O Casamento (Sur)Real

em sábado, 19 de maio de 2018

Enquanto o Príncipe Harry desposa Meagan Markle, vamos conferir um casamento inédito na televisão brasileira. O casamento mais aguardado – ou não – pelos personagens da Vila do Chaves:
Seu Madruga & A Bruxa do 71... Digo, Dona Clotilde!
O episódio de 1981 – época em que o Chaves voltara a ser esquete do Programa Chespirito – é uma versão de O Terno do Tio Jacinto, de 1976. O episódio é mais curto, os diálogos são bem parecidos com os do episódio original – que, na verdade, era remake de A Louca da Escadaria, de 1973 –, mas nessa versão, Dona Clotilde realiza seu sonho de se casar com Seu Madruga. Quer dizer, quase...


Dona Clotilde está estendendo um lençol no varal quando Seu Madruga entra na vila carregando um embrulho, e a Bruxa imediatamente o aborda para saber se é verdade que morreu um parente dele recentemente. Desta vez, ninguém chega a dar nome ao defunto, nem sabemos se ele era maior que o Seu Madruga, mas sabemos que a Chiquinha nem chegou a conhecê-lo, portanto não pode ser o motivo de terem ouvido a menina chorando. O que acontece, é que ela viu seu pai abraçado com a Bruxa do 71, e já começou a tirar suas próprias conclusões sobre um possível desastre familiar. Mas vocês conhecem bem a Bruxa do 71, né? Ela não perde uma oportunidade de tirar uma casquinha do perna de saracura.
Pelo menos esse tio distante lhe deixou de herança um terno – ou um paletó, que seja...
Bem, o momento paquera termina, mas as crianças continuam especulando sobre a cena que assistiram, comentando a nova fofoca que já circula pela vizinhança: Seu Madruga vai se casar com a Bruxa do 71. E como Kiko, nessa altura, já andava lá pela Disneylândia com o Polegar Vermelho, tendo abandonado a série há três anos – Seu Madruga retornara poucos episódios antes deste –, é Pópis, revezando o posto de terceira mosqueteira do trio com Nhonho após a saída do bochechudo, quem aconselha Chiquinha a fugir de casa, para não ter uma bruxa como madrasta. Mas não deixa Chaves completar a informação acerca de com quem ele mora lá na casa número oito, após repetir que o barril é apenas seu esconderijo secreto, depois que Chiquinha pediu para lhe ceder um lugarzinho, sugerindo que a filha de Seu Madruga peça asilo à sua tia Florinda.
E novamente é a vez de Pópis sair em defesa da velha coroca... Digo, da Dona Florinda, batendo na Chiquinha com a boneca Serafina. E depois de receber como troco um chute no traseiro, Pópis decide acusar a amiga, e no caminho aproveita para felicitar a Bruxa do 71 pelo noivado com Seu Madruga.
Então Seu Madruga começa a ameaçar distribuir pancada no primeiro que inventou essa fofoca mal contada sobre sua pessoa, e também no segundo que ajudou a espalhá-la pelos quatro cantos da vila, distribuindo convites para o seu suposto casamento com a Bruxa, mas Chiquinha se interpõe entre seu papaizinho lindo, seu amor e o coitado do Chaves, já que ninguém tem paciência com ele.
Seu Madruga pergunta à Bruxa se por acaso ela sabe que diabo está acontecendo ali, e recebe um “queridinho” como resposta, para desespero de Chiquinha, que vai para casa chorando, acreditando que o apelido carinhoso confirma suas suspeitas sobre o casório. Daí Seu Madruga fica resmungando e esbravejando, sem saber se explica à filha que ele prefere ver o filme do Pelé; ou se joga um balde de água fria na Bruxa para recuperá-la do desmaio; ou se bate no Chaves, que deve ser o culpado disso também, para variar; ou se tem ele mesmo um piripaque...
Enquanto isso, Chaves se agarra no lençol que a Bruxa do 71 pendurou no varal no começo do episódio, e que ela deve ter amaciado com a poção do sono da Bela Adormecida, porque é tocar nele e o moleque começa a dormir em pé. Vai ver o Kiko tinha razão, e Chaves tinha sangue de galinha.
E é quando ele começa a sonhar com o casamento do século. Seu Madruga entra na igreja, de braços dados com a Dona Clotilde, vestida de noiva; com Chiquinha e Chaves fazendo as vezes de daminha e pajem, carregando a calda do vestido da Bruxa e do paletó de smoking de Seu Madruga; e com a Dona Florinda bancando a madrinha no fim da fila, carregando um ramo de algum tipo de flor branca que deve ser tradicional nas cerimônias de casamento no México. Acho que já vi enrolarem os noivos com aquele treco em alguma novela da Televisa...
Aliás, é muito curioso que Dona Florinda seja a madrinha do casamento; logo ela, que passou a vida inteira espancando o Seu Madruga, e ralhando com a Bruxa do 71. Mas se é o que tem pra hoje... Mais curioso ainda é que ela tenha entrado na igreja com o mesmo vestido e o avental do dia-a-dia. Cadê aquele vestido com folhas grandes que ela usou para passar o Natal na casa do Sr. Barriga? E que, diga-se de passagem, ela já tinha quando o pai do Kiko era vivo – como mostra o episódio Recordações, e que também usou em sua hospedagem lá no Hotel Tão Limpo Que Limpa Até Carteira, do Chapolin. Será que o tecido finalmente embolorou?
E a valentona do 14 ainda ficará chocada ao descobrir que o Padre que vai realizar a cerimônia é o seu amado Professor Girafales!
Observamos diferentes reações dos personagens enquanto o Padre Linguiça... Digo, Girafales, faz um discurso sobre o amor: Seu Madruga sorri, como se tivesse acabado de ser perdoado pela Dona Florinda por ter assumido a culpa no lugar do Chaves pelo desaparecimento dos churros; Dona Clotilde está emocionada, com cara de apaixonada, como no dia em que Héctor Bonilla visitou a vila, e todas as mulheres presentes estavam dispostas a perdoá-lo; Chaves está prestando atenção ao discurso com a mesma cara com que assistiu à Bruxa do 71 fazendo sopa de Seu Madruga em seu caldeirão, e parecia só estar esperando sua deixa para dizer “outro gato!”; Chiquinha soluçava como quando tentava explicar ao seu pai que “o Chaves pegou suas carambolas, e aíaíaíaíaí uééééééééé!!!”; e Dona Florinda lamentava agarrada ao raminho branco como no dia em que seu gato desapareceu e mesmo assim continuavam sumindo os peixinhos coloridos da Chiquinha; até o Sr. Barriga apareceu para assistir à cerimônia lá perto da porta – provavelmente aguardando para cobrar os 14 meses de aluguel atrasado do noivo na saída.
Ah, sim, e o Nhonho fez uma participação como coroinha no episódio, e ficou lá com essa cara de tonto.
Finalmente, chega a hora de os noivos trocarem seus votos, prometendo amar um ao outro até que a morte os separe. E é quando a Chiquinha se desespera e irrompe em prantos, e é obrigada a torcer seu lenço ensopado de lágrimas. E...
Então Chaves acorda todo enrolado no lençol da Bruxa que está pendurado no varal. E ao tentar ajudá-lo, Seu Madruga acaba tomando um soco no estômago.
E depois vai dizer que não é bruxa!

* O episódio pode ser encontrado no YouTube legendado, ou dublado por fãs.

2 comentários:

  1. Fica aquela, foi um sonho louco do Chaves ou iria acontecer mesmo?
    Esse episódio nunca passou no SBT, pelo menos não na época em que eu era louca pelo seriado, tanto que assisti até mesmo ao desenho do próprio.
    huahuahuahuahua

    https://j-informal.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Esse é um dos muitos episódios que a gente só conhece pelo YouTube. Como ele é dos anos 1980, e o SBT nunca se interessou em transmitir essas temporadas do Programa Chespirito, só tem na internet mesmo. Uma pena, porque nesse comecinho do programa, pelo menos, os atores ainda estão com a mesma aparência da série clássica (que foi o que supostamente incomodou alguns fãs nos esquetes dos anos 1990 que passaram no Clube do Chaves, com os atores mais velhos), só o figurino que está um pouco diferente. Até dava para passar, mas o SBT é uma tartaruga quando se trata de Chaves. Quem sabe o Multishow, né, daqui alguns anos?...

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