Um Pouco de Paródia, Um Pouco de Clichê, E Muito... Mas Muito Amor Envolvido – E Envolvente!

em quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Daí a criatura acabou de chegar na estante, e já quer ficar na prateleira dos favoritos... Pode isso, produção?
Claro que pode!
Não acontece toda hora, mas de vez em quando, a gente pega um livro, e ele de cara, conquista espaço no nosso Top Five de favoritos.
Foi o que aconteceu comigo, quando esta belezinha me caiu às mãos. O filme não está tão alto assim na minha lista de favoritos, mas o livro... Eu simplesmente não consegui parar de ler. E reler... E reler...


A PRINCESA PROMETIDA
Título Original: The Princess Bride
Autor: William Goldman
Editora: Intrínseca
Páginas: 416
Gênero: Aventura e Fantasia Romântica

Sinopse:
A MAIOR HISTÓRIA DE AMOR DE TODOS OS TEMPOS
Buttercup é uma camponesa que se apaixona perdidamente por Westley, o jovem humilde que trabalha na fazenda do pai dela. Juntos, eles descobrem o amor verdadeiro, mas um trágico acidente envolvendo um navio pirata os separa.
Em poucos anos, Buttercup se torna a mulher mais bonita de todos os reinos e acaba sendo pedida em casamento pelo sádico príncipe Humperdinck. Mas nada, nem um poderoso príncipe amante da caça, é capaz de separar esse amor, e o destemido Westley volta para resgatar sua princesa que foi prometida a outro.

Em uma paródia aos épicos clássicos, William Goldman escreve um divertido romance com direito a tudo que o gênero tem a oferecer: piratas, duelo de esgrima, traições, tramas políticas da realeza e um romance apaixonante. Esta edição de luxo em capa dura traz os textos extras que William Goldman escreveu para as edições comemorativas de 25 e 30 anos da obra original — que misturam ficção e realidade e ajudam a compor o universo emblemático que transformou a obra em um fenômeno. 

EEEEE ❤

 



A Princesa Prometida nos apresenta três histórias de uma só vez: a história de amor ficcional entre Buttercup e Westley, que dá título ao livro; a história fictícia de seu autor fictício, o florinense S. Morgenstern; e a história fictícia de seu autor real, William Goldman, como ele conheceu a obra de S. Morgenstern, e como decidiu reeditá-la, só com as partes boas, conforme é mencionado abaixo do título na folha de rosto.
E como temos três histórias a resenhar, vamos por partes.
Primeiro, conhecemos a história de William Goldman, que teve seu primeiro contato com A Princesa Prometida aos dez anos de idade. Ele estava com pneumonia, e seu pai, que nascera em Florin – mesmo país onde nasceu S. Morgenstern, o autor fictício do livro –, decidiu distraí-lo lendo A Princesa Prometida, maior obra da literatura florinense, escrita por seu mais ilustre autor.
Goldman apaixonara-se pela história naquela ocasião, e foi graças a esse livro que ele se tornou um leitor voraz, e, mais tarde, um famoso autor e roteirista de cinema.
Todavia, Goldman jamais havia lido A Princesa Prometida, até decidir comprar um exemplar para seu filho.
A primeira evidência de que estamos diante de uma biografia ficcional encontra-se nesta passagem, em que um sebo nova-iorquino pretende cobrar mais de mil e trezentos dólares por um exemplar do livro. E nem era primeira edição. E o pior, o cara paga! Paga o livro, paga o frete, e inclusive paga uma polpuda gorjeta ao seu advogado para que ele busque o livro e o entregue em sua casa, já que, na ocasião, Goldman encontrava-se em Los Angeles, trabalhando no roteiro de um filme, enquanto sua esposa e seu filho permaneciam em Nova York.
E depois de ter pago uma pequena fortuna pelo livro, Goldman voltou para casa, e descobriu que seu filho não passara do primeiro capítulo, pois não gostou nadinha da obra que tanto o impressionara na infância.
Verdade é que o relacionamento de Goldman com o filho e com a esposa não era dos melhores. E embora tenha ficado magoado com o desprezo do filho pelo livro, Goldman não demorou a descobrir o motivo, e não pôde culpá-lo. O primeiro capítulo era ridiculamente extenso e repleto de abobrinhas que tornaria cansativa a leitura até para um fã de carteirinha de S. Morgenstern; e o segundo capítulo era ainda pior com cerca de sessenta páginas dedicadas a traçar toda a árvore genealógica do Príncipe Humperdinck, que francamente não interessaria a ninguém. E ele não se recordava de que a história fosse tão maçante assim.
Foi então que ele se deu conta de que seu pai lera para ele somente as partes boas do livro, deixando de lado todo o embromation, e toda a extensa e exaustiva ladainha irrelevante do autor.
Ele sabia que sem toda aquela baboseira, seu filho e vários outros meninos gostariam tanto do livro quanto ele gostou na infância. Assim, ele decidiu convencer seu editor a comprar os direitos da obra para que ele a editasse só com as partes boas.
Daí em diante, conhecemos a trama de A Princesa Prometida. Ao longo da narrativa, o autor interrompe a leitura inúmeras vezes para nos explicar o que foi cortado, e nos dar uma noção do que acontecera nos trechos extensos que ele “resumiu”. Mas essas interrupções, longe de atrapalhar a leitura, ajuda-nos a penetrar nessa trama inusitada, em que um autor, que antes de tudo era um fã apaixonado pelo livro, se intromete na narrativa para nos mostrar sua própria visão da história, como autor e principalmente como leitor.
E A Princesa Prometida – só com as partes boas – é uma história realmente fascinante.
Eu nem sei quantas vezes já assisti o filme, e por já conhecer tão bem a história não imaginava que fosse me empolgar tanto com o livro. Esperava por cenas cortadas do filme, por substanciais alterações que o roteiro pudesse ter sofrido, mas não encontrei praticamente nada nesse sentido. Como o roteiro do filme foi escrito pelo autor do livro, ele promoveu poucos cortes – quase todos cenas que caberiam em flashbacks e que foram simplesmente narradas pelos personagens em suas conversas, mas nada além disso.
Como o filme é relativamente conhecido, assim como fiz com a resenha de ... E o Vento Levou, seguirei com uma mescla de resenha do livro e review do filme. Portanto, sim, haverá SPOILERS! Não diga que eu não avisei.
Conhecemos Buttercup, a camponesa que à certa altura constava entre as vinte mulheres mais belas do mundo, filha de um leiteiro, e não tão esperta quanto gostava de acreditar, que um belo dia descobriu-se apaixonada por Westley, o garoto da fazenda, que trabalhava para seu pai, e crescera ao seu redor, sem jamais aproximar-se de outra forma a não ser como criado. Verdade seja dita, Buttercup talvez jamais tivesse reconhecido que o amava, se não tivesse ficado enciumada pelas atenções que ele recebera de uma Condessa que passara pela região.
Mas depois de declarar descaradamente seu amor, Buttercup sofreu sua primeira decepção quando Westley decidiu ir embora da fazenda. Não porque não correspondia aos seus sentimentos, mas justamente por amá-la tanto quanto ela o amava, a ponto de querer fazer-se digno desse amor. Westley decidiu embarcar num navio para a América, onde esperava fazer fortuna, e mais tarde retornar à Florin – mesmo país onde nasceu o autor S. Morgenstern – para buscá-la.
O problema foi que Buttercup recebeu, meses mais tarde, uma nota comunicando que o navio em que ele viajava fora atacado pelo Infame Pirata Roberts, que tinha fama de não deixar sobreviventes, de modo que seu Westley só podia estar morto.
Foi por isso que Buttercup acabou aceitando o compromisso proposto pelo Príncipe Humperdinck, que tinha ouvido os rumores de sua beleza – a esta altura, Buttercup encabeçava com folga a lista das mulheres mais belas do mundo –, e andava necessitado de casar-se e produzir um herdeiro, para quando em breve seu pai morresse, e ele herdasse a coroa, tivesse para quem deixá-la no futuro.
É curiosa a descrição do autor sobre o Príncipe Humperdinck, que sempre esteve mais interessado em aprimorar seu talento de caçador do que em aprender a governar. Se o casamento tivesse de fato sido realizado, é provável que em algum momento, Buttercup acabasse assumindo os deveres que caberiam ao rei, devido à inabilidade de Humperdinck.
Seja lá como for, Buttercup teve três anos para se preparar para se tornar uma Princesa, e quando a época de anunciar o noivado com o Príncipe finalmente chegou, ela estava resignada com seu destino.
Todavia, Humperdinck tinha ideias audaciosas de declarar guerra à Guilder, o reino vizinho, carecendo somente de um pretexto. Então ele tramou o sequestro de sua noiva, que deveria ter sido levada à fronteira de Guilder, onde ele deveria encontrar seu corpo sem vida, e ter um motivo para a guerra.
E olha só quem ele contratou para esse serviço:
Ele só não contava que o bando contratado fosse ser perseguido pelo obstinado e Infame Pirata Roberts.
Quem assistiu o filme, já sabe o que nos aguarda ao fim deste confronto, não é mesmo? Roberts teve que escalar um grande rochedo para alcançar os raptores da Princesa leiteira, duelar bravamente com Inigo Montoya – cuja habilidade com a espada estava além dos talentos de um mestre, podendo considerar-se um bruxo –, depois enfrentar o gigante Fezzik, e em seguida, desafiar o líder do bando, Vizzini a brindar com ele com um cálice de veneno.
E só depois de ter vencido esses três obstáculos, pôde finalmente revelar a Buttercup que ele, o Infame Pirata Roberts, era na realidade, seu amado Westley, que herdara o título do Infame Pirata Roberts anterior, quando este se aposentou – e por sua vez, ele também herdara o título do detentor anterior e assim sucessivamente até o Infame Pirata Roberts original.
Mas a felicidade do casal não durou muito, porque, depois de rolar de um barranco – empurrado por Buttercup, antes de descobrir que ele era seu amado garoto da fazenda –, eles tiveram que atravessar o Pântano de Fogo, onde enfrentaram dificuldades como a queda acidental da Princesa na areia movediça, que forçou Westley a mergulhar lá dentro, segurando-se nos cipós para poder retornar; ratazanas gigantes que os atacaram e mastigaram bastante o ombro de Westley; e desviar das erupções de fogo que davam nome ao pântano. Aliás, a parte das ratazanas sempre foi uma das cenas mais nojentas que eu me lembro de ter visto num filme bom, em toda a minha vida.
Porém, de nada adiantou escaparem ilesos do pântano, pois o Príncipe Humperdinck os esperava do outro lado, para levar sua Princesa de volta ao castelo e mandar Westley para o diabo que o carregue.
Que nesta história atende pelo nome de Conde Rugen, e é o braço direito de Humperdinck.
Naturalmente, Buttercup não fora levada ao castelo contra sua vontade; ela negociara com o Príncipe o cumprimento de seu compromisso, em troca de que Westley pudesse continuar vivo. Mas, como Humperdinck nunca estabeleceu um prazo, nem as condições que garantiriam a vida de Westley, o rapaz acabou sendo levado para o Zoológico da Morte, uma fortaleza atrás do castelo de Florin que abrigava as piores feras que puderam encontrar naqueles tempos para que Humperdinck pudesse continuar se divertindo com suas caçadas sem precisar se afastar do castelo nem de suas funções Reais.
Mas, calma, Westley não foi lançado às feras. Na verdade, foi reservado a ele um destino pior: servir de cobaia para testar a máquina de tortura criada pelo Conde Rugen, uma parafernália que podia roubar os anos de vida que ainda restavam às suas vítimas.
Enquanto isso, Buttercup começou a se entristecer por causa de seu iminente casamento com o Príncipe, marcado para dali a dois meses, e o dito cujo, todo trabalhado na dissimulação, se propôs a enviar quatro de seus mais velozes navios em todas as direções em busca do navio do Infame Pirata Roberts com uma carta escrita por ela, e, caso Westley ainda quisesse ficar com Buttercup, só teria de voltar e reclamá-la, e o Príncipe a entregaria de bom grado.
Naturalmente, nenhum navio partiu com este propósito, como Buttercup pôde comprovar mais tarde; sobretudo porque Humperdinck sabia muito bem que Westley não havia partido de Florin.
Mas sua raiva foi tanta, que ele decidiu aumentar pessoalmente a potência da máquina de tortura, esgotando de uma vez os anos de vida de seu prisioneiro e rival.
Claro que a maior obra da literatura florinense não poderia continuar sem seu herói. De modo que era preciso que mais alguma coisa acontecesse para unir o nosso feliz casalzinho.
E esse algo foi a dupla Inigo Montoya e o gigante Fezzik.
Inigo passara os meses seguintes ao confronto com o Infame Pirata Roberts – em que o maior espadachim de Florin fora vencido – se entupindo de conhaque nas tavernas do Quarteirão dos Larápios, o local de pior reputação no reino, frequentado por toda sorte de vadios e marginais de Florin, completamente deprimido, porque ele jurara se vingar do homem que matara seu pai, Domingo Montoya, e esperava consegui-lo com a ajuda intelectual de Vizzini. Mas agora Vizzini estava morto. E estando sozinho, ele não se julgava capaz de encontrar o assassino de seu pai novamente.
Pelo menos, até reencontrar Fezzik, e ser arrastado por ele para fora do boteco, tomar umas bolachas e alguns baldes de água na cara, um belo de um sacode, e um chá de toma vergonha, que o fez perceber que, se o que lhe faltava era uma mente astuta, o homem que vencera Vizzini na conversa só poderia ser o substituto ideal.
Foi então que a dupla decidiu unir forças para resgatar Westley no Zoológico da Morte.
Tem só um probleminha...
Claro que encontrá-lo morto lá dentro jogou um balde de água fria em seus ânimos recém-restaurados.
Mas, calma, calma, não criemos pânico! Porque nessa vida só não se dá jeito na morte. De resto...
Se bem que... Talvez com a ajuda de um bom milagreiro, como aquele que cuidara do Rei moribundo por tanto tempo, quem sabe, até a morte possa ser revertida...?
Então, lá foram os nossos amigos negociar com Max Milagreiro, para que ele restituísse a vida de Westley.
Deixando de lado o fato de que esse milagreiro estava com a moral lá embaixo, depois de ter sido demitido por incompetência, porque o Rei continuava piorando apesar de seus esforços, e de só ter concordado em ajudar depois que eles contaram que aquele defunto que eles queriam ressuscitar poderia acabar com a farra do Humperdinck, aquele filho duma porca desdentada que era odiado por metade da população do reino por um sem-número de motivos, nossos amigos conseguiram que ele preparasse uma pílula para trazer Westley de volta à vida.
Apesar da aparência, não são Papai e Mamãe Noel!
Só que essa pílula, além de demorar a fazê-lo recuperar todos os movimentos – e na verdade, não prometia recuperar todos –, teria duração de mais ou menos uma hora. Ou seja, eles teriam uma hora para levar o defunto ao castelo, roubar a noiva do Príncipe e dar linha na pipa antes que Westley empacotasse de vez.
Ou melhor, teriam uma hora... Se o Milagreiro não tivesse se enganado ligeiramente nos cálculos, preparando uma pílula de quarenta minutos...
Mas eles não foram informados disso. De modo que roubaram um carrinho de mão para levar nosso herói ao castelo, com Fezzik, o gigante literalmente pegando fogo – envolto numa capa do holocausto, que o protegia das chamas –, como um enviado do inferno para impedir o casamento de Buttercup e Humperdinck...
... que fora antecipado em mais ou menos uma hora, e estava sendo realizado naquele exato momento. Se é que dá para chamar aquilo de casamento...
Ele que nem pense em beijar a noiva! Porque o castelo está sendo invadido, tem um gigante arrastando o pretendente meio-morto da Princesa...
... enquanto Inigo vai em busca de sua vingança. Porque o homem com quem ele tinha aquela pendenga, o assassino de seu pai, é o braço direito de Humperdinck: o Conde Rugen.
Aliás, esta cena é memorável. Na história do filme, na história do cinema, na história da literatura... Enfim, na história.
Durante muito tempo, Inigo pensou no que iria dizer quando estivesse frente a frente com o assassino de seu pai, até que finalmente decidiu-se por um lembrete simples: “Meu nome é Inigo Montoya. Você matou meu pai. Prepare-se para morrer”. E, conforme o Chaves nos alertou, ele repetiu esse mantra algumas dezenas de vezes até finalmente enterrar a espada nos córneos do filho da mãe. Isso, depois de ter sido ferido quase mortalmente nas tripas. Determinação: seu nome é Inigo Montoya!
A propósito, eu deveria ter incluído a cena na minha postagem sobre as Frases Mais Admiráveis do Cinema.
Enquanto Inigo dava o teco no Conde Rugen, e Fezzik descia o braço em meio mundo, e se perdia entre os corredores do castelo, Westley dera um jeito de se arrastar até o quarto de Buttercup – onde ela se preparava para cometer suicídio, para não ter que consumar seu casamento com o Príncipe –, para informá-la de que o casamento não tinha valor algum, uma vez que ninguém perguntou se ela estava de acordo.
E como Humperdinck não tinha como saber que seu rival, comprovadamente o melhor espadachim do mundo – melhor até do que o melhor de todos, Inigo Montoya, o único bruxo esgrimista que havia naqueles tempos, e já ficou esclarecido que “bruxo”, na esgrima, é um título superior ao de “mestre” –, não tinha como mexer os braços, tampouco segurar uma espada, e sendo o Príncipe um grande bundão, acabou permitindo que Buttercup o amarrasse numa cadeira, e depois fugisse arrastando seu amado moribundo até a janela, sob a qual Fezzik aguardava com os melhores cavalos do reino para dar fuga aos amigos. O que, naturalmente, incluía Inigo, que já se juntara a eles nos aposentos do Príncipe.
Se estão lembrados, o filme termina aí, com a fuga dos nossos heróis, que saltaram a janela, amparados pelo gigante, disparando com os cavalos para longe do castelo. Nunca soubemos o que houve depois que o efeito da pílula do Milagreiro acabou.
Mas o autor não nos deixou com esta curiosidade.
Ao terminar o livro A Princesa Prometida, continuamos nos inteirando da saga de seu autor, William Goldman para transformar o livro em filme. E sobre sua empreitada seguinte, que se trataria de reeditar também a continuação desta história, intitulada O Bebê de Buttercup – que nunca saberemos se chegou de fato a ser escrito inteiro ou não.
Nessa altura descobrimos que, apesar de o mundo inteiro ter gostado de sua edição de A Princesa Prometida Só Com As Partes Boas, os moradores de Florin, especialmente os atuais detentores dos direitos autorais de S. Morgenstein odiaram sua versão, e queriam que Stephen King editasse a continuação. O próprio King – supostamente descendente de florinenses – não gostara da versão de Goldman, e estava animado para adaptar O Bebê de Buttercup. Mas aí o autor conseguiu convencê-lo a pular fora do projeto, depois de revelar os verdadeiros interesses da vaca dissimulada que tinha os direitos de S. Morgenstern, prometendo ir até Florin, visitar o museu dedicado à Morgenstern e mergulhar fundo na continuação desta história, acompanhado agora do neto – nesse meio tempo seu filho cresceu, casou, passou a gostar do livro e o compartilhou com o filho, que também se apaixonou pela história.
E nesse museu ele acabou tendo acesso ao diário onde o autor – S. Morgenstern, no caso – escrevera todo o passo a passo da criação de O Bebê de Buttercup.
O livro não chega a dar muitos detalhes a respeito do autor fictício de A Princesa Prometida. Sabemos apenas que Simon Morgenstern nascera em Florin – um país fictício situado provavelmente no território atual da Alemanha –, e que graças às suas obras admiráveis, que revelaram Florin para o mundo, ele é considerado um herói local – eu poderia dizer que seria como Machado de Assis por aqui, mas não me lembro da existência de nenhum museu inteiramente dedicado ao nosso romancista. Carlos Drummond de Andrade, talvez...
Seja lá como for, Goldman nos presenteia com o primeiro capítulo de O Bebê de Buttercup – dividido em quatro partes –, em que descobrimos que Westley sobreviveu ao vencimento da pílula – e com disposição bastante para engravidar Buttercup –; nossos heróis conseguiram escapar de Humperdinck e encontrar refúgio num lugar inalcançável para o Príncipe; que gigantes podem ser ótimas babás; partos podem demorar dias; que Inigo teve um passado romântico enquanto praticava para se tornar o melhor esgrimista do mundo – aliás, uma parte que ficou totalmente perdida, deslocada e sem propósito, com a falta de continuação do livro –; e temos a triste notícia de que um de nossos herói está prestes a morrer.
E deixa no ar o que seria a promessa de nos entregar O Bebê de Buttercup antes que fosse lançada uma edição comemorativa dos cinquenta anos de A Princesa Prometida.
Promessa esta que... ficou só na promessa mesmo.
Antes de terminar preciso esclarecer umas coisinhas – a quem já leu ou pretende ler o livro:
* A parte biográfica do livro, em que o autor conta como conheceu A Princesa Prometida, que encomendou o livro para o filho, decidiu reeditá-lo e tudo mais, é pura ficção. William Goldman teve somente filhas, o nome de sua esposa não era Helen, e francamente nem quero descobrir se houve alguma Sandy Starling – honestamente, acho que a mulher dele também prefere não saber. Quem leu entenderá. Só a pneumonia foi verdadeira, mas ele já era adulto quando isso aconteceu, e foi o que o inspirou a escrever o livro;
* Nem preciso dizer que a trama toda que envolve S. Morgenstern, o museu em Florin, a própria existência de Florin, e provavelmente o envolvimento de Stephen King com qualquer versão dessa história também é ficção;
* E principalmente: eu gosto bastante do filme – numa lista de favoritos, ele com certeza figura entre os duzentos; não me atrevo a definir uma posição, pois gosto de muitos, dos mais variados gêneros e tem muitos outros de que eu gosto mais, mas posso dizer que gosto bastante deste –, mas o livro foi simplesmente o melhor – permitam-me ressaltar O MELHOR! – livro que eu li no ano passado – e olha que eu li dois da Carina Rissi, que todo mundo sabe que eu amo.
A Princesa Prometida é DEZ!
E o mais importante:

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