Um Livro Ideal

em domingo, 28 de fevereiro de 2021

Recentemente eu comentei a adaptação literária de A Bela e a Fera – a versão Disney do conto de fadas – escrita por Elizabeth Rudnick, minha nova inclusa na lista de autoras favoritas.

E antes que alguém diga que autor que adapta filme não deveria constar nessa lista, vou discordar: adaptar uma história da maneira como essa mulher fez, sem ficar piegas, sem ser mais do mesmo, sem ficar enfadonha, é tão difícil quanto criar uma história do zero.

Isto posto, quero apresentar a vocês mais uma obra extremamente nostálgica, baseada em outro dos meus desenhos favoritos da Disney, e que também ganhou uma versão live-action em 2019: Aladdin.

 


ALADDIN

Título Original: Aladdin

Autora: Elizabeth Rudnick

Editora: Universo dos Livros

Páginas: 240

Gênero: Fantasia


Sinopse:

A história do filme que encanta gerações.

Um dos filmes Disney mais aclamados de todos os tempos, Aladdin conta a história de um jovem pobre e aventureiro que se apaixona por uma princesa totalmente inalcançável – e prestes a ficar noiva. Para viver esse amor, Aladdin precisará lutar contra as mais variadas adversidades – que vão desde o abismo social entre eles até as ambições de Jafar, o grão-vizir do reino.

Mas Aladdin não embarcará nessa jornada sozinho. Ele encontrará uma lâmpada mágica e contará com a ajuda de ninguém menos que um gênio da lâmpada. Com a ajuda do gênio, Aladdin tem à sua disposição três desejos para conquistar o amor de sua vida e angariar a confiança do rei. Será que ele será bem-sucedido nessa aventura?

EEEEE

 

 

Se eu assisti A Bela e a Fera – o desenho – um zilhão de vezes, pode contar que o Aladdin faltou só umas três ou quatro assistidas para empatar o jogo.

Esta versão foi baseada principalmente no live-action, portanto possui alguns personagens que não existiam no desenho, como a criada e fiel escudeira de Jasmine, Dália, e o Príncipe Inútil... Digo, Príncipe Anders, pretendente à mão da Princesa. Ou seja, essa versão é um pouquinho – bem pouco – diferente do desenho, mas tão encantadora quanto.

Aladdin é um rapaz pobre que vive nas ruas de Agrabah, sedento por aventuras e por descobrir seu lugar no mundo. Um belo dia, ele está fazendo malabarismos no mercado – provavelmente como distração para afanar algumas frutas sem ser notado – quando acaba envolvido na encrenca de um padeiro com uma bela jovem, que tomara a liberdade de dar um dos pães da barraca a uma criança faminta. Só depois de cometer este ato de generosidade foi que a moça se lembrou de que não tinha com quê pagar o mercador.

E é aí que o nosso herói mostra seu valor, guiando a jovem pelas ruas e vielas do mercado, enquanto são perseguidos pelos guardas – tudo isso por roubar um pão para uma criança faminta!

Naturalmente, a moça em questão não é qualquer uma. Sem saber, Aladdin acaba de salvar a pele da Princesa Jasmine, que saíra escondida do palácio, vestida com trajes emprestados de sua criada, para conhecer as ruas e as pessoas de sua cidade – uma cidade que ninguém quer permitir que ela governe.

Apesar de ser a herdeira natural do Sultão, Jasmine é oprimida pelos costumes da época, que exigem que ela se case com um Príncipe para que Agrabah tenha um novo governante: seu marido, seja ele quem for.

Mas esta Princesa está farta de ser um objeto de decoração. Ela não quer servir apenas para escolher a cor das cortinas e dos tapetes, ou qual a louça que será utilizada no jantar. Jasmine estudou tudo o que precisava saber para governar seu povo. Ela leu toda a História de Agrabah e dos reinos adjacentes, estudou mapas do mundo inteiro, pode apontar qualquer cidade em qualquer lugar do mundo no mapa sem titubear, leu sobre política, economia, relações comerciais... Enfim, ela sabe tanto quanto qualquer Príncipe, e está tão preparada ou mais do que qualquer homem para assumir a liderança de seu reino. A única coisa que a impede é o fato de ter nascido mulher.

Assim como Bela representou uma mulher empoderada, que não admitia o pensamento atrasado da gente de sua aldeia, Jasmine também tem ambições maiores. Ela também quer ter voz ativa em seu reino, e sabe que pode ser uma grande líder, se simplesmente tiver uma chance de provar.

 

E essa chance se apresenta sob a forma de um Príncipe totalmente inadequado, que parece ter descoberto agora sua posição, e ainda não sabe lidar com ela. Ele vem montado num tapete voador, acompanhado de um lacaio extremamente simpático, cuja pele às vezes parece ligeiramente azul...

Não, Jasmine não está vendo coisas. E isso não é um sonho. Acontece que depois de terem se separado no mercado, e de ele tê-la visitado sorrateiramente no palácio, para lhe roubar um grampo e garantir um terceiro encontro, Aladdin acabou envolvido numa trama ardilosa de Jafar, que o enviou à misteriosa Caverna das Maravilhas para buscar a Lâmpada.

Todo mundo viu esse desenho e sabe como essa história continua. Jafar se revela um crápula ao conseguir a Lâmpada, deixando Aladdin para trás, preso na caverna, onde ele teria morrido, não fosse por seu macaco, Abu, que surrupiou a Lâmpada de Jafar antes de a boca da caverna se fechar. Graças a essa precaução, Aladdin se torna o mestre do Gênio, consegue escapar da Caverna e transformar-se no Príncipe Ali, de Ababwa, esperando que a realeza pudesse lhe conceder a mão e o amor de Jasmine.

Bem, o amor, ele até conquista relativamente fácil. Mas casar com ela, são outros quinhentos. Sobretudo porque ela tem pretendentes mais reais – em todos os sentidos da palavra –, e porque seu reino tem um inimigo muito poderoso: Jafar, o maquiavélico Grão-Vizir, que está disposto a tomar a coroa a qualquer preço. Inclusive obrigando Jasmine a casar com ele, em troca de poupar a vida de seu pai.

Essa história me fascina desde criança. O desenho da Disney tem até um concorrente à altura na minha videoteca – a versão japonesa de 1982, Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, que é mais fiel ao conto original, inclusive no nome dos personagens –, e o conto é um dos poucos do Livro das Mil e Uma Noites realmente digno de nota – é sério, gente! A maioria dos outros contos é pura enrolação; e olha que eu li mais de uma tradução –, mas este livro definitivamente conquistou espaço cativo na prateleira dos favoritos na minha estante.

Elizabeth Rudnick narrou uma história ágil e envolvente, com descrições impecáveis dos cenários e dos personagens. É impossível não se encantar com sua narrativa.

Como em A Bela e a Fera, me peguei cantarolando as músicas do filme enquanto lia – a única parte que ficou de fora da narrativa –, e me emocionando com uma história tão conhecida e tão querida, agora apresentada de uma forma totalmente nova. Ou talvez, a experiência de ler a história que me encantou desde que me entendo por gente, na forma de um romance fantástico é que tenha tornado a coisa toda completamente nova.

Não importa quantas vezes você tenha visto qualquer um dos filmes, ou quanto dessa história você conhece, é impossível não mergulhar no livro como se a estivesse conhecendo pela primeira vez. E com a garantia de um final feliz. Assegurado pelo padrão Disney de qualidade.


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