Uma História, Uma Canção

em quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Numa década em que a letra não importa para se vender uma música, é interessante lembrar aqueles que com suas canções contaram uma história, transmitiram uma mensagem, ou simplesmente fizeram poesia.

Vamos esquecer um instante a onda de músicas chiclete cuja letra enfoca sílabas soltas que não dizem absolutamente nada, e relembrar algumas letras que fizeram sorrir, chorar, pensar ou simplesmente viajar por uma história e embalaram bons momentos.
Eu separei cinco canções de gênios que tinham algo a dizer.

Apresento-lhes uma das mais lindas histórias cantadas:


A História de Lily Braun
Chico Buarque/ Edu Lobo

Como num romance,
O homem dos meus sonhos me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam feito um zoom

Ele me comia com aqueles olhos de comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose e até sorri, feliz

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então ficando flou

Como no cinema
Me mandava às vezes uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda ao som do blues

Abusou do scotch
Disse que meu corpo era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces rubras e febris

E voltou
No derradeiro show com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus numa turnê

Como amar esposa
Disse ele que agora só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas,
Me queimou as fotos,
Me beijou no altar


Nunca mais romance,
Nunca mais cinema,
Nunca mais drinque no dancing,
Nunca mais cheese,
Nunca uma espelunca,
Uma rosa nunca, nunca mais feliz


Não dá para falar de amor, sem mencionar certos detalhes...

Detalhes
Roberto Carlos

Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida
Eu vou viver...

Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer
E a toda hora vão estar presentes
Você vai ver...

Se um outro cabeludo aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer saudades minhas
A culpa é sua...

O ronco barulhento do seu carro
A velha calça desbotada, ou coisa assim
Imediatamente você vai lembrar de mim...

Eu sei que um outro deve estar falando ao seu ouvido
Palavras de amor como eu falei
Mas eu duvido!

Duvido que ele tenha tanto amor
E até os erros do meu português ruim
E nessa hora você vai lembrar de mim...

À noite envolvida no silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura o meu retrato
Mas da moldura não sou eu quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso mesmo assim
E tudo isso vai fazer você lembrar de mim...

Se alguém tocar seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer meu nome sem querer
À pessoa errada...

Pensando ter amor nesse momento
Desesperada você tenta até o fim
E até nesse momento você vai lembrar de mim...

Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada
Do tempo que transforma todo amor em quase nada
Mas "quase" também é mais um detalhe
Um grande amor não vai morrer assim
Por isso de vez em quando você vai,
Vai lembrar de mim...


Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito, muito tempo em sua vida eu vou viver
Não, não adianta nem tentar me esquecer...



A canção que todo mundo já cantou e se identificou:

Epitáfio
Titãs
 
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer

Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr

Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...


Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

 

A poesia irreverente e audaciosa de um homem que não dizia meias verdades:

O Tempo Não Para
Cazuza
Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara

Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não para

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha num palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros

Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não para
Não para, não, não para

 

Por fim, o trovadorismo de um eterno apaixonado:

Luisa
Tom Jobim

Rua
Espada nua
Boia no céu
Imensa e amarela
Tão redonda, a lua
Como flutua
Vem navegando o azul do firmamento
E, no silêncio, lento
Um trovador cheio de estrelas
Escuta, agora, a canção que eu fiz
Pra te esquecer, Luísa
Eu sou apenas um pobre amador apaixonado
Um aprendiz do teu amor
Acorda, amor
Que eu sei que embaixo desta neve mora um coração.

Vem cá, Luísa
Me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem, me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca vem me dar um beijo
E um raio de sol nos teus cabelos
Como um brilhante que partindo a luz
Explode em sete cores
Revelando, então, os sete mil amores
Que eu guardei somente pra te dar

Luísa...

 

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