Um dos clássicos
mais conhecidos no mundo todo é a coletânea árabe “As Mil e Uma Noites”. Nela, a bela Sherazade é escolhida para ser a
nova esposa do sultão Shariar. O problema é que, depois de ter sido traído pela
primeira esposa, o sultão se tornou um homem amargo e cruel, que mata todas as
esposas depois da noite de núpcias, para evitar que elas cometam adultério.
Sherazade, porém,
era uma mulher esperta, que já tinha lido inúmeros livros, e conhecia a
história de vários povos. Então, para livrar-se da morte quando chegasse a
aurora, ela começou a contar uma história ao sultão, sem, no entanto,
terminá-la naquela noite. Como o sultão ficou curioso por conhecer o final,
poupou a vida de Sherazade até a noite seguinte, quando ela terminou a história
que tinha começado, e iniciou outra, deixando-a novamente inacabada.
E assim aconteceu
por muitas noites, até que por fim, o sultão, apaixonado pela esposa, desistiu
de matá-la e passou a confiar nela.
Uma das histórias
mais famosas relacionadas a este livro é “Aladim
e a Lâmpada Maravilhosa”. Suponho que haja dezenas de adaptações dela para
o cinema e em desenhos animados. Pessoalmente já assisti cinco, incluindo o
desenho da Disney, mas somente há pouco tempo li o conto no livro “As Mil e Uma Noites”, traduzido por
Mansour Challita.
Creio que não é
necessário resumir o texto, pois todo mundo conhece: Aladim andava com seus
amigos vagabundos pelas ruas da China (apesar de o desenho da Disney e a
maioria das adaptações se passarem em Bagdá, e algumas na Pérsia), roubando
comida dos comerciantes no mercado, até que foi encontrado por um feiticeiro que
lhe mandou a uma caverna em busca de uma lâmpada. E como se recusou a
entregá-la antes de estar fora da caverna, foi trancado lá pelo feiticeiro, e
acabou descobrindo as maravilhas que a lâmpada e seu gênio podiam lhe
proporcionar.
A adaptação que
melhor conta essa história é “Aladdin
e a Lâmpada Maravilhosa”, um desenho
japonês de 1982, que, não só conta a história igual a do livro, como também
revela o verdadeiro nome da princesa Badr Al-Budur (que no desenho da Disney
foi mudado para Jasmine, talvez para simplificar as traduções e o entendimento
das crianças).
Além disso, o
filme traz detalhes muito peculiares, típicos das histórias árabes, que, em
geral, são cheias de ornamentos e descrições do luxo dos palácios, já que a
maioria das histórias nasceram da narração oral. Há muitos objetos mágicos
dentro do castelo do mago. Numa das cenas, Aladdin é serrado dentro de uma
caixa por um serrote que se move sozinho. Algumas estrelas para a cena em que o
castelo é engolido pela areia movediça, enquanto Aladdin, Badr Al-Budur e o
ratinho são salvos por uma ave gigante.
Curiosidades:
*
A história de Aladim não existia nos manuscritos mais antigos que se
conhece do livro “As Mil e Uma Noites”,
mas teria sido introduzida no século 18 por Antoine Galland, tradutor da versão
que se tornou popular no Ocidente, que a teria ouvido de Hanna Diab, um
maronita de Alepo, em 1709. Só a partir do século XVIII a narrativa passou a constar
nos manuscritos árabes das “Mil e Uma Noites”.
*
A “China” retratada na história é um país islâmico, onde a maioria das
pessoas é muçulmana, o que pode ser constatado pelo fato de que o primeiro
comerciante para quem Aladim vendeu os pratos de ouro era judeu, e o enganou,
por ser inimigo de seu povo. O próprio soberano da história é um sultão,
tipicamente comum na cultura árabe, e não um tradicional imperador chinês.
*
As histórias de “As Mil e Uma
Noites” teriam surgido no vale do Nilo entre os séculos V e VI.
*
O número 1.001 do livro “As Mil e
Uma Noites” sugere que mais histórias poderiam ser contadas, ligadas por um
fio condutor infinito. Os povos do Oriente eram supersticiosos e evitavam
números redondos.
*
A princesa Sherazade não ficou de fato mil e uma noites contando mil e
uma histórias para o sultão. As pessoas às vezes costumam dizer “mais de mil”
para enfatizar que se trata de uma grande quantidade.
Quem quiser ler o
conto original:
O filme referido
está no YouTube:
Aladdin e a Lâmpada Maravilhosa
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita!
E já que chegou até aqui, deixe um comentário ♥
Se tiver um blog, deixe o link para que eu possa retribuir a visita.