Se
você procura um bom lugar para passar o Halloween, o Admirável Mundo Inventado
traz ótimas dicas para você, desde destinos reais a lugares fictícios. Apertem
os cintos, porque o Trem Fantasma já vai partir da estação.
Salem
Nossa
primeira parada é na Nova Inglaterra, nordeste dos Estados Unidos, numa cidade
que ficou famosa depois de um episódio macabro: em outubro de 1692, uma escrava
chamada Tituba reuniu um grupo de garotas em volta de uma fogueira, para lhes
contar histórias assombradas. Após essa noite, as meninas tiveram pesadelos, e
duas delas caíram inexplicavelmente em coma. Um médico que foi chamado para
examiná-las afirmou que elas tinham sido “embruxadas”. A partir daí, as
autoridades locais iniciaram um dos capítulos mais sombrios da história
americana, onde inúmeras pessoas foram acusadas de bruxaria e condenadas à
morte.
O
episódio ficou conhecido como “Julgamento das Bruxas de Salem”, e embora este
não tenha sido o único episódio de histeria desta natureza na história, ficou
marcado principalmente porque a comunidade de Salem, em Massachusetts, era
pequena na época, de modo que todas as pessoas eram conhecidas umas das outras,
e mesmo assim, sem nenhum tipo de prova, cerca de trinta e sete pessoas foram
condenadas por seus amigos e vizinhos e enforcadas.
Embora
os moradores atuais de Salem não tenham mais problemas com bruxas, eu sugiro
que mantenham suas varinhas mágicas escondidas ao passarem pela cidade, só por
precaução...
Sleepy
Hollow
Descendo
alguns quilômetros ao sul, temos a aldeia de Sleepy Hollow, cenário do clássico
conto de Washington Irving “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”. No conto, o supersticioso professor Ichabod
Crane disputa o amor da bela Katrina Van Tassel, filha única de um dos
fazendeiros mais ricos da região, com o valentão Brom Bones. Numa noite, quando
saía de uma festa na casa dos Van Tassel, Ichabod Crane foi perseguido pelo
cruel Cavaleiro Sem Cabeça, o lendário fantasma de um cavaleiro germânico que
foi decapitado por soldados americanos durante a Revolução, e que vaga à noite pela
cidade até o campo de batalha sempre à procura de sua cabeça. De acordo com a
lenda, o Cavaleiro não podia cruzar a ponte do Rio Pocantico, nas imediações da
Velha Igreja Holandesa de Sleepy Hollow, e foi para lá que o desventurado
professor cavalgou para tentar escapar à fúria do vingativo fantasma, antes de
desaparecer misteriosamente.
É
sabido que Irving se inspirou em lendas do folclore germânico quando escreveu o
conto, mas ele pode também ter se inspirado em moradores reais de Sleepy Hollow
para criar os personagens principais. Katrina Van Tassel, por exemplo, é
frequentemente identificada com Eleanor Van Tassel Brush, conhecida do autor, tendo
o nome “Katrina” derivado de uma tia dela, Catriena Ecker Van Tassel. O próprio
autor foi enterrado no Cemitério de Sleepy Hollow. Mas a aldeia, outrora
conhecida como North Terrytown, só recebeu o nome oficialmente em 1996, após
votação dos moradores.
Quando
for visitar a aldeia, não se esqueça de cruzar a ponte antes da meia-noite.
Sobretudo se ouvir o trote de um cavalo se aproximando na escuridão.
Ravenswood
Saindo
da lenda de Irving, entramos na cidade fictícia de Ravenswood, no estado
americano da Pensilvânia, onde as quatro belas mentirosas de Pretty Little
Liars descobriram que sua amiga Alison DiLaurents, assassinada no início da
série, manteve contato com uma moradora, a sinistra governanta Carla Grunwald. Esta mulher
sinistra, a princípio, se recusou a lhes dar qualquer informação sobre as
conversas que mantinha com a garota, mas numa noite de Halloween, quando Aria,
Hannah, Spencer e Emily foram participar de um festival na cidade, e descobriram
que Grunwald tomava conta de uma estranha mansão mal-assombrada, ela acabou
revelando que na noite em que Alison foi enterrada viva, ela apareceu
providencialmente para desenterrá-la, e a menina tem fugido de seus inimigos
desde então.
Ravenswood
merece lugar nesse tour pelos cenários assombrados, por todo o aspecto macabro
que envolve a cidade. Quando Spencer esteve lá pela primeira vez, ela presenciou
um estranho costume dos moradores locais de se reunirem num determinado horário
da tarde em torno da estátua de um anjo, como se fosse uma cerimônia religiosa.
O
nome da cidade significa, literalmente, “bosque dos corvos”, e como já
mencionei em uma postagem anterior, há uma lenda que diz que quando uma pessoa
morre, um corvo carrega sua alma para o reino dos mortos, e esse mesmo corvo,
em alguns casos, também tem o poder de trazer essa alma de volta ao mundo dos
vivos. E Ravenswood é uma cidade onde os mortos aparentemente têm o hábito de
retornar do túmulo.
Numa
das últimas visitas a essa cidade, precisamente na noite de Halloween, Hannah
conheceu uma garota chamada Miranda Collins, sobrinha do suposto dono da mansão
mal-assombrada de que Grunwald toma conta. No jardim da mansão havia uma lápide
com o nome e a fotografia de Miranda, trajada com roupas de outra época. No
final desse episódio, Caleb Rivers, namorado de Hannah, também encontrou uma
lápide com seu nome e sua foto, tão antiga quanto a de Miranda, no cemitério da
cidade.
Nova
Orleans
A cidade de Nova Orleans, no
estado da Louisiana, no sul dos Estados Unidos, já foi palco de diversas
histórias mal-assombradas da ficção, entre livros, filmes e séries de TV, como
a série de livros vampirescos de Anne Rice iniciada com Entrevista Com o Vampiro, as séries de TV American Horror Story Coven, The
Originals – spin-off de The Vampire
Diaries –, True Blood, e muitos
outros.
Há uma aura mística
envolvendo Nova Orleans, herança cultural de seus colonizadores franceses,
espanhois, e africanos, que trouxeram à cidade a prática do voodoo.
Até hoje, Nova Orleans conserva
a arquitetura do período colonial, o que ajuda a manter viva sua identidade
cultural, e a fama de cidade mais assombrada dos Estados Unidos.
A autora Anne Rice é a
moradora mais notável da cidade, e a usou como cenário para a maioria de seus
romances sobre vampiros e bruxas, intensificando ainda mais a presença bastante
palpável do mundo sobrenatural em Nova Orleans.
Em The Originals, toda a trama é ambientada no French Quarter, um dos
bairros mais famosos da cidade. No enredo do spin-off, os Vampiros Originais
Klaus, Elijah e Rebekah Mikaelson ajudaram a construir Nova Orleans há
trezentos anos, e viveram lá até a chegada de Mikael, seu pai e caçador de
vampiros, em 1919. Quando retornaram à cidade, quase um século depois,
descobriram que Marcel Gerard, um dos escravos da Plantação de maçãs do antigo
prefeito de Nova Orleans, que Klaus criou como um filho e tranformou em
vampiro, havia tomado a cidade, e a governava como um rei desde sua partida, ao
lado de um fiel grupo de vampiros, e mantinha as bruxas e os lobisomens do
Quartel Francês sob seu controle.
Um dos grandes méritos da série é mostrar o ghost tour que guias locais promovem para apresentar aos turistas os
lugares mal-assombrados de Nova Orleans – segundo a lenda, todos os antigos casarões
da cidade são habitados por pelo menos uma alma penada –, e seus inúmeros
cemitérios, além de colocar em contexto os restaurantes e os festivais de
música, muito famosos na cidade.
Boa parte das ações da série – especialmente aquelas
ligadas aos rituais de bruxaria –acontecem no Cemitério Lafayette, um dos mais
famosos de Nova Orleans, que também foi cenário do filme Entrevista Com o Vampiro, baseado no romance de Anne Rice.
Whitechapel
Não
é um lugar mal-assombrado, exatamente, mas foi o cenário de uma das passagens
mais apavorantes da história inglesa. No final do século XIX, caminhava pelas
ruas deste bairro pobre de Londres, ninguém menos que o mais famoso assassino
em série da história: Jack, o Estripador.
O
serial killer, cuja identidade jamais foi descoberta, embora algumas pessoas
até tenham assumido a autoria de seus crimes, assassinou ao menos cinco
prostitutas entre agosto e novembro de 1888, deixando seus corpos brutalmente
mutilados.
Como
o mistério sobre o assassino nunca foi desvendado, vários boatos e lendas
surgiram em torno do estripador, que acabou se tornando, de algum modo,
personagem do folclore local, embora os crimes tenham sido reais. Vários
autores, filmes e séries de TV trouxeram à tona o mito de Jack, o Estripador,
concedendo-lhe inúmeras facetas, desde o psicopata serial killer do thriller Do Inferno, protagonizado por Johnny Depp,
em que o assassino foi interpretado por Ian Holm, até a fusão do assassino com
o mito do vampiro em várias séries e filmes do gênero, como em The Vampire Diaries, em que o
protagonista Stefan Salvatore vive em constante luta com seu lado Riper – sem, na
verdade, ter sido identificado como o misterioso assassino de Whitechapel, mas
como outro espécime semelhante atacando nos Estados Unidos –, e mais
recentemente no seriado Drácula,
protagonizado por Jonathan Rhys Meyers, em que Lady Jane Wetherby, a principal
caçadora de vampiros da Ordem do Dragão, se encarrega pessoalmente de estripar
as vítimas de Drácula, alimentando o mito de Jack para esconder a presença do
vampiro em Londres.
Seja
lá como for, o assassino, obviamente, está morto há muito tempo – já que seus
crimes foram cometidos há mais de cem anos –, mas a aura sangrenta permanece
impregnada pelas ruas do bairro, tornando as visitas ao local possivelmente
assombrosas.
Torre
de Londres
Perto
dali, ainda no Borough de Tower Hamlets, está a Torre de Londres, conhecida por
ter sido cenário de prisões, torturas, enforcamentos e decapitações ao longo da
história britânica. Foi construída entre 1078 e 1285, e serviu como Residência
Real até o século XVII.
Entre
os prisioneiros mais famosos da Torre de Londres, que incluem vários nobres,
reis e políticos influentes, está a Rainha Elizabeth I de Inglaterra, presa na
torre em 1554 – ainda durante o reinado de sua meia-irmã, Maria I –, acusada de
envolvimento numa rebelião liderada por Thomas Wyatt (filho). Ela foi retirada
da Torre em seguida, mas mantida em prisão domiciliar por um ano.
Entre
os condenados à morte que foram executados na Torre de Londres, está a Rainha
Ana Bolena, mãe de Elizabeth, decapitada em 1536, por traição ao Rei Henrique
VIII. Diz a lenda que a Rainha ainda é vista andando ao redor da Torre com sua
cabeça debaixo do braço.
Colaborando
ainda mais para aumentar o aspecto sombrio do lugar, a Torre é habitada por uma
pequena colônia de corvos, protegida por decreto real, pois, segundo a lenda, a
Monarquia e o Reino ruirão caso as aves negras deixem a Torre. E é claro que os
monarcas britânicos não querem se arriscar...
Ainda
na Inglaterra, mais precisamente no fictício vilarejo bruxo de Hogsmeade, há a
Casa dos Gritos, que dentro do universo criado por J. K. Rowling na saga do
bruxo Harry Potter, é considerada o prédio mais mal-assombrado da Grã-Bretanha.
A
casa adquiriu esta fama graças aos constantes gritos e gemidos que se ouvia lá
dentro há cerca de vinte anos. Mesmo os fantasmas de Hogwarts a temiam, porque
diziam que ela era habitada por uma criatura estranha.
Todas
as suas janelas foram fechadas com tábuas, e suas entradas lacradas, exceto a
pequena abertura na base do Salgueiro Lutador, que poucos conheciam.
Sabe-se
hoje que a assombração daquela casa, na verdade, era Remo Lupin, que se
escondia nela nas noites de lua cheia, para se transformar em lobisomem, e era
ele quem produzia os gritos e barulhos estranhos que concederam má fama ao
local.
Mais
tarde, a Casa dos Gritos serviu como esconderijo também para o Lorde das
Trevas, Voldemort, durante a batalha de Hogwarts, em que o vilão foi finalmente
derrotado e destruído por Harry Potter.
Transilvânia
Conhecida
principalmente por ter sido o local de nascimento de Vlad III, ou Vlad Tepes, príncipe
da Valáquia, em 1431, que séculos mais tarde inspiraria Bram Stoker a criar o
Conde Drácula, a Transilvânia respira as lendas sobrenaturais inspiradas em sua
paisagem pitoresca, em seus muitos castelos medievais, e em seu nativo mais
ilustre.
A
região delimitada a leste e ao sul pela cordilheira dos Cárpatos já foi cenário
de diversos romances e contos sobrenaturais, e é conhecida no mundo todo como o
berço dos vampiros.
O
ponto mais famoso da região é o Castelo de Bran, encravado na floresta, no sopé
dos Cárpatos, que se acredita tenha sido, eventualmente, e por pouco tempo,
residência ou esconderijo de Vlad Tepes. Hoje em dia, o castelo abriga um museu
que exibe peças de arte e mobiliário colecionados pela Rainha Maria, da
Romênia, neta da Rainha Vitória, da Inglaterra.
É
sabido, porém, que Vlad ocupou também o Castelo Poenari, no Condado de Arges,
na região da Valáquia – hoje também pertencente à Romênia. Este castelo foi construído
num desfiladeiro formado no vale do Rio Arges, no século XIII, e abandonado
várias vezes antes e depois da época de Vlad, e hoje em dia se encontra em
ruínas.
Contudo,
nenhum dos dois é o castelo mencionado no romance de Bram Stoker. Na região da Transilvânia
onde Stoker situou a moradia de Drácula, não existe castelo algum.
Bem,
seja por Drácula, por Vlad, pelo mito do vampiro em geral, ou simplesmente pelo
cenário propício a uma boa história de terror, a Transilvânia é um dos lugares
mais míticos do planeta. Sem falar que é de uma beleza assombrosa.
Nosso
tour termina por aqui. Espero que tenham curtido a viagem. Tenham todos um
Happy Halloween!
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