Atenção senhores passageiros com destino ao Mundo
Fantástico da Imaginação: sentem-se confortavelmente diante do computador e
apreciem a viagem!
No último post eu falei sobre personagens de contos de
fadas que foram transportados para o mundo real – na verdade uma cidade
fictícia, chamada Storybrooke, ou seja, outro mundo fantástico, porém real do
ponto de vista de personagens vindos de mundos ainda mais fantásticos.
A ideia de mundos fictícios, e da própria literatura
fantástica é algo que se utiliza desde tempos muito remotos.
A maior parte das histórias que nós conhecemos como
contos de fadas – na verdade, descendentes de histórias para adultos,
compiladas e adaptadas para o público infantil – acontecem nestes mundos
fantásticos. E como nasceram da tradição oral, fica realmente difícil apontar
este ou aquele criador de tais mundos, mas apenas “coletores” de lendas e
fábulas que as colocaram no papel e as deixaram de herança ao mundo.
Exemplos disso são: Branca de Neve – cuja versão mais
conhecida é a dos Irmãos Grimm, mas é sabido que eles apenas colheram o conto
oral tradicional do povo alemão –, as lendas de Robin Hood e do Rei Arthur –
estes, na verdade, objetos de discussão entre historiadores e curiosos que
acreditam que os personagens possam realmente ter existido.
O fato é que escritores costumam ter preferência por
criar um mundo próprio para contar suas histórias. E quando nos conectamos com
elas, por vezes, esses mundos se tornam quase tão reais na imaginação quanto o
nosso mundo. Dos mais tradicionais aos menos conhecidos, esses mundos ganham
vida nas páginas, de um modo que algumas vezes se tornam críveis.
Pensando nisso, decidi listar alguns dos muitos
lugares para onde a imaginação destes preciosos contadores de histórias já nos
fizeram viajar. E a melhor parte é que para conhecer estes lugares não é necessário
ter passaporte, nem pagar passagem, hospedagem ou taxa de embarque. Basta abrir
um livro e deixar a imaginação fluir.
Então, embarquem nesta aventura pelo Maravilhoso Mundo
da Imaginação:
Nossa viagem pode incluir alguns dos lugares presentes
no mapa.
NEVERLAND
Endereço: segunda
estrela à direita e então direto, até amanhecer.
A ilha criada por
J. M. Barrie em Peter Pan é um lugar
onde as crianças não envelhecem, habitada por meninos perdidos, fadas, sereias,
piratas malvados liderados pelo Capitão Gancho, e o famoso Crocodilo que comeu
a mão do pirata.
A Terra do Nunca é
provavelmente o mundo mais perfeito criado nos livros. É visto por vezes como
uma metáfora. Quem, sendo criança, não desejou ardentemente crescer, e já
adulto, quis voltar a ser criança? Sem responsabilidades, sem tantos problemas,
sem amarguras, acreditando em qualquer sonho que se possa desejar, e ainda
viver grandes aventuras...
Se fosse possível
ir de verdade a algum destes mundos mágicos, eu escolheria este!
WONDERLAND
Endereço: desça pela toca do coelho e atravesse a portinha.
Tenho curiosidade
de saber como Lewis Carroll pensou no País das Maravilhas, se ele teve algum
sonho maluco que o inspirou a criar a história de Alice ou se ele simplesmente
se permitiu viajar numa maionese muito louca.
O fato é que Wonderland é provavelmente o mundo mais
estranho já criado. E eu não me refiro simplesmente aos personagens curiosos. A
ordem dos acontecimentos e a forma como tudo acontece realmente sugerem que
Alice esteja tendo um sonho maluco. E independentemente disso, um reino
governado por uma Rainha com obsessão por rosas vermelhas e por cortar a cabeça
das pessoas, e cujos servos são cartas de baralho é algo fabuloso de qualquer
modo.
NÁRNIA
Como chegar lá: através de magia.
É o lugar onde nós
geralmente não conseguimos entrar por causa da bagunça no guarda-roupa que
cobre a entrada, embora o guarda-roupa não seja a única passagem para este
mundo. No primeiro livro, O Sobrinho do
Mago, a primeira passagem apresentada foi os anéis mágicos do Tio André; em
A Viagem do Peregrino da Alvorada,
Lúcia, Edmundo e Eustáquio entram em Nárnia através de uma pintura; no sexto
livro A Cadeira de Prata, Eustáquio
invoca Aslan, e entra em Nárnia através de uma porta que deveria estar
trancada; e no último livro, A Última
Batalha, a própria vida era um portal para Nárnia.
Dentro deste mundo há diversos
lugares fantásticos, dos quais podemos citar: Arquelândia, Calormânia, Cair
Paravel, Ermo do Lampião, Telmar, entre outros, habitados por animais falantes,
grandes reis, e criaturas mitológicas.
O tempo em Nárnia
passa mais rápido que no nosso mundo, como Susana explicou em Príncipe Caspian: 1300 anos em Nárnia
correspondem a 1 ano em nosso mundo.
Supostamente, As Crônicas de Nárnia representam uma
ilustração de conceitos cristãos, fundamentados principalmente no fato de
Aslan, que é comumente compreendido como uma representação de Deus, ser um
leão, uma vez que Jesus é mencionado na Bíblia como o Leão da tribo de Judá.
Também é curioso o “Apocalipse” descrito no final do sétimo livro, que destrói
a antiga Nárnia, e a redenção dos personagens bons a uma nova Nárnia, maior e
melhor que a primeira, onde há referência inclusive à trombetas e ao fato de
que todos os personagens chegaram lá porque morreram no mundo real.
TERRA MÉDIA
O mundo criado por
J. R. R. Tolkien em suas obras O Hobbit,
O Senhor dos Anéis e O Silmarillion é um dos mais difundidos
e admirados, seja por sua geografia basicamente completa – embora pouco se
saiba sobre leste e o sul do continente, tendo os principais eventos restritos
ao noroeste –, seja pelos fatos históricos que tornam esse mundo mais “real”,
ou pelos idiomas criados, compreendidos e publicados, que fazem com que se
tenha um registro mais palpável desta terra.
Seria difícil
transcrever, mas é nítido que, lendo os livros ou assistindo aos filmes, há uma
sensação de que o mundo representado na história é real; que existe ou existiu
em algum momento do passado do nosso mundo, e talvez por isso seja tão aclamado.
HOGWARTS
Como chegar lá:
viajando no Expresso de Hogwarts que parte às 11 da manhã da Plataforma 9 ½
(embora nos filmes tenha sido traduzida como 9 ¾) da estação de trens de Kings
Cross.
Moeda corrente:
galeão de ouro, sicles de prata e nuques de bronze.
Embora não seja
“exatamente” um mundo em extensão, Hogwarts merece destaque pela história e
pela coerência que a envolve. Fundada pelos quatro bruxos mais poderosos de sua
época – algo em torno de mil anos atrás –, Godric Gryffindor, Salazar
Slytherin, Rowena Ravenclaw e Helga Hufflepuff, em um imenso castelo medieval,
a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts possui quatro casas que levam os nomes
dos fundadores, onde os alunos são divididos de acordo com suas habilidades e
valores, e pela qual disputam a taça das casas, entregue no final de cada ano
letivo pelo diretor, o Professor Dumbledore.
Não é necessário
dar detalhes deste mundo, pois hoje em dia é mais conhecido que o Presidente da
República, mas vale ressaltar que o mundo mágico criado por J. K. Rowling não
se limita à escola. Há também a Floresta Proibida nos arredores do castelo, o
vilarejo bruxo de Hogsmeade, a aldeia bruxa de Godric’s Hollow onde Harry
Potter nasceu e o Beco Diagonal – uma espécie de shopping center dos bruxos.
LILLIPUT
Localização: Oceano Índico
Lilliput foi
criada por Jonathan Swift em As Viagens
de Gulliver, e é possivelmente uma alegoria ao conflito entre França e
Inglaterra no começo do século XVIII, representadas respectivamente pelas ilhas
inimigas Blefuscu e Lilliput.
Na história, ao
chegar em Lilliput, Gulliver se depara com uma população de pessoas com menos
de seis polegadas de altura – algo em torno de 15 centímetros – que julgaram
que ele era um gigante, e agiram com ele de má fé, enquanto seus inimigos, o
povo de Blefuscu agiu com ele de forma honesta.
MUNDO DE TINTA
Como chegar lá:
através dos poderes de um Língua Encantada, capaz de ler uma pessoa para dentro
do livro.
Este mundo talvez
seja quase desconhecido para a maioria das pessoas, uma vez que a intenção
inicial de levar a trilogia criada por Cornélia Funke para as telas aparentemente
foi pro vinagre.
Aos que acharam o
nome vagamente conhecido, este é o mundo medieval citado em Coração de Tinta, de que já falei
anteriormente (clique no nome do livro para mais detalhes).
No entanto, o
mundo só foi de fato conhecido à partir do segundo livro, Sangue de Tinta, quando os personagens – os reais e os imaginários
– literalmente entraram no livro Coração
de Tinta.
É neste momento
que conhecemos os reinos, as aldeias, a Floresta Sem Caminhos, as ninfas da
água, as fadas azuis, os elfos do fogo, os saltimbancos, os salteadores e toda
a magia criada por Fenoglio – um personagem dentro do livro que é designado
como autor.
REINO DE OZ
Como chegar lá:
pegue carona no tornado mais próximo!
O mundo mágico
onde Dorothy literalmente despencou depois da passagem de um tornado no Kansas
em O Mágico de Oz, assolado por duas
bruxas más – a do Leste e a do Oeste – e protegido por duas fadas boas – a do Norte e a do Sul. Se ficasse cada uma no seu ponto cardeal bastaria a
população se aglomerar nos pontos das fadas!
O castelo do
mágico fica na Cidade das Esmeraldas, e para chegar lá o roteiro inclui uma
estrada amarela, um país de porcelana e um campo de flores narcóticas.
CAMP HALF-BLOOD
Endereço: costa
norte de Long Island, Nova York, numa parte invisível para os mortais. Ou mais
especificamente: colina Meio-Sangue, Farm Road 3.141, Long Island, New York
11954
Criado por Rick
Riordan na saga de Percy Jackson e os
Olimpianos, o Acampamento Meio-Sangue é o lugar perfeito para as férias de
verão e para residência permanente, onde receberá treinamento de guerra e
outras instruções legais... Se você for um semi-deus!
AVALON
A lendária ilha de
Avalon, presente nas lendas do Rei Arthur, é o cenário onde a espada do rei, a
famosa Excalibur foi forjada, e para onde, posteriormente, Arthur teria sido
levado para se recuperar de ferimentos mortais após a Batalha de Camlann.
Supostamente, Arthur teria sido enterrado em Avalon, porém, a existência de
Arthur ainda é muito controversa.
Etimologicamente,
a ilha pode ter recebido esse nome por causa de uma extensa plantação de,
segundo dizem, belas maçãs, uma vez
que a palavra pode ter derivado do termo celta “abal” que significa maçã.
Há quem acredite
que Avalon é um lugar real, situado numa região conhecida hoje como Glastonbury,
no condado de Somerset, Inglaterra, pois os monges da Abadia de Glastonbury
teriam encontrado, por volta de 1190, os ossos de Arthur e sua rainha,
Guinevere enterrados lá, mas os ossos supostamente foram perdidos durante uma
reforma.
A região não é
exatamente uma ilha – em sentido literal –, mas é completamente cercada por
pântanos, e pelo que consta, as maçãs realmente cresceram em abundância na
região.
FLORESTA DE SHERWOOD
Embora um lugar
real, a Floresta de Sherwood, no condado de Nottingham, Inglaterra respira sua
própria lenda, tendo sido o lar de um dos mais famosos heróis de todos os
tempos: Robin Hood.
A existência de
Robin, bem como a de Arthur, é controversa, mas a lenda se tornou matéria viva,
e preservou este pequeno paraíso intocado como ponto turístico na região.
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