Quando
a série de TV é muito boa – ou, pelo menos, começa muito bem – e a roteirista
decide lançar uma série de livros baseada nela, é natural que se crie
expectativas elevadas. O problema é que, mesmo quando é escrita pela mesma mão
que escreve os roteiros da série, no papel a história sempre pode decepcionar.
Como
li The Originals – Ascensão depois de
ter lido os Diários de Stefan – que
não foram lá essas coisas –, não fui com tanta sede ao pote quanto teria feito
antes. Mas a expectativa ainda assim era mais elevada do que em relação a outra
série, porque esta era – ao menos supostamente – escrita pela roteirista, e não
por uma Ghost Writer que aparentemente não acompanha com assiduidade a série de
TV. Esperava que ao menos Julie Plec não tivesse cometido tantas incoerências.
Bem,
incoerente, a história não é. O problema é que os personagens dos livros não se
parecem muito com os personagens da série de TV.
Título Original: The Originals #1 – The RiseAutora: Julie PlecEditora: Galera RecordPáginas: 224Gênero: Fantasia
Sinopse:Inspirado na série televisiva The Originals, spin-off de The Vampire Diaries.1722. Desde que Elijah, Rebekah e Klaus Mikaelson aportaram em Nova Orleans, a noite já não é mais a mesma. O trio de vampiros Originais acredita ter encontrado no Novo Mundo um refúgio do passado sombrio que o perseguia, mas a cidade está prestes a sofrer grandes transformações em seu cenário sobrenatural.Outrora dividida por uma guerra sangrenta entre bruxos e lobisomens, parece que Nova Orleans finalmente encontrará a paz com o casamento entre um membro de cada raça.A linda e misteriosa Vivianne Lescheres, bruxa e filha de lobisomem, é a chave dessa aliança, que ameaça a permanência dos três irmãos vampiros, até então apenas tolerados pelos grupos rivais. Mas o pior acaba acontecendo: a jovem noiva atrai a atenção de Klaus. Completamente seduzido, o mais novo dos Mikaelson não permitirá que nenhum obstáculo se interponha entre ele e a deslumbrante bruxa. Nem mesmo a perspectiva de derramamento de sangue servirá como empecilho à sua tentativa de impedir esse casamento que considera um erro.Enquanto Elijah procura por uma residência na qual possa enfim se estabelecer com os irmãos, o plano de Rebekah de seduzir o capitão do batalhão francês de Nova Orleans volta-se contra ela quando a vampira se vê nutrindo sentimentos inesperados por sua vítima. E o amor irascível e volátil de Klaus pode colocar tudo a perder.Lutando por segurança, lar e amor, os Originais devem unir forças para não despertar a ira de uma rivalidade milenar... ou Nova Orleans mais uma vez se tornará palco para o lendário conflito entre bruxos, vampiros e lobisomens.EEEEE
Veja
bem, todo mundo que acompanhou The
Vampire Diaries e The Originas
está careca de saber que Klaus não é o diabo que todo mundo pinta, e que seu
temperamento violento não passa de uma fachada para encobrir suas inseguranças.
Desde cedo ele conviveu com o ódio de Mikael por não ser seu filho biológico,
foi caçado pelo homem que ele cresceu acreditando ser seu pai, e depois disso
não soube mais em quem confiar. Se Klaus é neurótico e narcisista, deve isso a
Mikael. Mas sempre ficou claro que Klaus tem um lado generoso e protetor, e que
ele é perfeitamente capaz de matar ou morrer – principalmente matar – para
garantir a segurança de sua família, de seus irmãos, e, mais recentemente, de
sua filha.
O
Klaus mostrado nos livros não é tão diferente do vampiro que vimos na série,
exceto que ele demonstra certa ingenuidade quando permite que certa mocinha o
seduza...
Rebekah,
sua irmãzinha impulsiva, uma romântica incorrigível, não nos convence com os
mil anos que tem. Se na série, Rebekah é ingênua quando está apaixonada, aqui
aparentemente possui uma chave automática que desliga seu cérebro quando o
coração está falando. Mais do que na série, onde ela ainda é mais ou menos
capaz de enxergar quando tem alguma coisa errada, que pode ferir seus irmãos.
Apenas
Elijah não deu muitas mostras de desconstrução, mas seu personagem teve o menor
destaque dentre os Originais. Mais ou menos como na série, ele foi o café com
leite da história.
Julie
Plec parece ter alguma dificuldade em conservar a personalidade dos cidadãos de
Nova Orleans, por isso, muitas atitudes de diversos personagens nos “enganam”
ao longo da narrativa.
A
história começa numa noite de festa, dez anos após a chegada dos Mikaelson a
Nova Orleans: as bruxas e os lobisomens – então facções rivais – decidiram
selar a paz com o noivado de Armand Navarro, filho do líder dos lobisomens, com
Vivianne Leschere, metade bruxa, metade lobisomem. Os Originais, sabendo que
uma aliança entre os dois clãs fará com que ambos voltem suas atenções aos
vampiros, decidem se adiantar para evitar uma possível guerra – ou, ao menos,
para equilibrar as ações.
Nesse
ponto o trio se separa e começa a tecer a trama do livro.
Klaus
se ocupa em seduzir Vivianne, uma mocinha de personalidade extremamente
controversa. A princípio, ela se mostra determinada, forte, e completamente
consciente de quem está ao seu redor, de seus atos e das consequências deles – uma
heroína que está pronta para lutar ao
lado de seu cavaleiro, sem precisar ser defendida por ele. Em seguida,
porém, e sem qualquer aviso, essa máscara desaparece, e ela se revela frágil,
confusa, submissa e facilmente influenciável – ou seja, uma mocinha de novela
mexicana. Tinha simpatizado com a primeira versão de Vivianne, até Julie Plec
jogar uma protagonista promissora pela janela ao desconstruir sua força. Mas
Vivianne não se deixa somente enredar pelo charme do Vampiro Original; ela se
permite apaixonar-se por ele no centro do conflito em que sua família a coloca
como fiel da balança e oferta de paz para os lobisomens. Sim, a trama em si
poderia realmente bagunçar a cabeça de uma mocinha do século XVIII; o problema
é que até Klaus aparecer em sua vida, ela parecia muito segura do que estava
fazendo e de onde estava se metendo. Ela não dava mostras de estar sendo
manipulada; parecia, ao contrário, ter total controle sobre a situação.
Contudo, no momento em que Klaus entra em sua vida, o mundo desaba sobre
Vivianne, e ela começa a questionar suas escolhas, o destino imposto por sua
família, o casamento indesejado, a vida que ela não escolheu – algo que ela
devia ter questionado antes, se estivesse realmente preocupada. Que eu saiba,
lobisomens não têm o poder de hipnotizar pessoas; nem os vampiros são capazes
de hipnotizar uma bruxa; nada explica seu suposto estado de alienação anterior,
de que Klaus supostamente provocou o despertar. É uma trama que não convence.
Enquanto
isso, Rebekah busca aliados no exército francês, que tem uma guarnição acampada
nos arredores da cidade. Um dos termos do acordo de paz que fizeram com os
bruxos e os lobisomens ao chegarem à cidade impede que os Originais criem novos
vampiros em Nova Orleans, então Rebekah decide seduzir e controlar os soldados
franceses para que lutem ao lado dos vampiros e morram em seu lugar numa
eventual guerra. Ela só não esperava encontrar entre os soldados um obstinado
caçador de vampiros, que, felizmente para ela, não tem lá muito conhecimento
sobre a espécie, deixando-se guiar principalmente pelas lendas. Pela parte equivocada das lendas, para ser mais
exata. Mas todos sabemos que Rebekah é uma mocinha ingênua, que não aprendeu
nada em seus mil anos de existência, então, basta que o charmoso Capitão do
exército francês comece a cortejá-la para que ela decida ignorar a ameaça que a
descoberta do arsenal anti-vampiros no acampamento deveria significar, e se
desvie completamente do objetivo de sua missão.
O
que, felizmente, não acontece com Elijah. Enquanto seus irmãos deixam seus
corações livres, leves e soltos para aprontar em Nova Orleans, Elijah vai em
busca de um lar para sua família. Desde que chegaram à cidade, sua presença
causou tanta inquietação e desconfiança, que eles acabaram relegados a hotéis.
Mas depois de dez anos era de se esperar que os clãs tivessem percebido que
eles estão dispostos a cumprir rigorosamente os termos do pacto e manter a
política da boa vizinhança. E com o fim da briga entre bruxas e lobisomens,
Elijah se dá conta de que precisam de um Quartel General bem protegido, para o
caso de os recém amiguinhos decidirem procurar um inimigo em comum para
perturbar.
Um
feliz acaso acaba fazendo com que Elijah herde o sítio de um velho que ele
ajudara a transportar barris para um porão secreto no jardim. Todavia, ao
negociar com uma bruxa aliada um feitiço de proteção para evitar que seus
inimigos sobrenaturais tenham acesso ao local, Elijah descobre que seu
benfeitor, que se suicidou na mesma noite, era um lobisomem nunca ativado, por
isso precisam do sangue de um lobisomem para o feitiço.
Eis
a confusão: arrancar sangue de um lobisomem durante a lua cheia, enquanto eles
tentam convencer Vivianne a se transformar, deixando Klaus muito puto!
A
boa notícia é que o feitiço funciona. A má é que isso custou uma noite
horrorosa ao vampiro mais moralista do clã, que precisou de um longo repouso
para se recuperar do envenenamento por mordidas de lobisomens; e mais tarde,
também custaria o coração de Klaus – não literalmente, claro.
O
desfecho de seu romance com Vivianne é óbvio, uma vez que ela nunca apareceu na
série. A surpresa fica por conta de uma falha na comunicação e uma ingenuidade
monstruosa, que acabam por selar o destino da mocinha.
Ascensão,
por assim dizer, conta a história de como os Originais conseguiram seu pedaço
de chão em Nova Orleans, e o preço alto que pagaram por ele. Recuperado das
lesões causadas pelos lobisomens, Elijah agora terá que recolher os cacos dos
corações partidos de seus irmãos para seguir em frente, pois Rebekah, que,
estranhamente, tinha até o apoio dos irmãos dessa vez para partir em busca da
felicidade, não conseguiu se afastar a tempo da tempestade sobrenatural que as
bruxas invocaram para varrer os monstros da cidade, depois que a traição de
Vivianne foi descoberta e a trégua foi desfeita.
A
história não é completamente horrorosa, não, mas é bem confusa. Como cada
capítulo segue um Original diferente, é fácil se perder nos acontecimentos que,
no balanço geral, parecem caminhar a passos de tartaruga de um lado, e rápido
como um foguete de outro, além da já mencionada inconstância dos personagens.
Vou dar um desconto porque, como roteirista, Julie Plec é apenas parcialmente
responsável pela composição e manutenção da personalidade de seus personagens.
Para falar a verdade, o livro não acrescenta nada à história dos Originais, e
até deixa bastante a desejar quando comparado à série. Quem sabe, os volumes
seguintes não apaguem essa primeira impressão? Afinal, a esperança – e os
vampiros Originais – são os últimos que morrem!
Jornal Informal
ResponderExcluirNão sabia que a série em questão possuísse livros lançados. E fiquei de certo modo animada, porque não sou muito fã de séries. Não tenho paciência mesmo de ficar assistindo séries, conto nos dedos as séries que consegui terminar e nem sei como tive paciência e determinação para tanto. Vampire Diares eu comecei lendo os livros, acredito que parei ainda no quinto (se não me engano) e até que gostei. Estava querendo, após terminar a leitura da série inteira, assistia-la. Mas, acredito que dificilmente terei vontade de tal ato. Mesmo assim, me interessei bem mais pelo livro do que pela série em si. :)
The Originals eu recomendo que você assista pelo menos a primeira temporada, que foi excelente. Na segunda a série deu uma caída, mas continuou boa.
ExcluirThe Vampire Diaries a série é bem diferente dos livros, algo bem natural em séries de TV baseadas em livros, mas eu super recomendo assistir, pois foi muito boa. Diria até que a série foi melhor que os livros em si, focando mais nas lendas tradicionais (vampiros, lobisomens, bruxas, etc), e deixou um pouco de lado o folclore japonês que acabou sendo o foco a partir do quinto livro. Eu pretendo postar reviews das oito temporadas da série em breve, mas te recomendo assistir, vale a pena. *-*