A
Globo sempre foi mestra em criar boas séries de comédia: Sai de Baixo, Toma Lá Dá Cá,
A Diarista... Para citar só algumas.
Uma das minhas favoritas foi Tapas &
Beijos. O enredo era o simples do simples: duas amigas na casa dos quarenta
anos, a princípio solteiras, dividindo apartamento e contando seu dia a dia no
trabalho e as confusões em sua vida amorosa – Suely enrolada com Jurandir,
depois com PC, depois com Jorge, dono da Boate La Conga; e Fátima mostrando que
ser amante de um homem casado não é tão fácil como muita gente pensa. Já no final
da primeira temporada, a vida das moças parecia estar querendo se ajustar:
Armane finalmente deixou a esposa e sua penca de filhos cada vez maior, para
casar com Fátima; e Suely também começava a viver seu conto de fadas com Jorge.
Mas como o objetivo da série não era arrumar, e sim bagunçar o máximo possível
a vida amorosa das duas, os casamentos oscilavam; Suely, principalmente, ainda
viveu algumas experiências com outros homens no período em que ficou separada
de Jorge; e até o Djalma, dono da loja de vestidos de noiva onde as duas
trabalhavam, que parecia ter o casamento mais estável do quarteirão, passou um
tempo separado da Flavinha, que se envolveu com Jorge quando foi trabalhar na
boate – e foi inclusive o pivô da separação de Suely –, enquanto Djalma se
envolvia com Lucilene, a dançarina favorita dos clientes da La Conga, que já
havia sido casada com Seu Chalita, dono do restaurante O Rei do Beirute, que também já havia sido casado com a mãe da
Flavinha e agora está envolvido com Shirley.
Ufa!
Que confusão! Peraí, vamos organizar essa salada: a Fátima começou a história
como amante do Armane, se envolveu com um garoto chamado Leléu – que depois se
envolveu com Lucilene –, até finalmente casar com Armane – que também andou se
engraçando com a dançarina da La Conga. Suely foi casada com o Jurandir, que
depois se apaixonou pela Bia, filha do Jorge, que acabou casando com a Suely,
mas não antes que ela se envolvesse com o PC, e até com o Tavares, e Jorge
passasse por um período confuso com o retorno de Márcia, mãe da Bia, com quem
ele formou uma banda; no meio disso tudo, ele teve um rolo com a Lucilene,
depois casou com a Suely, mas eles se separaram quando ela resolveu dar guarida
para a Flavinha que estava se separando do Djalma. E o Djalma se envolveu com a
Lucilene, que já tinha sido casada com seu Chalita, depois de ele ter sido
casado com a mãe da Flavinha, e agora o libanês estava envolvido com a Shirley,
que caiu de paraquedas nessa história...
Ai,
gente, desisto! Não tem como organizar essa novela. É muito rolo pra minha
cabeça. Afinal, esse povo vive entre tapas
e beijos, num troca-troca interminável.
Vamos
só atualizar o status da galera no episódio de hoje: Fátima estava casada,
feliz e brigando com Armane, como sempre; Suely estava separada do Jorge, desde
que a Flavinha separou do Djalma, que estava com ciúme porque ela estava
mexendo com a fantasia dos homens do quarteirão que a viam dançar na La Conga,
e Suely, com pena da moça, decidiu abrigá-la em sua casa, e a bisquinha acabou
agarrando o Jorge. Djalma, por sua vez, se envolveu com a Lucilene enquanto
ainda estava casado com a Flavinha – sendo esse um dos motivos da separação –,
e agora o Tuf-Tuf da Flavinha virou o
Lepo-Lepo da dançarina com a tatuagem
de escorpião. E Seu Chalita, não lembro se chegou a se divorciar de Lucilene,
mas estava de rolo com a Shirley, que eu sinceramente não lembro como foi parar
nessa história – embora a série esteja sendo reprisada no GNT aos domingos,
acho que eu perdi alguns episódios recentemente, justamente os que introduziam
Shirley no meio dessa confusão. O advogado Tavares – “carinhosamente” apelidado
de rato – andou quebrando a cara e se
tornou um morador de rua, e atualmente é o único solteiro da trupe. E Bia e
Jurandir estão focados em construir seu felizes para sempre.
E
este é precisamente o tema do episódio que vou resenhar hoje.
Por
que eu escolhi esse ponto da história – já quase no fim da série –, se eu não
descarto em algum momento resenhar episódios bem anteriores? Bem, por dois
motivos: primeiro, porque muita gente tem a mania de casar em Maio – dizem que
dá sorte, não sei; deve ter alguma lenda envolvida, mas não conheço e fiquei
com preguiça de pesquisar. Pesquisas mostram que casais que se casam em Maio se
divorciam na mesma proporção que os que casam nos outros onze meses do ano;
então, francamente, não sei qual é a razão dessa epidemia de casamentos no
quinto mês. E o segundo motivo é que o episódio gira em torno de um inusitado
casamento realizado em dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo. E como mais uma
Copa vem aí mês que vem – as velas de orações já esgotaram nas lojas em todo o
Brasil e os santos informam que todos os atendentes estão ocupados –, achei que
seria apropriado resenhá-lo agora.
E
quem é o perturbado que se casa em dia de jogo do Brasil? Pois é, tinha que ser
o Chaves Jurandir!