Em
toda a história desse blog, houve uma única vez em que tive que escrever uma
postagem, digamos, de opinião, sobre um filme, e foi para explicar minha
relação de amor e ódio com a saga Crepúsculo
– que, ao contrário do que muitos pensam, eu não odiei... tanto... assim... Bem, não foi exatamente um épico; os livros eram
melhores – pero no mucho –, e
basicamente o que mais me irritou na saga foi a escolha do elenco. Não que os
diretores tenham sido grande coisa.
O
motivo que me faz escrever essa postagem hoje é muito diferente. No entanto,
temos aqui uma estranha coincidência: Bill Condon, diretor de A Bela e a Fera, também foi responsável
pelas duas partes de Amanhecer.
Reitero que a saga inteira não é grande coisa, mas os dois últimos filmes foram
precisamente os mais bem feitinhos.
Mas,
como já enunciei aí no parágrafo de cima, é sobre A Bela e a Fera que eu quero falar: o hype do ano passado, a versão live-action
de um dos maiores clássicos da Disney – na minha opinião, o melhor filme já
produzido pelo estúdio, e pelo visto, os Academy
Awards concordam comigo.
Não
faria o menor sentido escrever uma review
sobre essa versão live-action do ano
passado, depois de ter escrito sobre o desenho, afinal, ambos os filmes são basicamente
iguais. Mas gostaria de comentar umas coisinhas.
Essa
nova mania da Disney de refilmar os clássicos em live-action é um terreno complicado de pisar. Adorei Espelho, Espelho Meu – não é segredo pra ninguém –; Cinderela, de 2014, não ficou ruim –
todo mundo conhece minha implicância com esse
conto de fadas, mas Helena Bonham Carter como Fada Madrinha estava I-N-C-R-Í-V-E-L!
E nem vou falar de Cate Blanchett: para quem já foi Rainha Elizabeth e Bob
Dylan, fazer Lady Tremaine é fichinha! E por incrível que pareça, impliquei
menos com a atriz que fez a Cinderela nessa versão, do que com a irmã caçula
da Dakota Fanning na pele da Princesa Aurora. Aliás, uma familiazinha que
desandou legal... Falando na diaba, Malévola versão Angelina Jolie, só não foi
pior por causa dela! Ela, gloriosa; a história, horrorosa!
Enfim,
como a Disney sempre surpreende com essas novas versões de seus contos de fadas
– para o bem ou para o mal –, tentei não criar muitas expectativas sobre A Bela
e a Fera. Tentei! Quando vi o trailer pela primeira vez, fiz três observações:
1)
Impliquei de cara com a caracterização da Fera, queria que tivesse ficado mais
parecido com o desenho, e sei que a Disney tem profissionais competentes na
área de maquiagem, computação gráfica, efeitos visuais e o
escambau, que poderiam ter feito um servicinho melhor;
2)
Gostei dos efeitos especiais da dança dos talheres. Deu para sentir que o
capricho com esta que sempre foi uma das cenas mais deslumbrantes do desenho
foi impecável;
E
3)
Emma Watson.
Emma
Watson presente num filme pode significar duas coisas: altíssima categoria ou
um desastre épico. Não existe meio termo.
Bem...
Antes que o fandom de Harry Potter – incluam-me dentro dessa – comece a me arremessar tomates, deixe-me explicar.
Como
praticamente todo o elenco da saga do bruxinho – com exceção de Alan Rickman
(Snape, Always! Shuif!) e Helena
Bonham Carter (Bella – a legítima Bella – trix Lestrange), e vou dar uma colher
de chá para Ralph Finnes (a.k.a tio Voldy) por motivos de Encontro de Amor – que é anterior à sua participação na saga – e A Duquesa, todo o resto do elenco deu
uma bela patinada em suas escolhas posteriores de trabalho.
Sejamos
honestos: o que fez Daniel Radcliffe, fora Harry Potter?
*
A Mulher de Preto – que não era
grande coisa no livro, e o filme teve a capacidade de ser pior! Sem falar que
Danny era jovem demais para o papel;
*
Um Verão Para Toda Vida – cuja
história se resume a “cinco órfãos numa praia. Fim”. E eu perdi quase duas
horas da minha vida assistindo essa bodega...
*
Victor Frankenstein – que, convenhamos,
não é um grande filme; no máximo, bom;
*
Truque de Mestre 2° Ato – bom filme,
continuação abaixo do primeiro, como sempre, e em que Danny ocupou um papel de
terceira importância no elenco.
Carece
perguntar de Rupert Grint, o Rony Weasley? Vou usar as palavras de Cookie, o
velhinho simpático de Atlantis:
Outro
dia eu vi Tom Felton, o Draco Malfoy no comercial de uma série do +Globosat, e só consigo imaginar que não
tá fácil pra ninguém.
Quanto
a Emma, é o seguinte: ela é uma excelente atriz – uma curiosidade é que,
segundo ela própria, era a pior de sua turma de interpretação quando conseguiu
o papel da Hermione, o que só pode significar que, ou ela é modesta demais, ou
muito rigorosa em sua autoavaliação –, no entanto, tem feito umas escolhas
infelizes de roteiro desde que a saga do bruxinho acabou.
*
As Vantagens de Ser Invisível é um
saco – tudo bem, eu nunca assisti o filme inteiro, sempre pego o bonde andando,
mais ou menos lá pela parte do Rock Horror, e quando chega na cena de Charlie e
Mary Alice no sofá, de duas uma: ou eu cochilo e perco o final do filme, ou meu
dedo escorrega no botão CH do controle remoto e muda de canal, assim, sem querer querendo, sabe? O caso é que
eu já li o livro – este sim, inteiro! –, e sei que a coisa vai do nada a lugar
nenhum. Nem sei como conseguiram convencer Emma Watson a participar disso...
*
Me recuso a comentar Noé! Eu tinha
achado a versão anterior com o Jon Voight horrorosa; essa versão conseguiu
fazer algo pior com um elenco muito mais top!
*
Outro dia eu vi o trailer de um filme chamado Bling Ring: A Gangue de Hollywood, em que a Emma faz parte de uma
gangue que assalta casas de celebridades; não assisti ainda, mas esse parece legal.
E
que fique registrado aqui que eu não critiquei a ATUAÇÃO da Emma Watson! Eu não
gostei dos FILMES! Ela, incrível; filme, horrível!
Muito
bem...
Isto
posto, na falta de uma boa referência de filme bom que ela tenha feito, fora
Harry Potter, eu não tinha como criar expectativas sobre A Bela e a Fera.
Principalmente porque a roteirista também trabalhou em Malévola, e deu no que
deu:
Eu
já escrevi diálogos que tempos depois eu me perguntei “em que copo eu estava com a cabeça”, mas isso aqui superou
qualquer porre que eu possa sonhar em tomar! Nem em Once Upon A Time Sexta
Temporada, com Fada Negra prometendo e prometendo e prometendo e prometendo e
prometendo e prometendo e jurando de
pé junto, com mindinho, dando uma voltinha, num pé só, com três pulinhos, que
iria preparar A Batalha Final – que nunca chegava –, ou com aquele musical
debiloide no penúltimo episódio, que conseguiu me fazer sentir vergonha alheia
até da – Cristo, perdoai esta blasfêmia! – Rainha Má, eu vi algo tão
desnecessário.
Enfim...
Mas
depois de ver o filme, preciso alterar um pouquinho aquela minha lista
preliminar de avaliação:
1)
Vendo assim de pertinho, sabe que eu até simpatizei com o visu da Fera? É possível que no trailer ele tenha sido mostrado
rápido demais. Reparando bem, não ficou tão ruim, não – e aqui entre nós, Dan
Stevens, ruge aqui no meu ouvidinho, coisa linda! (Quem viu o final do filme
vai entender);
2)
Eu disse que gostei dos efeitos especiais da dança dos talheres. Preciso
retificar: eu A-D-O-R-E-I esses efeitos. Ficou bem diferente do desenho –
lógico, seria muito difícil fazer em live-action
algo remotamente parecido com o que foi feito no desenho, onde o céu é o limite
para a imaginação e o talento dos desenhistas; mas dentro da mesma proposta, e
utilizando as cores das delícias que foram oferecidas à Bela e fogos de
artifício para incrementar, conseguiram produzir uma cena linda de se ver. Era
a cena mais deslumbrante do desenho, e foi uma das mais deslumbrantes do filme
também – esta e a da Fera sendo envolvida pelas pétalas caídas da rosa e a
magia da Feiticeira, para voltar a ser um Príncipe. Impecável chega a ser uma
palavra modesta para descrevê-la. A transformação da Fera chegou a superar o
desenho em beleza. Pena que não tiveram o mesmo cuidado com a animação de
certos personagens...;
3)
E... Emma Watson.
Primeiro
deixa eu completar essa história da animação dos personagens: que diabo fizeram com a Madame Samovar?
Queridos
animadores da Disney, não me subestimem! Eu sei que vocês podem fazer muito
melhor do que isso... Em todo caso, se era muito complicado recriar a carinha
do bule de chá digitalmente como no desenho, podiam ter feito a governanta numa
dessas animações stop-motion, a la Frozen, Estranho Mundo de Jack, e Enrolados
a quatro, e embutido no filme. Juro que eu ia me importar muito menos, e
ficaria menos deselegante que essa aberração dessa cara digitalizada na lateral
do bule. SEN OR! Conheço uma xícara
que quer o dinheiro e a cara da mãe de volta! Falando nisso, pelo menos o Zip
ficou engraçadinho...
Para
se ter uma ideia do tanto que eu impliquei com esse bule, o Horloge quase nem
me incomodou...
Agora
o que não me incomodou nem um pouquinho: o irreconhecível Ewan McGregor versão
Lumière – uma das minhas escolhas favoritas nesse elenco. Ok, não ficou igual
ao desenho, mas teve uma animação mais decente. O melhor profissional para os
melhores personagens... Ainda não me
conformo com a Madame Samovar...
Fifi,
aquela espanadorazinha graciosa, que quase não teve destaque no desenho, estava
linda nesse filme, e até foi mais bem aproveitada. Muito mais que o
Guarda-Roupa da Bela, que só sabia regurgitar fitas e tiras de seda. Tudo bem
que na parte da batalha contra os invasores do castelo a cena mais hilária foi
dela.
A
propósito, essa não foi a única cena a mostrar que a Disney não é mais a mesma.
No baile final, Lefou – redimido depois que o Gaston foi literalmente para a
ponte que caiu – ficou todo sorridente dançando com um Monsieur – a propósito, o mesmo sujeito do vestido. Sinal que ele
gostou da brincadeira...
E
é preciso comentar o elenco estelar desse filme:
*
Emma Thompson – uma dama que é figurinha carimbada nos filmes da Disney nos
últimos tempos –, que, espero, tenha ficado tão fula quanto eu com a
caracterização de sua Madame-o-Bule-de-Chá;
*
Ian McKellen no papel de Horloge – outro que pode reclamar um pouquinho com o
pessoal da animação, pero não tanto
quanto a Sra. Thompson. Se ela ainda estivesse encarnada na criadora de Mary
Poppins esse povo ia ver com quantos paus se faz uma canoa...
*
Stanley Tucci, como o Maestro Piano de Cauda – que não existia no desenho, mas
talvez se lembrem que no Natal Encantado
da Bela e a Fera havia um órgão endiabrado querendo pôr o castelo abaixo.
Bem, creio que não se trate do mesmo personagem, mas de uma versão mais
simpática – e muito menos homicida – do músico;
*
Kevin Kline – Será Que Ele É? – o pai
da Bela.
*
E por último, mas não menos importante – jamais! Muito pelo contrário –, Luke
Evans como Gaston.
Um
elenco perfeito! Pro pessoal da animação fazer esse bule...
Tá
bom, parei! Chega de falar do bule!
Porque
eu ia falar da Emma Watson. E a deixei por último de propósito, para dar tempo
de todo mundo me xingar por causa do bule de chá. Agora que todo mundo já
esgotou o repertório de palavrões, vamos falar da nossa Bela.
Um
enigma não tão complicado assim, aparentemente. Na interpretação da mocinha,
Emma estava impecável. Ela fez uma versão mais moleca da Bela, em comparação ao
desenho, em que a Bela tinha uma postura mais refinada – até demais para alguém
que viveu a maior parte da vida numa aldeiazinha do interior. Emma captou essa
parte, e incorporou em sua mocinha uma postura mais leve e descontraída, porém,
sem perder a delicadeza e a elegância.
Se
ela cantou ou se ela dublou, não sei. O que eu sei é que na versão dublada em
português, faltou uma coisa chamada timing.
Veja bem: o filme utilizou basicamente as mesmas canções do desenho – foram
criadas duas ou três a mais, e a letra de algumas recicladas sofreu pequeninas
ampliações. O problema é que no desenho, o mover dos lábios dos personagens era
mais lento, mais parecido com o ritmo da música que estava sendo dublada em
português; no filme, não sei se a letra em inglês, principalmente da canção de
abertura, foi alterada, mas Emma cantava num tempo e a dublagem em outro. Ela
era o Lewis Hamilton e a dubladora o Barrichelo. Deu pra sacar? Ficou beeeem fora do tempo: enquanto a
dublagem estendia o “Aaaaaaaa”, Emma recitava o abecedário inteiro. Não encaixou,
mas tudo bem. Essa foi a canção que mais destoou nesse sentido. As outras quase
não fizeram diferença.
E
esse é um dos motivos porque não preciso escrever a review do filme: ele é
basicamente igual ao desenho. As únicas diferenças são Gaston fingindo que
acredita na loucura de Maurice, depois abandonando-o na floresta para ser
devorado por lobos, para mais tarde incitar o pessoal da taverna a colocá-lo no
manicômio. E Zip não chegou a fugir do castelo escondido na bolsa de Bela. Ela
partiu sozinha, ficou trancada com o pai na carruagem do manicômio, e fugiu de
lá com a ajuda de um grampo de cabelo. Aliás, uma das atuações mais hilárias da
carreira do Kevin Kline é quando ele comenta com o guarda que nunca conseguiu
botar rédea na Bela, ao vê-la passando com o cavalo roubado, e largando a maior
parte do vestido amarelo para trás – como se fosse a coisa mais normal do mundo
o prisioneiro abrir a porta da cela pelo lado de dentro e bater um papinho com
o carcereiro enquanto mastiga feno do lado de fora. Também tivemos uma aldeã
chamada Agathe, que vivia como uma mendiga, e mais tarde descobrimos que ela
era esposa de Horloge, e que tinha ficado na miséria depois que ele
“desapareceu”. Foi um reencontro comovente o desses dois:
Também
conhecemos uma cena do passado do Príncipe, que era um menino simpático, até a
mãe morrer e seu pai decidir transformá-lo num energúmeno.
Ah,
sim, e ele gosta de Shakespeare. Acho que me apaixonei ♥♥♥♥♥
E
minha alteração favorita: a Fera abre um livro mágico, e leva Bela a Paris. Na
verdade, a um sótão em Paris, onde ela nasceu, e onde sua mãe foi abandonada às
portas da morte, para que Bela não fosse contaminada com a peste – uma história
muito triste que seu pai nunca quis lhe contar. E o motivo de essa ser minha
cena favorita – dentre as novas do filme –, é que a morte da mãe da Bela nunca
tinha sido abordada; faltava realmente uma peça no passado dela; tampouco tinha
ficado claro porque Maurice, com ambições de se tornar um famoso inventor, foi
se esconder naquela aldeiazinha pacata. Agora temos a história. Talvez eles não
precisassem realmente ter saído de Paris por causa da peste, mas o motivo é
aceitável.
E
aqui cabe uma curiosidade, Emma Watson, apesar de ser considerada uma atriz
britânica, nasceu em Paris, quando seus pais trabalhavam lá. Coincidência
interessante, não acham?
Só
não entendi uma coisa nessa versão: por que o telhado e as pontes do telhado do
castelo da Fera foram feitos de farinha? Era pisar e tudo desmoronava? Será que
aquela rosa tinha o poder de fazer o castelo inteiro ruir ao concluir o ciclo
da maldição, se ela não fosse quebrada?
Ah,
e para falar só mais uma vez da Madame Samovar, no desenho eu tive a impressão
de que poderia haver um futuro romance entre ela e Maurice – ao menos, eu
sempre shippei esse casal –, mas no
filme, ela reencontrou o marido após a quebra da maldição – e ele não devia
trabalhar no castelo, já que não tinha sido transformado em peça de decoração ou
utensílio de cozinha. E mesmo assim, dona safadinha estava toda sorrisos para o
pai da Bela.
Pois
é, a Disney realmente não é mais a mesma...
Fiquem
com o deslumbrante clipe da canção Beauty and the Beast, com Ariana Grande e
John Legend:
Eu assisti e amei demais o Live Action. A cena mesmo do jantar da Bela, onde todo mundo canta e dança. "Pode ficar a vontade, olhe a nossa especialidade..." ficou igualzinha de idêntica ao desenho e eu simplesmente amei. Amei Malévola (e terá o dois). Crepúsculo não achei tão interessante, apesar de ter assistido a todos os filmes e lido os livros também (inclusive tenho a coleção de livros completa em minha estante) eu ainda achei fraco o filme (nunca vou me esquecer que a cena mais foda na verdade foi uma visão do futuro) O.O
ResponderExcluirEnfim...
https://j-informal.blogspot.com.br/
kkkk Com certeza, Crepúsculo merecia ter sido mais bem adaptado. Os livros são bem melhores.
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