Os Finais Felizes Encontram-se Indisponíveis ou Fora da Área de Cobertura

em sábado, 18 de maio de 2013

Semana passada enunciei a história de uma série que tem me cativado desde que comecei a assistir. E aqui é bom comentar que, não me lembro em que planeta eu vivi esse último ano, mas só descobri esse tesouro no décimo episódio da segunda temporada. E depois de me apaixonar pela trama de um bonde grilado que eu peguei andando, fui pesquisar o que eu tinha deixado para trás, e descobri a caverna do Ali Babá, recheada de tesouros em forma de episódios de série.
Foi uma maratona para conseguir os episódios e outra para assisti-los, e depois de me familiarizar com a novela, chegou a hora de começar a compartilhá-la com vocês, daquele jeitinho especial que vocês já conhecem, na minha linguagem particular patenteada pela água que o passarinho não bebe. Uma substância forte e proibitiva conhecida como Coca-Cola Zero.
Proibitiva pelo preço, claro...
Desde que eu me entendo por gente tenho um relacionamento sério com contos de fadas. VHSs com desenhos deles tive vários – da Disney, meia dúzia, tudo gravado em fitas virgens, copiado das locadoras ou gravado nas raríssimas ocasiões em que os desenhos passavam na TV. Sério, se hoje em dia é extremamente difícil passar um desenho da Disney na TV aberta, alguns anos atrás era quase impossível. Disney Channel só chegou ao nosso conhecimento mais ou menos uma década atrás, então, dá para imaginar como era complicado assistir esses clássicos. Branca de Neve e os Sete Anões, A Bela e a Fera, Os Aristogatas, Aladdin, 101 Dálmatas – único com VHS original –, Alice No País das Maravilhas, Mogli O Menino Lobo, O Corcunda de Notre Dame e Pocahontas eram basicamente os membros Disney da minha coleção. Mas genéricos produzidos por outros estúdios apareciam eventualmente com precinhos bem razoáveis em bancas de jornais e lojas de R$1,99 – a Burbank da Austrália salvou minha infância nesse quesito. E das coleções de livros da primeira fase da minha infância, tive umas quatro versões diferentes dos contos de fadas ilustrados – e outra de clássicos Bíblicos para crianças, porque também sou filha de Deus!
E como eu nem sou uma acumuladora, das quatro coleções de livrinhos de contos de fadas, ao menos três eu ainda tenho! Dos clássicos Bíblicos também. A outra coleção deve ter se perdido em alguma mudança, uma pena...
Seja lá como for, já deu para entender quanto eu gosto desse universo. Meus episódios favoritos do Chapolin até hoje são os que retratam contos de fadas – tipo Branca de Neve e os Sete Tchuim Tchuim Tchum Claims e O Alfaiatezinho Valente – e outros clássicos da literatura, como A Romântica História de Juleu & Romieta e A História de Don Juan Tenório. E os episódios com fantasmas, bruxas e piratas, não vou negar.
Bem, como eu disse, deu para entender essa minha relação com os contos de fadas, né? E deu para sacar também porque eu gostei tanto dessa série.
Once Upon a Time criou uma versão bem diferente dos contos de fadas clássicos. Tem muito personagem inocente fazendo o diabo, e muita gente má buscando redenção.
Naquele post de apresentação eu destaquei a dualidade dos personagens como ponto alto do roteiro: ninguém é cem por cento bonzinho, e nenhum vilão é pura maldade. Todos têm o anjo e o demônio dentro de si, a Fada Madrinha e o Senhor das Trevas – a Fada legítima é um caso à parte; aquela, para falar a verdade, não cheira nem fede. Os demais, se contrapõem e se contradizem com relativa frequência, e é isso que torna essa história tão especial.
Na segunda temporada a estrutura básica da série foi ligeiramente modificada, talvez para que todos os eventos de Storybrooke pudessem se encaixar com os flashbacks e vice-versa, mas na primeira temporada, talvez por uma necessidade de apresentar devidamente todos os personagens criados, a série seguiu um molde muito utilizado em séries como Supernatural, só que em vez do “monstro da semana” tivemos o “conto da semana”. Por isso também a review será meio longuinha.
Agora chega de embromação, e vamos logo ao Era uma vez...


Era uma vez, num reino Tão, Tão Distante – sim, vou usar o nome que o lugar ganhou lá no Shrek, porque pode ser que a franquia seja uma prévia da série. Ao menos, eu tenho essa impressão, a julgar pela mistureba –, um Príncipe mais ou menos Encantado, que um belo dia encontrou sua amada Princesa adormecida num esquife, rodeada pelos Sete Anões, e a despertou com um beijo, quebrando a primeira de uma extensa série de maldições nessa novela.
Então, sem perda de tempo, o moço se apressou a levá-la ao altar, antes que outra coisa ruim pudesse acontecer, mas no exato momento em que estão proferindo seus votos, a Rainha Má decidiu invadir a cerimônia para entregar seu presente de casamento aos pombinhos.
A bela ex Rainha prometeu destruir o final feliz de sua enteada, e arrancar tudo o que ela amava através de uma terrível Maldição.
Mas é claro que ela não seria lançada imediatamente. Primeiro, porque a Rainha Má havia trocado a Maldição das Trevas com a Malévola pela Maldição do Sono com que colocou Branca de Neve para dormir. Na verdade, trocou pelo endereço da Bruxa que a tinha, porque, sem adiantar detalhes da temporada, a Rainha Má precisou de dois pares de mãozinhas para obter a famosa Maldição do Sono. Aliás, isso me leva a crer que a ANVISA tenha fechado o Bazar das Bruxas por qualquer motivo, já que elas andavam trocando muamba entre si, e barganhando entre as malvadas.
De qualquer maneira, a Maldição do Sono não deu certo, já que foi quebrada com um mero beijo.
Sendo assim, Regina exige a Maldição das Trevas de volta, mesmo com Malévola garantindo que ela não trará o amado da Rainha Má de volta dos mortos.
Repararam na cara de alcoólatra dessa Malévola? Tu já teve dias melhores, hein, Malzinha...
Enfim, já que a Bruxa não está a fim de colaborar, a Rainha Má precisa ser um pouco mais persuasiva: atirando bolas de fogo na colega, e ameaçando fatiar seu Unicórnio de estimação com todos os objetos afiados que consegue reunir na sala.
E depois de enrolá-la com as voltas do próprio lustre, a Rainha Má consegue pegar o pergaminho com a receita da Maldição dentro orbe do cajado de Malévola.
Malévola ainda tenta alertá-la sobre as consequências de lançar aquela Maldição, que causará um vazio tão grande, que Regina nunca será capaz de preencher. Quem criou aquela monstruosidade faz as duas parecerem positivamente morais.
É sério, tentem contar quantas vezes essa frase será repetida em cada temporada! Vamos ver quem perde a conta primeiro.
Como dinheiro não é problema, Regina dá uma banana para o aviso da outra vilã e vai preparar sua terrível e diabólica experiência. Ela reúne o Clube das Bruxas Mega Malvadas, Vilões, Piratas, Bandidos, Magos, Monstros, Anões das Trevas, Megeras e Similares, para coletar os últimos ingredientes da receita. Coisa boba, sabe: alguns fios de cabelo de gente má, como a Bruxa Vidente do Pântano, o Duende das Meias e um Ogro extremamente gordo – ou o Monstro de Frankenstein depois de almoçar a família inteira... E o ingrediente final, o coração sacrificado do seu corcel de infância.
A Maldição acabou não ligando de primeira, porque Regina estava sacrificando o coração errado. Naturalmente, ela não sabia disso; precisou visitar o Senhor das Trevas Rumplestiltskin em sua prisão – já que foi ele quem lhe deu aquela Maldição originalmente, antes de ela ir lá trocar com a Malévola pelo sonífero para Branca de Neve –, para que ele desenhasse o que ela estava fazendo de errado. Mas a consulta ao Senhor das Trevas custa os olhos da cara naquele Reino, de modo que, para obter sua informação ela teve que prometer transformá-lo num proprietário riquíssimo na nova terra para onde a Maldição os levaria, e também concordar em atendê-lo e obedecê-lo sempre que ele lhe pedisse por favor – um termo bastante perigoso de assinar num acordo com um diabo inescrupuloso, que pode exigir que ela faça simplesmente qualquer coisa. Mas, se a Maldição funcionasse, ele não se lembraria de sua identidade, e principalmente, não se lembraria desse acordo, de modo que Regina deduziu que não tinha nada a perder.
Entendeu agora o aviso da Malévola, sobre a Maldição te causar um enorme vazio, Regininha?
E pensa que isso a fez desistir do plano? Que nada! A mulher queria tanto sua vingança, que não hesitou em bancar a Suzane Richthofen, e arrancar o coração do próprio pai para poder lançar a Maldição. O que, claro, lhe causou o tal vazio.
Mas ela não contava com a astúcia do Senhor das Trevas! Rumplestiltskin já havia previsto que a Maldição que Regina pretendia lançar seria quebrada dali a vinte e oito anos, pela filha que Branca de Neve teria com o Príncipe Encantado, e que nasceu justamente enquanto o Reino se sacudia com a tempestade que a chegada da Maldição provocou. Uma prova de que a Rainha Má demorou nove meses para encontrar e descobrir como lançar a Maldição. Deu tempo de Branca de Neve ter sua lua-de-mel, emprenhar, parir... Se bem que, conhecendo as aventuras dessa Princesa no Gueto, não ponho minha mão no fogo sobre ela já não ter casado com o pãozinho no forno. Até porque, pelo que me consta, ela casou duas vezes com o Príncipe Encantado, mas não vamos adiantar as informações.
Rumplestiltskin previu que o fruto do amor verdadeiro da Princesa seria a Salvadora. E quando eles o visitaram também – porque o Senhor das Trevas era um prisioneiro muitíssimo requisitado naqueles tempos –, ele revelou a profecia, e aconselhou o casal a proteger a criança da Maldição.
A Fada Azul encontrou uma Árvore Encantada, que se fosse transformada num invólucro, poderia proteger a criança de qualquer Maldição, e Gepeto concordou em transformar a Árvore num armário, porém, a magia dela era limitada, e somente poderia proteger uma pessoa. Sendo assim, todos concordaram que Branca de Neve, ainda grávida, deveria usar o guarda-roupa mágico para escapar da Maldição, criar sua filha Salvadora, e levá-la a cumprir seu destino, libertando-os quando o momento chegasse.
Mas o destino tem sua própria forma de trabalhar. O bebê resolveu se adiantar, e nascer justamente no dia em que a Rainha Má finalmente conseguiu lançar sua Maldição. O armário só ficou pronto naquele dia também, de modo que os Encantados tiveram que tomar uma difícil decisão: separar-se de sua filha recém-nascida, para que ela tivesse a chance de crescer livre da Maldição, e torcer para que ela os encontrasse quando chegasse o momento de quebrá-la.
Assim, sem sequer uma carta explicando a situação, o Príncipe leva a bebê enrolada no cobertorzinho até o armário, lutando com os guardas da Rainha Má no caminho – porque àquela altura, com a nuvem da Maldição se aproximando, e os guardas invadindo, o castelo está um caos –, e consegue colocá-la no armário, que imediatamente a transporta para um lugar seguro, tão logo suas portas são fechadas.
O problema é que o Príncipe foi gravemente ferido durante a luta, e perdeu os sentidos pouco antes da viagem amaldiçoada. Ao vê-lo caído no quarto da filha, Branca de Neve – que nem se preocupou em repousar após o parto – arriscou um beijo de amor verdadeiro para salvá-lo, mas ele não acordou.
Assim, todos foram varridos para um lugar absolutamente horrível, onde o único final feliz encomendado seria o da Rainha Má.
E nós também somos transportados a esse lugar tenebroso, conhecido como mundo real, onde Emma, a criança recém-nascida que foi colocada no guarda-roupa – que aparentemente errou o caminho de Nárnia – já cresceu, é uma mulher feita, e está a caminho de um encontro.
Conheçam Emma Swan: uma mulher solitária e insegura, que marcou um encontro pela internet justamente no dia de seu aniversário, para não passar aquela data sozinha. Triste, não é?
Agora, conheçam a verdadeira Emma Swan: uma mulher forte e decidida, que marcou um encontro pela internet no dia de seu aniversário, porque não existe feriado para quem ganha a vida caçando patifes que se aproveitam da fiança para fugir da condicional.
E quando o malandro tenta fugir – e sem pagar a conta , ela prova que uma mulher de salto alto pode manter a elegância ao esbagaçar a cara de um fulano no volante, desde que tenha travado os pneus do carro dele antes de entrar no restaurante.
Senhoras e Senhores: Emma Swan!
Mas sua vida não é um mar de rosas, não. Emma realmente vive sozinha, sem família, e sem ninguém com quem compartilhar o cupcake que comprou para comemorar seu aniversário.
Eis que o destino bate à sua porta.
E ele vem na forma de um garoto de dez anos, vestido como se estivesse a caminho de Hogwarts, com um livro imenso embaixo do braço, que já vai se convidando para entrar, pedindo um pedaço de bolo, e contando que ela é sua mãe biológica.
Acontece que dez anos atrás, Emma deu um bebê para adoção. E adivinha quem é?
Pelo menos o Gasparzinho aí até que é fofo. Tirando o fato de ter te conhecido só há trinta segundos e já estar fuçando na sua geladeira... E também tem a chantagem sobre ela levá-lo de volta para casa, porque se chamar a polícia, ele dirá que ela o sequestrou; e não importa que ela seja sua mãe biológica, pois não é o nome dela que aparece em seus documentos.
E foi assim que a Salvadora acabou coagida a conhecer Storybrooke, uma cidadezinha no interior do Maine, da qual ela nunca tinha ouvido falar.
Para quem gosta de colecionar curiosidades, o nome da cidade, extremamente difícil de traduzir, pode significar “História Partida” ou “História Interrompida”, se considerarmos que “brooke”, uma palavra que aparentemente não existe, pode ter derivado do verbo “broken”, e ter recebido um “o” a mais, talvez numa tentativa de fundir o verbo com a palavra “book”, que significa livro.
Trívia.
No caminho para lá, Henry conta uma estranha história sobre os contos de fadas contidos naquele livro enorme que ele carrega serem histórias reais, e que todas as pessoas em sua cidade são personagens daquelas histórias, mas não se lembram disso porque estão amaldiçoados, e que além disso, estão parados no tempo desde que a Maldição foi lançada, sem envelhecer um único dia desde que saíram de Tão, Tão Distante. E ninguém pode sair da cidade, pois coisas ruins acontecem com aqueles que tentam.
Então, claro, Emma deduz que o garoto é maluco, e tão logo chegam à cidade onde ele mora, ela o encaminha ao psiquiatra, que atende no meio da rua, acompanhado de seu assistente, Pongo, o Dálmata... Ah, não, peraí, esse encontro foi acidental...
Mas providencial, pois o terapeuta informa o endereço que Henry não estava querendo contar, e Emma fica surpresa ao descobrir que o menino é filho da prefeita de Storybrooke.
E como já é muito tarde – o relógio da torre no centro da cidade está marcando oito e quinze, mas ele está parado há vinte e oito anos –, Emma decide levá-lo de uma vez à mãe adotiva, se livrar logo da batata-quente, e sair o quanto antes daquela cidade de malucos.
E quem é a mãe adotiva do rebento? Regina Mills, também conhecida como Rainha Má!
O garoto dá uma notícia dessas à queima-roupa à sua mãe adotiva, que ele disse à Emma que era malvada – óbvio! Ela é a Evil Queen –, e apenas fingia que o amava – essa parte não é bem verdade, mas ok –, e entra em casa tranquilamente, deixando essa torta de climão no jardim. E Emma assume o filho sem um exame de DNA nem nada... Claro, porque o moleque tem a sua fuça, né, fofa...
Acontece que quando Regina o adotou ele tinha só três semanas, e os registros de seu nascimento eram sigilosos, pois a mãe não queria ter contato. E como o pai não sabe de sua existência, Regina não tem com que se preocupar.
E quando está indo embora, depois de bater um papinho com a prefeita, tomando uma taça de sidra de maçã, Emma percebe que o garoto deixou o livro em seu carro para forçá-la a voltar. E por estar encarando o livro no banco do carona, ela deixa de prestar atenção na estrada por um momento, e só vê tarde demais um lobo que aparece do nada bem na sua frente, fazendo-a atropelar a placa de “Bem-vindo à Storybrooke”.
Mas calma aí, minha gente, que não é agora que o Lobo Mau devorará a mocinha. Na verdade, esse aí nem é o Lobo Mau, e o verdadeiro prefere camponeses de nobre coração que vão todos os dias ao bosque recolher lenha.
Emma acorda numa cela da delegacia naquela manhã, acusada de ter dirigido bêbada e destruído um patrimônio municipal.
Mas essa picuinha vai ter que esperar, porque enquanto o Xerife Graham registra a queixa contra a forasteira, Regina aparece desesperada porque Henry fugiu... de novo.
Para sorte de Emma, desta vez ela tem um álibi muito bom para não ser envolvida no rolo, já que passou a noite toda na delegacia. Para sorte de Regina, Emma ganha a vida caçando fugitivos, então, se tirá-la da cadeia, ela pode ajudar a encontrar o garoto. E não importa que Henry tenha apagado o histórico de navegação de seu computador, pois Emma tem um dispositivo USB para recuperação do HD, que acaba revelando que Henry a encontrou utilizando os serviços de um site chamado “Quem É A Sua Mãe”, e pagou a taxa extremamente cara do site, de duzentos e sessenta e cinco dólares e cinquenta centavos, com o cartão de crédito de sua professora, Mary Margaret Blanchard.
Então elas interrompem a aula da professora – outrora conhecida como Branca de Neve , que está ensinando as crianças a construírem casas de passarinho – oh, aulinha educativa! –, e só agora a moça sente falta de seu cartão de crédito, que o garoto afanou na mão grande para encontrar sua mãe biológica. Quando chegar a fatura, além da taxa do site, ela terá o prejuízo da passagem de ônibus para Boston, e o táxi que ele pegou na rodoviária para levá-lo até o apartamento de Emma. Duvido que a prefeita esteja disposta a reembolsá-la. E saber que os taxistas americanos aceitam cartões de crédito de crianças desacompanhadas me faz beatificar certos hábitos de desonestidade dos brasileiros...
A propósito, foi Mary Margaret quem deu o livro de contos de fadas para Henry, de que Regina ainda não havia tomado conhecimento até agora. Acontece que a professorinha achava Henry muito solitário, e queria que ele tivesse algo com que se distrair. Claro que ela não tinha como saber que ele consideraria aquele livro uma Bíblia, e deduziria que ele estava contando a história dos cidadãos de Storybrooke. 
Seguindo o conselho que a professora lhe deu depois que a prefeita foi embora – porque, apesar de não saber quem ela é de verdade, ninguém ali está realmente disposto a colaborar com a Rainha Má –, Emma procura Henry em seu “castelo”, um pequeno playground próximo à praia, composto por um escorregador que sai de uma estrutura similar a um castelinho, provavelmente inspirado nas tradicionais casas da árvore. Ela lhe devolve o livro, e ele tenta convencê-la de que seu destino é trazer de volta os finais felizes de todos aqueles personagens expatriados, e explica que não tem mágoa dela por tê-lo abandonado, pois acredita que ela só queria que ele tivesse uma vida melhor, mas que no fundo gosta dele. Foi por isso também que a Branca de Neve abriu mão dela, para que ela pudesse ter uma chance de se proteger da Maldição. Mas ela não está com tempo para isso, e precisa levá-lo de volta para Regina.
Acontece que a vida de Emma também foi uma droga. Ela foi deixada ainda bebê na beira de uma estrada, porque seus pais nem se incomodaram em deixá-la num hospital. Ela acabou no sistema de adoção, e não teve uma família até os três anos de idade, mas aí seus pais adotivos tiveram um filho por conta própria e a devolveram ao orfanato. Por isso Emma pensa que se Regina está se esforçando para conquistar o amor de Henry, ele deve lhe dar uma chance, porque não é nada fácil para uma criança abandonada encontrar alguém que a ame. Ou que no mínimo a queira, para início de conversa.
No fim, Emma acaba concordando com ele para não perder a amizade. E assim consegue que ele volte para a casa da prefeita e evita maiores problemas para si mesma.
O engraçado é que, na noite anterior, ao soprar a vela de seu aniversário, Emma desejou não ficar sozinha. Então Henry apareceu, como uma resposta ao seu pedido.
Afinal, enquanto Emma viveu os últimos dez anos esfregando a cara de trambiqueiros em volantes pela costa leste, e fazendo sabe Deus o quê mais, foi Regina quem trocou fraldas, cuidou de cada febre e suportou todas as malcriações.
E tecnicamente, Emma perdeu qualquer direito legal sobre o menino quando o abandonou. Mas as ameaças da prefeita, em vez de surtirem o efeito esperado, acabam colocando uma pulga atrás da orelha da Salvadora, sobre a possibilidade de Henry ter razão ao menos numa coisa: sua mãe adotiva ser verdadeiramente má, e talvez ela devesse ficar na cidade para protegê-lo.
O que, claro, é tudo o que Regina não quer.
Mas Emma não deve satisfações a ninguém. Então, em vez de pegar seu fusquinha e sair de mansinho como a prefeita sugeriu, Emma dirige até a Pensão da Vovó, que parece estar abandonada, a julgar pelo estado deplorável do jardim da frente, e decide alugar um quarto por uma semana.
Claro que Emma fica desconfiada sobre as estranhas boas-vindas desse bicho grilo – embora Henry tenha garantido que o Grilo Falante era o seu analista –, e Ruby explica que o Sr. Gold é o dono da cidade inteira. Pelo visto, a Sra. Prefeita, diferentemente da maioria dos políticos, se lembrou de cumprir a promessa que fez ao Senhor das Trevas lá em Tão, Tão Distante, e o transformou no Donald Trump do lugar.
Com o perdão da ofensa, Sr. Gold! Eu sei que você não merece nem a comparação, nem ser chamado de nome feio.
Uma coisa curiosa em relação à estética da série: alguém tomou a precaução de incluir um dedinho de esperança dentro da Maldição, já que o chaveiro da Pensão da Vovó tem o formato de um cisne – como o sobrenome Swan, adotado por Emma, que significa cisne em inglês.
E sua decisão de ficar na cidade já começa a provocar mudanças e pequenas instabilidades na Maldição. Da janela de seu quarto, Henry vê quando o ponteiro do relógio da torre começa a se mover.
E desde então, ele não parou mais – ao menos, enquanto ficou inteiro.
Quem não fica nada contente ao perceber que o tempo voltou a andar em sua cidade é Regina, mas ela não demora a descobrir o quê está ameaçando o bom andamento de sua Maldição. Ao ver o fusca amarelo estacionado na rua, ela decide fazer uma visitinha à Emma na pensão e lhe oferecer uma cesta de maçãs vermelhas como sangue para a mãe biológica de seu filho comer na viagem de volta à Boston, sugerindo, sutil como uma tijolada, que ela puxe o carro antes mesmo do café da manhã.
E a Rainha Má não sabia disso? Pois se Rumplestiltskin fez o favor de informá-la de que a guria era a única pessoa que poderia quebrar a Maldição, no mesmo diálogo em que revelou o último ingrediente que ela precisava, lá em Tão, Tão Distante...
Acontece que, depois de ter sido ameaçada tantas vezes pela prefeita nas últimas vinte e quatro horas, Emma decidiu ficar um tempinho na cidade, para se convencer da segurança de seu filho recém-encontrado.

Além disso, Emma sabe ler nas entrelinhas. E como concordam que só uma delas sabe o que é melhor para Henry – sendo que cada uma está tomando partido de si mesma nessa questão –, as duas começam a se atacar mutuamente, cada uma na sua vez.
Primeiro Regina, encarregando o repórter sensacionalista Sidney Glass de descobrir e publicar o passado sórdido da Srta. Swan. O problema é que, naquele momento, ele não conseguiu encontrar nada interessante, exceto que ela passou muito tempo em lares adotivos, se envolveu em encrencas quando criança, e pariu Henry em Phoenix, o que o leva a questionar como o garoto foi parar no Maine, do outro lado do país. E como não encontrou nada melhor para publicar no jornal local, ele estampou a primeira página com uma foto enorme da prisão de Emma, com a manchete “Estranha destrói placa histórica”. Sinal de que nada interessante acontece em Storybrooke, se isso vale a primeira página do jornal.
Então Emma vai ao consultório do Dr. “Grilo Falante” Archibald Hopper, conversar sobre a obsessão de Henry com os contos de fadas, e o terapeuta explica que o garoto está usando o livro como linguagem, para as emoções que ele não consegue expressar. Seu relacionamento com a mãe adotiva sempre foi complicado, por isso ele tem feito terapia desde muito pequeno; e como percebe que Emma está genuinamente preocupada com o garoto, ele decide quebrar o protocolo e violar a ética profissional, permitindo que ela examine os arquivos de Henry. Mas é só ela virar as costas para o doutorzinho avisar a Prefeita sobre sua visita, e revelar que entregou os arquivos a ela, como Regina pediu.
Então é claro que Emma mal tem tempo para estudar a pasta inteira, pois o Xerife logo vai ao seu quarto na pensão, prendê-la outra vez pelo roubo dos arquivos de Henry.
O Xerife até acredita que tenham armado para Emma, mas entre ele acreditar, e criar coragem para desafiar a prefeita, há uma distância enorme. Então Emma volta para a cadeia, mas como as fofocas correm bem depressa naquela cidade, Henry já soube da novela e convenceu sua simpática professorinha a pagar a fiança da mãe. Porque Mary Margaret confia em Emma, mesmo conhecendo-a só há cinco minutos? Porque o sangue está pulsando de forma estranha desde que Emma chegou à cidade, e como a professora frígida sabe que não é lésbica, isso só pode significar uma afinidade familiar.
E Emma já sai da cadeia virada no Jiraya, e doida para cometer outro crime. Ela compra uma serra elétrica, vai à casa da prefeita, e desconta toda sua raiva em cima da macieira favorita que Regina tem em seu jardim.
Daí, na vez de Regina atacar Emma, ela obriga a Vovó a expulsá-la da pensão, lembrando-a da lei municipal que proíbe dar abrigo a criminosos, para que Emma, não tendo onde ficar em Storybrooke, volte para o buraco de onde saiu.
Não o da Branca de Neve, é claro; o apartamento em Boston.
E ela trama uma dessas para uma mulher que viveu meses dentro de um fusca com o namorado vira-lata! Querida, precisa fazer melhor do que isso para tirar Emma da cidade. Ainda mais que Graham se recusa a prendê-la de novo por ter depredado a macieira de Regina, e já está mais que desconfiado sobre a denúncia do roubo dos arquivos ter sido realmente uma armação da Prefeita. Ao que ela aproveita para lembrá-lo de que pode tirá-lo do cargo na hora em que desejar. E o fato de não explicar os detalhes custará um preço alto ao Xerife, anotem!
Mas antes de tomar providências quanto à insubordinação dos funcionários públicos de Storybrooke, Regina precisa tirar a mãe biológica de seu filho do caminho. Então ela convida Emma para negociarem um acordo de paz. Mas era uma armadilha. Ela só queria que Henry ouvisse Emma dizer que está preocupada com o fato de ele não distinguir a realidade da fantasia, e supor que ela pensa que ele é maluco.
Um golpe que poderia ter sido fatal, pois Emma ficou tão chateada por ter magoado o garoto, que foi correndo pagar o dinheiro da fiança à Mary Margaret, decidida a cair fora da cidade para evitar que Henry continuasse se machucando, mas graças a uma xícara de chocolate quente com canela e alguns conselhos maternais, ela acaba mudando de ideia, e ficando para protegê-lo.
Nesse momento Henry não quer nem papo com seu terapeuta, nem com o guarda-chuva dele. E não só por causa da armação para botar Emma na cadeia, mas porque ele está chateado demais, por saber que todo mundo pensa que ele é doido. Felizmente, Emma consegue achar um meio de distorcer o que ele a ouviu dizer à Regina, e virar o jogo a seu favor.
O nome disso é Operação Cobra, meu amigo. Ou mentira deslavada, no caso.
Não que Emma esteja particularmente interessada no assunto, e também não pretende mergulhar nessa maluquice, mas se o deixa feliz, então ela está mais que disposta a queimar as páginas “perigosas” que Henry arrancou do livro, para evitar que Regina descubra que ela é a Salvadora.
E sabe quem foi lá fazer fofoca para Regina sobre essa linda reunião de família? O Sr. Gold, que viu Emma passeando com o filho da prefeita, logo depois da terapia. Acontece que foi Gold quem intermediou a adoção de Henry, e agora que foi informada de que ele nasceu em Phoenix, Regina começa a suspeitar que a escolha dele não tenha sido ao acaso. Gold queria que Emma viesse para esta cidade; a questão é: por quê? Mas ele se faz de desentendido quando ela toca no assunto.
O alguém importante era o pai de Regina. E o fato de Gold saber disso, sua obsessão por nomes, e a macumba da obediência continuar funcionando apenas com as palavrinhas mágicas “por favor” são evidências mais do que claras de uma coisa: Rumplestiltskin está acordado! E pelo visto, manipulando tudo, como sempre.
E o castelo de cartas que a Rainha Má construiu ao seu redor, logo sofrerá outro abalo.
Depois de um encontro desastroso com o Dr. Whale, o médico local, em que ele estava muito mais interessado em descobrir as medidas da bunda da garçonete Ruby do que em conhecer a simpática professorinha, e nem se deu o trabalho de pagar a conta do restaurante, Mary Margaret acaba concordando com a ideia do Henry de ler o conto da Branca de Neve a um paciente desconhecido que está em coma no hospital local. Segundo o garoto, isso poderia fazê-lo acordar e se lembrar que era o Príncipe Encantado, antes de a Maldição ser lançada.
Então lá vai a professora fazer uma visita ao paciente em coma, com o imenso livro de contos de Henry embaixo do braço para ler uma versão menos conhecida e muito mais animada da história da Branca de Neve para o bonitão.
Nessa versão, o Príncipe Encantado vinha pela estrada com sua noiva, a Princesa Abigail – que eu carinhosamente vou apelidar de Barbie Midas –, ouvindo-a declamar um rosário de reclamações, porque o caminho é muito longo, porque a estrada é muito acidentada, porque não chegam nunca ao castelo, porque um pernilongo mordeu...
O Príncipe estava mais interessado no conteúdo da bolsa de couro que trazia no colo, do que no papo chato da Princesa, que ele claramente não amava. Eis que a carruagem se deteve subitamente, por causa de uma árvore caída. Na verdade, uma árvore derrubada! O que faz o Príncipe desconfiar de que caíram na emboscada de algum trombadinha, que bateu sua carteira bem na fuça da patricinha.
Então, o Príncipe largou tudo para trás – inclusive a patroa –, e saiu no encalço do ladrão, para recuperar seu bem mais precioso, que, obviamente, não era a noivinha entojada, mas uma joia guardada na bolsa roubada. E qual foi sua surpresa ao descobrir que o ladrão era uma mulher!
Branca de Neve, para ser mais exata. E depois de agredi-lo com uma pedrada no queixo, e fugir com o cavalo dele, a Princesa, à época, a fugitiva mais procurada do Reino, voltou ao seu esconderijo, recolheu os tesouros que roubara num saco, e um frasco misterioso, contendo alguma substância perigosa que ela pretendia usar contra a Rainha Má um dia, e tentou dar linha na pipa, mas acabou inesperadamente capturada numa armadilha montada pelo Príncipe furtado, que quer de volta a bolsa de couro com as joias que ela roubou.
Mas Branca de Neve sabe como funcionam essas fusões entre Reinos. Nenhum casamento na realeza é por amor, só interesse, ou em enriquecer, ou em evitar uma guerra.
Na verdade, aquele buraco era ainda mais embaixo do que ela imaginava, porque o Encantado ali sequer é um Príncipe de verdade.
Uma das coisas mais legais em Once Upon a Time, além das versões inesperadas dos contos clássicos, é sua habilidade em mesclar contos que aparentemente não têm qualquer relação entre si. A Disney sempre esteve mais preocupada em ampliar a mitologia de suas Princesas do que explorar um pouco o passado de seus respectivos Príncipes. O Príncipe da Branca de Neve, a quem sequer se dignaram a dar um nome no desenho – assim como à Rainha Má –, foi identificado pela série como o protagonista de O Príncipe e o Mendigo.
O Príncipe James era filho do Rei George, e recebeu do Rei Midas, com quem pretendiam estabelecer uma aliança, a missão de matar um dragão que estava causando problemas num canto remoto de Tchuim Tchuim Tchum Claim. Mas o Príncipe foi morto antes mesmo de sair em sua jornada. O que ninguém sabia era que o bravo bonitão não tinha uma gotinha sequer de sangue nobre. A Rainha de George nunca pôde ter filhos, então o Rei ouviu falar que havia um contrabandista de crianças no Reino – adivinhem quem? –, e decidiu encomendar um filho a ele.
Mas, para sorte do Rei George, Rumplestiltskin é um homem – duende, mago, criatura, enfim, um cidadão – precavido, e buscou um menino que tivesse um irmão gêmeo, para o caso de a mercadoria do Rei dar problema, ele poder trocá-la dentro da garantia.
E foi assim que Rumple buscou o irmão gêmeo do Príncipe, um simples pastor de ovelhas em uma fazendinha falida, para que ele substituísse o presunto Real, e o acordo com Midas permanecesse em pé.
Tecnicamente, ele nem teria que matar o dragão. Os soldados do Rei George fariam o serviço, e o falso Príncipe só teria que levar a cabeça da fera para o Midas e receber a recompensa. Mas o senhor do Toque de Ouro tinha planos mais extensos para o belo “Príncipe”: casá-lo com sua filha constipada, a Princesa Abigail.
E foi assim que Encantado passou de um simples pastor de ovelhas, a herdeiro do trono de Tangamandápio, e teve que ficar noivo da Barbie reclamona. No fim das contas, ele acabou matando pessoalmente o dragão, numa cena que me fez lembrar bastante a história de Davi e Golias – talvez, um dos motivos porque seu nome na Maldição é David –, encurralando-o como costumava fazer com suas ovelhas – o herói bíblico também as pastoreava –, e aproveitando-se do enorme tamanho do monstro para acertá-lo – quanto maior o alvo, menor a chance de errar. Mas nem seu feito heroico foi capaz de livrá-lo do compromisso com a patricinha.
E como Branca de Neve não tem nada com isso, e o Príncipe já sacou, pelos cartazes que a Rainha Má mandou espalhar pelo Reino, que ela é a criminosa N°1, procurada viva ou morta, ela concorda em ajudá-lo a reaver o anel, contanto que não a entregue à megera.
Branca de Neve nega as acusações – até porque, a primeira da lista é obviamente mentira –, mas sua inocência não impediu a Rainha de pedir sua cabeça. Ou melhor, seu coração numa bandeja. Ou numa caixa. Ou num saco... Enfim, a embalagem pouco importava, contanto que o coração fosse da enteada. Por isso a Princesa tem roubado as carruagens de impostos para juntar dinheiro suficiente para fugir do Reino.
Se bem que a inocência dessa Princesa aí é relativa, pois ela reconhece que de fato arruinou a vida da Rainha. E também não faz a menor cerimônia em nocautear o Príncipe, quando ele se abaixa para beber água num riacho, jogá-lo na água, pegar o dinheiro e dar no pé.
Mas não vai muito longe, pois ao chegar à estrada, é cercada pelos guardas da Rainha, e só não é capturada ou morta, porque o Príncipe, irritado por ter sido agredido, decidiu persegui-la e acaba salvando sua vida.
Agora, com uma dívida de honra para saldar, ela não tem outra saída senão ajudá-lo a reaver seu precioso anel. O problema é que ela vendeu as joias para os Trolls, e eles são meio difíceis de negociar; não são particularmente fãs da realeza, e portanto o Príncipe deve ficar bem quietinho, e não se meter em seus assuntos.
Branca de Neve convoca os Trolls na ponte – um bando de monstrengos que parecem feitos de pedregulho deformado – e oferece devolver todo o dinheiro das joias que vendeu a eles, em troca somente do anel. Mas os Trolls são seres muito desconfiados, e, pensando tratar-se de uma armadilha, tentam matá-los, e ficam muito interessados na moça, ao encontrarem o cartaz de “Procurada” no bolso do Príncipe, e perceberem que andavam negociando com a Branca de Neve, decidindo exigir a recompensa por sua cabeça.
Felizmente, o Príncipe consegue recuperar sua espada, que tinha sido confiscada, luta com os monstrengos, joga alguns deles da ponte, e Branca de Neve usa o Pó de Fada das Trevas que vinha guardando para usar contra a Rainha Má para transformar os Trolls em besouros.
E se ela sair voando, também não haverá machos no recinto, eu te garanto. Porque nada faz homem gritar mais fino que uma barata voando! Não importa a reputação do sujeito...
Enfim, agora que o perigo passou, eles recolhem suas tralhas e o dinheiro que ficaram espalhados na ponte, o Príncipe devolve o ouro à Princesa para que ela possa cair fora daquele Reino e deixar de ser perseguida pela madrasta, e ela devolve a bolsa de couro que tinha roubado dele.
Ela até experimentou o anel quando o devolveu a ele, e o resultado disso foi que ele descobriu que ficava melhor no dedo da foragida Branca de Neve do Gueto do que no da filha chata do Rei Midas.
Assim, eles dão os respectivos adeus, e partem, com seus corações fisgados um pelo outro.
E foi esse o momento que o homem em coma escolheu para segurar a mão de Mary Margaret no hospital, demonstrando que talvez Henry tivesse razão, e a leitura daquela história realmente pudesse ajudar a trazer o Belo Adormecido de volta.
Pena que o médico não concorde com ele, pois a pulsação e os aparelhos mostram que os sinais do Fulano continuam iguais, como sempre estiveram desde que foi internado. Não que a professora confie cegamente no Dr. Whale, ainda mais depois do encontro desastroso da noite passada, mas acata sua sugestão de ir para casa descansar um pouco. E tão logo ela vira as costas, ele informa à Prefeita sobre a mudança no quadro do paciente em coma. Porque, como veem, o filho da mãe mentiu para a professora.
Para desespero da Rainha Má, que vê sua Maldição oscilando mais uma vez.
Na manhã seguinte, Henry empresta uma camisa que roubou no guarda-roupa de Regina para Emma – já que sua mãe biológica veio à Storybrooke só com a roupa do corpo, para devolvê-lo e dar no pé –, e conta como deu um perdido na mãe adotiva.
Não que o fato seja relevante, mas em todo caso, é interessante.
Emma pede que Henry não fique muito esperançoso sobre o progresso de Mary Margaret com o Fulano em coma, mas a professora já chega no restaurante da Vovó Donalda contando que o cara acordou.
Sim, vou apelidar a avó de Chapeuzinho Vermelho como a avó do Pato Donald.
Porque, sim, oras!
Retomando, quando chegam ao hospital, nossas amigas encontram o Xerife no quarto do Príncipe Encantado, investigando por onde o paciente evaporou. A Prefeita também está na cena do crime, prontinha para comer o rabo de alguém pelo acontecido. Supostamente, Regina era o contato emergencial do Desconhecido, pois foi ela quem o encontrou à beira da estrada há alguns anos, sem identificação, e o trouxe ao hospital.
Então o Xerife interroga os dois funcionários que estavam de plantão naquele andar quando o homem sumiu: um deles é o Soneca, que deveria vigiar as câmeras de segurança; o outro é o faxineiro Leroy, outrora conhecido como Zangado, que parece ser um inquilino frequente em uma das celas da delegacia. Ninguém viu nada, como sempre, mas ao examinar as fitas de segurança, Emma percebe que estão olhando para a gravação errada, pois os alunos de Mary Margaret decoraram a enfermaria com enfeites de papel no dia anterior, e a fita daquela noite não mostra enfeite nenhum. Agora tentem adivinhar como foi que alguém possivelmente tirou o paciente do hospital e trocou as fitas de segurança?
... da Silva Sauro.
E quando finalmente os dois empregados param de trocar farpas e encontram a fita certa, descobrem que o Belo Adormecido saiu do hospital sozinho, caminhando sobre os próprios pés, e parecia estar bem.
Mas é claro que um paciente que ficou sabe-se lá quantos anos em coma deve estar, no mínimo, desorientado. Então, lá vai o povo atrás dele.
A porta por onde ele saiu leva à floresta. Um trabalho de busca mais familiar para o Xerife Graham – que conhece bem a região – do que para Emma, acostumada a encontrar seus fugitivos em lugares como Las Vegas, enfiados numa pista de dança ou no decote de uma stripper, e não no meio do mato.
De repente ouvem um ruído na retaguarda. E não parece ter sido peido.
Já que ela foi a última pessoa que o sujeito viu quando acordou, ele deve estar indo para o último lugar onde se lembra de tê-la encontrado. Ou o último trecho da história que ela leu para ele; ou seja, a Ponte.
Não há Trolls naquele mundo – não que eles saibam, pelo menos –, mas tem a Ponte do Pedágio, que está abandonada há anos, e, exatamente como Henry previu, encontram o Desconhecido desmaiado na margem do rio. E não se deixem enganar pela aparente frigidez da professorinha de Henry, porque o boca a boca que ela fez no bonitão ao lhe prestar os primeiros socorros se parecia demais com um beijo de língua!
Seja respiração boca a boca ou beijo de amor verdadeiro, o importante é que o Fulano acordou, mas ainda não faz ideia de quem seja. Então eles o levam de volta ao hospital, onde ele volta a depender do soro intravenoso, e de repente uma mulher desesperada irrompe pela porta, chamando-o de David, e alegando ser esposa dele.
Resumo da novela: eles brigaram, ela pensou que ele tivesse se mudado para Boston, e nunca foi atrás para saber se ele estava vivo.
E como Emma não nasceu ontem, ela saca que é conveniente demais que Regina tenha encontrado a Barbie nojenta assim, tão de repente, justamente quando o Fulano acordou, se a Prefeita foi o contato de emergência dele o tempo todo.
E como é óbvio que tem maracutaia em toda aquela historinha, e está na cara também que Regina está armando alguma, Emma decide aceitar a oferta do quarto disponível no loft da professora, que ela tinha oferecido na noite anterior, quando viu Emma se preparando para dormir em seu Fusca.
Henry parece ter razão sobre outras coisas também, além do modo de despertar pacientes em coma. Conversando com Mary Margaret, Emma se dá conta de que Regina é prefeita há muito mais tempo do que seria aceitável para a idade dela – a professora nem lembra mais quando foi que Regina se elegeu pela primeira vez, mas aparentemente Henry ainda não estava na cidade. Ou seja, tem mais de dez anos. E pelo visto, ninguém se atreve a desafiá-la, e permitem que ela manipule a cidade inteira ao seu bel-prazer.
Mas Regina aparentemente desistiu de atacá-la, depois de investigar sua vida, e descobrir que ela se mudou sete vezes na última década. Emma não costuma criar raízes em lugar nenhum, e é por isso que agora ela tem certeza de que a moça não representa qualquer perigo para ela ou para o filho. Só pede que, quando decidir cair fora, Emma não magoe Henry.
O engraçado é que Emma teve a chance, naquela manhã mesmo, de começar a criar raízes em Storybrooke, quando o Xerife a cercou na rua para agradecer a ajuda no caso do Fulano desaparecido.
Ela não pensava em aceitar, mas Regina pressioná-la a cair fora de uma vez a deixou furiosa. E para ajudar um pouco mais em sua decisão sobre ficar ou não ficar, se ajustar ou não àquela cidade esquisita, Gold a procurou naquele dia para lhe oferecer seu primeiro trabalho oficial em Storybrooke: procurar uma garota que o atacou em sua loja noite passada, e fugiu levando algo de valor que lhe pertence. Ele não quer envolver a polícia, porque a moça está estourando de grávida, e ele não quer arruinar a vida dela. Uma afirmação que deveria ter ligado o desconfiômetro da Emma. Principalmente depois de ele se recusar a contar o que foi que ela roubou.
E para tornar seu dia ainda mais interessante, Henry conseguiu se livrar da mãe, que se entupiu de batom logo cedo para ir a uma “reunião com o conselho da cidade”, em pleno sábado, e só vai voltar às dezessete horas. O que significa que ele pode passar o dia todo com sua mãe biológica. E como ele faz cara de inocência, e Gold pouco se importa com o que o filho da prefeita apronta, ele finge não estranhar o fato de o menino estar perambulando sozinho pelas ruas de Storybrooke. Cidadão modelo esse Gold...
Como não sabe por onde começar a procurar, Emma vai ao restaurante da Vovó Donalda para ver se Ruby sabe de alguma coisa a respeito da desaparecida Ashley Boyd, já que Emma a conhecera na manhã anterior na lavanderia que fica nos fundos do restaurante, quando a prefeita a fez entornar chocolate quente na roupa. A garçonete conta que o namorado de Ashley deu no pé assim que soube da gravidez (típico!), e a garota não tem família (mais típico!), exceto uma madrasta e duas irmãs com quem não se dá (tipicamente Cinderela!). Aliás, essa era a única informação que Henry precisava para sacar que a garota era a Gata Borralheira lá em Tão, Tão Distante, já que em Storybrooke ela continua sendo empregada doméstica.
E na falta de uma pista melhor, Emma decide seguir o conselho de Ruby e bater um papinho com Sean Herman, o ex-namorado de Ashley, mas ele não faz a menor ideia de onde ela esteja. E a história não é exatamente do jeito que a garçonete contou. Sean é claramente manipulado pelo pai, e foi ele quem exigiu que o rapaz abandonasse a moça grávida, para que ele não jogasse a vida fora para criar um filho com uma qualquer. O homem já teve um trabalhão para conseguir aquele acordo, para enviar o filho dela a um lar adequado, pagando à Ashley uma pequena fortuna.
Eis o verdadeiro motivo porque o agiota não queria a polícia envolvida no caso. O tal bem valioso que Ashley roubou dele era o próprio bebê. Mas esse acordo aí era do arco da velha, e foi selado muito antes de todo mundo ser arrastado para Storybrooke.
Cinderela tinha visto a carruagem com sua madrasta e suas irmãs coloridas partir para o baile, e ficou admirando os fogos de artifício que iluminavam o castelo naquela noite. Melancólica, claro, porque todo mundo saiu vestido de gala, enquanto ela ficou em casa, vestida de chita, imunda, varrendo o chão, sem permissão para ir ao baile se divertir e conhecer um Príncipe. Eis que sua Fada Madrinha resolveu aparecer para resolver o problema dela, prometendo realizar seu sonho, mas antes que pudesse terminar as apresentações, a criatura virou purpurina bem diante dos olhos da moça.
Claro que isso só podia ser arte do Rumplestiltskin, que veio afanar a varinha mágica da fada, pois, segundo ele, a coisa está chapada de magia negra. Mesmo assim, a moça ainda quer ir ao baile, e ele decide providenciar pessoalmente o Bibit Bobit Bum. Claro que, sendo ele a ajudá-la, a magia lhe custará algo precioso.
De modo que Cinderela não precisou se preocupar com o preço naquele momento, e, talvez por nunca ter ouvido falar daquele diabo, foi logo aceitando o milagre fiado, e assinando uma nota promissória, sem nem perguntar qual foi o valor preenchido por ele, nem ler as letras miúdas.
E como Rumple adora essas conveniências, ele troca seus trajes de escrava pelo glorioso vestido azul e os sapatos de cristal – pois toda história precisa de um detalhe memorável –, e a despacha para o castelo, onde ela conhece o Príncipe, casa com ele... Aquele conto de fadas velho que todos estamos carecas de conhecer.
O problema começa quando ele aparece no baile de seu casamento com o Príncipe Thomas para contar qual foi o preço que ele colocou naquele contrato: o filho primogênito da nova Princesa.
Essa informação a leva a fazer as malas logo após a lua de mel, ao descobrir que já está com o pãozinho no forno, pois imagina que o Príncipe irá escorraçá-la quando descobrir que ela vendeu o filho deles antes mesmo de conhecê-lo.
Querida, entenda uma coisa: não existe pechincha nem promoção quando se está negociando com Rumplestiltskin!
Mas o Príncipe acaba sendo mais compreensivo do que se esperava, e decidiu pôr a cabeça para funcionar, para descobrir um modo de alterar o acordo dela com o diabo.
Quem acaba encontrando uma alternativa é o Príncipe Encantado. A essa altura ele já estava casado com Branca de Neve, que provavelmente já estava prenha também. Cinderela, na reta final de sua gravidez, concorda em atrair Rumplestiltskin para uma armadilha, em que ela tentará convencê-lo de que está grávida de gêmeos, e como sabem que ele não resistirá a ficar com ambos os bebês, ela pedirá que ele altere o acordo, inventando que o Reino está com dificuldades financeiras, para que ele assine um novo contrato, concordando em tornar a terra mais fértil em troca do segundo bebê, usando uma pena especial, que foi encantada pela Fada Azul, para paralisar e anular a magia de quem utilizá-la.
É claro que Rumple desconfiou da armadilha, mas ele também tinha friamente calculado ser encarcerado pelos Encantados na cela especial preparada exclusivamente para ele na Mina dos Anões, onde ele ficaria impossibilitado de usar magia, mas completamente disponível para receber a visita de Branca de Neve, e assim descobrir o nome que ela escolheu para sua filha, a criança salvadora. E ele precisava dessa informação, pois tinha planos para ela.
Só que logo após ajudar a prender Rumplestiltskin, Cinderela teve que lidar com o desaparecimento do Príncipe Thomas. Já que ele assumiu a dívida pela nova magia utilizada, alguém achou por bem cobrá-la imediatamente, e Rumplestiltskin garantiu que ela não veria seu Príncipe de novo enquanto não lhe entregasse o bebê que havia prometido. Não importando em que mundo estivessem – pois naquela época a Maldição já havia sido anunciada.
E essa promessa se cumpriu. A de mantê-la separada do rapaz, eu quero dizer. Cinderela não voltou a ver seu Príncipe até dar à luz uma menina de seis (!) quilos, naquele mesmo dia em Storybrooke. Bem, depois de ter ficado grávida por vinte e oito anos – fato que por si só já devia incluí-la no Guiness Book – não me admira a criança ter nascido tão grande. Pela lógica, essa menina já deveria ter nascido formada, pós-graduada e doutorada.
Acontece que Ruby mandou Emma conversar com Sean para dar uma vantagem à amiga, para tentar fugir da cidade com o carro dela. Mas, como Henry já cansou de avisar, ninguém atravessa a fronteira da cidade. De modo que encontraram o carro estacionado e aberto perto dos limites de Storybrooke, e Ashley prestes a parir no mato.
Emma conseguiu levá-la para o hospital a tempo, e tão logo a menina nasceu, Gold já estava lá para requisitá-la. E como a moça estava mesmo decidida a ficar com a filha, e mudar sua vida inteira para poder cuidar dela, a Salvadora negociou um novo acordo com Gold, em que ele concordava em transferir a dívida de Ashley para Emma.
Um pouco mais de cautela, Srta. Swan... Nunca se sabe que tipo de coisa esse cidadão pode ter em mente para te cobrar depois. Ele pode te pedir para matar alguém, roubar alguma coisa, tirá-lo da cadeia, procriar com o filho dele...
Ops! Alerta de spoiler atrasado!
E aqui entre nós: essa jaqueta é do Henry, né? Porque se não for, mau gosto mandou lembrança, viu, Emma?!
Emma avisa Ashley que conseguiu tirar Gold de seu pé, e a moça conta que decidiu chamar sua filha de Alexandra – o nome que o Príncipe Thomas sugerira em Tão, Tão Distante, e que ela havia detestado, quando, não se sabe como, ele já tinha certeza de que era uma menina, sendo que nem a Fada Azul, pelo que eu sei, podia prever o sexo de uma criança ainda no útero; a não ser que Branca de Neve tenha compartilhado certo artefato com essa Princesa... E ela ainda se reconciliou com o namorado, que finalmente decidiu sair de baixo da asa do pai, e assumir sua filha como um homem de verdade.
Tudo resolvido, Emma corre para levar Henry para casa, antes que Regina chegue, dê pela falta dele, e coma seu fígado. Afinal, a Prefeita é mais assustadora que o Gold!
Mal sabem eles que, como eu suspeitei desde o princípio, a tal reunião do conselho aconteceu num dos quartos da Pensão da Vovó, que Regina usa como motel, cada vez que decide fazer serão com o Xerife, que ela largou esbaforido, ao correr para casa para não perder o horário de retorno que informou ao filho.
Henry chega em casa em cima da hora, e corre para o seu quarto, largando um tênis caído na escada, se joga na cama, agarra um livro e faz cara de inocência, quando Regina vai direto ao seu quarto verificar se ele cumpriu direitinho suas ordens de ficar quietinho fazendo o dever de casa.
Sabe de nada, inocente!
E já que garantiu o primeiro final feliz naquela cidade, a Salvadora decide aceitar a proposta indecente do Xerife, e se tornar sua assistente. Claro que Regina pode criar caso, mas nós sabemos perfeitamente que ele sabe como amansar aquela fera...
E para quem precisa de mais provas de que Henry tem razão sobre a presença da Salvadora estar provocando mudanças na cidade e o enfraquecimento da Maldição, foi só Emma colocar o distintivo de assistente, oficializando sua decisão de permanecer em Storybrooke, para todos sentirem um terremoto. Acontece que parte dos túneis de uma antiga mina abandonada escolheram aquele exato momento para desmoronar.
E como problema pouco é bobagem, depois de a Prefeita e os bombeiros terem isolado a área, Henry percebeu que as minas eram um ótimo lugar para procurar provas de que sua teoria sobre todos ali serem personagens de contos de fadas é real, e decidiu entrar escondido nos túneis, sob o risco de acabar soterrado.
A verdade é que o moleque até estava certo, mas seria quase impossível ele descer tão fundo nos túneis sozinho, principalmente sem se machucar no caminho, mas o esquife de vidro onde Branca de Neve foi velada pelos Anões depois de ter comido a maçã envenenada estava sepultado bem no fundo das minas.
Regina não ficou nada satisfeita em saber que Emma é a nova assistente do Xerife Graham – afinal, o prefeito e o corno são sempre os últimos a saber das coisas –, mas com Henry em perigo, as duas acabaram tendo que trabalhar juntas para resgatá-lo.
Archie, o Dr. Grilo Falante, que tem feito as vezes de psicólogo do garoto, foi o primeiro a entrar nas minas para procurá-lo, e acabou ficando preso com ele após um segundo desmoronamento.
Felizmente, com a ajuda de Pongo, a equipe de resgate conseguiu encontrar as grades de um duto de ventilação, por onde Emma pôde descer para resgatar Henry e Archie, exatamente no momento em que o elevador por onde tinham tentado sair, e acabaram ficando presos, estava prestes a desabar no poço sem fundo.
Sorte sua não pesar nada, Sr. Grilo Falante!
Enquanto a nova funcionária pública vivia aventuras em seu primeiro dia de trabalho, Mary Margaret arrumava sarna para se coçar. Tudo bem que a professora era voluntária no hospital, mas a atenção que ela estava dedicando ao ex Belo Adormecido não estava na folha de trabalho. Talvez influenciada pela insistência de Henry sobre o Fulano ser sua alma gêmea; talvez por ter gostado da textura dos lábios dele quando lhe fez o boca a boca na Ponte do Pedágio; talvez porque, estando soltinha na pista, o que cair na rede é peixe... O fato é que a professorinha está passando bastante tempo com ele, e já começa a se sentir culpada, porque ele corresponde aos seus sentimentos, mas, ao contrário do que se imaginava, a suposta mulher dele não é uma vaca.
Na verdade, a Barbie Midas versão Storybrooke é bem simpática, e não parece preocupada com essa amizade do suposto marido com a professora. Ela está mais interessada é em ajudá-lo a recuperar sua memória – a versão amaldiçoada, não sua vida em Tão, Tão Distante, como Príncipe usurpador, matador de dragões, negociante das quebradas, e tudo mais.
E é justamente por se sentir culpada por gostar de um homem casado, que Mary Margaret decide não ir à festinha de boas-vindas que Kathryn organizou quando David finalmente recebeu alta do hospital. E embora esteja com a casa cheia de gente que ele nunca viu na vida, o bonitão sente falta de uma pessoa só: Mary Margaret; e decide sair no meio da festa para procurá-la. Acontece que ele não tem nenhuma lembrança de seu casamento com Kathryn, e não consegue se lembrar de ter algum sentimento por ela também. Já pela professora, ele arrasta um caminhão...
Os princípios da professora gritam que ela deve ficar longe dele, mas quando David decide deixar a esposa para ficar com ela, tudo muda de figura, mesmo com Regina ameaçando espalhar por aí sua fama de destruidora de lares.
Irritar Regina é o novo hobby dos moradores de Storybrooke, pelo visto.
Pena que, justamente quando está decidido a reorganizar a vida e recuperar seu final feliz, David tenha entrado na loja do Sr. Gold por engano – porque a prefeita conhece sua cidade o suficiente para lhe indicar o caminho errado para o lugar onde marcou encontro com a professora –, visto a antiga caixa de correio em forma de moinho de vento que costumava decorar o jardim da casa de Kathryn, e ela tenha lhe trazido as memórias amaldiçoadas de seu casamento com a Barbie Midas.
Falando nisso, o pai dela nunca deu as caras em Storybrooke. Onde será que ele se enfiou? Alguém viu uma estátua de ouro em tamanho humano por aí?
O caso é que agora o safado decidiu que talvez seja melhor passar um tempinho com Kathryn, para descobrir se gosta dela ou não, o que, naturalmente, parte o coração da pobre professorinha.
E como beber desacompanhada é um saco, ela acaba aceitando o convite de Whale. Afinal, quem não tem gato, caça com o que tem à mão, mesmo...
E falando em pegar nego no flagra, quando faz a ronda naquela noite, Emma vê um elemento saindo pela janela da casa da Prefeita. E como todo mundo sabe que ladrões preferem a porta dos fundos, ela só pode presumir que o Xerife Graham seja amante de Regina.
Em outras palavras: arrume outro horário para fazer hora extra com a Prefeita!
Sobre a questão da cadela, Graham tinha dito à Emma que iria alimentar os animais no abrigo naquela noite, por isso pediu que ela fizesse a ronda. Essa assistente a partir de hoje não vai dar um minuto de lambuja pro Xerife depois das seis da tarde, pode escrever!
E depois disso, Emma passa a evitá-lo, pois além de ele estar envolvido com sua arqui-inimiga, está meio na cara que a nova assistente de Xerife sente alguma atração por ele, apesar de não terem contracenado tanto assim juntos. E tentar explicar a ela que seu caso com a Prefeita é um mero passatempo – provavelmente remunerado, porque, nesse caso, o futuro te condena, moço –, e roubar um beijo de sua assistente no meio da rua não fará muito bem ao relacionamento já tumultuado da nova cidadã com a Prefeita.
Mas beijar a Salvadora acaba fazendo um bem danado à memória do Xerife, que começa a recuperar flashes de sua vida passada. Tipo o lobo que Emma quase atropelou em seu primeiro dia na cidade, que era seu companheiro de aventuras lá em Tão, Tão Distante, e uma imagem perturbadora dele tentando esfaquear Mary Margaret...
Claro que ele não estava se lembrando de uma agressão à professora, propriamente, mas à Branca de Neve.
Acontece que, como a Princesa era adorada por todos no Reino, inclusive os soldados do exército Real, a Rainha Má precisou contratar um assassino de fora para dar cabo de sua enteada. Isso aconteceu logo depois do funeral do Rei, e, seguindo o conselho de seu Espelho Mágico, Regina decidiu contratar um Caçador, alguém que não se importaria com a espécie de sua presa, para lhe trazer o coração de Branca de Neve.
Ela já tinha ouvido falar sobre aquele homem. Diz a lenda que ele foi abandonado pelos pais ainda muito pequeno, e criado por lobos.
Ela lhe deu a tarefa, em troca de torná-lo seu Caçador oficial, mas ele não estava interessado no emprego. Ele queria que a Rainha proibisse a caça aos lobos no Reino. E como seu preço era barato, ela concordou.
Exatamente como no conto que conhecemos, o Caçador se vestiu como um guarda do palácio e levou Branca de Neve para passear na floresta. Mas como já ficou claro, nessa versão, a Princesa não é uma menina ingênua, e percebeu na hora que aquele homem não era um guarda de verdade, já que foi o único a não lhe apresentar as condolências pela recente morte de seu pai.
Branca de Neve correu o máximo que pôde, mas não demorou a constatar o óbvio: ela não conhecia direito aquela floresta; o Caçador a alcançaria, por mais que ela corresse. Então ela parou à beira de um lago, e enquanto aguardava sua execução, escreveu uma carta para ele entregar à Rainha. Para sorte dela, os lobos que o criaram eram criaturas conscientes, e pensavam no futuro do menino, por isso todos os dias o enviavam à escolinha do Professor Girafales, onde o Caçador aprendeu a ler. Sem sequer pedir permissão, ele leu a carta da Princesa, e, percebendo que ela não merecia o destino que a madrasta encomendara, decidiu poupá-la e permitir que fugisse.
Ele até tentou enganar a Rainha, entregando o coração de um cervo, junto com a carta melosa de Branca de Neve, em que a Princesa a perdoava por encomendar sua morte, reconhecendo o erro que cometeu ao destruir a felicidade da Rainha, mas quando esta tentou guardar o coração em seu cofre, o mecanismo que identifica corações humanos não se moveu, denunciando a traição do Caçador, que acabou tendo o próprio coração arrancado como punição.
Mas em vez de matar o bonitão, a Rainha decidiu fazer bom uso de seu novo brinquedinho, conservando-o em seus aposentos. E o curioso é que o Caçador não ficou tão assustado por ter seu coração arrancado e continuar vivo, nem com a ameaça de morte e uma demonstração dolorosa do que poderia lhe acontecer se saísse um dedinho da linha. O que lhe causou mais medo foi saber que, dali em diante, seria usado para remover as teias de aranha de Sua Majestade.
E depois de se lembrar de alguns pedaços desse passado sórdido, Graham decidiu ir até a professora e descobrir se alguma vez tentou fazer mal a ela. Ainda mais depois de o Gold ter posto uma pulga atrás de sua orelha, revelando sua crença sobre os sonhos serem memórias de uma vida passada. Mas é claro que Mary Margaret não sabe do que ele está falando. Também não se lembra de quando o conheceu, ou quando conheceu qualquer pessoa naquela cidade, mas não parece ver nada de estranho nisso. Pelo menos ela deixa escapar que Henry também anda com um papo maluco sobre os personagens do livro, e o Xerife, desconfiado de que talvez o garoto saiba de algo que o resto das pessoas não saibam, vai lá conversar com ele, e ver o conto do Caçador no livro.
Agora ele sabe que o lobo, que continua aparecendo para ele na cidade, é seu amigo, e decide permitir que o animal o leve até o mausoléu onde a Rainha Má escondeu seu coração. E apesar de Emma acreditar que ele está delirando porque está com febre, ela o acompanha em sua busca, que não dá em nada. Exceto um arranca-rabo dos infernos com Regina, em que as duas mães do Henry trocam socos e puxões de cabelo por causa do bonitão – literalmente –, Emma joga na cara dela que todo mundo que devia gostar de Regina a está trocando por ela, e de repente ela se toca que a vadia não vale nem seu aborrecimento, nem seu descabelamento, e deixa os dois discutindo a relação no cemitério.
Mas ele também não perde tempo, e corre atrás de Emma, para remendar seus arranhões na delegacia.
Eles só esqueceram que Regina, segundo Henry, é a Rainha Má, e não leva desaforo para casa. E como além do pé na bunda, Graham também se tornou uma ameaça à estabilidade de sua Maldição, uma vez que ele começou a recuperar as memórias de Tão, Tão Distante, Regina decide dar um jeitinho nele.
Resgatando o coração dele, que estava mesmo guardado na cripta, exatamente como o lobo uivou, ela o esmaga, fazendo-o cair mortinho da Silva nos braços de Emma.
É, mas não teve jeito, não, Emma. Supostamente, o Xerife sofria de um grave problema de coração, conhecido clinicamente como “esmagamento do miocárdio”, provocado por mãos invejosas de Rainhas Más “pé-na-bundizadas” e “dor-de-cotovelizadas”.
A história então dá um salto de duas semanas na vida dos cidadãos de Storybrooke, pois esse é o tempo legalmente exigido pelo Código Municipal para que a assistente seja promovida automaticamente ao cargo de Xerife. Isto é, se a Rainha Má permitir, né...
O que não será o caso. Pois a mesma lei também diz que a Prefeita pode indicar alguém para o cargo dentro do prazo, e ela escolheu Sidney Glass, o repórter sensacionalista do jornal local. E como seus serviços não são mais necessários, ela encaminha a demissão da assistente Emma Swan.
É claro que Emma volta para casa furiosa, disposta a esvaziar a garrafa de uísque e descarregar sua raiva na coitada da torradeira, mas para sua sorte, o Sr. Gold conhece de cor e salteado as leis municipais, e por acaso, vem com uma cópia do livro debaixo do braço quando ela está tentando consertar o estrago que fez dando porrada no aparelho elétrico, e se propõe a ajudá-la a reaver o cargo, pois Regina pode até indicar um candidato, mas a lei exige uma eleição.
Então Emma interrompe a cerimônia de posse do novo Xerife para exigir uma eleição pública. E com a lei jogada na sua cara bem diante da imprensa local, Regina não tem outra saída, senão aceitar, e anunciar que dará total apoio a Sidney Glass.
Depois que a imprensa vira as costas, ela já pode soltar fogo pelas ventas, e ir rosnar na loja de penhores do Sr. Gold.
Regina solta os cachorros por ele ter mostrado o catálogo de leis municipais à sua maior inimiga, mas Gold mantém seu apoio à Srta. Swan.
Como Henry já tinha apontado à mãe biológica, Regina não faz questão de jogar limpo, e tão logo foi obrigada a anunciar a eleição, seu candidato favorito publicou um dossiê completo sobre a adversária no jornal. Banalidades, como o filho de Emma ter nascido quando ela estava na cadeia. Mas não é com isso que ele está traumatizado; ele ainda acredita que Graham morreu por culpa de Regina, porque ela é malvada e eles perturbaram a Maldição.
Então Emma vai tirar satisfações com Regina, porque as informações no jornal estavam protegidas pelo sigilo da adoção, portanto, sua publicação é ilegal.
Regina não se deixa abalar, e argumenta que todos perdem seus heróis em algum ponto, e recomenda que Emma tenha cuidado com quem anda dormindo naquela cidade, pois Gold é uma cobra. Disse a vadia que obrigava o Caçador a frequentar sua alcova. Mas Emma também não se abala com essa acusação, pois só está combatendo fogo com... A propósito, que cheiro de queimado é esse na prefeitura?
Na pressa de fugir do incêndio, Regina acaba torcendo o pé, e Emma a apoia para ajudá-la a sair do prédio em chamas.
Agora, como foi que esse prédio pegou fogo do nada?
Ou melhor: terá sido mesmo do nada que o incêndio começou?
Evidência N° 1: É botar o pé fora do prédio, as duas dão de cara com um monte de repórteres e fotógrafos, doidos para fazer a primeira foto do salvamento.
O que, aliás, só serve para deixar a prefeita ainda mais furiosa, porque ela sabe que essa manchete pode ser favorável à Emma na eleição.
Por outro lado, as pessoas boas que sabem que devem amar seus inimigos dão seus cumprimentos à Emma por ter salvo a vida de Regina, aquela cadela falsa, lazarenta, assassina... E correm para ver se alguém conseguiu tirar uma boa foto do salvamento para estampar os cartazes de Emma na eleição.
Henry fica todo orgulhoso por ver que sua mãe biológica é uma heroína, e por descobrir que estava ligeiramente enganado, pois é possível vencer sem jogar sujo.
Sujo, tipo o trapo que possivelmente começou o incêndio, e que é a Evidência N° 2; e que leva Emma a desconfiar na hora de quem pode ter feito isso.
Ela corre para tirar satisfações com Gold, que indiretamente reconhece sua participação naquela virada de jogo a favor de Emma, que esfregou na cara de todo mundo que é uma heroína, capaz de salvar a vida de sua arqui-inimiga declarada. Afinal, Regina não é a única que tem olhos em toda parte naquela cidade. Mas Emma não quer vencer a eleição desse jeito.
Então, durante o discurso de abertura no debate dos candidatos à Xerife, Emma comunica aos cidadãos de Storybrooke que o incêndio foi provocado por Gold, para que ela tivesse uma boa manchete para vencer as eleições, mas ela não quer esse tipo de ajuda.
Ao contrário do que ela esperava, porém, seu discurso acaba conquistando a confiança dos cidadãos locais, e garantindo sua vitória na eleição.
Porque aparentemente, se há alguém de quem o povo tem mais raiva que de Regina, esse alguém é Gold. E uma pessoa que tenha coragem para enfrentá-lo, é tudo o que eles querem ocupando o posto de autoridade policial.
E pela primeira vez vemos Regina colocando a raiva de lado para compartilhar com Emma uma inimizade em comum. Porque sua guerra pessoal com Gold provavelmente supera qualquer outra rivalidade.
O que elas não sabiam era que Gold tinha tudo friamente calculado, inclusive a revolta da Salvadora, e já esperava que ela fosse revelar sua tramoia durante o debate. O povo de Storybrooke o teme muito mais do que à Regina, e ele sabia que se Emma o desafiasse publicamente, todos votariam nela para Xerife. E como veem, funcionou.
Além disso, ele sabe como reconhecer uma alma desesperada, porque ele próprio já foi uma.
Aliás, gente desesperada é o que não falta nessa cidade.
Tem a Mary Margaret, de quem vou falar já, já, e o próprio Sidney Glass, que depois de ter sido detonado na eleição, foi mais detonado ainda por Regina, perdeu seu emprego no jornal, e acabou enchendo a cara para afogar as mágoas. E como não tinha mais nada a perder, decidiu buscar uma aliança com a nova Xerife para denunciar os podres da Prefeita no Conselho da Cidade. Coisa básica de político, como um desvio de cinquenta mil dólares em verbas municipais.
Sidney grampeou o telefone de Regina e o GPS do carro, agora só precisam segui-la para descobrir em qual paraíso fiscal ela malocou o dinheiro.
Quando interrogada, Regina joga a culpa do desaparecimento dos registros financeiros da prefeitura no incêndio que elegeu a nova Xerife. Mas graças a uma escuta que Emma plantou – tão discretamente quanto uma tijolada na cara – na mesa do gabinete da Prefeita, eles descobrem que esta noite ela levará um pagamento em dinheiro a uma pessoa misteriosa nos limites da cidade.
Melhor a Emma não ir com tanta sede ao pote desta vez, porque esse buraco pode não ser tão embaixo assim.
Graças a um probleminha com os freios da viatura, que forçou Emma a destruir outra placa de sinalização – o hobby favorito da nova Xerife –, eles perdem o flagrante da entrega, mas ao menos conseguem descobrir quem recebeu o dinheiro. E o michê da vez é o Sr. Gold, de quem Regina comprou alguns acres do terreno florestal com a grana desfalcada.
E como os motivos de Regina não faziam parte da negociação, Gold não tinha nada a declarar, e Emma se viu obrigada a invadir o gabinete da prefeitura no meio da noite para tentar descobrir alguma coisa por conta própria.
Ela consegue encontrar os arquivos dessa transação no computador de Regina, e, fuçando as gavetas, encontra um molho de chaves muito suspeito, mas acaba não tendo tempo para averiguar o que aquilo abre, pois Regina logo aparece para travar o alarme de segurança e surpreender a Xerife xeretando.
Como as transferências foram feitas para a conta pessoal de Regina, eles têm o suficiente para desmascará-la diante do Conselho Municipal, mesmo tendo obtido as informações de maneira ilegal – arrombando, invadindo, hackeando...
O que Emma nem desconfiava era que Regina estava preparada para rebater suas acusações públicas, revelando que realmente fez aquele saque do orçamento municipal para comprar um terreno de Gold, mas não para construir algo para si mesma, e sim um novo playground para as crianças, já que a tempestade destruiu o castelinho na praia onde Henry costumava brincar.
Mas isso acaba custando caro à Emma, que fica proibida de se aproximar do filho, por ordem da prefeita. Como mãe adotiva, ela pode conseguir uma ordem de restrição oficial se Emma não obedecê-la.
Outra coisa que Emma deveria ter desconfiado, era que Sidney estava mancomunado com Regina para induzi-la a fazer papel de palhaça diante de toda a cidade, pois ele sabia desde o princípio que Regina estava construindo o playground para as crianças, e ela colaborou para fazer a Xerife acreditar que ela estava fazendo algo indevido, e assim ter um pretexto para afastá-la de Henry. E Sidney ainda se aproveitou mais um pouquinho da nobreza da Xerife para plantar uma escuta na delegacia, sem que ela soubesse. Agora Regina saberá todos os passos de Emma com antecedência. O que muito agrada a prefeita.
Já notaram que Regina é uma vaca de mão cheia, né? Deu mole, essa mulher está passando o rodo. Mas esse caso aí é extremamente antigo. E falso!
Tudo começou há muito tempo, lá em Tão, Tão Distante, quando o Rei Leopoldo, pai da Branca de Neve ainda era vivo. Um belo dia, estava ele passeando pela floresta, quando encontrou uma Lâmpada Mágica na margem de um lago.
Como veem, o extremamente entediado Gênio de Agrabah era o nosso velho amigo Sidney Glass.
Acontece que o Rei Leopoldo não tinha nada a desejar – se o Gênio não tivesse começado com a lista das restrições, talvez ele tivesse desejado sua amada Rainha de volta dos mortos –, pois se considera feliz e satisfeito em ver a felicidade de seu povo e a prosperidade de seu reino. E como percebe a infelicidade do Gênio por ser o escravo da Lâmpada, decide usar somente um desejo, para libertá-lo. As cadeias do Gênio se partem, e desaparecem magicamente.
Mas ainda restam dois desejos na Lâmpada, independentemente de ter um Gênio dentro dela ou não. Então o Rei deseja dar seu último desejo ao Gênio, mas este já realizou desejos suficientes para saber que sempre acabam mal, pois até a magia dele está sujeita ao Fisco, como Rumplestiltskin adora nos lembrar. E como não gosta de declarar Imposto de Renda, o Gênio decide guardar aquele último desejo, determinado a nunca usá-lo.
E como ele não tem planos imediatos, a não ser curtir a vida e, se pá, encontrar uma belezura para chamar de sua, o Rei o convida para passar alguns dias em seu castelo, e conhecer as beldades de seu Reino.
E qual foi a beldade que acabou despertando o coração empoeirado do antiquíssimo Gênio? Sua Majestade, a Rainha Regina!
Claro que o Gênio vê a dificuldade em conquistar o afeto da esposa de seu benfeitor, mas ele não demora a perceber toda a infelicidade que a rodeia, vivendo à sombra da falecida mãe de Branca de Neve, por quem o Rei continua apaixonado, sentindo-se deslocada como uma intrusa naquela família.
Lógico que ela fica tocada com suas palavras de devoção. E o Rei não demora a desconfiar que alguém roubou o coração de sua esposa. Não literalmente, como ela fez com o Caçador; ele suspeita que ela esteja apaixonada por outro homem. E encarrega o Gênio de descobrir a identidade dele.
E como é uma cretina dissimulada, que se aproveita da nobreza de pobres Gênios apaixonados, ela usa toda a sua sedução para convencê-lo a colocar na cama do Rei uma Víbora de Agrabah, a cobra de duas cabeças extremamente venenosa que o pai dela contrabandeou para dentro do castelo – nem quero saber onde foi que o velho Príncipe Henry arrumou aquilo, ou com que objetivo, além de ajudar a filha a cometer um assassinato; porque quando se trata de agradar Regina, a moral do velho Henry termina na linha dois da página um.
Só para constar: o Gênio ingrato concordou em matar o homem que lhe concedeu a liberdade, só para agradar um rabo de saia! Prova de que mesmo magias altruístas podem se voltar contra a pessoa.
Parte um e parte dois da praga do moribundo se cumpriram em tempo recorde! Porque tão logo presta relatório do serviço à Rainha, o Gênio descobre que ela não tem qualquer intenção de colocar um anel de compromisso em seu dedo. Muito convenientemente, a serpente que matou o Rei veio da terra natal do Gênio da Lâmpada, ou seja, todo mundo já está sabendo que foi ele quem assassinou o Rei. Percebendo que foi traído, usado, manipulado e seduzido por uma cobra mais peçonhenta que a víbora de duas cabeças que acaba de usar para matar o Rei, o Gênio decide usar o último desejo que restou na Lâmpada – aquele que ele tinha jurado jamais usar – para desejar ficar junto dela para sempre. Só que depois de séculos como Gênio da Lâmpada, ele se esqueceu de alguns pequenos detalhes: primeiro, de especificar direitinho todos os termos do desejo, para evitar erros; segundo, não pode desejar amor; terceiro e mais importante: desejos têm a mania de se voltar contra o feiticeiro.
E foi assim que o Gênio da Lâmpada perdeu sua tão sonhada liberdade, tornando-se mais uma vez escravo, mas agora do Espelho Mágico – o mesmo espelho que ele dera à Rainha quando começaram a trocar telefones.
Quanto à terceira praga, todos sabemos como Regina se sentiu solitária após declarar guerra à enteada, a ponto de arrastar todo mundo àquela terra sem magia, onde se sentiu ainda mais sozinha, até adotar o Henry, que preferiu dar um calote na professora para encontrar a mãe biológica do que se deixar enredar pelo suposto carinho da Rainha Má. Regina já devia saber que pouquíssimas pessoas vão com a cara de assassinos e de gente má.
E ter cuidado com o que deseja nos leva de volta à prometida questão da Mary Margaret, que anda com desejos muito proibidos a respeito de certo Belo Adormecido que despertou espertinho demais para o nosso gosto. E como ainda estão presos numa Maldição, é de se imaginar que essa novela não vá acabar bem.
A professora anda levantando mais cedo que de costume, para estar no restaurante da Vovó às sete e quinze da manhã, quando David passa para comprar café a caminho do trabalho no abrigo de animais, fazendo de conta que está ali casualmente.
Ela reconhece que é um hábito doentio e autodestrutivo, pois ele é casado, e está na cara que não pretende deixar a mulher, portanto, não adianta ela decorar sua rotina diária, e seu cardápio semanal.
E para piorar um pouquinho mais a desilusão da professora, ela estava na drogaria do Sr. Clark quando Kathryn foi comprar um teste de gravidez.
Aí já viu, né?!
Decepcionada, ressentida e devastada, Mary Margaret decide que é hora de ocupar a cabeça com outra coisa que não seja David. Tipo procurar o bando de uma pombinha que encontrou perdida, presa numa armadilha na floresta, para soltá-la no meio do mato... com David.
Porque não importa o que ela faça, parece que alguma força sobrenatural continua empurrando-a para cima do bonitão. Clichê dos clichês, cai uma tempestade naquele dia, para forçá-los a procurar refúgio numa cabana aparentemente abandonada, onde eles discutem a relação, e o fato de que ambos estão envolvidos nesse círculo vicioso de se encontrarem “casualmente” na lanchonete às sete e quinze da manhã, só para tomar sua dose diária de visão um do outro. E de cutucada na ferida, já que continuam separados. E agora, por um bom motivo.
Jeitinho bacana de descobrir que vai ser papai, hein, bonitão? Recebendo a notícia da mulher dos seus sonhos. Pena que ela não é a mãe da criança...
Felizmente, estavam todos enganados. Kathryn pensou realmente que estivesse grávida, mas o teste deu negativo. O que acabou por deixá-la aliviada, já que sua intuição feminina lhe diz que David não será dela por muito tempo.
A partir daquele dia, Mary Margaret decide voltar à sua rotina normal, e somente ir à lanchonete da Vovó às sete e quarenta e cinco. Curiosamente, David teve a mesma ideia, de modo que eles acabaram se encontrando lá no mesmo horário. Desta vez, sim, totalmente por acaso.
Porque se agarrar loucamente no meio da rua, para todo mundo ver, é uma maneira muito eficiente de esconder um relacionamento extraconjugal.
Mas esse romance todo não demora a azedar, quando, depois de ver Ashley ser pedida em casamento por Sean no dia dos namorados, Mary Margaret recebe de David o cartão que ele escreveu para Kathryn.
Burro que nem o Quico você é, com certeza, seu Zé Ruela!
Então é claro que Mary Margaret o manda catar coquinho, porque mesmo uma destruidora de lares tem lá os seus limites.
E a paciência da Kathryn também. E é justamente por perceber que David não consegue decidir o que quer em relação ao seu casamento, que a moça decide se matricular numa faculdade de Direito em Boston, e dá um ultimato a David para decidir se quer ir com ela e tentar recomeçar a vida, ou se vai ficar em Storybrooke, e voltar para o primário.
E a professora não vai ajudá-lo a tomar essa decisão, porque já se deu conta de que David está tentando arrumar um jeito de ficar com as duas, e ela não quer esse tipo de relacionamento.
Tomar uma decisão até que é fácil; contar à Kathryn que ele prefere a escola primária, é que são elas... Ele apenas deixa claro que não pretende se mudar para Boston e que vai começar uma nova vida ali mesmo em Storybrooke, sem revelar que já tem outra pessoa incluída em seus planos.
Curiosamente, os dois já tiveram essa conversa lá em Tão, Tão Distante, só que lá ambos foram honestos um com o outro.
Depois de concordar em desposar a Barbie Midas, o Príncipe Pastor Encantado tentou fugir do castelo, e acabou capturado pelos guardas dela, para evitar que George mandasse matá-lo. Ela já estava sabendo que seu noivinho estava arrastando uma asa para Branca de Neve, e também não apreciava a ideia de desposar o falso Príncipe. Mas não por ele ser um simples pastor.
Abigail se apaixonara por um dos soldados de seu pai, Frederick. Não se sabe se Midas descobriu o afeto da filha, e o tocou sem luva de propósito, ou se a tragédia aconteceu acidentalmente, mas a história oficial é que Frederick salvou a vida do Rei, quando estava prestes a ser morto por um inimigo em batalha, e acabou sendo vítima do Toque de Ouro de Midas.
A coitada da Barbie Midas já tinha feito tudo ao seu alcance para tentar desfazer a maldição de seu amado. O ouro atrapalhava o beijo de amor verdadeiro. A única coisa que talvez pudesse salvá-lo seria o Lago Nostos, cujas águas, segundo a lenda, possui propriedades mágicas regenerativas, e poderiam derreter o ouro e restaurar a vida de seu amado.
O problema é que o lago é guardado por uma criatura medonha, e até onde se sabe, ninguém que a tenha enfrentado sobreviveu.
Como tinha tomado um toco da Branca de Neve, graças a uma tramoia do Rei George, e portanto não tinha nada a perder, o Príncipe decidiu dar uma forcinha para o final feliz de sua noiva.
Acontece que o tal lago era guardado por uma sereia – mas sem cauda de peixe; uma mulher sedutora, que usa seus encantos para atrair os homens à morte no fundo do lago. Ela assume as feições de Branca de Neve para tentar seduzir o Príncipe, e consegue beijá-lo e arrastá-lo para o fundo do lago, mas ele consegue se libertar, matando a sereia com um punhal, e sepultando-a junto aos cadáveres dos homens que ela desgraçou.
Como previram, a água do Lago Nostos foi poderosa o bastante para libertar Frederick da maldição, para imensa felicidade da Barbie Midas, que pela primeira vez naquele lado do Reino, se desfez da carranca mal-humorada.
Depois de reunir os pombinhos, o Príncipe decide lutar mais uma vez pelo amor de Branca de Neve. E é melhor se apressar, pois o Rei George não ficará nada satisfeito ao saber que a aliança entre os dois Reinos foi dissolvida.
E ao seguir a trilha de migalhas de maçã, o Príncipe se depara com Chapeuzinho Vermelho, grande amiga de Branca de Neve, e com uma bela revelação.
Não querendo dar dedos nem apontar nomes, vamos chamar o culpado de REI GEORGE para preservar sua identidade...
E ele já está com seu exército no encalço do Príncipe, forçando-o a fugir mais uma vez.
Já em Storybrooke, é Regina quem acaba estragando os planos de David de se acertar discretamente com a professora após a partida de Kathryn para Boston, revelando à “amiga” o caso de seu marido com Mary Margaret.
E a mulher foi correndo à escola, interromper a aula da Professora Girafala... Digo, Branca de Neve, para lhe dar um tapa bem no meio do corredor. E da cara! E esbravejar para a escola inteira ouvir que Mary Margaret arruinou seu casamento, pois está de caso com seu marido.
Então é claro que a professorinha cai na boca do povo, começa a ser apontada na rua, toma bronca da Vovó Donalda no meio da calçada, e alguém ainda picha vagabunda na lateral de seu carro, só para deixar bem claro a desaprovação local à sua conduta.
Se antes ela ainda não tinha mandado David para o inferno, agora ela lhe dá o passaporte carimbado, cartão vermelho e passagem só de ida! Porque se ele tivesse sido honesto com Kathryn, nada disso teria acontecido.
Todavia, Kathryn caiu em si logo em seguida, que seu casamento com David já ia mal das pernas desde sempre, pois eles nunca realmente se amaram; não do modo como ele ama Mary Margaret, pelo menos. Pena que ela não tenha dito isso a nenhum dos dois. Seu padre confessor foi Regina, e ela deixou escapar que escreveu cartas aos dois, comunicando seu perdão, quando foi se despedir da “amiga”, antes de partir para Boston.
Mas essas cartas jamais chegaram a ser enviadas, pois naquele mesmo dia descobrimos a utilidade daquele molho de chaves que a prefeita guardava na gaveta. Elas são literalmente as chaves da cidade. Da cidade inteira! São chaves-mestras, que destrancam até as portas das casas.
Regina entrou na casa dos Nolan quando todos estavam fora, e afanou as cartas, já que Kathryn decidiu economizar os centavos de um selo, deduzindo que não havia como David não encontrá-las em cima do aparador. De modo que ninguém ficou sabendo de sua existência, já que a mulher foi embora sem se despedir do marido.
Enquanto Kathryn tenta se colocar a caminho de Boston, Emma tenta consolar Mary Margaret pelos dissabores de sua vida amorosa.
Pois é, só que agora, graças à covardia do Fulano em contar à esposa que acordou do coma apaixonado por outra Princesa, quem está sendo xingada na rua é Mary Margaret, que tanto pediu para ele fazer a coisa certa.
E a coisa vai piorar bastante, pois Kathryn nem mesmo chega a sair de Storybrooke. O equivalente amaldiçoado de Frederick estava dirigindo perto da fronteira da cidade, e encontrou o carro da Sra. Nolan batido, com o air bag acionado. Mas nem sinal de Kathryn.
Oh, e agora, quem poderá defendê-la?
No próximo episódio, vocês acompanharão a luta da inocente Mary Margaret para se livrar de uma grave acusação relacionada ao destino de Kathryn Nolan.
Não percam!

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