Meu primeiro
contato com o conto de Oscar Wilde se deu quando eu tinha nove anos. Havia no
meu bairro uma dessas lojas que oferecem os mais variados artigos por um real,
e eu vi numa prateleira uma fita (VHS – aquela caixa preta do tempo do ronca...
Pasmem! Eu não sou tão velha assim) intitulada “Brincando Com Fantasma”, e eu
insisti que o meu pai a comprasse para mim.
Era um desenho
animado, e logo na abertura foi narrado o título “O Fantasma de Canterville”.
Já faz algum
tempo desde a última vez que eu pude assistir àquela fita – que não devia ter
mais do que 20 ou 25 minutos de duração, daí o porquê de custar apenas um real
–, mas eu ainda me lembro das peraltices dos gêmeos Otis contra o dito
fantasma.
Na verdade, de
todas as adaptações que eu conheço desta obra, esta é a que melhor faz justiça
ao conto.
Eu vi
recentemente um filme baseado nesta obra que chegou a ser ridículo.
É óbvio que Oscar
Wilde escreveu este conto para ser apreciado por crianças, o que não o desqualifica
ao gosto dos adultos. Enquanto o lia, eu me perguntei diversas vezes se havia
alguma mensagem que o autor tenha pretendido ilustrar em sua história.
O Fantasma de CantervilleTítulo Original: The Canterville GhostAutor: Oscar WildeEditora: PortoPáginas: 48Gênero: ContoSinopse:
Sir Simon, um fantasma de 300 anos assombra o castelo de Canterville, na Inglaterra, de onde nenhum ser vivo ousa se aproximar, exceto os Otis, uma recém-chegada família americana que, mesmo sabendo dos rumores locais, compra a propriedade – para desespero da pobre alma penada, que agora parece mais assustada do que assustadora. Nunca o fantástico, o terror e a comédia se combinaram numa trama tão genial, quanto nesta primeira história publicada por Oscar Wilde, que nos diverte e nos leva a refletir sobre os valores mais elevados da vida.
A família que se
muda para a mansão Canterville veio dos Estados Unidos. O fantasma da mansão já
havia afugentado muita gente, e mesmo os empregados que permaneceram na casa,
se pelavam de medo dele.
Mas esses
americanos, ao contrário do esperado, pareceram zombar das tentativas do velho
Sir Simon de Canterville (o fantasma) de assombrá-los. Trataram o fantasma como
um hóspede barulhento, que insistia em manchar o tapete da biblioteca até de
sangue verde para manter a farsa do sangue da esposa assassinada que não pode
ser removido.
E para deixar o
fantasma ainda mais irritado, os filhos gêmeos dos novos moradores o estavam
fazendo pagar todos os pecados surpreendendo-o com armadilhas pela casa toda.
Chegaram até a assustá-lo com um fantasma falso.
Verdade é que o
final é bem bonito, quando o fantasma, cansado de vagar pela casa, pede à
gentil filha dos novos moradores que reze por ele, para que ele enfim possa
“morrer” – o que neste sentido quer dizer “descansar em paz”, uma vez que ele
já estava morto há 300 anos. E como prova de que ele, enfim, repousou, a
amendoeira no jardim começou a florescer.
Se Oscar Wilde
quis transmitir alguma mensagem com este conto, creio que foi que ter medo do
que não pode nos tocar é algo antigo e obsoleto. O fato de os novos moradores
terem vindo do Novo Mundo dá a ideia de que os tempos já estavam avançados e
modernos demais para não parecer ridículo ter medo de fantasma. Sobretudo
porque, com o avanço dos séculos surgiram muitas coisas reais – “reais” no
sentido de “palpáveis” – para se ter medo: armas, violência, criminosos, etc.
De modo que se torna coerente colocar em pauta a seguinte questão: do que se
deve realmente ter medo? Daquilo que não pode nos tocar, ou será que no mundo
existem fantasmas mais assustadores do que aqueles que já estão mortos?
Às vezes, eu
associo as travessuras dos gêmeos Otis contra o fantasma àquele trecho de
“Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban”, quando o professor Lupin ensina aos
alunos que o bicho-papão se materializa para cada pessoa sob a forma de seu
maior medo, e que para vencê-lo, é necessário transformá-lo em algo engraçado,
pois ele só é vencido pelas risadas.
Essa é uma importante
lição para todos nós. Passar por cima dos nossos medos, independentemente do
poder que eles pareçam ter sobre nós; enfrentar os problemas, fazer os nossos
monstros de palhaços e vencê-los dando risada, porque na vida, se a gente não
correr riscos, acaba deixando de realizar muitas coisas importantes.
Olá, amava o filme 'Brincando com fantasma' qnd pequena e estou procurando por ele... Não encontro nada na internet... Vc sabe algum site onde encontrá-lo? Obg desde ja.
ResponderExcluirSei sim, Tayná, no Youtube:
Excluirhttps://www.youtube.com/watch?v=uA5gbZPDUhQ
Tem uma porção de servidores online que permitem o download colando o link do youtube, meu favorito é o pt.savefrom.net
Espero ter ajudado.
Seja sempre bem-vinda, flor *-*
Beijos