Como Enlouquecer Um Fantasma

em quarta-feira, 6 de junho de 2012

      

Meu primeiro contato com o conto de Oscar Wilde se deu quando eu tinha nove anos. Havia no meu bairro uma dessas lojas que oferecem os mais variados artigos por um real, e eu vi numa prateleira uma fita (VHS – aquela caixa preta do tempo do ronca... Pasmem! Eu não sou tão velha assim) intitulada “Brincando Com Fantasma”, e eu insisti que o meu pai a comprasse para mim.

Era um desenho animado, e logo na abertura foi narrado o título “O Fantasma de Canterville”.


Já faz algum tempo desde a última vez que eu pude assistir àquela fita – que não devia ter mais do que 20 ou 25 minutos de duração, daí o porquê de custar apenas um real –, mas eu ainda me lembro das peraltices dos gêmeos Otis contra o dito fantasma.

Na verdade, de todas as adaptações que eu conheço desta obra, esta é a que melhor faz justiça ao conto.

Eu vi recentemente um filme baseado nesta obra que chegou a ser ridículo.

É óbvio que Oscar Wilde escreveu este conto para ser apreciado por crianças, o que não o desqualifica ao gosto dos adultos. Enquanto o lia, eu me perguntei diversas vezes se havia alguma mensagem que o autor tenha pretendido ilustrar em sua história.

O Fantasma de Canterville
Título Original: The Canterville Ghost
Autor: Oscar Wilde
Editora: Porto
Páginas: 48
Gênero: Conto
Sinopse:
Sir Simon, um fantasma de 300 anos assombra o castelo de Canterville, na Inglaterra, de onde nenhum ser vivo ousa se aproximar, exceto os Otis, uma recém-chegada família americana que, mesmo sabendo dos rumores locais, compra a propriedade – para desespero da pobre alma penada, que agora parece mais assustada do que assustadora. Nunca o fantástico, o terror e a comédia se combinaram numa trama tão genial, quanto nesta primeira história publicada por Oscar Wilde, que nos diverte e nos leva a refletir sobre os valores mais elevados da vida.




A família que se muda para a mansão Canterville veio dos Estados Unidos. O fantasma da mansão já havia afugentado muita gente, e mesmo os empregados que permaneceram na casa, se pelavam de medo dele.

Mas esses americanos, ao contrário do esperado, pareceram zombar das tentativas do velho Sir Simon de Canterville (o fantasma) de assombrá-los. Trataram o fantasma como um hóspede barulhento, que insistia em manchar o tapete da biblioteca até de sangue verde para manter a farsa do sangue da esposa assassinada que não pode ser removido.

E para deixar o fantasma ainda mais irritado, os filhos gêmeos dos novos moradores o estavam fazendo pagar todos os pecados surpreendendo-o com armadilhas pela casa toda. Chegaram até a assustá-lo com um fantasma falso.

Verdade é que o final é bem bonito, quando o fantasma, cansado de vagar pela casa, pede à gentil filha dos novos moradores que reze por ele, para que ele enfim possa “morrer” – o que neste sentido quer dizer “descansar em paz”, uma vez que ele já estava morto há 300 anos. E como prova de que ele, enfim, repousou, a amendoeira no jardim começou a florescer.

Se Oscar Wilde quis transmitir alguma mensagem com este conto, creio que foi que ter medo do que não pode nos tocar é algo antigo e obsoleto. O fato de os novos moradores terem vindo do Novo Mundo dá a ideia de que os tempos já estavam avançados e modernos demais para não parecer ridículo ter medo de fantasma. Sobretudo porque, com o avanço dos séculos surgiram muitas coisas reais – “reais” no sentido de “palpáveis” – para se ter medo: armas, violência, criminosos, etc. De modo que se torna coerente colocar em pauta a seguinte questão: do que se deve realmente ter medo? Daquilo que não pode nos tocar, ou será que no mundo existem fantasmas mais assustadores do que aqueles que já estão mortos?

Às vezes, eu associo as travessuras dos gêmeos Otis contra o fantasma àquele trecho de “Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban”, quando o professor Lupin ensina aos alunos que o bicho-papão se materializa para cada pessoa sob a forma de seu maior medo, e que para vencê-lo, é necessário transformá-lo em algo engraçado, pois ele só é vencido pelas risadas.

Essa é uma importante lição para todos nós. Passar por cima dos nossos medos, independentemente do poder que eles pareçam ter sobre nós; enfrentar os problemas, fazer os nossos monstros de palhaços e vencê-los dando risada, porque na vida, se a gente não correr riscos, acaba deixando de realizar muitas coisas importantes.
  

2 comentários:

  1. Olá, amava o filme 'Brincando com fantasma' qnd pequena e estou procurando por ele... Não encontro nada na internet... Vc sabe algum site onde encontrá-lo? Obg desde ja.

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    Respostas
    1. Sei sim, Tayná, no Youtube:
      https://www.youtube.com/watch?v=uA5gbZPDUhQ

      Tem uma porção de servidores online que permitem o download colando o link do youtube, meu favorito é o pt.savefrom.net

      Espero ter ajudado.

      Seja sempre bem-vinda, flor *-*

      Beijos

      Excluir

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