“Palavras são, na
minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia” (J.K. Rowling)
A escolha desta frase para o início do post,
embora pareça enunciar Harry Potter, remete a todas as obras literárias.
Não vou falar sobre a saga da autora, mas
sobre outra história que também está repleta de magia, e que na verdade me
chamou atenção por um fato completamente alheio a isso.
Coração de TintaTítulo Original: InkheartAutora: Cornelia FunkeEditora: Companhia das LetrasPáginas: 456Gênero: FantasiaSinopse:
Há muito tempo Mo decidiu nunca mais ler um livro em voz alta. Sua filha Meggie é uma devoradora de histórias, mas apesar da insistência não consegue fazer com que o pai leia para ela na cama. Meggie jamais entendeu o motivo dessa recusa, até que um excêntrico visitante noturno finalmente vem revelar o segredo que explica a proibição.
É que Mo tem uma habilidade estranha e incontrolável: quando lê um texto em voz alta, as palavras tomam vida em sua boca, e coisas e seres da história surgem como que por mágica. Numa noite fatídica, quando Meggie ainda era um bebê, a língua encantada de Mo trouxe à vida alguns personagens de um livro chamado "Coração De Tinta". Um deles é Capricórnio, vilão cruel e sem misericórdia, que não fez questão de voltar para dentro da história de onde tinha vindo e preferiu instalar-se numa aldeia abandonada. Desse lugar funesto, comanda uma gangue de brutamontes que espalham o terror pela região, praticando roubos e assassinatos. Capricórnio quer usar os poderes de Mo para trazer de "Coração De Tinta" um ser ainda mais terrível e sanguinário que ele próprio. Quando seus capangas finalmente sequestram Mo, Meggie terá de enfrentar essas criaturas bizarras e sofridas, vindas de um mundo completamente diferente do seu.
Coração de Tinta foi escrito por Cornelia Funke e fez grande
sucesso pelo mundo afora. Embora o filme tenha recebido críticas negativas na
adaptação da história, eu gostaria de ressaltar um ponto extremamente positivo
tanto no livro, quanto no filme: o incentivo à leitura.
Mortimer possui um talento muito especial.
Quando lê um livro em voz alta, ele consegue trazer ao mundo real os
personagens e objetos da história. Mas como todo grande talento tem um preço,
quando lê um personagem para fora do livro, uma pessoa real é transportada para
dentro dele. Foi assim que ele acidentalmente enviou sua mulher, Teresa para
dentro do livro Coração de Tinta.
Língua Encantada, como Mo é chamado pelos
personagens que transportou para o mundo real, esconde o talento de sua filha,
até que, aos doze anos, a visita de um dos personagens do livro revela à menina
o dom de seu pai.
A partir daí, a aventura se desenrola
misturando o mundo real e o imaginário, e os coloca em contato com um vilão
repugnante que queima livros numa pira, e que pretende usar Mo para trazer ao
mundo real um monstro terrível que somente ele pode controlar.
Não é a história em si que chama a atenção,
embora seja realmente criativa, mas a alegoria presente nela.
Ao trazer os personagens para o mundo real, Mo
simboliza o envolvimento do leitor com a história contida no livro. Embora o
hábito da leitura tenha se perdido para a maioria das pessoas – especialmente
no Brasil –, quando começamos a ler um bom livro, cuja trama nos prende da
primeira a última página, por vezes nós mergulhamos tão fundo, que quase
podemos ver o que está acontecendo, os cenários, os personagens... Foi isso o
que Coração de Tinta ilustrou. O
envolvimento do leitor numa história cativante; o mergulho na história,
transportando a pessoa real para dentro dela, e colocando-a em contato com os
personagens imaginários.
Há quem subestime os livros e costuma taxá-los
como chatos, mas na verdade, só conhecemos uma história realmente a fundo
quando entramos em contato com cada palavra que a compõe. Esta é a beleza de Coração de Tinta, onde, ao capturar cada palavra do autor, os personagens
entram magicamente em contato com todos os elementos da história. Ou como Mo
tão eloquentemente sintetizou em um
de seus diálogos: “Saboreie cada palavra.
Deixe-as derreter na boca. (...) Saboreie, e tudo despertará para a vida”.
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