Todos Dormem No Final

em domingo, 8 de dezembro de 2013

Finalmente, o tão aguardado desfecho da saga de Bella Swan, agora numa versão estupidamente imortal. Episódio de hoje “POR UM FILHO TEU NÃO FOGES À LUTA”!
Para deleite dos que se divertem com esses filmes, e para a ira dos defensores dos vampiros injustiçados e oprimidos, eu lhes apresento o final... Bem, o final (juro que tentei achar um adjetivo simpático) de uma saga que já nos proporcionou muitas risadas – e uma enciclopédia de erros de produção, coerência, interpretação, etc...
O que dizer da última parte da saga cômico-romântica de Edward e Bella?... FINALMENTE, ACABOU!
O bom de acompanhar uma saga que não é tão boa quanto dizem (ao menos nos filmes) é que você não cria expectativas sobre o final, e consequentemente, não se decepciona. Como foi o caso dos livros:
Crepúsculo perde muito tempo com o interrogatório da Bella sobre os vampiros, mas como já expliquei em outra postagem, era necessário explicar a versão Stephenie Meyer dos vampiros, então, é compreensível e perfeitamente tolerável.
Lua Nova foi o melhor livro e o pior filme da série respectivamente. O filme jogou fora tudo o que tinha de bom no livro e filmou um monte de fatos desconexos e mal interpretados. Frustrante!
Eclipse é um grande nada até no livro, uma sequência desnecessária que deveria ter sido resolvida no primeiro livro se alguém tivesse bom senso, mas ao menos a narrativa é interessante, e ainda te prende a prosseguir até a última página.
Mas Amanhecer, depois que Jacob devolveu a pena para Bella, se tornou uma narrativa extremamente maçante e incoerente, que só não foi pior que seu final completamente entediante. Não houve derrota aos Volturi. O que houve foi uma cena patética onde os diálogos foram do nada a lugar nenhum, e só serviu para que Bella e sua trupe se tranquilizassem com a informação óbvia de que “o bebê de Rosemary” terá uma vida longa. Sobre os Volturi, eles simplesmente se recolheram a sua glamorosa insignificância (usei de propósito duas palavras que discordam entre si, para ilustrar bem o que aconteceu nesse final) para pensar em outro pretexto para incomodar os Cullen.
O mundo clamava por um final menos “ZzZzZzZzZzZz” para a saga de Edward, Bella, os lobisomens, os figurantes, as aberrações e todo o resto, e foi justamente o que tivemos no filme. Não concluam por este comentário que eu adorei o filme. Foi quase tão meia-boca quanto os outros, mas a cena da batalha foi realmente de tirar o fôlego. Me decepcionou menos que o livro.
Enfim, já que chegamos até aqui...
Amanhecer – Parte 2 entra para a história do cinema como o filme que conseguiu superar o livro. Mas isso não é um elogio. Tenho a impressão de que Stephenie Meyer já estava tão cansada daquela história que só queria se livrar logo dela... Ou o tradutor teve dificuldade de compreender o verdadeiro significado do que a autora propôs. Dá quase na mesma, de qualquer modo.
O que os roteiristas do filme fizeram foi basicamente um milagre: cortaram pelo menos 80 páginas de embromação; a busca por testemunhas pelo mundo foi resumida em poucas cenas, e sua estadia na casa dos Cullen foi tão breve que deu a impressão de que eles não ficaram em Forks por mais de cinco dias, mas no livro a tensão da espera pelos Volturi durou mais ou menos um mês. O que, aliás, não faz o menor sentido.
Enfim, melhor não adiantar muitos fatos. Apenas ressalto que, apesar de ter dado uma “polida” na história, não é um filme extraordinário. Mas por que alguém esperaria isso?
Vamos ao que interessa:

Nossa história começa exatamente de onde parou no filme anterior: Bella acaba de abrir seus novíssimos olhos vermelhos, e começa a inspecionar todos os ácaros escondidos nas rachaduras da mansão Cullen. Depois ela perde alguns segundos verificando o cheirinho nas mãos de seu marido vampiro Edward. Sim, sabemos que o que ela estava sentindo na verdade era a temperatura, já que com sua “morte” a temperatura dela se igualou a dele – estupidamente gelada! –, mas a expressão no rosto de Kristen Stewart sempre deixa algumas dúvidas. Em seguida ela tritura alguns ossos no corpo dele ao abraçá-lo bem forte. E se ele não tivesse dito nada, ela provavelmente nem notaria que estava com sede...
Com muito uso de chroma key – leia-se “cromaqui”, a famosa tela verde – vemos uma sequência de saltos bem artificiais na floresta, e Bella mudou subitamente da garota estabanada que tropeça nos próprios pés para a nova campeã de salto à distância dos Estados Unidos. Espera conquistar medalhas de ouro no Rio em 2016!
Eu estava realmente ficando com peninha daquele Bambi engraçadinho que ela começou a farejar, antes de sentir o cheiro mais apetitoso do rapaz fazendo escalada. A autora perdeu a oportunidade de explorar através da narrativa extremamente detalhista da Bella toda a compulsão do sangue humano, e o fascínio quase irresistível que exerce sobre os recém-criados ao decidir que Bella possui um incomum autocontrole. Acho que teria sido interessante vê-la lutar contra a sede para não sucumbir ao seu “lado mau”, e gradativamente se tornar uma “vegetariana” como o Edward. Talvez desse até uma forcinha para o Jasper, numa espécie de grupo de apoio familiar para os viciados em sangue humano. Mas isso tornaria a história ainda mais longa, então, não vamos dar ideia para maluco!
Felizmente, o Bambi foi salvo graças à aparição do puma que avançava para lhe dar o bote, e que fora interceptado no ar por um predador mais poderoso: nossa charmosa vampira, Bella Cullen!


Vocês podem contestar qualquer coisa, mas a caçada teve mais charme do que instinto, o que já era esperado, dada a faixa etária do público da saga.
O casal volta para casa. Edward está impressionado com o autocontrole de sua esposa diante do tentador sangue humano, e Jacob só está preocupado que ela se aproxime da metade humana de sua nova protegida; disposto, inclusive, a enfrentar a fúria da nova fera da família Cullen, que não está nada satisfeita com seu recente imprinting com a pequena híbrida, e mais furiosa ainda por ele não conseguir pronunciar de cara o nome que ela inventou – como metade do mundo, aliás! –, e tenha decidido apelidá-la de Nessie... Eu achei o nome fofinho. O que provavelmente não é o caso da criatura que o originou.


Tudo bem, o contexto é interessante, uma bela reviravolta: o cara era apaixonado pela garota e depois de ser preterido por ela descobre que todas as desgraças em sua vida aconteceram porque ela geraria sua alma gêmea. Um lindo enredo para a futura história de amor de Jacob e Renesmee. Mas é curioso como a autora decidiu incorporar numa única saga uma infinidade de temas polêmicos, tudo com uma boa dose de fantasia, romantismo e inocência:
* Um homem extremamente velho (Edward), apaixonado por uma garota muito mais nova (Bella). Acrescente a isso o fato de que eles pertencem a dois extremos da sociedade: ele é incalculavelmente rico, e ela é filha do chefe de polícia; se no interior dos Estados Unidos a polícia for tão mal remunerada quanto no Brasil já sabemos que ela não está habituada ao luxo. Considere também que ela é filha de um homem que cuida em garantir que as leis sejam cumpridas, e que Edward é um assassino. Todas as diferenças possíveis na história da humanidade foram retratadas neste casal!
* A questão do aborto: Bella se recusava a abrir mão de sua filha, mesmo sabendo que esta decisão poderia matá-la. Realmente louvável! Embora sua decisão tenha dado assunto para que a história continuasse...
* Jacob, um cara fortão de dezesseis anos se apaixona – vamos colocar no termo popular, já que o imprinting significa um amor incondicional e absoluto – por um bebê. Em qualquer país do mundo isso seria chamado de pedofilia. Não fosse o fato, é claro, de que até ela crescer e decidir se quer ficar com ele ou não, ele se conforma em ser um irmão mais velho, pai substituto, amigo, protetor, bichinho de estimação, e etc...
Enfim...
A senhora de todas as ironias: Bella passou de humana adolescente à esposa, mãe e sogra em menos de dois meses! E como toda boa sogra, tem seu primeiro conflito com o futuro genro ao descobrir o imprinting. E Edward se conforma em assistir de camarote, muito satisfeito, aliás – a única cena em toda a saga em que ele não faz cara de quem está no corredor da morte –, enquanto Bella coloca o cachorro “gentilmente” para fora de casa.


Em seu primeiro encontro com a criaturinha que quase a matou, Bella assiste a um filme com os melhores momentos de sua morte dois dias atrás, e percebe como Nossa Senhora da Plástica foi generosa ao consertar os estragos que a gravidez do monstrinho provocou em sua pele tão jovem.


Só não entendi o seguinte: como foi que a Bella recuperou os quilos perdidos? De acordo com as lendas, inclusive na versão de Stephenie Meyer, vampiros não mudam uma ruga depois da transformação. Este era, inclusive, o motivo de Rosalie ser tão amargurada, por não poder engravidar, já que seu corpo não muda, e, portanto, sua barriga não poderia crescer. Tudo bem que o veneno de vampiro consertasse seus ossos quebrados, mas a Bella engordou, no mínimo, dez quilos – para chutar baixo! –, da magreza made in Estranho Mundo de Jack, à sua antiga forma magra, mas nem tanto.


E ainda há quem não acredite que haja incoerências nessa saga...
Bem, agora que Bella está de volta, Rosalie vai passar menos tempo brincando de boneca; exceto enquanto o casalzinho desfruta sua segunda (ou única?) lua de mel na casa nova. Gozado, os outros casais da família não têm essa privacidade. Bella está ficando muito mal acostumada...
Ao saber que os Cullen planejam se mudar em breve, para que Charlie acredite que Bella está morta, e não querendo ficar longe de sua nova amada-idolatrada-salve-salve, Jacob decide que já está na hora de Charlie saber de algumas coisinhas. Então ele se adianta e vai fazer um strip-tease para o chefe de polícia, fantasiado de lobisomem.


Mas Bella fica possessa ao saber de sua travessura.


Mais uma para o hall dos momentos sem sentido da Saga Crepúsculo: os Cullen estão ensinando Bella a ser humana (oi?) para receber o Charlie em casa. Como é que em dois dias sendo vampira ela já esqueceu tudo o que fez a vida toda? E mais uma ironia é ser adestrada por gente que não é humana há mais de um século!
Sigamos adiante...
Charlie é definitivamente um dos melhores personagens dessa saga. Bella faz uma pose mais artificial que sorriso de Miss, e a coisa que mais o intriga é saber se ela também vai virar um animal. Quem quiser, responde essa: se ela fosse virar um animal, qual seria? Deixe seu comentário após o bip!


Bem, agora que o problema com o pai está resolvido, e Charlie não está furioso por sua filha ter se transformado num monstro mitológico (adoro pais compreensivos – ou assustados!), Bella vai quebrar umas pedras, depois de vencer uma queda-de-braço com o Emmett – aliás, uma cena maravilhosa: o grandalhão sendo vencido por uma guria minúscula como a Bella.

Aliás, tenho uma reclamação sobre esse personagem: no livro, ele e Bella se tornaram como irmãos, enquanto nos filmes o coitado não passou de um figurante. Sacanagem!
E como tudo são experiências novas, Bella se diverte vendo sua pele brilhar no sol.
Enfim, só mais um dia comum na casa dos Cullen!


Até eles perceberem que Renesmee está crescendo rápido demais, e se preocuparem que ela talvez não viva muito tempo. Eles provavelmente haviam se esquecido de que além de ser metade humana, ela também era metade vampira, e, portanto, metade imortal. A outra metade, em todo caso, poderia ser resolvida com uma dentada do pai ou da mãe... Ou não? Seja como for, era mais lógico pensar que a garota seria dura na queda, e que não seria uma coisa tão insignificante quanto o tempo – insignificante do ponto de vista dos vampiros – a destruir sua existência tão singular. Essa ideia de possível vida curta deve ter vindo do mesmo neurônio que embaçou mais de setenta páginas para perceber que o feto vampírico estava matando a mãe porque precisava de sangue!
Bella diz ao Jacob (apenas no filme), que Edward está tentando contatar primos no Brasil, onde provavelmente há outro caso de um híbrido, para saber se Renesmee tem ou não prazo de validade. Vamos raciocinar: se sabiam que existia outro híbrido, e não era uma informação recente – considerando que quem quer que seja foi referido como “primo” e, portanto, era alguém com quem eles tinham um relacionamento, digamos, próximo –, pela lógica, eles já não saberiam a resposta?
Enfim, Bella leva a filha e o cachorro para passear e pegar flocos de neve, e Irina fica assombrada ao ver a criança na companhia da nova vampira. E presumindo que fosse uma criança imortal, um espécime de pequenos demônios cuja criação outrora custou a vida de sua mãe vampira sob o martelo “justiceiro” dos Volturi, ela decide ir até Volterra fofocar tudo.


A notícia de que os Cullen podem ter cometido uma travessura perigosa foi como dar doces na boca do Aro, que só estava esperando um novo pretexto para ir à Forks encarnado na Rainha de Copas, pronto para cortar as cabeças dos Cullen.


Aliás, fico realmente feliz que tenham reescrito esta parte antes de filmar, porque imagino que seria muito bizarro submeter uma criança à horrível cena da caçada que Irina viu no livro – mesmo com todo o charme criado para a primeira caçada de Bella, o aspecto romantizado característico desta saga, e o evidente uso de chroma key e muita imaginação, seria absurdo filmar uma cena como essa. Apesar de terem pintado uma boquinha vermelha no molequinho do flashback; nada que seja realmente chocante.


Às vezes é mesmo muito conveniente ter uma irmã com o dom da previsão em casa. Tão logo a loira fofoqueira faz a intriga, Alice vê um flash da alegria de Aro ao finalmente ter um bom motivo para esquartejar o clã. Pelo visto, a cria de Bella herdou mais do que seus olhos castanhos: também seu adorável talento para atrair confusão!

E, é realmente exaustivo citar diálogos incoerentes nesta saga. Disse Edward: “Aro pode ver as provas [do crime] nos pensamentos da Irina”. Então, teoricamente, ele também poderia ver nos pensamentos de todos os Cullen que tudo não passava de um mal entendido. Claro que isso implicaria em que ele tivesse a boa vontade de segurar a mão de alguém por um minutinho...
Agora vem a rainha de todas as incoerências: Aro estava louco para beber o sangue dos Cullen há séculos, mas decidiu ser bonzinho e lhes dar um mês de prazo para se prepararem para a luta. Sim, claro, faz todo o sentido...


Aliás, palmas para Michael Sheen! Essa bodega seria insuportável sem sua presença majestosa, e seu personagem deliciosamente obcecado por arrancar cabeças, esquartejar e incendiar clãs e cobiçar poderes maravilhosos.
Retomando: como também previu que a situação iria feder, Alice e Jasper bateram em retirada, deixando apenas um bilhetinho de despedida.
Então, pelos próximos dias, os Cullen se ocupam em muitas viagens pelo mundo afora para reunir testemunhas para convencer os Volturi de que Renesmee nasceu quando Bella ainda era humana, e, portanto, não houve crime algum.
Começam com seus parentes mais próximos, as irmãs Denali: Tanya e Kate, que vivem no Alaska com o simpático casal de novela mexicana Carmem e Eleazar. Ao verem a criança sair do carro – diga-se de passagem, uma menininha muito fofa! – as duas irmãs ficam horrorizadas, e quase veem um flashback do massacre da mãe quando os Volturi descobriram que ela havia criado uma criança imortal – que mencionei algumas cenas atrás.

Daí em diante uma tropa de elite vampiresca surge na história. Alguns são bem interessantes:


* Criancinhas do ponto de vista da imortalidade dos vampiros!


Meu favorito indiscutivelmente: o vampiro egoísta e antissocial que eu aposto que os fãs da saga odiaram por ele ter fugido da luta, e que eu posso ter simpatizado pelo mesmo motivo – ou vai ver foi aquela jaqueta legal! MENTIRA: Gostei do personagem desde o livro. Pena que tenha aparecido tão pouco...

Aliás, essa gama de vampiros que se materializou na casa dos Cullen foi um verdadeiro desfile de aberrações, à exceção de duas ou três figuras, digamos, simpáticas:







Vamos abrir um parêntese e salientar um detalhe que não poderia faltar: a aparição de dois vampiros romenos, Vladimir e Stefan, com seu aspecto anormalmente nobre para este século, contando a história de que são os vampiros mais antigos do mundo – à exceção talvez dos Volturi, que parecem ser da mesma época, e com quem eles têm uma antiga e conveniente rivalidade.


E conforme os vampiros vão chegando, Renesmee vai mostrando a eles as lembranças de seu nascimento. Tomara que ela não tenha mostrado os detalhes sórdidos do parto, porque, né... Não importa que tenha sido cesariana.


Graças a esses visitantes, Bella ficou sabendo que a habilidade que impede que Edward leia seus pensamentos, e que outros vampiros como Jane e Aro exerçam seus poderes sobre sua mente, não é retardo mental, mas um escudo cerebral. E como se tornar vampira amplia seu controle sobre as habilidades que já tinha em sua vida humana, eles acreditam que, com um pouco de força de vontade, Bella pode estender seu escudo para proteger as mentes de todos os aliados dos poderes dos Volturi.
Esse treinamento para projetar o escudo da mente de Bella para proteger outras pessoas foi bem resumido no filme, mas serviu para mostrar o flerte de Kate e Garrett. Só lamento que tenham cortado a parte em que Renesmee desenvolve um forte laço de amizade com a vampira amazona Zafrina. Acho que seria legal ver uma mulher selvagem (e no caso do filme, bizarra!) completamente rendida ao charme infantil de Renesmee.
E só para constar, Stephenie Meyer: o significado de amazona não é ser proveniente da região do Amazonas, não, tá querida?! Você se confundiu com a definição!
Bella decifra a mensagem deixada por Alice ao perceber que ela escreveu o bilhete numa página arrancada de seu exemplar de “O Mercador de Veneza”, onde encontra rabiscado o nome e endereço de um falsificador de documentos. Então ela decide levar Nessie para visitar o avô – a essa altura até ela aderiu ao apelido que o Jacob colocou na criatura –, e evitar que ele vá até a casa dos Cullen, recheada de vampiros sanguinários, mas nem chega a sair do carro. Apenas deixa Jacob e a filha lá e vai ao encontro do falsificador, com quem Jasper já deixou tudo acertado.
Aliás, se tem uma coisa que merece comentário aqui é o figurino que Bella escolheu para a ocasião:


Finalmente ela veste um modelito decente – além daquele vestido de noiva que... dava pro gasto...
O roteirista fez uma pequena correção nesta parte da história. No livro, quando Bella recorreu a esse homem, teve primeiro uma conversa informal para descobrir o que ele fazia, e por que Alice o deixaria como pista para ela. Só então ELA pediu que ele fizesse os passaportes falsos para Nessie – com o nome Vanessa, para justificar o apelido – e para Jacob Wolf – um trocadilho com o fato de ele ser lobisomem. Com essa transação ela gastou um bom dinheiro do marido, crente de que esse era o plano alternativo que Alice lhe deixara caso algo desse errado no confronto com os Volturi. Resumindo: no filme Alice e Jasper deixaram tudo mastigado, e Bella só teve o trabalho de arrumar a mochila; no livro, o tempo apertado fez Alice confiar – tolinha! – que Bella teria competência o bastante para negociar com o trambiqueiro a saída de sua filha pela porta dos fundos – literalmente, Alice deixou o nome, o endereço, o dinheiro na gaveta e disse “SE VIRA!”.
O restante aconteceu mais ou menos como no filme: Bella encheu uma mochila com dinheiro, colocou os documentos falsos e uma carta especificando que eles deveriam ir para o Rio de Janeiro, torcendo para que Jacob tivesse ao menos uma noção básica de espanhol – já que português é claro que ele não sabia.
No filme usaram isso como pretexto para justificar a fuga de Alistair, mas no livro, quando isso aconteceu, ele já tinha dado no pé há muito tempo.


Na última noite antes da batalha, enquanto a vampirada se reúne em volta da fogueira em clima de acampamento, Bella dá à Renesmee um medalhão com uma foto dela e de Edward, certa de que nenhum dos dois sobreviverá.


Finalmente chega o tão esperado dia do confronto. Os Volturi se apresentam paramentados para a guerra santa: todos com mantos negros sobre uniformes de guerra. E como vêm acompanhados de um exército maior que o dos Cullen, não se surpreendem por ver o número de testemunhas que eles reuniram.


A princípio, Edward avança para uma negociação com Aro, que pede para conhecer a criança. Renesmee mostra a ele suas lembranças do nascimento, explica toda a confusão, e Irina, sem saída, assume a responsabilidade pelo erro cometido, sendo executada em seguida.


O que poderia ter eclodido no início da batalha, se ninguém tivesse contido a revolta de suas irmãs Kate e Tanya – Kate, inclusive, começou a eletrocutar o homem que acabara de lhe declarar seu amor, e mesmo assim, Garrett não a soltou. E depois de terem suas mentes confundidas pelas miragens criadas por Zafrina, as irmãs Denali concordaram em não começar o ataque.


Olha quem veio para a festa: Alice e Jasper! Os desertores voltaram, e Alice trouxe uma visão quentinha saindo do forno, exclusivamente para o deleite de Aro.


Neste momento, a batalha do filme se torna infinitamente mais interessante que a do livro:
Aro vê o futuro que Alice previu, e deliberadamente a ignora. Então Bella manda o lobo Jacob bater em retirada com Renesmee, enquanto seu escudo mental ainda está estendido sobre os aliados dos Cullen.
E então começa a luta.
1° ROUND: Alice dá um coice em Aro e o arremessa longe. Carlisle literalmente perde a cabeça quando ouve Aro ordenar que seus guardas levem Alice; então os Cullen e suas testemunhas avançam para a luta. Logo na saída de bola Jasper perde a cabeça; um revoltado Emmett domina Alec, um dos vampiros-bruxos Volturi, e arremessa o corpo longe; Jacob corre pela floresta a todo galope com Renesmee montada nele, e é perseguido por um rastreador Volturi, que ele mastiga sem parar para arrotar.


2° ROUND: Benjamin fica horrorizado com o caos que se instaurou na clareira e abre uma fenda no chão até o núcleo da terra, por onde vários personagens despencam, incluindo Edward, que logo retorna, pegando carona numa explosão para arrancar a cabeça de Demetri. E a queridinha psicótica Jane é dominada por Alice e entregue para ser despedaçada por um lobisomem.




3° ROUND – HORA DO ACERTO DE CONTAS: As sádicas, porém, adoráveis irmãs Denali se divertem rasgando ao meio a cabeça de Caius, um dos anciãos Volturi, que ateou fogo ao corpo de Irina, desde a boca. E os romenos Vladimir e Stefan cumprem sua vingança estraçalhando Marcus, que nobremente escolhe não reagir.



NOCAUTE: Bella e Edward unem forças contra Aro, e finalmente, com muito sufoco, fazem a cabeça cabeluda rolar pela neve; e percebam o olhar apavorado do Lorde Volturi ao ver o fogo se aproximando! Uma cena que valeu pela saga inteira.


Claro que nada disso aconteceu de verdade. (Que pena!) Foi só a visão que Alice mostrou para Aro, e que acabou por dissuadi-lo – muito convenientemente – da luta.

Prova de que às vezes os roteiristas escrevem finais melhores que os autores das sagas. No livro não teve nada disso: Edward e Aro apenas tomaram chá com a Rainha da Inglaterra e colocaram o papo em dia; lutar que é bom, nada!
Então, agora que o perigo da luta já passou, e como Aro insiste em executar a criança por não saber se sua espécie singular não será uma ameaça ao segredo de seu mundo – ou seja, ele ainda quer arrumar outro pretexto para dar um teco nos Cullen! –, Alice revela as duas testemunhas que fora buscar numa tribo indígena no Brasil: a vampira Huilen, transformada por seu sobrinho híbrido Nahuel. (Será que eles pensam que só tem índio no Brasil?) Eles contam sua história, tranquilizam Bella acerca da longevidade de Renesmee, e provam que as criaturas metade humanas, metade vampiras não são uma ameaça.
Sem saída, então, Aro ordena a retirada de seu exército.


Tomando emprestadas as palavras que Edward disse no livro: “como todos os valentões, os Volturi são covardes por baixo da arrogância”. O problema é que isso deixa a porta aberta para uma eventual continuação: a revanche da realeza italiana contra o clã que os deixou com as calças borradas!
A cena que se segue à fuga dos Volturi lembra último capítulo de novela: é uma sequência de beijos e abraços sem fim!


E agora que o perigo já passou, e o conto de fadas de Branca de Neve e Cedrico Diggory que começou com “era uma vez” caminha para o “felizes para sempre”, Bella volta a ser humana.

Brincadeirinha! Mas Alice tem uma bonita visão sobre o futuro de Renesmee adulta, vivendo uma história de amor com Jacob, apoiada por seus pais eternamente jovens... Enfim, a família unida.


Mas, espera aí: Alice NUNCA conseguiu ver o futuro de Jacob nem o de Renesmee... Pelo visto ela aproveitou a visita à América do Sul e deu um pulinho no Paraguai para comprar uma previsão falsificada. Que coisa feia...


Então, Edward e Bella retornam aos velhos tempos de romance na campina, onde Bella projeta seu escudo para fora da cabeça um minutinho, permitindo que, pela primeira vez, Edward tenha acesso aos seus pensamentos. Claro que ela só escolheu mostrar momentos bonitinhos: a primeira vez que o viu, seu primeiro beijo, o baile do primeiro filme, como ela ficou devastada quando ele foi embora, o casamento, a primeira noite da lua de mel...
Muito conveniente! Mas nós conhecemos o passado de Bella Swan e todos os detalhes sórdidos ocultos nele que o Edward não viu. Então, para finalizar este último capítulo da comédia vampiresca, vamos abrir uma página do dossiê Bella Swan: o que o escudo escondeu e Edward perdeu.


E assim termina (assim esperamos!) o belo conto de fadas de Bella, Edward, Nessie e as fadas do reino encantado. Uma história que alguns amaram, outros detestaram, outros riram muito (TAMO JUNTO!), se emocionaram, choraram... Enfim, não importa qual seja o motivo: uma saga que nunca conseguiremos esquecer.
Ao menos enquanto os apaixonados insistirem em nos fazer lembrar!



2 comentários:

  1. Confessa, você só estava esperando uma polêmica para postar sobre o último filme... hehe

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  2. Hahaha por incrível que pareça foi coincidência. Eu já estava com a postagem quase pronta quando começou aquela polêmica. Até segurei um pouco para postar.

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