Se A Mãe É Uma Peça, O Pai Certamente É Uma Figura

em domingo, 12 de agosto de 2018

Para muitos um herói, para outros um bandido. Vamos relembrar alguns pais na ficção que hoje mereciam um abração.

Pais Fazem Tudo Por Seus Filhos...
Vamos começar com o mais querido de todos. Mesmo sem um centavo no bolso, Seu Madruga não deixa faltar nada à Chiquinha. Nem mesmo um vestido novo. E não basta ser um paizão para sua filhota, Seu Madruga também faz o que pode pelo garoto Chaves, frequentemente convidando-o para comer em sua casa – mesmo que isso implique em mandá-lo comprar ovos ou pães fiado na Venda da Esquina em nome da Dona Florinda, só para ter mais um pretexto para apanhar da mãe do Quico mais tarde.
Se criar uma Bebel e um Tuco já não era fácil, imagine tentar domesticar também um Agostinho. Foram quase quinze anos de A Grande Família, mas Lineu conseguiu transformar seu genro num pai de família responsável. Merece ou não ser eleito o pai do ano?
Ser pai nos nossos tempos já é um enorme desafio. Agora imaginem ser pai durante o Brasil Imperial, e ter uma filha com uma escrava que não lhe pertence. Miguel dos Anjos passou a vida toda trabalhando incessantemente, limitando suas necessidades para poder reunir o dinheiro necessário para comprar a própria filha, escrava do pouco piedoso Comendador Almeida, que sempre aumentava o valor da menina quando ele estava perto de atingir a quantia determinada. E depois de tudo, ainda teve que protegê-la da devassidão de um novo senhor, o herdeiro do Comendador, Leôncio, que queria porque queria perverter a escravinha. E apesar de todas as dificuldades, Miguel nunca desistiu de libertar e proteger sua filha, chegando a fugir com ela quando a coisa ficou preta, e amargando um período na prisão quando foram recapturados. Isso é o que eu chamo de Pai com “P” maiúsculo!
Viúvo e sozinho, o britânico Graham aprendeu até a costurar para cuidar das filhas, Sophie e Olívia. Ele abre mão da vida pessoal para interpretar o Sr. Cabeça de Guardanapo, e não sabe o que fazer quando decide trazer a americana Amanda para dentro de suas vidas.
Quantos pais teriam coragem de aceitar o cargo de Papai Noel, engordar cinquenta quilos e embranquecer barba e cabelos só para não destruir a crença do filho? E não estou falando em bancar o bom velhinho no shopping. Estou falando em se tornar o próprio Papai Noel, viver no Polo Norte, e percorrer o mundo inteiro numa única noite, a bordo de um trenó puxado por renas voadoras, entregando presentes a todas as crianças. Esse cara teve! E como boas ações não ficam impunes, ainda ganhou o amor de uma professora linda como recompensa – conhecida entre nós como a queridíssima Rainha da Neve.


Schwarza já fez muita coisa além do que um ser humano normal faria, mas ocupar o lugar do super-herói favorito de seu filho durante a parada de Natal, só para conseguir dar o brinquedo que o menino queria foi de longe a mais extraordinária. Porque não basta ser pai, tem que voar pela cidade fantasiado, utilizando uma tecnologia da Idade da Pedra, e sair no tapa com outro pai fantasiado de vilão pelo brinquedo do filho. Haaaaja coração!
Quantos pais teriam coragem de enfrentar uma tempestade polar, que traria uma nova Era Glacial ao planeta Terra, matando quem se atrevesse a colocar a cara na rua durante sua passagem, para atravessar o país em congelamento e resgatar seu filho, que ficou ilhado na biblioteca pública de Nova York? Esse cara fez isso, conseguindo salvar o filho, um pequeno grupo de amigos, e descobrindo outros sobreviventes em outros prédios de Manhattan.
Um pai, três filhos, dois empregos. O nome disso é amor!

Ser pai trabalhando de segunda a sábado, aturando chefe chato e o trânsito caótico de uma grande cidade, chegar em casa cansado, e ainda arrumar tempo e, principalmente, disposição para brincar com o filho, já não é fácil. Agora, imagine ser pai, dentro de um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhando pesado, meses a fio, sob o domínio dos alemães nazistas, com mais fome que comida no prato, enquanto mantém seu filho pequeno escondido no alojamento para que ele não sofra com a separação, fazendo-o acreditar que está participando de uma divertida gincana, para impedir que ele veja os horrores da guerra? E ainda ir dançando e saltitando para o fuzilamento, somente para que o filho não perceba que nunca mais o verá.

O judeu Guido fez exatamente isso. Com muito jogo de cintura e bom humor, ele conseguiu esconder do filho, Giosué que estavam correndo risco de vida ao longo de vários meses, o manteve escondido em seu alojamento no campo de concentração, fez o que pôde para que ele comesse do bom e do melhor junto com os nazistas, e mostrou ao filho e ao mundo que, mesmo frente às adversidades, A Vida é Bela.

E [ALERTA DE SPOILER!] se não tivesse sido tão aperreado para encontrar a esposa no campo de concentração, poderia ter esticado essa vida mais um bocadinho, já que a guerra terminou no dia seguinte à sua execução...


Pais Nem Sempre São Perfeitos – Nem Batem Muito Bem da Cachola...
Sempre com um método mirabolante na manga para educar os filhos, incluindo fazer sua caçula latir e morder para ensinar ao filho mais velho que não deve dar o remédio do cachorro a uma criança. Pode questionar a sanidade, mas não o amor desse paizão.
Ser pai também é esganar o filho diariamente chamando-o de Zé Ruela. O nome disso é educar. Brincadeiras à parte, Homer tem tudo para ser considerado um péssimo pai: grosso, mal-educado, pau d’água, comilão, dorminhoco, mais interessado em tomar uma cerveja em frente à televisão do que em participar da vida escolar dos filhos... Sim, Homer Simpson é tudo isso. E talvez até seja radioativo, considerando que ele trabalha numa usina nuclear. Mas quem não ficou orgulhoso ao descobrir porque não há fotos de Maggie na casa dos Simpsons? Homer montou um mural no trabalho com as fotos da pequena e a inscrição “Faço isso por ela”, pois ele largou seu emprego dos sonhos numa pista de boliche e voltou para a usina do Sr. Burns para poder sustentar a família, ao descobrir que Marge estava à espera do terceiro herdeiro dos Simpsons. E quem nunca se comoveu ao saber que, enquanto a primeira palavra de Bart foi “caramba” e a de Lisa foi “Bart”, a de Maggie foi “papai”?
Com Bart, Homer pode parecer um pai impaciente, intolerante, só esperando uma oportunidade para estrangular o garoto, mas poucas vezes vi pai e filho tão parceiros na ficção, frequentemente vivendo aventuras juntos, dividindo uma cela de prisão no Japão, entrando e saindo juntos de uma série de furadas. E com a Lisa, apesar de frequentemente envergonhá-la com suas grosserias, sua ignorância e seus modos rudes, deixa essa menina aparecer triste para ver se o Homer não vai até o fim do mundo para vê-la feliz de novo! Ele chegou a abrir mão de um ar-condicionado novo para comprar o saxofone para ela com o dinheiro. E mesmo detestando as atividades, e frequentemente dormindo, peidando e arrotando durante as apresentações, ele não perde os recitais de balé e eventos escolares da filha.

Pais Às Vezes São Obrigados a Lidar Com o Sobrenatural Ou Com Magias Pesadas...
O Holandês Voador precisava de um Capitão. E Will Turner precisava de sua vida de volta. Bootstrap fez com as próprias mãos o que nenhum outro pai teria coragem de fazer: arrancar o coração de seu filho para trazê-lo de volta dos mortos e transformá-lo no novo Capitão do Holandês Voador. Tudo bem que isso só foi possível porque Jack Sparrow – Capitão, se faz favor – garantiu que fosse Will a esfaquear o coração de Davy Jones; mas não tremer a mão ao arrancar o coração do filho, foi de uma ousadia sem precedentes.
Não são muitos pais que se dispõem a caçar demônios para manter seus filhos seguros.
Não há muitos pais com coragem – ou poder, principalmente – para lançar uma maldição, ferrando com a vida de muita gente, só para poder viajar entre os mundos e procurar seu filho perdido. Ainda que tenha se perdido por culpa dele, mesmo...

E Nem Precisa Ser Filho de Sangue Para Ser Amado Pelo Pai...
Ser pai quando contribui com o material biológico é uma coisa... Agora imagine se tornar responsável pela filha do seu melhor amigo morto. Erik Messer teve que assumir esse B.O. junto com Katherine Heigl, e acabou se apaixonando pela paternidade e pela loirinha.
O caso de James é ligeiramente parecido com o de Erik Messer. Ele também não contribuiu com nada para a concepção de Mike, mas se afeiçoou ao menino depois de ter dirigido o táxi para a maternidade quando Mollie estava parindo, e mais ainda por ter se tornado babá do garoto. Era tanto amor envolvido, e a recíproca era tão verdadeira, que a primeira palavrinha do pequeno foi “papai”, e foi dirigida ao queridão James. Seu pai biológico não estava nem aí com ele...
Por ser o Rei da Pérsia, era de se esperar que Sharaman só apreciasse seus filhos de sangue, mas ele se dispôs a acolher um menino órfão das ruas de Nassaf, e o transformou num Príncipe da Pérsia, sem jamais distingui-lo de seus filhos biológicos.
Sem qualquer parentesco ou ligação afetiva com a família biológica de uma menina de rua, Arthur decidiu dar abrigo e uma família à levadinha da breca Punky Brewster e seu cachorro Pinky. E isso sem uma esposa do lado para dividir a bronca. O nome disso é amor verdadeiro. Ouvi dizer que esse beijo quebra maldições...
Um caso semelhante ao de Arthur, mas nesse caso, a mãe dos órfãos Willis e Arnold Jackson foi empregada na cobertura do Sr. Drummond por muitos anos, e ele se dispôs a cuidar dos filhos dela após sua morte. E adotou duas crianças negras, trazendo-as para morar em sua cobertura na Park Avenue, em Nova York, tratando-os com o mesmo amor com que tratava sua filha biológica Kimberly, numa época em que o preconceito racial estava no auge. Um paizão, em toda extensão da palavra.
Avô é pai duas vezes. Para poucos personagens essa frase é tão verdadeira, quanto para o avô do nosso querido Cabeça de Bigorna, que assumiu a guarda do menino após a morte ou desaparecimento de seus pais exploradores da natureza. E cuidar de uma criança sendo casado com uma velha biruta não é para qualquer um, não...
Não basta ser pai de quatorze. Pongo só comemorou ao saber que todos os quinze filhotes sobreviveram ao parto. E não bastasse essa ninhada, ele ainda adotou os outros oitenta e quatro depois de percorrer a Inglaterra para salvar os noventa e nove pequenos Dálmatas das garras da malvada Cruella. Provando que não precisa ser humano para ser um ótimo pai.

E já que eu comecei citando a belíssima canção do Fábio Júnior, vamos finalizar com ela, uma singela homenagem a todos os papais leitores e papais dos leitores do blog.
Pai
Pode ser que daqui algum tempo
Haja tempo pra gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez


Pai
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre esses 20 ou 30
Longos anos em busca de paz


Pai
Pode crer eu tô bem, eu vou indo

Tô tentando vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer


Pai
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você


Pai
Senta aqui que o jantar tá mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensina esse jogo da vida
Onde vida só paga pra ver


Pai
Me perdoa essa insegurança
É que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos seus braços você fez segredo
Nos seus passos você foi mais eu


Pai
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Pra pedir pra você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar



Pai
Você foi meu herói, meu bandido
Hoje é mais muito mais que um amigo
Nem você, nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz


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