Pensei
não ter muito a dizer sobre Gossip Girl após concluir a leitura do primeiro
livro. Veja bem: nunca assisti a nenhum episódio da série de TV, por isso não
sei como eram os personagens na tela, nem quais participaram, quais ficaram de fora,
ou quais tiveram seus papéis trocados. Portanto, não a uso como referência para
esta resenha.
GOSSIP GIRL#1 – AS DELÍCIAS DA FOFOCATítulo Original: Gossip GirlAutora: Cecily von ZiegesarEditora: RecordPáginas: 256Gênero: Chick-lit
Sinopse:Adolescentes adoram fofocar em qualquer lugar do planeta, mas no mudinho fabuloso dos jovens da alta sociedade nova-iorquina as fofocas são sempre mais divertidas, nem que seja pela suas roupas caras de estilistas famosos, pelas casa de férias em lugares hiperchiques, pelos litros de bebidas que consomem ou pelas brigas sem qualquer motivo. Em Gossip Girl, iremos conhecer o universo quase secreto doa alunos de tradicionais escolas particulares para meninas e meninos, onde nem mesmo os horríveis uniformes conseguem esconder a beleza desses afortunados.EEEEE
O
que posso dizer sobre As Delícias da Fofoca?
Gossip
Girl parece ser um desfile de personagens intragáveis. Veja bem: PARECE! A
princípio temos Blair Waldorf, desabafando sua insatisfação com o
relacionamento da mãe com um cara que ela parece não aprovar totalmente – o
típico ressentimento de uma adolescente que nunca imaginou possível o divórcio
dos pais. Até aí, ok, nada que me fizesse detestar a Blair. Eis que entra em
cena Serena van der Woodsen. E a história finalmente começa.
O
Uper East Side gira em torno de Serena: todas as conversas, todas as fofocas,
todos os olhares, todos os boatos – e olha que eles são muitos! Reza a lenda, que Serena foi expulsa do
internato na Suíça porque dormiu com todo mundo no planeta Terra. Supostamente,
ela dava inúmeras festinhas em seu alojamento, regadas a muita bebida, sexo,
drogas e rock’n roll. Dizem que ela continua traficando drogas, e tem até uma
droga própria, um comprimido com a letra S gravada. Reza a lenda também que Serena teve um filho enquanto esteve fora,
e abandonou a criança na França; supostamente seu pai pagou a uma família para
que o adotasse. Dizem por aí que essa
não foi sua única gestação, e que ela teria feito inúmeros abortos; o último,
muito recentemente. Também corre um boato
de que ela tem todas as DSTs que você puder imaginar. E a foto que circula
estampada nos ônibus e no teto dos táxis pela cidade pode ser seu olho, seu
umbigo, ou... Vai saber...
Já
deu para perceber que tem muita gente cuidando da vida da Serena ultimamente,
né?! O detalhe é que nenhuma dessas pessoas está sequer falando com ela direito.
Mas falando dela, todos estão.
De
verdade, a única personagem tolerável nessa história é a Serena. O livro só existe
por causa dela, e sem dúvida só é lido por causa dela. Enquanto todas as
fofocas correm, Serena se sente deprimida porque não consegue se reaproximar de
seus antigos amigos, se sente solitária, e cada vez mais pressionada a fazer
algo de útil no colégio se quiser impressionar uma boa universidade. O drama é
bem típico dessas histórias em torno dos adolescentes riquinhos de Nova York,
mas Serena é o diferencial, porque em vez de ficar em casa sentindo pena de si
mesma, ela vai em busca de uma mudança. Ela não é tola a ponto de se deixar
enganar pelo apoio falso de Blair, nem esnobe o bastante para desprezar quem
está disposto a lhe dar um apoio sincero simplesmente por estar abaixo de sua
classe social. Acho que podemos dizer que Serena é gente como a gente, e a
única alma humana nesse círculo de robôs sem emoção.
Já
que os antigos amigos não estão interessados nela, Serena faz amigos novos. Primeiro
ela se aproxima de Vanessa, uma garota meio punk que frequenta as aulas de
cinema de Blair, e, através dela, conhece Dan, que estuda em outra escola, e
com quem vislumbro um futuro romântico para Serena – de novo, tenha em mente
que não vi a série de TV. Também é nesse caminho que Serena conhece Jenny, irmã
mais nova de Dan, que é basicamente uma pobrinha meio boba-alegre, que terá
muitos motivos para não querer tanto assim ser incluída no High Society de
Manhattan depois de sua primeira experiência na festa beneficente em favor dos
falcões do Central Park.
Aliás,
essa festa é um divisor de águas para Serena também, porque foi através disso
que ela se deu conta de que Blair não estava realmente a fim de tê-la por
perto. Afinal, readmitir Serena em sua panelinha significava abrir mão de seu
posto como abelha-rainha, que Serena retomaria sem dificuldade. E esse é
basicamente o motivo porque Blair não sentiu tanta falta assim da melhor amiga
depois que ela foi embora. Não devia ser tão divertido viver à sombra da diva
Serena van der Woodsen; e voltar a ser a Número Dois do Uper East Side estava
fora de cogitação.
Acho
que depois de dizer tudo isso fica fácil definir os personagens dessa história:
Serena é uma diva; Blair é uma vaca; Nate – namorado de Blair, meio apaixonado
por Serena – é um banana, que basicamente come na mão da Blair, e se permite
ser manipulado por ela; e Chuck é um idiota – nem vale a pena explanar sobre
ele.
Se
por um lado, os protagonistas deixam a desejar – com exceção da loira diva –,
os personagens secundários roubam a cena. Não consegui simpatizar muito com a
Jenny até vê-la em apuros, mas não posso negar que ela foi uma das poucas
personagens que pareceu autêntica nessa história desde o início – para o bem ou
para o mal. Vanessa me ganhou mais facilmente pelo mesmo motivo – e por
compartilharmos basicamente a mesma repulsa pela Blair. E Dan foi o único cara
bacana que o livro nos apresentou. Mas ele não pertence ao High Society – mais
um ponto a seu favor!
Ah,
sim, e também tem o Erik, irmão da Serena, que, mesmo não tendo aparecido
exatamente na história – exceto nas lembranças narradas por Serena, e em uma
conversa por telefone –, pareceu muito mais interessante do que todos os outros
riquinhos que conhecemos.
Enfim,
Gossip Girl provavelmente é um retrato fiel da hipocrisia que existe entre as
classes mais afortunadas, não só em Manhattan, mas em qualquer lugar do mundo; e,
se não me deixou ansiosa pelos volumes seguintes – que inevitavelmente lerei,
de uma forma ou de outra, num futuro não muito próximo –, também não chegou a
desapontar. O motivo é único, loiro e fabuloso. E espero, sinceramente, que
roube definitivamente a coroa da cabeça de Blair. Muito em breve!
–
Para vocês que me amam – e me odeiam...
*♥*
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