Por Talita Vasconcelos
Estava organizando os meus armários e gavetas,
me desfazendo de coisas velhas que já não me servem, e me alegrando por
encontrar aquele suéter de linho branco há muito perdido, e um trocado
completamente esquecido no bolso de uma calça jeans…
É engraçado as coisas de que nos esquecemos
com o tempo. Eu abro esse armário todos os dias, mas não consigo me lembrar
quando foi a última vez que eu realmente reparei naquele gato de pelúcia que
você me deu, embora ele esteja sempre ali, apoiado na prateleira, sombreado por
um dos meus casacos de inverno. Mas hoje, por alguma razão eu reparei nele, ao
tocar o pelo suave e macio. Lembro exatamente do dia em que você apareceu com
ele, com um laço vermelho no pescoço, e disse que nosso amor iria durar até o
dia em que esse gato de pelúcia morresse. Esse foi seu jeito bobo e
extremamente adorável de me dizer que nosso amor iria durar para sempre.
Por que será que não deu certo? Às vezes eu me
pergunto isso. Se eu não fosse tão teimosa… Se você não fosse tão certinho… Se
tivéssemos nos esforçado mais… Não há nada errado em lutar com uma peça que não
se encaixa para completar nosso quebra-cabeça. Talvez a beleza esteja
exatamente nisso: em juntar nossas diferenças, e ir ajustando aos poucos, até
colocar tudo em ordem, num encaixe perfeito.