Outro dia alguém
me perguntou se eu realmente odeio a Saga Crepúsculo. Na verdade eu adoro...
fazer piada sobre ela. (Brinks,
também preciso me divertir). Não, na verdade eu tenho uma relação de amor e
ódio com esta saga. Os livros são realmente bons. Apesar de algumas
incoerências, eu realmente gosto da forma como Stephenie Meyer conduziu a história.
Não era um tema original desde o princípio. O fato de uma humana se apaixonar
por um vampiro é uma fantasia tão antiga quanto a de que um beijo de amor verdadeiro
quebra inúmeras maldições em contos de fadas.
Apesar de não ser
algo novo, o romance me chamou atenção por vários motivos. É verdade que ela
ignorou todo o mito que existe em torno dos vampiros e criou uma lenda nova,
mas eu acho que este foi o ponto mais positivo. Não faria sentido pegar uma
criatura mítica e escrever sobre ela do mesmo modo que “N” escritores já
fizeram. Assim seria só mais um romance com vampiros iguais aos de Bram Stoker,
Anne Rice, Darren Shan e etc. infinitos.
Vou falar só um
pouquinho da protagonista. Bella é uma garota atrapalhada. Até aqui eu descrevi
70% da população feminina adolescente do planeta. E se fosse só isso ela seria
realmente uma garota adorável. Mas Bella também é uma garota “altruísta”. Bem,
eu não sei qual é exatamente a definição de altruísmo da autora.
Bella abre mão de
viver numa cidade ensolarada, a qual ama, para ir morar com o pai, com quem é
evidente que ela não tem nenhuma afinidade, na cidade com o clima mais úmido
dos Estados Unidos, a qual ela odeia amargamente, apenas para que a mãe pudesse
viajar livremente com seu novo e simpático marido Phil. Até aqui podemos dizer
que ela é altruísta.
Poucas páginas
depois ela conhece Edward, o motivo pelo qual Forks se torna sua cidade
favorita no mundo inteiro, e por quem ela está disposta a se mudar até para o
Alaska, e acho que nem preciso mencionar que é um dos lugares mais frios do
planeta. Neste momento eu lhe atribuo um novo adjetivo: volúvel.
Então, no
decorrer do primeiro livro – que, devo admitir, tem trechos maçantes de um
questionário sem fim a respeito dos vampiros. Stephenie Meyer quis fazer um
diário detalhado dos dias de Bella em Forks, diálogo por diálogo. Não estou
dizendo que isso é ruim, mesmo porque, ao criar uma nova versão do mito dos
vampiros, é bom que se inclua no texto detalhes sobre sua vida, seus hábitos,
enfim... Mas uma boa parte do primeiro livro nos mostra apenas o quanto Bella
foi curiosa a respeito da espécie de seu namorado, coisa que foi completamente
ignorada no filme, onde, como já mencionei, ela não fez uma pergunta sequer,
apenas absorveu o que ele quis compartilhar –, Bella se torna o alvo da caça de
um vampiro considerado perigoso. A grande incoerência nesta parte da história,
nos livros e no filme, é que os
Cullen estavam em maior número do que o clã de James. Poderiam tê-los matado
ali mesmo, no campo de beisebol, acabando assim com a matança na cidade – que
só existiu no filme –, e com o perigo ao qual Bella estava exposta.
Em vez disso,
cada clã toma seu rumo, James se utiliza de um artifício tolo para atrair Bella
ao estúdio de balé – outra incoerência é Bella, que até onde se sabe tem
dificuldade até para caminhar sem tropeçar nos próprios pés, ter praticado balé
na infância, algo que DEVERIA ter melhorado sua coordenação e equilíbrio –, e
ela vai sozinha ao seu encontro. Já comentei a respeito, mas vou acrescentar
que, no livro, a intenção dela realmente foi altruísta. Ela pretendia salvar a
mãe, mesmo este sendo um plano falho, correndo o risco de ser morta e sua mãe
ter o mesmo destino em seguida. Bella não é muito inteligente, e se não fossem
os Cullens, essa história teria terminado em tragédia naquele momento. (Por
isso eu os odeio – rsrsrs).
Aliás, este é o
momento em que se elucida o passado de Alice, que foi completamente excluído
dos filmes. Como eu sei que não contarão esta história em Amanhecer – Parte 2?
Porque Alice foi a única vítima que escapou do rastreador James. E como ele e
seu clã foram eliminados, não há sentido em trazer isso à tona no último filme.
Como se Crepúsculo fizesse algum sentido...
Não, eu não
coloquei, por livre e espontânea vontade, um alerta de spoiler sobre o parágrafo anterior, porque suponho que mesmo quem
não leu os livros já deve ter ouvido tudo em rodinhas de adolescentes por aí.
Eu realmente não
me lembro se Bella se desculpou com o pai pelas coisas horríveis que lhe disse
ao partir, mas de qualquer modo, não a vejo como uma pessoa egoísta apesar de
tudo. Não no primeiro livro, pelo menos. No entanto, no segundo livro ela
mereceu um adjetivo muito pior: ordinária!
Ao primeiro sinal
de problema, Edward conclui que a única forma de mantê-la segura é partindo. E
ao fazer isto, ele não dedica um único segundo para se preocupar com os
sobreviventes do clã de James, Victória e Laurent, que ainda queriam o sangue
de Bella. Então a garota fica dilacerada, com o coração partido em mil pedaços
e todas as mulheres do planeta se identificam com a mocinha.
Mas como a história
tem que continuar, Bella começa a passar algum tempo com seu amigo Jacob, que
ela sabe que sente algo mais que amizade por ela. Ele lhe dá todo o suporte
emocional que ela precisa para atravessar este momento difícil, resolve os
problemas que Edward ignorou ao partir, mantém Bella segura... Resumindo: Jacob
é o cara real (esqueçam por um instante o lobisomem!). Edward é a personificação
do príncipe encantado, o sonho das garotas do mundo inteiro, perfeito, lindo,
rico... Uma fantasia! Jacob é o cara de verdade, que a ama, simplesmente, sem
complicações, sem enrolação, que está disposto a ser o que ela precisar – um
irmão, um amigo, um bichinho de estimação, qualquer coisa.
Mas quando Edward
se mete em confusão, ela deixa Jacob falando sozinho para ir atrás dele. Até
aí, não vou criar um rótulo, sou a favor do humanismo. Mas quando chega a hora
de escolher – time Edward ou time Jacob –, ela ignora todo o apoio que recebeu
de Jacob, e decide voltar para o vampiro sonho de consumo, mesmo depois de ele
tê-la abandonado a mercê de seus inimigos perigosos. Aquela visão de Edward que
ela tinha quando se metia em problemas foi criada pela própria Bella, o que
nunca foi explicado no filme – outra falha do diretor. Edward realmente se
distanciou sem olhar para trás. A única vez em que ele se manifestou de verdade
foi naquele telefonema que atrapalhou a tentativa de Jacob de tascar um beijo
na mocinha.
A escolha de
Bella foi a cena que mais contextualizou essa série como ficção. O grande
problema, é que esta cena é muito mais real do que deveria, porque existem
muitas garotas como Bella no mundo, capazes de ignorar um homem bom de verdade
para fugir com um idiota que as abandonará ao primeiro sinal de problema. Por
isso eu a chamei de ordinária, pois ela simplesmente jogou fora o apoio do
Jacob, pisou no coração dele com um salto agulha de 22 centímetros, já que não
precisava mais dele para nada. Ela tinha seu vampiro de volta, sua vida era
perfeita de novo... Por que se importar com os sentimentos do pobre lobisomem?
AGORA ela é EGOÍSTA!
Então, vem o
terceiro livro, com uma história feijão com arroz, que eu prefiro nem comentar
porque só encheria linguiça. E finalmente, em Amanhecer a história volta a ser
o que é: uma fantasia vampiresca.
Bella tem seu
momento verdadeiro de humanidade, ao decidir ter seu filho, mesmo sabendo que
isso pode matá-la. Se esta foi a forma que a autora encontrou de dizer que é
contra o aborto, pode-se dizer que se saiu razoavelmente bem. Tirando o fato de
que todo mundo, exceto Bella e Rosalie, queriam triturar a criança dentro do
útero da mãe, se fosse possível.
Como o último
filme ainda não saiu, os próximos parágrafos são SPOILER – decidi ser boazinha e avisar desta vez.
Não consegui
enxergar nenhuma mudança na personalidade da Bella depois da transformação em
vampira. Ela continuou sendo uma garota sem graça, cheia de medos, com vontade
de bancar a heroína, mas sem inteligência o bastante para fazer algum plano dar
certo. Tudo o que ela fez foi jogar fora um monte de dinheiro do Edward com um
plano alternativo ridículo e cheio de falhas, que acabou nem sendo utilizado,
já que Alice e Jasper resolveram tudo (de
novo!). E a batalha final contra os Volturi nem chega a acontecer e se
torna um blá-blá-blá sem fim, sem sangue e sem sentido, que deixou a porta
aberta para mais um capítulo desta tragédia.
Admito, Amanhecer não é o meu livro preferido; e
Bella não é, nem de longe, uma protagonista interessante. Edward também não tem
absolutamente nada de mais, exceto o fato de ser um vampiro, coisa que foi
praticamente derrubada pelo fato de que ele não ataca humanos – se Stephenie
Meyer pretendeu humanizar os vampiros, era mais fácil ter escrito sobre um
híbrido, mas esta é só minha opinião. Jacob é, de longe, o melhor personagem
deste triângulo, e a parte de Amanhecer
que foi escrita sob seu ponto de vista foi exatamente o que tornou aquela história
tolerável – e até engraçada, admito. Quisera eu que ele tivesse continuado.
Teria poupado o mundo do blá-blá-blá interminável da Bella.
Dos personagens
secundários, creio que o mais real é Alice. Ela é a melhor amiga, que parece
não ter mais nada para fazer além de ajudar a protagonista a resolver seus
problemas, e neste caso, até carregá-la literalmente no colo quando necessário.
Charlie também foi a figura perfeita do pai zangado e zeloso com a filha. Todo
o resto parece ter sido criado apenas para dar sustentação à trama.
Como eu disse,
minha relação com Crepúsculo é de amor e ódio. Gosto dos livros – até certo
ponto, como já expliquei. Agora os filmes... Crepúsculo foi... verde, cheio de caras constipadas, com um elenco
fuleiro que mal conseguiu entender a trama, muito menos interpretá-la, um
enredo que só era tolerável graças aos rostos bonitos de alguns atores, já que deixou
um monte de eventos mal explicados, com um texto mal adaptado, interpretado
por... Não vou me repetir!
Lua Nova foi a bomba dentro do bolo, que
acabou de destruir os últimos suspiros de dignidade da adaptação, salvo é claro,
pelo fato de que Taylor Lautner, diferentemente de Kristen Stewart, tinha mais
de uma expressão para compor o Jacob. Curioso que o melhor ator desta bodega
não seja o verdadeiro protagonista. Não vou mencionar, de novo, que Ashley
Greene também desempenhou bem seu papel, e Billy Burke também se saiu bem
interpretando Charlie em seus dez segundos de cena na saga inteira.
Eclipse foi um grande nada, onde não
aconteceu coisa nenhuma, só se repetiu o drama “a mocinha está sendo caçada por
um monte de vampiros, e os Estados Unidos se uniu à União Soviética e ao Japão
para defendê-la”. E só para dar um pouco de emoção ao enredo, ela ensaiou uma
traição que não causou nem cócegas no orgulho do Edward... Claro, porque ele é
durão e só quer que Bella se divirta...
A primeira parte de Amanhecer, que eu ainda não
comentei com detalhes, mas vou fazer até o final da semana, foi, até agora, a
parte mais bem adaptada, e é com grande humildade que reconheço meu erro de
pré-julgamento. Eu vi o trailer e achei que seria mais um desastre, semelhante
aos três primeiros, considerando o elenco, os diretores e todo o resto. Mas
este foi realmente o melhor até aqui. Sem esperança para a segunda parte, já
que até o livro dá sono, com aquela guerra que só aconteceu mesmo nas preocupações
da Bella.
Resumindo: a
pessoa que apontou Crepúsculo como o sucessor de Harry Potter deve estar se
contorcendo com cólicas intestinais depois de conferir o grande desastre que
esta saga se tornou. Realmente, à primeira vista, por se tratar de um tema de
interesse comum – vampiros, lobisomens, garotas idiotas apaixonadas por
monstros lendários... –, esta PARECE uma daquelas sagas que será comentada por
muitas décadas. O grande problema é que, aparentemente, na hora de colocá-la
nas telas, alguém estava com pressa de competir com o poderoso Harry em
bilheteria, e selecionou os primeiros atores que se inscreveram para o teste.
E, eu realmente não sei o que levou Stephenie Meyer a escrever um final tão
entediante para sua saga – neste momento estou admitindo que o resto da história
não é tão entediante. Até João e Maria pode se tornar um fenômeno se alguém
souber como conduzir a história com controle de informações e alguns toques
dramáticos para prender a atenção e motivar o leitor a ler a página seguinte.
No entanto, vamos
admitir que Crepúsculo é um marco cinematográfico, de qualquer modo.
Agora todos vocês
dirão que eu estou louca! QUE RAIO DE MARCO CINEMATOGRÁFICO ESTA PORCARIA PODE
REPRESENTAR?
Eu desafio
qualquer um de vocês a postar nos comentários o nome de outro filme ruim que
tenha arrecadado milhões em bilheteria, e conquistado uma legião de fãs com um
enredo patético, um elenco furado, um monte de fenômenos não explicados, e
tantos erros de edição, de gravação e de coerência que lotariam uma enciclopédia!
Se isso não se
chama MARCO CINEMATOGRÁFICO, então a história do mundo é um grande
blá-blá-blá... Me corrijam se eu estiver errada.
Eu ainda não entendi como tem tanta gente alienada que não percebe que essa história só enche linguiça e não faz nenhum sentido.
ResponderExcluirTa na cara que a autora desse blog já passou dos 25. Ninguém com menos que isso perceberia que Crepúsculo é uma merda! Ainda mais menina. Muito boa avaliação.