Ah,
o amor... Não há nada mais belo no mundo, nenhum sentimento mais nobre. O amor
que inspira os poetas, faz suspirar as donzelas, apanha corações desprevenidos,
e faz a vida, de repente, mudar de foco.
O
amor foi sempre o tema favorito da literatura, desde os tempos mais remotos,
mesmo quando este não era o motivo principal dos enlaces. Mas nenhum gênero
literário explorou tanto este sentimento tão nobre e tão traiçoeiro quanto a
poesia.
E
como hoje é dia dos namorados, nada mais apropriado que nos deliciar com cinco
belos poemas de amor. Porque, de vez em quando, vale a pena ser piegas.
O
primeiro poema foi escrito pelo português Luís de Camões – também autor do
clássico poema épico Os Lusíadas. Este
poema sem título conta uma história de amor idílico e platônico, e vocês certamente
reconhecerão os primeiros versos, que foram recitados por Selton Mello no filme
Lisbela e o Prisioneiro, em seu primeiro encontro com a personagem de Débora
Falabella, que roubaria o coração do inconstante Leléo.
Transforma-se
o amador na coisa amada,
Por
virtude do muito imaginar;
Não
tenho logo mais que desejar,
Pois
em mim tenho a parte desejada.
Se
nela está minha alma transformada,
Que
mais deseja o corpo de alcançar?
Em
si somente pode descansar,
Pois
consigo tal alma está ligada.
Mas
esta linda e pura semideia,
Que,
como o acidente em seu sujeito,
Assim
como a alma minha se conforma,
Está
no pensamento como ideia;
O
vivo e puro amor de que sou feito,
Como
a matéria simples busca a forma.
Seguindo
com Camões, talvez este seja seu poema mais famoso:
Amor
é um fogo que arde sem se ver,
É
ferida que dói, e não se sente;
É
um contentamento descontente,
É
dor que desatina sem doer.
É
um não querer mais que bem querer;
É
um andar solitário entre a gente;
É
nunca contentar-se de contente;
É
um cuidar que ganha em se perder.
É
querer estar preso por vontade;
É
servir a quem vence, o vencedor;
É
ter com quem nos mata, lealdade.
Mas
como causar pode seu favor
Nos
corações humanos amizade,
Se
tão contrário a si é o mesmo Amor?
O
poema a seguir é um pouco menos conhecido. Escrito por Ricardo Tescarolo,
compara dois sentimentos que adoram confundir o coração, e que frequentemente
não se consegue definir qual é o mais poderoso – e perigoso!
Mar versus
vulcão
Paixão não é
amor
Paixão é
como vulcão: inesperado
É
surpreendente, ruidoso, e destruidor.
Efêmero e
lancinante.
Amor é como
o mar, poderoso e inesgotável.
Sereno e
misterioso. Sem medida.
A dor da
paixão é quase insuportável. Do amor quase não é dor.
O desejo da
paixão ocupa a vida, furacão assustador e incontrolável.
Alude barragem
rompida, sua trajetória é avassaladora.
Seu impulso
consome vampiro do outro.
O desejo do
amor é o sentimento da vida.
Regato ávido
das margens e do continente, discretamente, mais sempre. Vontade
De se dar:
beija-flor que sorve o mel e oferece o pólen.
Amor não é
paixão
Mas não há
amor sem paixão.
Como não há
paixão que não se confunda com amor.
Amor e
paixão são como o sol: sua luz e seu calor!
O
seguinte não é bem um poema. Na verdade é parte do texto do livro Adolpho,
escrito por Benjamin Constant, mas este trecho em particular passou a figurar a
mente de alguns sonhadores e apaixonados depois de ter sido declamado por Ana
Carolina em um de seus DVDs. Pudera, este trecho descreve, da maneira mais
simples e mais completa, o que é essa perturbação e esse prazer chamado amor.
Todo sentimento
Precisa de um passado para existir
O amor não:
Ele cria como por encanto
Um passado que nos cerca,
Ele nos dá a consciência de havermos vivido anos
a fio
Com alguém que a pouco era quase um estranho,
Ele supre a falta de lembranças com uma espécie
de mágica...
Sabe
quando você gosta tanto de uma pessoa que não sabe como se expressar? Não sabe
como dizer a ela o que sente, as palavras parecem desaparecer completamente, e
você se sente até meio idiota por isso? Acreditem, os grandes poetas
compreendem esse sentimento. Fernando Pessoa conseguiu colocar em palavras essa
confusão, e explicar à pessoa amada, o que realmente se esconde no silêncio de
um olhar apaixonado.
O
Amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
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