A
diversão nunca para no Halloween do Admirável Mundo Inventado. Hoje vamos
relembrar uma série produzida pelo SBT entre 1999 e 2000, protagonizada por uma
típica caipira de Pau Grande (interior de Minas Gerais). A personagem, vivida
por Gorete Milagres, muito nos divertiu com sua inocência nas duas temporadas
do humorístico “Ô Coitado!”.
Esse
episódio provavelmente foi produzido para divulgar o espetáculo “Acredite! Um
Espírito Baixou Em Mim”, mas, sabe-se lá porque razão, quando foi reprisado
pelo SBT em 2014, teve o título alterado para “O Fantasma Alegre”. Algum problema
com os royalties, imagino.
Aqui
vamos manter o título original da peça. Assim sendo...
Bem,
tudo começou no quartinho de empregada que Filó ocupava na casa de Steve
Formoso, um cantor brega (interpretado por Moacyr Franco) que estava
desaparecido àquela altura do seriado. Chovia à cântaros naquela noite, e Filó
não estava conseguindo dormir, com medo da tempestade. Por isso decidiu rezar
um pouco para ver se conseguia se acalmar. Principalmente depois de ouvir o som
horrível de um acidente de carro na rua em frente à casa.
Olha
o perigo de se ficar invocando anjo no meio de uma tempestade, principalmente
perto do local onde alguém “fez a passagem” – ou melhor não fez a passagem. Não
demora muito, e um fantasma simpático, todo trabalhado na purpurina aparece ao
lado dela no quartinho. E quem é o primeiro a se assustar com uma assombração?
Pois
é... O coitado do fantasma, desavisado de sua nova condição, acabou se
assustando com a Filó! Ok, ela não é bonita, mas não exagere, Lolô! Não
exagere...
Acontece
que Lolô, o são-paulin... digo, o fantasma, estava vindo de uma festa de
arromba, provavelmente bebeu algo que o bafômetro não aprovaria, errou o pé no
acelerador, derrapou numa curva e acabou perdendo a cabeça... Literalmente!
E
foi esse momento que o Anjo que Filó estava chamando em sua oração escolheu
para aparecer em cena.
Hum...
Pelo visto, essa festa já começou – ou terminou – com um bafão! E as notícias
ainda vão piorar. Melhor você se sentar, Lolô...
Eu
falei que era melhor você sentar, Lolô... Oh, seu Anjo, esse tipo de notícia,
você tem que dar aos poucos, querido! Se bem que não deve ter um jeito adequado
de dar uma notícia dessas para uma criatura tão cheia de vida como a Lolô,
coitada! Morrer assim, na flor da idade, cheia de sonhos, com tantos bofes para
paquerar... Digo, tanta vida para viver...
E
depois de absorver a novidade, sem querer ouvir o livro de regras que prevê que
ficar na Terra como alma penada ou como encosto é ilegal, e pode lhe custar
vinte pontos na carteira de fantasma, uma multa de 35 asinhas de anjo e umas
quatro encarnações presa na solitária do além, ou numa gaiola de passarinho,
Lolô decide que não vai sair da casa da Filó nem morta! E deixa o Anjo falando
sozinho.
Quer
dizer, falando sozinho, não, porque a Filó ainda está no recinto, e o Chefe tem
pressa de receber seu relatório sobre a encomenda que veio buscar aqui na
Terra.
Já
repararam que a Filó é uma mulher bem educada, né? O pessoal chega invadindo
sua casa no meio da noite, não toca a campainha, não pede nem licença para
entrar, e mesmo assim ela faz sala, oferece um cafezinho, um biscoito, uma
pamonha...
E,
no caso específico, fica no vácuo.
Bem,
passado o susto de ter duas entidades em seu quarto, Filó aproveita que a chuva
estiou para ir até a cozinha tomar um copo de água com açúcar. E é quando ela
se dá conta de que não está tão sozinha quanto pensava.
Olha,
até já me aconteceu uma vez de estar meio distraída – ou ligeiramente
alcoolizada – e guardar o controle remoto e até um par de chinelo Havaianas
novinho no congelador; agora, guardar fantasma na geladeira, é a primeira vez
que eu vejo. Será que conserva mais?
Lolô
pareceu gostar das acomodações, e como Filó é uma criaturinha simpática demais
da conta, o fantasma tenta convencê-la a deixá-lo ficar na casa. Mas Filó não
tem tempo de pensar nos gastos extras que uma boca fantasmagórica a mais
causará em seu orçamento – ainda mais com seu patrão foragido e seu salário
mais atrasado que o aluguel do Seu Madruga –, porque bem nesse momento a
campainha começa a tocar.
Porém
Lolô não a deixa abrir a porta para suas amigas Andreia e Brigitte, e fica
magoada porque elas sequer puderam ver seu fantasma pela janela.
Como
é uma pessoa boa, Filó serve um cafezinho para seu amigo fantasma para
acalmá-lo. E como não se tem sossego numa noite tempestuosa, chegam outras
visitas para tumultuar a casa da Filó.
Agora
vê se pode: o povo inventar de ver casa mais de dez horas da noite, e debaixo
de chuva! Que falta que faz uma espingarda, hein, Filó?!
E
não basta vir tão fora de hora, ainda tem que esperar a boa vontade do cunhado
chegar para ver a casa também.
A
princípio, o fantasma fica mais indignado que a Filó com essa falta de noção,
principalmente quando Filó vai buscar um copo d’água pra perua, enquanto o
casal discute a orientação sexual do noivo lá na sala.
A
propósito, esqueci de apresentá-los: Vicente e Normanda. Sim, Normanda, como
quem nasce na Normandia. Mais perua que isso, impossível!
Agora,
porque eles estavam discutindo sobre o “ser ou não ser viado” do Vicente? Bem,
começou com ele elogiando a beleza de um decorador conhecido seu... E ao longo
do episódio, Normanda ainda terá muitos motivos para questionar a preferência
de seu noivo. Tudo porque o fantasma não demorou a perceber que o bofe era capaz
de receber o seu espírito, e passou a usá-lo para se comunicar, já que ninguém
consegue vê-lo além da Filó.
O
cunhado de Vicente acaba demorando mais do que o combinado, e Filó, a gentileza
em pessoa, pega todo o milho de seu galo Marco do Gerso para fazer uma sopa de
milho para as visitas indesejadas. Mas isso não significa que ela esteja
conformada com essa falta de bom senso do casal...
Imaginem
essa perua ciumenta vendo o Vicente conversando cheio de dengo com a Gisele
Bündchen. Imaginou? Agora dá uma boa olhada na Filó, e vê com o quê essa
criatura vai dar ataque!
“Pelas referências conhecereis
a concorrência”. (São Ciumentus 17:1)
Como
para acabar com a discussão, eis que chega quem estava faltando: Lucas, irmão
de Normanda, para deixar nossa fantasma ainda mais assanhada.
Então...
Vamos acabar logo com isso, né, gente, que a Filó quer dormir! Já viram a sala,
já viram a cozinha, falta só conhecer o quarto do Steve Formoso. Não reparem no
mosquiteiro que o fantasma está usando como véu de noiva...
Lolô...
Querida... Esse povo chegou sem avisar, para atrapalhar a cidadã de dormir com
as galinhas... Melhor dizendo, com o galo... Ainda estão aí embaçando para ir
embora... Você acha mesmo que ela vai convidar esse pessoal para dormir na
casa? No mínimo, essa tal de Normanda vai tocar a sineta a noite inteira
pedindo coisa...
Bem,
independentemente da hospitalidade da empregada, o bofe dos sonhos do fantasma
gostou da casa, e aprova que o cunhado a compre.
Normanda
começa a dar piti, porque acha que Vicente está dando em cima de seu irmão –
ela não sabe que é o fantasma usando seu noivo como cavalo para paquerar o
Lucas –, e Filó, percebendo que essa história vai começar a feder, leva a perua
para a cozinha para acalmá-la com um chá, enquanto os bofes discutem a
sexualidade de Vicente na sala.
E
nessa hora, o fantasma também não alivia...
Aí,
danou-se! Os bofes começam a trocar socos na sala, enquanto o fantasma
saltitante grita por ajuda, mas Filó está muito ocupada na cozinha com Normanda
para se preocupar com essa encrenca.
Com
toda a paciência do mundo, o fantasma explica para Filó que ela precisa, de
novo, colocar ordem no galinheiro lá na sala. E agora o circo vai pegar fogo de
vez, porque Normanda aproveitou o siricutico de Filó para ir ver que diabos
estava acontecendo entre seu noivo e seu irmão.
Eu
tenho minhas dúvidas a respeito desse zelador do armário de vassouras dessa
série. Para mim ele foi o vencedor do campeonato de esconde-esconde de 1917,
cuja medalha está empoeirando no museu da cidade de Bom Jesus de Pirapora, porque
ninguém nunca encontrou o cidadão, ou alguém esqueceu de procurar...
Seja
lá como for, essa aparição acabou distraindo o fantasma da briga dos bofes e de
sua paixonite aguda pelo irmão da Normanda, e lembrando-o de que ainda não
convenceu sua anfitriã a deixá-lo ficar na casa. Quando ela dá o sinal verde,
ele esquece de vez da confusão e passa os minutos seguintes na cozinha,
ensinando sua nova amiga a desmunhecar.
Bonitinhos...
E quem é que tá apartando a briga lá na sala?
Ninguém!
A treta acabou e eles nem viram o placar.
Agora,
enquanto essa viadagem acontece na cozinha, Vicente e Normanda estão discutindo
outra vez lá na sala.
A
lista de queixas da perua continua aumentando: agora ela não quer mais casar
porque acha que seu noivo é gay. Quando ele garante que não, e diz que eles
devem dar chance para sua felicidade, ela supõe que ele está dizendo que ela
não o faz feliz. Daí ele ressuscita uma gravata que ela deu para ele, que ele
supostamente adorou, mas ela nunca o viu usando, ao que ele supõe que ela não
tenha reparado. Mas aí ele está insinuando que ela não repara nele... Puxa,
deve ser difícil conviver com essa mulher, hein?! Se esse Vicente chegar a
casar com ela, será beatificado! Isso é, se ele não pedir o divórcio ou
estrangulá-la “acidentalmente” com o fio do carregador de celular em menos de
vinte e quatro horas...
Nota
mental: nunca almoçar na casa da mãe da Normanda.
E
pensa que a discussão parou por aí? Ela ainda jogou na cara do Vicente que o
viu se insinuando para o seu irmão – e nesse ponto eu tenho que concordar com a
preocupação da perua, afinal, o Lucas é muito menos chato do que ela –, e
depois comenta que o viu olhando para a Filó.
E
aqui entre nós, querida: quem tem que ter medo de canhão é adversário de
guerra!
Aliás,
falando nela, Filó aproveita que esse povo não dá o menor sinal de que irá
embora nas próximas duas encarnações, para empanturrá-los com tudo o que
encontra na geladeira. Fez até um docinho para esse povo feio que invadiu sua
casa sem avisar, e que ainda não se tocou que é muito tarde para ficar
incomodando na casa dos outros. Olha que simpática!
Sabe
o que está faltando nessa casa assombrada? Luzes piscando! E uivos fantasmagóricos,
é claro. Mas pode deixar que o fantasma já vai providenciar esses fenômenos
para assustar a perua, e impedir que ela atrapalhe seu flerte com o bofe
adormecido.
Mas
como paquerar um bofe que não pode vê-lo, ouvi-lo, nem senti-lo está difícil, Lolô
bola um plano maluco para apressar as coisas: põe uma fantasia de vidente na
Filó, e faz uma consulta ao globo de luz – porque aparentemente era o que tinha
para hoje; na falta de uma bola de cristal... – com as visitas.
Mas
antes que a vidente possa se apresentar lá na sala, chega mais alguém para
complicar a noite mais um pouquinho.
Lolô
vai correndo avisar Filó que o Anjo voltou para buscá-lo, e implorar que ela o
expulse da casa, e não permita que o leve.
Essa
bagunça toda acaba acordando o Lucas, e ele desce para ver o que está
acontecendo, bem a tempo de ver Filó fazer sua entrada triunfal, fantasiada de Walter Mercado. Bem, no caso, deve ser Filó Feira...
Olha,
pessoal, eu sei que essa casa parece mais um hospício, e ainda por cima
assombrado... Mas vocês chegaram sem avisar, estão atrasando o sono da
coitada... O mínimo que vocês podem fazer é participar do circo até o fim e
ouvir as previsões que o fantasma da Lolô vai ditar!
Assim,
todos se reúnem em volta da mesa da cozinha, para ouvir a “vidente”.
Xiiii!!!
Acho que não era bem essa a revelação que a Normanda esperava ouvir naquela mesa.
E enquanto o bicho pega... Ou melhor, enquanto a bicha tenta pegar o Lucas... Ou
melhor, enquanto a bicha tenta impedir que Lucas quebre a cara de seu cavalo...
Enfim, enquanto o circo pega fogo, o Anjo agarra o fantasma, para garantir que
ele não vai escapar, Normanda desmaia, e Filó decide botar ordem nessa baderna.
Esse
é o título do episódio, cara! Achei que tinha deixado isso claro...
Agora
que tudo ficou esclarecido, o fantasma concorda em acompanhar o Anjo, com a
condição de que Lucas permita que ele lhe dê um beijo de despedida. E Vicente
se prontifica a permitir que Lolô use seu corpo pela última vez.
Claro
que o episódio foi gravado há mais de quinze anos, quando a Globo só espalhava o boato de que teria um beijo
gay no último capítulo da novela, mas na hora H desistia de mostrar. Então,
naturalmente, tudo ficou num casto beijinho na bochecha. Apenas o suficiente
para deixar Lucas desconcertado, fazer o fantasma voltar suspirando para o além
com o Anjo, e deixar Normanda ainda mais cismada e decidida a tirar seu noivo
de perto de seu irmão o mais rápido possível. Vai que ele gosta da
brincadeira...
Pelo
menos a Filó finalmente pode ir dormir sossegada, agora que a gentalha foi
embora. Isto é, se não acontecer mais nenhum acidente lá fora, e ninguém mais
tocar a campainha...
Afinal,
Lolô, aquela fantasminha simpática até vai... Agora abrigar Mona Cruella e Mona
Gugu é pedir demais. Queridas, o Cruzeiro das Loucas Fantasmas é noutra
freguesia. Beijocas!
E
assim chegamos ao fim do episódio de hoje.
Próxima parada será num porto em Massachusetts, onde os irmãos Winchester terão um
encontro muito molhado com uma ladra, uma velha no cio, um marinheiro enforcado
vingativo e um navio fantasma.
Até
lá! *-*
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!
E já que chegou até aqui, deixe um comentário ♥
Se tiver um blog, deixe o link para que eu possa retribuir a visita.