Como estamos no mês
do Halloween, nada mais apropriado do que relembrar alguns personagens que
foram imortalizados nas telas ainda nos primórdios da era cinematográfica, os
chamados Monstros do Cinema. Neste caso, há certa ambiguidade na palavra
“monstro”, pois esses personagens eram, de fato, monstros assustadores – ao
menos para a época em que foram lançados. Seria ambicioso demais esperar que
hoje eles ainda provocassem susto em alguém –, mas também se tornaram “titãs”,
gigantes imortais na categoria, alcançando sucesso verdadeiramente
“monstruoso”.
A Universal Estúdios
ainda engatinhava no mundo do cinema quando começou a experimentar o gosto do
sucesso, graças ao talento de um ator que ficou mundialmente conhecido como “O
Homem das Mil Faces”. A cada filme ele aparecia com um rosto diferente, a
maioria monstruosos e deformados, tendo ele próprio inventado uma técnica de
maquiagem. Hoje são conhecidas poucas fotos que mostram seu rosto limpo. E sem
dizer uma única palavra – pois se tratava ainda da época dos filmes mudos –,
Lon Chaney conseguia arrancar gritos de pavor dos espectadores.
A brilhante parceria
de Chaney com o diretor fundador da Universal, Carl Laemmle, os tornou
precursores do gênero de terror no cinema americano.
Sua primeira
investida de sucesso foi em 1923, com O
Corcunda de Notre Dame, a obra-prima cinematográfica que imortalizou a
obra-prima de Victor Hugo.
Lon Chaney deu vida
ao personagem-título, o sineiro da catedral, surdo, cego de um olho e ignorado
pelas pessoas por causa de suas deformidades. Seu rosto neste filme estava
verdadeiramente abominável. Usava uma peruca horrível, e um olho falso saltado
para fora do rosto, e ainda tinha que suportar uma corcunda que pesava cerca de
nove quilos, fora o enchimento coberto de pelos que alargava seu corpo.
Na animação da
Disney, Quasímodo era a versão em desenho de Lon Chaney. Mais que
inspirado na descrição do livro, o personagem foi refeito sob os moldes do ator
que o imortalizou. Sua molecagem, gestos ágeis, e sua expressão corporal
enquanto se pendurava nas gárgulas ou escalava a arquitetura da catedral de
Notre Dame foram fielmente reproduzidas no desenho.
Além da atuação de
Lon Chaney, o filme impressiona pela qualidade de superprodução e pela
quantidade de figurantes em cena. Milhares de pessoas representaram os mendigos
e os ciganos de Paris no festejo que abre a história e no Pátio dos Milagres,
além daqueles que representavam a nobreza parisiense no baile que comemorou a
promoção do Capitão Phoebus.
O sucesso do filme
foi o gênese de uma longa fila de monstros na história do estúdio, e consolidou
a parceria de Chaney e Laemmle como uma das mais brilhantes do cinema.
Em 1925 o sucesso se
repetiu com O Fantasma da Ópera,
inspirado na obra de Gaston Leroux. Lon Chaney interpretou Erik, o Fantasma,
descrito como músico autodidata, mestre da magia negra e habilidoso
estrangulador, que havia fugido da Ilha do Diabo, onde fora exilado por
insanidade.
O Fantasma passou a
assombrar os porões do Ópera House, em Paris, que continha câmaras de tortura
em seus calabouços e inúmeras passagens secretas. O Fantasma tinha como lugar
cativo o camarote cinco, e assistindo aos espetáculos, apaixonou-se por Christine
Daaé, uma cantora lírica a quem ele auxiliou como um mestre, e aproveitando-se
do temor que incutia nas pessoas, conduziu-a a uma ascensão monumental.
Até que numa noite
ele a atraiu ao seu esconderijo, onde a manteve prisioneira. Prometeu deixá-la
livre assim que seu amor pelo espírito de Erik, a quem ela, enquanto pupila,
conheceu como “anjo da música”, vencesse seus medos, contanto que ela não
tocasse sua máscara. Porém, levada por uma incontrolável curiosidade, Christine
o desobedeceu.
A cena em que Christine
retira a máscara do Fantasma enquanto ele toca uma música no órgão é
impressionante. Além da grotesca maquiagem que tornou o rosto de Erik
repugnante, sua expressão demoníaca o deixou ainda mais assustador.
Seu rosto horrível é
revelado exatamente na metade do filme, e depois disso as cenas se alternam
entre aparições com e sem máscara, talvez para controlar a repulsa do público.
Outra cena memorável
acontece em seguida, quando, para provar seu amor, o Fantasma liberta
Christine, com a condição de que ela não torne a procurar seu pretendente
Raoul, mas percebe a traição dela ao vê-los juntos no Baile de Máscaras, onde o
Fantasma aparece como a “morte vermelha”, ostentando um crânio como máscara.
Depois disso, o filme
avança para o final, com Christine novamente presa no esconderijo do Fantasma,
enquanto Raoul e Ledoux, da polícia secreta, que está no encalço do louco
fugitivo, desvendam as passagens escondidas nos porões para resgatá-la.
Uma multidão
enfurecida invade o esconderijo e persegue o Fantasma, que leva Christine numa
carruagem a todo galope pelas ruas de Paris, culminando no espancamento do
monstro, cujo corpo é lançado nas águas de um rio, onde desaparece para sempre.
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