Era uma vez, num apartamento de classe média
submergente no Largo do Arouche, uma família um tanto exótica:
O chefe da família, Vanderley Mathias, mais
conhecido como Vavá, era um solteirão sem o menor talento para os negócios, que
costumava abrir falência todas as segundas-feiras, e que aparentemente não
namorava ninguém há pelo menos cinco encarnações.
Ele morava sozinho no apartamento que herdou
dos pais, com a empregada desbocada, porém chique de doer, Edileuza.
Até que um belo dia sua vida é invadida por
uma trinca de parentes malas:
Sua irmã Cabeção Torneado de Laquê, Cassandra,
viúva de um militar que, embora falida, ainda sustenta um Rei Momo na barriga;
Sua anta... digo, sua filha, Magda, a prova
material de que existe vida após a morte cerebral;
E o marido chave-de-cadeia de Magda, Caco
Antibes, pobre, porém soberbo. Juntos, os três viram a vida de Vavá de cabeça
para baixo.
Todo mundo sabe de quem eu estou falando.
Quando esta família entra em cena...
Porque a confusão está armada!
No decorrer dos sete anos que durou a série, o
elenco sofreu algumas alterações, principalmente no papel da empregada, que
começou com Cláudia Jimenez, a melhor de todas, passou para Ilana Kaplan,
interpretando a diarista Lucinete em quatro episódios no começo da segunda
temporada, depois para Márcia Cabrita, a Neide Aparecida, que deixou a série
três anos depois em licença maternidade, e não voltou mais, passando o bastão
para Cláudia Rodrigues, que levou a Sirene até o último episódio em 2002.
O porteiro anormal Ribamar também deixou a
série em 1999, e seu lugar foi ocupado pelo Ataíde, do finado Luís Carlos
Tourinho, o “personal puxa-saco” do segundo marido de Cassandra, o Pão-Duro
Pereira.
E não vamos nos esquecer do Caquinho, o
filhote do Caco e da Magda, fabricado pelo Gepetto, que um belo dia virou um
menino de verdade... E que, para desespero da família, saiu ao pai.
E da Dona Caca, mãe do Caco, que
ocasionalmente fazia uma participação especial na série – e chegou, inclusive a
namorar o Vavá.
Na série foi usada uma fórmula simples de
humor, com piadas rápidas, elenco de peso e personagens marcantes, que cativam
o público até hoje, e se tornaram referência no gênero.
E como na televisão, assim como na vida, uma
coisa leva à outra, as séries geram séries, e às vezes há tantos traços em
comum, que é impossível não enxergar um paralelo.
Cinco anos se passaram desde o último episódio
de Sai de Baixo, quando foi ao ar o primeiro episódio de Toma Lá Dá Cá.
Agora notem se uma série não descende
diretamente da outra:
Caco Antibes, agora atendendo pelo nome de
Mario Jorge Dassoin, antigamente casado com Magda, que ganhou um cérebro novo
no prêmio instantâneo da Tele Sena e mudou seu nome para Rita, teve com ela
dois filhos.
A mais velha, Isadora é a prole perfeita do
casal: herdou o cérebro completamente avariado da mãe, e o mau caráter do pai,
aventurando-se inclusive no mundo da política, onde se aperfeiçoou na
contravenção.
Já o caçula, Tatalo herdou o tino comercial de
seu tio Vavá, ou seja, vive se metendo em roubadas sempre que decide mudar de
emprego, quase sempre algo arranjado por sua irmã Mau-caráter, ou pela síndica Dona
Álvara.
Por alguma razão, o casamento de Caco e Magda
naufragou, e agora ele está casado com a Carminha – digo, Célia Regina –, e
Magda agora é esposa do dentista Arnaldo Moreira, que por sua vez, é ex-marido
de Celinha, e pai de Adônis, a pessoa mais ajuizada e madura da família, e o
único mais ou menos honesto da trupe.
Como desgraça pouca é bobagem, agora vivem
todos praticamente juntos no mesmo andar de um prédio do Condomínio Jambalaia
Ocean Drive, um de frente para o outro, e nenhuma das portas parece ter chave.
E para amarrar o núcleo familiar, Caco se
livrou de Cassandra, mas ganhou Copélia como sogra, a mãe despudorada e alcoólatra de Celinha, e parenta de Adônis – pois não admite ser chamada de avó
–, que constrange todos os personagens com seus hábitos, digamos, não
ortodoxos.
Para compensar o troca-troca da criadagem em
suas vidas passadas, Magda e Caco agora dividem uma única empregada, Bozena,
uma polaca que eu desconfio ter sido inspirada numa tia minha, que vive
contando histórias do tempo do ronca sobre sua terra natal, mas deixa isso para
lá.
E para completar este elenco de malucos, temos
a Síndica já citada, Dona Álvara, que se sente parte da família, apitando na
vida de todos;
Seu marido andrógino
cheio de testosterona Ladir Miranda, que nas horas vagas faz performance de
Dirla Thomas em alguma boate frequentada por Copélia;
E Dona Daisy, o sapatão que eu desconfio
ser o par romântico secreto de Bozena.
Coincidências no elenco, na composição dos
personagens e nos cenários deram a entender que Toma Lá Dá Cá foi inspirada em
Sai de Baixo, e trouxe na mala a mesma fórmula de humor que deu certo na série
anterior, imortalizando novos personagens como Copélia, Bozena e Ladir. Pena
não ter durado na programação da emissora, tendo sido encerrada na terceira
temporada, mas há quem acredite na volta do seriado... Ou numa nova versão do
antigo formato...
Isso apenas prova que em televisão nada se
cria, tudo se copia... Ou simplesmente se renova.
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