E Uma Coisa Leva a Outra...

em sábado, 2 de março de 2013


 
Era uma vez, num apartamento de classe média submergente no Largo do Arouche, uma família um tanto exótica:
O chefe da família, Vanderley Mathias, mais conhecido como Vavá, era um solteirão sem o menor talento para os negócios, que costumava abrir falência todas as segundas-feiras, e que aparentemente não namorava ninguém há pelo menos cinco encarnações.




Ele morava sozinho no apartamento que herdou dos pais, com a empregada desbocada, porém chique de doer, Edileuza.



Até que um belo dia sua vida é invadida por uma trinca de parentes malas:
 Sua irmã Cabeção Torneado de Laquê, Cassandra, viúva de um militar que, embora falida, ainda sustenta um Rei Momo na barriga;
 Sua anta... digo, sua filha, Magda, a prova material de que existe vida após a morte cerebral;
 E o marido chave-de-cadeia de Magda, Caco Antibes, pobre, porém soberbo. Juntos, os três viram a vida de Vavá de cabeça para baixo.
Todo mundo sabe de quem eu estou falando. Quando esta família entra em cena...
Porque a confusão está armada!
No decorrer dos sete anos que durou a série, o elenco sofreu algumas alterações, principalmente no papel da empregada, que começou com Cláudia Jimenez, a melhor de todas, passou para Ilana Kaplan, interpretando a diarista Lucinete em quatro episódios no começo da segunda temporada, depois para Márcia Cabrita, a Neide Aparecida, que deixou a série três anos depois em licença maternidade, e não voltou mais, passando o bastão para Cláudia Rodrigues, que levou a Sirene até o último episódio em 2002.

O porteiro anormal Ribamar também deixou a série em 1999, e seu lugar foi ocupado pelo Ataíde, do finado Luís Carlos Tourinho, o “personal puxa-saco” do segundo marido de Cassandra, o Pão-Duro Pereira.

 
 


E não vamos nos esquecer do Caquinho, o filhote do Caco e da Magda, fabricado pelo Gepetto, que um belo dia virou um menino de verdade... E que, para desespero da família, saiu ao pai.
  
E da Dona Caca, mãe do Caco, que ocasionalmente fazia uma participação especial na série – e chegou, inclusive a namorar o Vavá.
 
Na série foi usada uma fórmula simples de humor, com piadas rápidas, elenco de peso e personagens marcantes, que cativam o público até hoje, e se tornaram referência no gênero.
E como na televisão, assim como na vida, uma coisa leva à outra, as séries geram séries, e às vezes há tantos traços em comum, que é impossível não enxergar um paralelo.
Cinco anos se passaram desde o último episódio de Sai de Baixo, quando foi ao ar o primeiro episódio de Toma Lá Dá Cá.

Agora notem se uma série não descende diretamente da outra:
Caco Antibes, agora atendendo pelo nome de Mario Jorge Dassoin, antigamente casado com Magda, que ganhou um cérebro novo no prêmio instantâneo da Tele Sena e mudou seu nome para Rita, teve com ela dois filhos.



A mais velha, Isadora é a prole perfeita do casal: herdou o cérebro completamente avariado da mãe, e o mau caráter do pai, aventurando-se inclusive no mundo da política, onde se aperfeiçoou na contravenção.

 Já o caçula, Tatalo herdou o tino comercial de seu tio Vavá, ou seja, vive se metendo em roubadas sempre que decide mudar de emprego, quase sempre algo arranjado por sua irmã Mau-caráter, ou pela síndica Dona Álvara.
 Por alguma razão, o casamento de Caco e Magda naufragou, e agora ele está casado com a Carminha – digo, Célia Regina –, e Magda agora é esposa do dentista Arnaldo Moreira, que por sua vez, é ex-marido de Celinha, e pai de Adônis, a pessoa mais ajuizada e madura da família, e o único mais ou menos honesto da trupe.

 
Como desgraça pouca é bobagem, agora vivem todos praticamente juntos no mesmo andar de um prédio do Condomínio Jambalaia Ocean Drive, um de frente para o outro, e nenhuma das portas parece ter chave.
E para amarrar o núcleo familiar, Caco se livrou de Cassandra, mas ganhou Copélia como sogra, a mãe despudorada e alcoólatra de Celinha, e parenta de Adônis – pois não admite ser chamada de avó –, que constrange todos os personagens com seus hábitos, digamos, não ortodoxos.
 Para compensar o troca-troca da criadagem em suas vidas passadas, Magda e Caco agora dividem uma única empregada, Bozena, uma polaca que eu desconfio ter sido inspirada numa tia minha, que vive contando histórias do tempo do ronca sobre sua terra natal, mas deixa isso para lá.
 E para completar este elenco de malucos, temos a Síndica já citada, Dona Álvara, que se sente parte da família, apitando na vida de todos;
 Seu marido andrógino cheio de testosterona Ladir Miranda, que nas horas vagas faz performance de Dirla Thomas em alguma boate frequentada por Copélia;
E Dona Daisy, o sapatão que eu desconfio ser o par romântico secreto de Bozena.
 Coincidências no elenco, na composição dos personagens e nos cenários deram a entender que Toma Lá Dá Cá foi inspirada em Sai de Baixo, e trouxe na mala a mesma fórmula de humor que deu certo na série anterior, imortalizando novos personagens como Copélia, Bozena e Ladir. Pena não ter durado na programação da emissora, tendo sido encerrada na terceira temporada, mas há quem acredite na volta do seriado... Ou numa nova versão do antigo formato...
Isso apenas prova que em televisão nada se cria, tudo se copia... Ou simplesmente se renova.

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