Magia Na Ponta da Língua

em segunda-feira, 26 de novembro de 2012


“Palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia” (J.K. Rowling)

A escolha desta frase para o início do post, embora pareça enunciar Harry Potter, remete a todas as obras literárias.
Não vou falar sobre a saga da autora, mas sobre outra história que também está repleta de magia, e que na verdade me chamou atenção por um fato completamente alheio a isso.

 
Coração de Tinta
Título Original: Inkheart
Autora: Cornelia Funke
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 456
Gênero: Fantasia
Sinopse:
Há muito tempo Mo decidiu nunca mais ler um livro em voz alta. Sua filha Meggie é uma devoradora de histórias, mas apesar da insistência não consegue fazer com que o pai leia para ela na cama. Meggie jamais entendeu o motivo dessa recusa, até que um excêntrico visitante noturno finalmente vem revelar o segredo que explica a proibição.
É que Mo tem uma habilidade estranha e incontrolável: quando lê um texto em voz alta, as palavras tomam vida em sua boca, e coisas e seres da história surgem como que por mágica. Numa noite fatídica, quando Meggie ainda era um bebê, a língua encantada de Mo trouxe à vida alguns personagens de um livro chamado "Coração De Tinta". Um deles é Capricórnio, vilão cruel e sem misericórdia, que não fez questão de voltar para dentro da história de onde tinha vindo e preferiu instalar-se numa aldeia abandonada. Desse lugar funesto, comanda uma gangue de brutamontes que espalham o terror pela região, praticando roubos e assassinatos. Capricórnio quer usar os poderes de Mo para trazer de "Coração De Tinta" um ser ainda mais terrível e sanguinário que ele próprio. Quando seus capangas finalmente sequestram Mo, Meggie terá de enfrentar essas criaturas bizarras e sofridas, vindas de um mundo completamente diferente do seu.


Coração de Tinta foi escrito por Cornelia Funke e fez grande sucesso pelo mundo afora. Embora o filme tenha recebido críticas negativas na adaptação da história, eu gostaria de ressaltar um ponto extremamente positivo tanto no livro, quanto no filme: o incentivo à leitura.
Mortimer possui um talento muito especial. Quando lê um livro em voz alta, ele consegue trazer ao mundo real os personagens e objetos da história. Mas como todo grande talento tem um preço, quando lê um personagem para fora do livro, uma pessoa real é transportada para dentro dele. Foi assim que ele acidentalmente enviou sua mulher, Teresa para dentro do livro Coração de Tinta.
Língua Encantada, como Mo é chamado pelos personagens que transportou para o mundo real, esconde o talento de sua filha, até que, aos doze anos, a visita de um dos personagens do livro revela à menina o dom de seu pai.

A partir daí, a aventura se desenrola misturando o mundo real e o imaginário, e os coloca em contato com um vilão repugnante que queima livros numa pira, e que pretende usar Mo para trazer ao mundo real um monstro terrível que somente ele pode controlar.
Não é a história em si que chama a atenção, embora seja realmente criativa, mas a alegoria presente nela.
Ao trazer os personagens para o mundo real, Mo simboliza o envolvimento do leitor com a história contida no livro. Embora o hábito da leitura tenha se perdido para a maioria das pessoas – especialmente no Brasil –, quando começamos a ler um bom livro, cuja trama nos prende da primeira a última página, por vezes nós mergulhamos tão fundo, que quase podemos ver o que está acontecendo, os cenários, os personagens... Foi isso o que Coração de Tinta ilustrou. O envolvimento do leitor numa história cativante; o mergulho na história, transportando a pessoa real para dentro dela, e colocando-a em contato com os personagens imaginários.
Há quem subestime os livros e costuma taxá-los como chatos, mas na verdade, só conhecemos uma história realmente a fundo quando entramos em contato com cada palavra que a compõe. Esta é a beleza de Coração de Tinta, onde, ao capturar cada palavra do autor, os personagens entram magicamente em contato com todos os elementos da história. Ou como Mo tão eloquentemente sintetizou em um de seus diálogos: “Saboreie cada palavra. Deixe-as derreter na boca. (...) Saboreie, e tudo despertará para a vida”.



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