Este conto me
caiu às mãos no fim de semana, enquanto eu buscava inspiração para dar
sequência num conto que estava escrevendo. Não tem absolutamente nada a ver com
o meu, mas o estilo com que Stephen King nos conduz através de suas histórias
sempre me inspira.
Dizer algo sobre
uma obra de Stephen King é o mesmo que dizer “o céu é azul”, porque é óbvio.
Ele não é o autor vivo mais adaptado em cinema e televisão à toa. Outro dia eu
li um artigo numa revista que dizia que se Stephen King decidisse publicar sua
lista de compras de supermercado, ele venderia, e ainda a transformaria em
best-seller. É fato indiscutível, ele é um mestre por uma boa razão.
Mas vamos lá...
A história é
contada pelo próprio protagonista, durante uma sessão com o psiquiatra. Ele só
havia marcado a consulta para contar sua história, pois se sentia culpado pela
morte de seus filhos que, segundo ele, foram assassinados por um fantasma que
vivia nos armários embutidos de sua casa. Após o crime, a porta do armário
ficava semiaberta, não muito... Só uma fresta.
Trata-se
basicamente de uma nova versão do mais comum de todos os medos infantis, de que
o bicho-papão saia do armário no meio da noite para matá-los, no entanto,
Stephen King introduz a história a partir de outro ponto de vista; de que um
adulto também pode ficar apavorado com a presença de um fantasma escondido em
seu armário, a tal ponto de não se arriscar, mesmo sabendo que seus filhos
seriam mortos um a um, a correr em seu socorro.
Por ser narrada
nos diálogos do protagonista, Stephen King nos dá apenas um ponto de vista da
história, e digamos que este não é o mais confiável, já que o tal Lester
Billings estava claramente perturbado. Além disso, fica claro no decorrer de
seu relato que ele é um homem arrogante e egoísta que, mesmo sabendo que o
terceiro filho seria morto como os anteriores, decidiu mudá-lo de quarto, para
não contradizer seus antigos preceitos machistas.
Apenas o desfecho
de Rita, a esposa de Billings não é dito no conto, portanto não se sabe como
ela reagiu à morte do terceiro e último filho (pois estava fora quando
aconteceu), nem o que fez depois disto.
Mas o desfecho do
conto, para quem ficou horrorizado com a frieza de Billings por nem sequer
tentar proteger seus filhos depois que descobriu o que sucedera ao primeiro, é
quase uma vingança. Subliminarmente, é como se dissesse: “e você, a quem vai
gritar?”.
Mas para quem
julgou Lester Billings simplesmente como um ser humano comum, apavorado com a
ideia de ter o mesmo destino de suas crianças, sugiro não ler este conto à
noite, para evitar pesadelos.
Stephen King é um
dos poucos autores (para não dizer o único autor) que eu conheço que consegue
fazer um adulto sentir ainda que a mais leve e passageira pontada de medo
durante a leitura de um livro ou conto.
Não que O Fantasma seja exatamente assustador,
mas, por via das dúvidas, é melhor verificar a porta do armário, ela pode estar
aberta. Não muito... Só uma fresta!
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