Halloween Tour

em sexta-feira, 31 de outubro de 2014


Se você procura um bom lugar para passar o Halloween, o Admirável Mundo Inventado traz ótimas dicas para você, desde destinos reais a lugares fictícios. Apertem os cintos, porque o Trem Fantasma já vai partir da estação.



Salem
Nossa primeira parada é na Nova Inglaterra, nordeste dos Estados Unidos, numa cidade que ficou famosa depois de um episódio macabro: em outubro de 1692, uma escrava chamada Tituba reuniu um grupo de garotas em volta de uma fogueira, para lhes contar histórias assombradas. Após essa noite, as meninas tiveram pesadelos, e duas delas caíram inexplicavelmente em coma. Um médico que foi chamado para examiná-las afirmou que elas tinham sido “embruxadas”. A partir daí, as autoridades locais iniciaram um dos capítulos mais sombrios da história americana, onde inúmeras pessoas foram acusadas de bruxaria e condenadas à morte.

O episódio ficou conhecido como “Julgamento das Bruxas de Salem”, e embora este não tenha sido o único episódio de histeria desta natureza na história, ficou marcado principalmente porque a comunidade de Salem, em Massachusetts, era pequena na época, de modo que todas as pessoas eram conhecidas umas das outras, e mesmo assim, sem nenhum tipo de prova, cerca de trinta e sete pessoas foram condenadas por seus amigos e vizinhos e enforcadas.

Embora os moradores atuais de Salem não tenham mais problemas com bruxas, eu sugiro que mantenham suas varinhas mágicas escondidas ao passarem pela cidade, só por precaução...


Sleepy Hollow
Descendo alguns quilômetros ao sul, temos a aldeia de Sleepy Hollow, cenário do clássico conto de Washington Irving “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”.  No conto, o supersticioso professor Ichabod Crane disputa o amor da bela Katrina Van Tassel, filha única de um dos fazendeiros mais ricos da região, com o valentão Brom Bones. Numa noite, quando saía de uma festa na casa dos Van Tassel, Ichabod Crane foi perseguido pelo cruel Cavaleiro Sem Cabeça, o lendário fantasma de um cavaleiro germânico que foi decapitado por soldados americanos durante a Revolução, e que vaga à noite pela cidade até o campo de batalha sempre à procura de sua cabeça. De acordo com a lenda, o Cavaleiro não podia cruzar a ponte do Rio Pocantico, nas imediações da Velha Igreja Holandesa de Sleepy Hollow, e foi para lá que o desventurado professor cavalgou para tentar escapar à fúria do vingativo fantasma, antes de desaparecer misteriosamente.

É sabido que Irving se inspirou em lendas do folclore germânico quando escreveu o conto, mas ele pode também ter se inspirado em moradores reais de Sleepy Hollow para criar os personagens principais. Katrina Van Tassel, por exemplo, é frequentemente identificada com Eleanor Van Tassel Brush, conhecida do autor, tendo o nome “Katrina” derivado de uma tia dela, Catriena Ecker Van Tassel. O próprio autor foi enterrado no Cemitério de Sleepy Hollow. Mas a aldeia, outrora conhecida como North Terrytown, só recebeu o nome oficialmente em 1996, após votação dos moradores.

Quando for visitar a aldeia, não se esqueça de cruzar a ponte antes da meia-noite. Sobretudo se ouvir o trote de um cavalo se aproximando na escuridão.



Ravenswood
Saindo da lenda de Irving, entramos na cidade fictícia de Ravenswood, no estado americano da Pensilvânia, onde as quatro belas mentirosas de Pretty Little Liars descobriram que sua amiga Alison DiLaurents, assassinada no início da série, manteve contato com uma moradora, a sinistra governanta Carla Grunwald. Esta mulher sinistra, a princípio, se recusou a lhes dar qualquer informação sobre as conversas que mantinha com a garota, mas numa noite de Halloween, quando Aria, Hannah, Spencer e Emily foram participar de um festival na cidade, e descobriram que Grunwald tomava conta de uma estranha mansão mal-assombrada, ela acabou revelando que na noite em que Alison foi enterrada viva, ela apareceu providencialmente para desenterrá-la, e a menina tem fugido de seus inimigos desde então.

Ravenswood merece lugar nesse tour pelos cenários assombrados, por todo o aspecto macabro que envolve a cidade. Quando Spencer esteve lá pela primeira vez, ela presenciou um estranho costume dos moradores locais de se reunirem num determinado horário da tarde em torno da estátua de um anjo, como se fosse uma cerimônia religiosa.

O nome da cidade significa, literalmente, “bosque dos corvos”, e como já mencionei em uma postagem anterior, há uma lenda que diz que quando uma pessoa morre, um corvo carrega sua alma para o reino dos mortos, e esse mesmo corvo, em alguns casos, também tem o poder de trazer essa alma de volta ao mundo dos vivos. E Ravenswood é uma cidade onde os mortos aparentemente têm o hábito de retornar do túmulo.

Numa das últimas visitas a essa cidade, precisamente na noite de Halloween, Hannah conheceu uma garota chamada Miranda Collins, sobrinha do suposto dono da mansão mal-assombrada de que Grunwald toma conta. No jardim da mansão havia uma lápide com o nome e a fotografia de Miranda, trajada com roupas de outra época. No final desse episódio, Caleb Rivers, namorado de Hannah, também encontrou uma lápide com seu nome e sua foto, tão antiga quanto a de Miranda, no cemitério da cidade.



Nova Orleans

A cidade de Nova Orleans, no estado da Louisiana, no sul dos Estados Unidos, já foi palco de diversas histórias mal-assombradas da ficção, entre livros, filmes e séries de TV, como a série de livros vampirescos de Anne Rice iniciada com Entrevista Com o Vampiro, as séries de TV American Horror Story Coven, The Originals – spin-off de The Vampire Diaries –, True Blood, e muitos outros.


Há uma aura mística envolvendo Nova Orleans, herança cultural de seus colonizadores franceses, espanhois, e africanos, que trouxeram à cidade a prática do voodoo.


Até hoje, Nova Orleans conserva a arquitetura do período colonial, o que ajuda a manter viva sua identidade cultural, e a fama de cidade mais assombrada dos Estados Unidos.


A autora Anne Rice é a moradora mais notável da cidade, e a usou como cenário para a maioria de seus romances sobre vampiros e bruxas, intensificando ainda mais a presença bastante palpável do mundo sobrenatural em Nova Orleans.


Em The Originals, toda a trama é ambientada no French Quarter, um dos bairros mais famosos da cidade. No enredo do spin-off, os Vampiros Originais Klaus, Elijah e Rebekah Mikaelson ajudaram a construir Nova Orleans há trezentos anos, e viveram lá até a chegada de Mikael, seu pai e caçador de vampiros, em 1919. Quando retornaram à cidade, quase um século depois, descobriram que Marcel Gerard, um dos escravos da Plantação de maçãs do antigo prefeito de Nova Orleans, que Klaus criou como um filho e tranformou em vampiro, havia tomado a cidade, e a governava como um rei desde sua partida, ao lado de um fiel grupo de vampiros, e mantinha as bruxas e os lobisomens do Quartel Francês sob seu controle.


Um dos grandes méritos da série é mostrar o ghost tour que guias locais promovem para apresentar aos turistas os lugares mal-assombrados de Nova Orleans – segundo a lenda, todos os antigos casarões da cidade são habitados por pelo menos uma alma penada –, e seus inúmeros cemitérios, além de colocar em contexto os restaurantes e os festivais de música, muito famosos na cidade.


Boa parte das ações da série – especialmente aquelas ligadas aos rituais de bruxaria –acontecem no Cemitério Lafayette, um dos mais famosos de Nova Orleans, que também foi cenário do filme Entrevista Com o Vampiro, baseado no romance de Anne Rice.




Whitechapel
Não é um lugar mal-assombrado, exatamente, mas foi o cenário de uma das passagens mais apavorantes da história inglesa. No final do século XIX, caminhava pelas ruas deste bairro pobre de Londres, ninguém menos que o mais famoso assassino em série da história: Jack, o Estripador.

O serial killer, cuja identidade jamais foi descoberta, embora algumas pessoas até tenham assumido a autoria de seus crimes, assassinou ao menos cinco prostitutas entre agosto e novembro de 1888, deixando seus corpos brutalmente mutilados.

Como o mistério sobre o assassino nunca foi desvendado, vários boatos e lendas surgiram em torno do estripador, que acabou se tornando, de algum modo, personagem do folclore local, embora os crimes tenham sido reais. Vários autores, filmes e séries de TV trouxeram à tona o mito de Jack, o Estripador, concedendo-lhe inúmeras facetas, desde o psicopata serial killer do thriller Do Inferno, protagonizado por Johnny Depp, em que o assassino foi interpretado por Ian Holm, até a fusão do assassino com o mito do vampiro em várias séries e filmes do gênero, como em The Vampire Diaries, em que o protagonista Stefan Salvatore vive em constante luta com seu lado Riper – sem, na verdade, ter sido identificado como o misterioso assassino de Whitechapel, mas como outro espécime semelhante atacando nos Estados Unidos –, e mais recentemente no seriado Drácula, protagonizado por Jonathan Rhys Meyers, em que Lady Jane Wetherby, a principal caçadora de vampiros da Ordem do Dragão, se encarrega pessoalmente de estripar as vítimas de Drácula, alimentando o mito de Jack para esconder a presença do vampiro em Londres.

Seja lá como for, o assassino, obviamente, está morto há muito tempo – já que seus crimes foram cometidos há mais de cem anos –, mas a aura sangrenta permanece impregnada pelas ruas do bairro, tornando as visitas ao local possivelmente assombrosas.



Torre de Londres
Perto dali, ainda no Borough de Tower Hamlets, está a Torre de Londres, conhecida por ter sido cenário de prisões, torturas, enforcamentos e decapitações ao longo da história britânica. Foi construída entre 1078 e 1285, e serviu como Residência Real até o século XVII.

Entre os prisioneiros mais famosos da Torre de Londres, que incluem vários nobres, reis e políticos influentes, está a Rainha Elizabeth I de Inglaterra, presa na torre em 1554 – ainda durante o reinado de sua meia-irmã, Maria I –, acusada de envolvimento numa rebelião liderada por Thomas Wyatt (filho). Ela foi retirada da Torre em seguida, mas mantida em prisão domiciliar por um ano.

Entre os condenados à morte que foram executados na Torre de Londres, está a Rainha Ana Bolena, mãe de Elizabeth, decapitada em 1536, por traição ao Rei Henrique VIII. Diz a lenda que a Rainha ainda é vista andando ao redor da Torre com sua cabeça debaixo do braço.

Colaborando ainda mais para aumentar o aspecto sombrio do lugar, a Torre é habitada por uma pequena colônia de corvos, protegida por decreto real, pois, segundo a lenda, a Monarquia e o Reino ruirão caso as aves negras deixem a Torre. E é claro que os monarcas britânicos não querem se arriscar...





Casa dos Gritos
Ainda na Inglaterra, mais precisamente no fictício vilarejo bruxo de Hogsmeade, há a Casa dos Gritos, que dentro do universo criado por J. K. Rowling na saga do bruxo Harry Potter, é considerada o prédio mais mal-assombrado da Grã-Bretanha.

A casa adquiriu esta fama graças aos constantes gritos e gemidos que se ouvia lá dentro há cerca de vinte anos. Mesmo os fantasmas de Hogwarts a temiam, porque diziam que ela era habitada por uma criatura estranha.

Todas as suas janelas foram fechadas com tábuas, e suas entradas lacradas, exceto a pequena abertura na base do Salgueiro Lutador, que poucos conheciam.

Sabe-se hoje que a assombração daquela casa, na verdade, era Remo Lupin, que se escondia nela nas noites de lua cheia, para se transformar em lobisomem, e era ele quem produzia os gritos e barulhos estranhos que concederam má fama ao local.

Mais tarde, a Casa dos Gritos serviu como esconderijo também para o Lorde das Trevas, Voldemort, durante a batalha de Hogwarts, em que o vilão foi finalmente derrotado e destruído por Harry Potter.



Transilvânia
Conhecida principalmente por ter sido o local de nascimento de Vlad III, ou Vlad Tepes, príncipe da Valáquia, em 1431, que séculos mais tarde inspiraria Bram Stoker a criar o Conde Drácula, a Transilvânia respira as lendas sobrenaturais inspiradas em sua paisagem pitoresca, em seus muitos castelos medievais, e em seu nativo mais ilustre.

A região delimitada a leste e ao sul pela cordilheira dos Cárpatos já foi cenário de diversos romances e contos sobrenaturais, e é conhecida no mundo todo como o berço dos vampiros.

O ponto mais famoso da região é o Castelo de Bran, encravado na floresta, no sopé dos Cárpatos, que se acredita tenha sido, eventualmente, e por pouco tempo, residência ou esconderijo de Vlad Tepes. Hoje em dia, o castelo abriga um museu que exibe peças de arte e mobiliário colecionados pela Rainha Maria, da Romênia, neta da Rainha Vitória, da Inglaterra.

É sabido, porém, que Vlad ocupou também o Castelo Poenari, no Condado de Arges, na região da Valáquia – hoje também pertencente à Romênia. Este castelo foi construído num desfiladeiro formado no vale do Rio Arges, no século XIII, e abandonado várias vezes antes e depois da época de Vlad, e hoje em dia se encontra em ruínas.

Contudo, nenhum dos dois é o castelo mencionado no romance de Bram Stoker. Na região da Transilvânia onde Stoker situou a moradia de Drácula, não existe castelo algum.

Bem, seja por Drácula, por Vlad, pelo mito do vampiro em geral, ou simplesmente pelo cenário propício a uma boa história de terror, a Transilvânia é um dos lugares mais míticos do planeta. Sem falar que é de uma beleza assombrosa.



Nosso tour termina por aqui. Espero que tenham curtido a viagem. Tenham todos um Happy Halloween!


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