequila envenenada que Sally usara para matar Jimmy.

E a prova definitiva de que o veneno não era letal é que todas elas beberam muito mais do que ele, e ninguém passou mal.

Assustada, Gillian espatifa a garrafa na pia, ligando o desconfiômetro das tias. E suas suspeitas se confirmam ao ouvir o som da vassoura caindo. E numa casa de bruxas, isso é sinal de que terão companhia.

Aqui em casa, o único sinal que a vassoura dá é que está na hora da visita ralar peito, quando ela aparece virada de ponta-cabeça atrás da porta. Não é simpatia, não, é grosseria, mesmo!

Mas as irmãs não fazem a menor questão de explicar o motivo dessa tensão, então as tias decidem lhes dar uma lição: fazem as malas, e viajam, deixando-as sozinhas para resolver qualquer que seja a encrenca sobrenatural na qual se envolveram.

Porque senão essa molecada não aprende. Se cada vez que alguém trouxer uma assombração para dentro de casa, as tias forem lá acabar com a dita cuja, elas não vão parar de se encrencar. Então, deixa o pau quebrar, porque o medo é um excelente professor!

E a assombração em breve será o menor dos problemas delas, podem acreditar.

Para garantir que isso não respingará nas filhas de Sally, as tias colocam um pedaço da corda da forca de Maria no pescoço delas, para protegê-las.

Aqui entre nós: só eu acho perigoso deixar duas crianças dormirem com um colar de corda na garganta?

Enfim... Elas devem saber o que estão fazendo. Ou assim esperamos...

No dia seguinte, como era de se esperar, as Owens amanhecem com uma baita de uma ressaca, e nem se incomodam com aquele colar de corda horroroso no pescoço das meninas. Afinal, se a garrafa de um defunto apareceu na casa naquela noite, qualquer amuleto que mantenha as garotas longe dessa confusão, por mais esquisito – ou perigoso – que seja, é muito bem-vindo.

Embaixo da roseira... Exatamente onde vocês enterraram o presunto. E repararam como ele tem adubado bem essas rosas? Estão crescendo rápido que é uma beleza! Se continuarem assim, Sally terá matéria-prima para fazer perfume para abastecer a demanda da Chanel!

Porém, só Kylie é capaz de ver o sujeito sentado ali, vigiando a casa. E para piorar, as tias pegaram as vassouras e levantaram voo. Ou seja: se virem!

Gillian tenta destruir a roseira na porrada, e fica furiosa por perceber que Jimmy está fazendo a planta crescer só para atormentá-las. E, nesse momento, elas reparam que as botas dele estão aparecendo acima da terra.

Vendo como a irmã está perturbada, Sally a manda ficar dentro da casa com as meninas, enquanto ela mete a tesoura na roseira.

Calma, Sally... O cara só despencou do Arizona até Massachusetts – uns quatro mil quilômetros, mais ou menos – para falar com a sua irmã... É... Provavelmente, ferrou, mesmo...

Só para constar: ele ainda não mencionou o nome do Jimmy. Só disse que Gillian podia ter informações sobre o caso em que ele está trabalhando. Só porque o cara veio do Arizona, não significa que ele esteja procurando o presunto que vocês enterraram no jardim. Vai ver, alguém bateu no vendedor de rosquinhas, e ele quer saber da sua irmã se pode ter sido por causa da qualidade da geleia...

O que se deve vestir para um interrogatório e provável acusação de assassinato?

Já vi que é melhor o Sr. Hallet não perguntar nada a essa Owens aí, porque a Sally está dando mais bandeira que a moça que dá a largada na Fórmula 1!

E ela já o pega lá em baixo, fuçando na estufa, investigando suas ervas.

Neste momento Gillian aparece, com um vestido escolhido especialmente para tirar a concentração do policial, que finalmente revela a que veio, confirmando as suspeitas de Sally: sim, ele está atrás do namorado da Gillian.

Gillian está flertando descaradamente com o detetive. E aproveita que ele parece simpático para ler sua mão.

Resumindo, Sr. Hallet: Jimmy bateu nela, e não o viram mais depois disso. Isso foi uns três dias atrás. E o pior é que isso nem é mentira. Apenas, por acaso, elas omitiram o complemento da frase: "não o vimos mais, desde que o enterramos no jardim".

Sabe como é; briguinha de casal...

Mas o carro que está lá na entrada é mesmo do Jimmy, e Sally confessa imediatamente que o roubaram.

É melhor a Gillian dar um jeito de afastar esse policial de sua irmã, antes que a Sally conte o que o defunto estava vestindo quando o enterraram.

Felizmente, Hallet tem um peixe maior para pegar que duas bruxinhas assustadas.

Esse era o verdadeiro Jimmy Angelov: um assassino de mulheres, violento e psicopata. E as duas aí estavam com remorso por terem despachado o dito cujo pro Além. Amigas, tenham pena das baratas, que não têm culpa de serem nojentas.

Mas prestem atenção nesse cara, porque, antes de mandar rebocar o carro de Angelov, Gary Hallet recolherá um pouquinho de beladona que Sally deixou cair fora da garrafa no banco do motorista.

Bem, Angelov podia não valer a merda que cagava, mas até onde se sabe, ele está desaparecido, e o dever de Hallet é investigar. E, infelizmente, as irmãs Owens são sua única pista do paradeiro dele, então, hora de ouvir fofocas pela cidade.

Só para constar: a velhinha da cadeira de rodas foi colega de classe de uma das tias Owens, e só está falando mal delas por raiva porque elas não compartilharam as tais balinhas milagrosas. Inveja mata, tá, fia! Só para você saber...

Para constar n° 2: Quando se zangam com motivo, né, não, garoto? Palhaço gozador duma figa...

Para constar n° 3: Oh, velha coroca, se você educasse melhor o seu filho, ele não estaria com catapora, e você não precisaria sair inventando que as moças mataram o “grande erro”.

Se bem que elas mataram, mesmo, mas isso não é da conta de ninguém que esteja participando da fofoca.

Mas, calma, porque nem todo mundo nessa cidade fala mal das moças. Tem gente neutra também.

O que ela faz é fabricar xampu, condicionador, óleo de banho e loções que fazem crescer cabelo nos lugares mais inesperados. E está de saco cheio de ver seu nome na boca do povo – mais do que de costume. E mesmo sem ser bruxa, ninguém iria gostar que a vizinhança inteira soubesse que ela é alvo de uma investigação. Mesmo que a vítima não valesse todo esse transtorno...

Como a história que elas contaram não está batendo, o detetive pede para conversar com Sally no dia seguinte, pela manhã, em sua casa. E saber que terão um convidado tão ilustre para o café da manhã, inspira Gillian a preparar uma calda especial para as panquecas. Receita extraída diretamente do livro de feitiços das tias.

E não há nada pior para duas assassinas principiantes do que ter um detetive vivendo sob o mesmo teto.

Só que nesse momento, Kylie encontra, entre os livros que Gillian separou, um caderno antigo escrito com a caligrafia de Sally. Exatamente o caderno onde Sally escreveu o feitiço que realizou na infância, desejando nunca se apaixonar.

Isso dito por uma menina que nem parece uma versão mirim da Gillian... Só escuta um conselho de amiga, Kylie: fique longe dos Jimmys da vida!

Hora de Gillian bancar a tia fofa, que explica para a sobrinha como é se sentir apaixonada, de uma forma muito romântica e muito bonitinha.

Own, ceninha fofa!

Ding-Dong, galera! O policial chegou! Hora de vestir as verrugas e os chapéus pontudos, e botar o infeliz para correr a vassouradas.

Antônia abre a porta e o deixa entrar, toda animada porque ele veio “para o café da manhã”. A caçulinha estava interessada em ver a poção de Gillian em ação, e corre para apressar a tia.

Enquanto isso, Hallet dá outra bisbilhotada na estufa das Owens, encontrando uma amostra interessante.

Pois é, Sally, ele descobriu. Mas, felizmente, não foi o que você pensou.

Menos, Sally, bem menos... Porque ele pode não entender a ironia. Ainda mais com a cidade inteira dizendo que vocês fazem balas de placenta e que são adoradoras do diabo, embora ela garanta que não faça nada disso. Sua bruxaria consiste naquele monte de frascos que ele viu na loja dela, e nada daquilo mata.

A não ser que numa das prateleiras ele encontre um inseticida. Mas isso aí é outra história...

Menos aquela colherzinha que você viu mexendo o café dela sozinha lá na loja. Aquilo é bruxaria, mesmo!

E vamos logo ao que interessa, porque você está fazendo a moça perder tempo.

A julgar pela cara do Gary, ele ficou pensando se ela estava falando sério, ou só tirando uma com a cara dele.

Como não vai conseguir nada com essa irmã na estufa, ele decide colaborar com o café da manhã virando pessoalmente as panquecas, e seu talento para fazer malabarismos com a massa – e o fato de estar cantarolando junto com Sally a mesma canção –, liga o radar de Antônia, que corre para contar sua descoberta à irmã.

Atenção Tico e Teco na cabeça da Gillian: acordem! Ele vira panquecas no ar... Cantarola a mesma canção que a Sally... Tem que prestar atenção nos sinais, ou pode acabar dando um susto no homem da vida dela! Se liga!

Sally arruma a mesa do jardim para o café da manhã, e Kylie aproveita para fazer o checklist com Hallet, enquanto a mãe distribui os guardanapos.

Já são pelo menos quatro em sete. As probabilidades estão a favor dele. E essa constatação leva as filhas de Sally a confiscarem a calda com a poção que Gillian preparou, e atirá-la no mar para evitar que o policial bata em retirada.

Só que bem nesse momento, um sapo que estava sentado sobre uma pedra, resolve regurgitar um brinde para eles: o anel de Jimmy Angelov.

Meninas, é melhor arranjar um bom advogado, porque vocês estão mais ferradas do que nunca!

E é melhor ele nem querer saber o que havia na calda...

Enquanto Gillian tenta manter a cabeça fria, lembrando-se de que sem corpo não há crime, portanto, se mantiverem a história, será difícil para o policial provar que estão envolvidas em alguma coisa – afinal, o carro de Angelov dormiu em seu quintal durante três dias; aquele sapo pode muito bem ter arrombado a janela, invadido o veículo, e engolido o anel junto com o toca-fitas –, Sally está cada vez mais convicta de que devem contar a verdade ao policial e encarar as consequências.

E essa divergência de opiniões leva as duas irmãs a trocar farpas e vassouradas na cozinha.

Sally vai atrás de Hallet, sob os protestos de Gillian, e confirma que aquele era o anel de Jimmy. Então ela acompanha o detetive até o motel onde ele está hospedado, e observa que a carta que ela escreveu para Gillian está no meio da bagunça na cama dele; sinal de que ele a leu muitas vezes.

Mas, sabe como é, né? Ele é detetive, e tem que estudar muito bem todas as evidências, embora ela não faça ideia de que tipo de provas ele pode ter obtido numa carta em que ela basicamente desabafou suas frustrações com a irmã. O nome de Jimmy sequer foi mencionado.

Já o seu depoimento...

Se o cara fosse um pai de família... Ou um cachorrinho... Dava para entender o alvoroço. Mas ele era um assassino psicótico! Abre uma champanhe e deixa isso quieto.

Afinal, se ele fosse a julgamento, iria para a cadeira elétrica de qualquer modo. No frigir dos ovos, Sally encurtou o caminho dele até a sentença, economizou muitos milhares de dólares que o Estado gastaria com o julgamento e a manutenção de Jimmy na cadeia até que a pena fosse executada, e poupou o estado do Arizona de muita desordem. Deem uma comenda para a moça, e caso encerrado!

Mas, segundo Gary, ela deveria mesmo arranjar um advogado antes de continuar.

E como ela pagou pelo conselho?

Esquenta, não, criançada, porque a Sally é mais puritana que a Madre Superiora, e vai já jogar um balde de água fria no Hallet.

Aliás, é provável que ele tenha jogado um balde de água fria no fogo dela, só com um olhar fatal.

Espere aí, deixa eu refazer o checklist:

*  Ele ouvirá o meu chamado à distância – a carta da Sally que ele leu um milhão de vezes. CONFERE.

*  Assobiará minha canção favorita – cantarolar também é válido, então CONFERE.

*  Montará um pônei ao contrário – e também de frente e de lado. CONFERE.

*  Ele sabe virar panquecas no ar – com várias piruetas. CONFERE.

*  Será muito bondoso – ele ainda não prendeu nenhuma de vocês duas, embora tivesse fortes indícios para isso, então CONFERE.

*  Sua forma favorita é a de uma estrela – ele é detetive, então CONFERE.

*  E terá um olho verde e um azul – CONFERE.

Oh-oh... Sally, acho que o seu amor verdadeiro acaba de te encontrar. Contrariando a sua teoria, o homem dos seus sonhos existe, sim, e se chama Gary Hallet! E se não tomar cuidado, ele vai colocar você ou sua irmã na cadeia. Ou ambas, provavelmente.

Essa revelação fez Sally fugir da raia, deixando o Gary esbaforido para trás, e retornar correndo à casa das tias. Sobretudo depois de ouvir os chamados desesperados das filhas e da Gillian, trazidos pelo vento.

Lembra que a Sally falou que o Jimmy as estava assombrando? Surpresa! Você acabou de encontrar o homem que estava procurando. Mas acho que não vai conseguir prender as algemas com ele nesse estado.

Já o toque dele, por outro lado, pode ser bem doloroso.

Doloroso para ambos: para o Gary por ter uma mão fantasmagórica literalmente apertando seu coração, e para Jimmy porque desenvolveu pela estrela do distintivo a mesma alergia que os vampiros têm do crucifixo.

Já que é assim...

Não pergunte, Gary, porque se a Sally tiver que explicar o que aconteceu, essa conversa vai ser bem longa.

Opa! Vai com calma aí, moça, que isso é informação demais até para um policial acompanhar. Ele está acostumado a prender criminosos, mas nesse caso, fica difícil determinar quem é que ele tem que prender, porque, primeiro, elas atacaram Jimmy em legítima defesa – tudo bem que houve um envenenamento acidental, mas isso não vem ao caso –; depois elas tentaram desfazer a cagada, trazendo-o de volta à vida com um feitiço; mas aí o sujeito também não fez por onde aliviar a barra, tentando matar a Gillian mais uma vez, o que forçou Sally a, de novo, matá-lo em defesa da irmã; e mesmo depois disso, ele continua a atacá-las na forma de fantasma...

Na boa, se alguém tem que ser preso nessa história, morto ou vivo, é o Jimmy!

E ainda tem toda essa história de bruxaria, e o fato de Sally tê-lo invocado ainda na pré-adolescência, e constatado agora que ele era o homem dos seus sonhos que ela supôs que não pudesse existir...

Oh, historinha enrolada!

E afinal de contas, o cara existe. E foi sua carta, mais do que qualquer outra coisa que o trouxe à Massachusetts; Jimmy foi só um pretexto. Mas Sally acha que aquele sentimento não é real. E se ele ficar, ela não vai saber se foi por causa do feitiço, e ele não vai saber se foi porque ela não queria ir em cana.

Pois é... Mas o problema é que, mesmo tendo posto todas essas cartas na mesa, nenhum dos dois quer realmente largar o osso.

Tradução: ele já entendeu que se ficar, pode ser atacado por um besouro dia desses, mas não tá nem aí.

Enquanto essa conversa acontecia no jardim, o fantasma de Jimmy voltava a possuir o corpo de Gillian, e desta vez, ele não sai dela nem no tapa.

E as tias escolheram bem esse momento, quando Sally está quebrando a cozinha em cima da irmã possuída, para aparecer.

Não estão nem perto, tia Frances. Mas três contra um, Sally e as tias conseguem dominar Gillian e amarrá-la numa poltrona. Já viram no que dá brincar com a magia, né, meninas?! Agora vão ter que expulsar esse cretino da Gillian, da casa, e desse mundo.

Já ficou claro desde o começo do filme, e mais precisamente desde a reunião na escola, como as mulheres dessa cidade adoram a Sally, né? E as Owens, de modo geral. Tirando aquelas duas que trabalham com ela, quem mais ela poderia chamar?

Bem, situações desesperadas pedem medidas desesperadas...

A propósito, isso parece uma emergência para mim.

Ela pode até não ser muito benquista, mas tem o telefone de metade das mães dessa cidade, e pode ficar perturbando todas elas, que nem operadora ligando setecentas vezes para oferecer o mesmo plano que você continua recusando – estratégia de marketing elaborada por Debi & Lóide –, até alguma delas se dispor a ajudar.

Para surpresa de todos, a mulherada fica toda animada para ir à casa das Owens participar dessa muvuca, e começam a ligar umas para as outras para reforçar o convite, e se certificar de que ninguém falte a esse grande evento.

Sinal de que não acontece muita coisa nessa cidade...

P. S.: Não se esqueçam de levar uma vassoura, moças!

Tudo combinado, Kylie e Antônia empurram a poltrona onde Gillian está amarrada para a sala, deixando uma trilha de sapos para trás – essa bruxaria é do Jimmy. Depois, acendem um monte de velas ao redor da casa, e aguardam a mulherada chegar para a festa, enquanto as filhas de Sally colocam a sapaiada para fora, para não espantar as visitas.

A julgar pelo cheirinho de ovo podre com carniça, esse troço vai mantê-lo desmaiado no túmulo até a próxima encarnação.

E enquanto trabalham nas panelas, a mulherada aproveita para fofocar.

E olha só quem chega na última hora para se juntar à festa: a velha coroca da escola!

Não falei que essa mulherada era tudo recalcada? Só o que faltava para serem amigas da Sally era um convite para conhecer a casa, expulsar um fantasma, participar de uma bruxaria...

Mas não se empolguem com essas vassouras, não, moças, porque hoje ninguém vai voar!

Só o Jimmy que vai bater as asinhas.

Ou melhor, pular num caldeirão fervendo! E não é o da tia Frances, não...

Bem, vamos começar logo com esse exorcismo, porque já está ficando muito tarde. Enquanto tia Frances e as mulheres do bairro preparavam o grude na cozinha, tia Jet e Sally formaram um círculo de vassouras em volta de Gillian no chão da sala. Porque nessa mitologia as vassouras funcionam como sal para aprisionar fantasmas dentro de um círculo.

Tia Jet instrui as mulheres a formarem o círculo, e segurar a vassoura na frente do corpo, com o cabo encostando-se à palha que está ao lado, e repetir com elas o mantra para expulsar o desgramado daquele corpo porque...

O curioso, é que a mulherada vai se empolgando conforme vão recitando o mantra, como se tivessem feito esse tipo de bruxaria a vida toda. A violência é tanta que Sally começa a temer pela integridade física de Gillian, que está se debatendo de dor no meio do círculo. Mas quando tenta defendê-la, a irmã, ainda possuída, tenta partir para cima dela, e só não acerta o tapa porque o círculo forma uma barreira, que a joga de volta no chão, como se tivesse batido numa parede invisível.

Sally então lembra à irmã da promessa que fizeram de morrer juntas, e sua hora ainda não chegou.

Essa conversa acaba dando uma ideia a Sally, que corre para pegar uma garrafa de tequila, para chamar a atenção do fantasma. Mas só para balançar o doce na frente da criança, e negá-lo em seguida.

A isca funciona, pois quando Jimmy avança para lhe tomar a garrafa, aproveitando a pequena brecha que abriram no círculo de vassouras, Sally agarra a mão de Gillian, faz um corte em sua mão e outro na dela – como quando fizeram aquele pacto de envelhecer juntas –, une suas mãos e se joga dentro do círculo.

Um monte de cenas do passado começa a desfilar na tela, enquanto as mulheres voltam a formar o círculo para expulsar o fantasma, lembrando-as de toda a bagagem que essas irmãs compartilham:

Eis que quando a luz emana do círculo, Jimmy deixa o corpo de Gillian com um estrondo. As irmãs saem imediatamente do caminho para que o feitiço possa ser completado.

Talvez, mas primeiro você terá que sentar a frigideira na cabeça dele, depois trazê-lo de volta à vida, deixar ele te possuir – no mau sentido –, e então chamar a mulherada para fazer bagunça na sua casa.

Na boa, é mão de obra demais. Não vale o esforço. Fica só no divórcio que é muito mais prático.

E só para garantir que desta vez o desgramado não vai mais sair do caldeirão do tinhoso, elas o varrem até uma cova aberta no jardim, e despejam a poção fedorenta que Frances preparou, para dissolver até o último pozinho do malacabado.

Agora, sim, moças, já podem comemorar, porque é missão cumprida!

No dia seguinte, enquanto a nova cova de Jimmy ainda está fumegando com o grude da tia Frances – o troço é quente! Literalmente –, Gillian pega a correspondência no portão e a leva para Sally, que está cuidando da horta. É um envelope tamanho ofício, vindo diretamente do Arizona.

Morte acidental... Com indícios de envenenamento... Anel saído diretamente da boca do sapo... E nada disso chegou ao conhecimento da promotoria. Isso aí não é feitiço, não, Sally; é amor verdadeiro!

Gillian descarta o anel nas cinzas de Jimmy, enquanto Sally verifica se Gary não veio junto dentro do envelope.

Ela fez essa pergunta para a mulher que na primeira oportunidade fugiu da cidade com um encanador... Para a mulher que achou que pudesse viver para sempre com um cidadão agressivo, que ela precisava drogar para ter um pouco de sossego... Para a mulher que não estava preocupada em soltar um Frankenstein no mundo, só para escapar da cadeira elétrica... Para a mulher que... Bom, já deu para entender.

A propósito: eu acho que eu vi um gatinho fofinho! Own...

Já que funcionou uma vez, Sally decide lançar outra folha ao vento para buscar seu grande amor. Só esperamos que esse feitiço não demore outros vinte anos para encontrar o Gary, porque o filme não pode durar tanto.

A história então dá um salto à noite de Halloween, para cumprir aquela promessa de que veríamos uma verdadeira manifestação das bruxas Owens saltando do telhado e voando.

Só não precisa matar o novo marido, não, tá, Sally!

E enquanto fazem seu espetáculo, vestidas à caráter – de vestido preto, com os tradicionais chapelões pontudos –, desta vez assistidas com entusiasmo pelos moradores locais, que já não têm mais nem medo nem preconceito contra as Owens, Sally resume as lições aprendidas com essa experiência.

As três gerações de bruxas Owens abrem seus guarda-chuvas e saltam, planando do telhado até pousarem no chão, diante da multidão, e, no caso de Sally, direto para os braços de seu amado policial.

Ou até que a maldição os separe...


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