Depois do que
parece ter sido uma eternidade, aqui estamos de volta com o quinto filme da
saga Piratas do Caribe – não vou cravar que tenha sido o último, embora o
estúdio tenha garantido que é, porque, em se tratando de franquias de sucesso,
nunca se sabe.
Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar traz de volta –
ainda que em aparições muito pequenas – personagens que haviam ficado de fora
da quarta aventura de Jack Sparrow – sim, estou falando do meu casal favorito,
Will Turner e Elizabeth Swann –, e ainda nos brinda com novos e instigantes
personagens, que só me farão lamentar se esse tiver sido mesmo o último filme
da franquia.
Este capítulo apresentou
várias semelhanças com o primeiro filme, desde a mocinha destemida, que
está muito longe de ser uma donzela em perigo – ela chega a correr perigo em
alguns momentos, assim como sua antecessora, Elizabeth, mas consegue sair da
maior parte das confusões por conta própria –; algumas ações de Henry Turner
que imitam os primeiros passos de seu pai; um parentesco surpreendente sendo
revelado ao longo da trama; e até o momento terror no parque de diversões que
eu destaquei no primeiro filme, fazendo alusão à noite de terror no Playcenter,
quando Elizabeth se descobriu prisioneira num navio cheio de caveiras
ambulantes, ganhou similar nesta aventura, mas desta vez tendo Jack no centro
da confusão. E não vamos esquecer que homens amaldiçoados também foi o tema
principal do primeiro filme da franquia.
Sem mais
delongas, vamos à nossa aventura.
Henry Turner –
lembram dele? O filhote fofucho do Will Turner com a Elizabeth Swann; também
conhecido como gol de placa, já que a lua de mel dos pombinhos durou mais ou
menos meia hora – rema um bote pelo oceano à procura do navio de seu pai, o
Holandês Voador. Não sei bem como a notícia chegou aos ouvidos do garoto, já
que seu pai só pode ir à terra por um dia a cada dez anos, mas com a mãe
morando numa ilha do Caribe, provavelmente frequentada por inúmeras
embarcações, as notícias correm, especialmente quando elas não são muito boas;
e a má notícia é que seu pai está se tornando um projeto de Davy Jones. Quer
dizer, ele não tem tentáculos ainda, mas sua pele está ficando parecida com a
de uma estrela do mar, como a do velho Bootstrap Bill Turner antes de o
Holandês trocar de Capitão.
Antes de
prosseguir eu quero comentar uma coisinha: no final do terceiro filme, No Fim do Mundo, vemos Elizabeth e o filho esperando Will chegar à ilha.
Naquela altura, o menino tem quase dez anos – porque Will só pode pisar em
terra a cada dez anos, e precisamos descontar os nove meses de gravidez, então
sobram uns nove anos e três meses mais ou menos. E naquele momento, vemos que
Will continua o mesmo pedaço de mau caminho que era dez anos atrás, quando
deixou Elizabeth com seu coração naquela ilha. Agora, no quinto filme, quando
Henry Turner vai ao encontro do pai, ele parece ter mais ou menos doze anos –
provavelmente a mesma idade que Will tinha quando foi recolhido à deriva no
oceano pelo navio onde viajava Elizabeth. Ou seja, num intervalo de mais ou
menos dois anos, Will fez alguma cagada que começou a transformá-lo em
homem-peixe, e a notícia se espalhou tão rapidamente, que Henry já o encontrou
com a pele toda estragada.
Só para tentar
esclarecer a cronologia da saga.
Bem, sendo Henry
filho de peixe – nesse momento quase literalmente, inclusive –, ele está
decidido a arrumar confusão com o mundo sobrenatural – como outrora seus pais
fizeram para ajudar Jack Sparrow –, para libertar o pai de sua maldição, e quem
sabe, também livrá-lo do fardo de ser eternamente o Capitão do Holandês Voador.
Pelos rumores que
andou escutando, o garoto está convencido de que o lendário Tridente de
Poseidon pode livrar seu pai da maldição. Pena que Will não acredite na
existência de tal artefato.
Mas Henry não
quer nem saber, e, determinado como qualquer cria de Turner com Swann deve ser,
ele passa os anos seguintes pesquisando tudo o que há para se saber sobre o
Tridente.
Anos depois, já
adulto, Henry faz parte da tripulação de um navio da Marinha Real Britânica que
está navegando nos arredores de Tchuim Tchuim Tchum Claim, à procura de piratas
– porque aparentemente outros nobres da estirpe de Beckett já devem ter mandado
preparar a pipoca para assistir a outro enforcamento coletivo. E o rapaz não
demora a perceber que estão indo direto para a Caverna Sinistra, uma espécie de
túnel entre duas rochas, que, de acordo com as lendas, é amaldiçoado. Os navios
que entram ali geralmente não conseguem sair.
Ele tenta alertar
o Capitão, mas este faz a surda, e diz que o garoto é ridículo por acreditar em
lendas do mar. Mas Henry não está disposto a permitir que o Capitão os arraste
para uma armadilha, e tenta assumir o timão. Esse ataque de rebeldia – em que
ele precisou estapear alguns membros da tripulação que tentaram impedi-lo de se
aproximar do tombadilho – acaba lhe custando a liberdade: suas mangas são
rasgadas em sinal de traição, e ele é trancafiado numa das celas no porão do
navio.
E, sem temer a
superstição, os ingleses entram no Triângulo Sinistro, onde seu navio é atacado
por uma sinistra embarcação meio decomposta, capitaneada e tripulada por homens
mortos, que mesmo na superfície continuam se movendo aos pedaços, meio
flutuando, como se continuassem embaixo d’água.
Para sorte do
jovem Turner, ao se dar conta de que o rapaz está em busca de Jack Sparrow –
para que o ajude em sua jornada atrás do Tridente –, o Capitão do navio
assombrado decide poupar sua vida para que ele leve um recado seu ao infame
pirata.
Durante todo o
período de pré-produção do filme, foi anunciado que este seria o título: Os
Mortos Não Contam Histórias. A frase já havia aparecido na franquia, mas depois
de concluído, a versão brasileira achou por bem mudá-lo para A Vingança de
Salazar. Pessoalmente, gosto mais do título original.
Acontece que esse
Capitão Salazar e sua tripulação estão há muito tempo amaldiçoados pelo
Triângulo Sinistro, e não podem sair dele. Mas em todos os navios que entram em
seus domínios ele deixa um único homem vivo para contar a história. Porque é
como ele disse, os mortos não podem contá-las.
E qual a picuinha
que esse indivíduo teve com o Jack? Aguenta aí, que já, já eu conto pra vocês.
Porque primeiro o
jovem Turner precisa ser resgatado, e levado a um hospital na ilha de San
Martin.
Enquanto esteve
na cela do navio britânico, Turner deixou cair os cartazes que preparara com o
retrato-falado de Jack Sparrow, e o prisioneiro da cela ao lado, reconhecendo o
pirata, informou as mais recentes notícias que ouviu dele: Sparrow morreu e foi
enterrado como indigente num túmulo anônimo em San Martin.
Mas como Henry já
ouviu essa história antes, e sabe que Jack já andou cochilando em caixões para sair de confusão, e na única vez em que realmente empacotou seus amigos fizeram
um sem-número de pactos com tudo quanto é diabo para resgatá-lo, ele imaginou
que a conversa podia não ser tão séria quanto parecia.
San Martin
naquela ocasião vivia momentos de grande agitação. Tinham prendido recentemente
uma mulher acusada de bruxaria. E como todo sentenciado à morte tem o direito
de se confessar, enviaram um velho padre para aliviar a consciência da
prisioneira, a quem ela confessou que não era uma bruxa, mas uma mulher da
ciência; que sobreviveu por sua conta, com nada além do diário de um pai que
não conheceu, em busca da verdade de quem ela é; ela também confessa que provavelmente
vai morrer antes de abandonar essa busca; e confessa que apesar da conversa ela
conseguiu abrir a tranca da cela com um pedaço de arame. Sendo assim, ela
nocauteia o velhinho com a porta da cela ao abri-la, e foge correndo.
Enquanto isso, na
praça principal, o governador da ilha está prestes a inaugurar o novo banco de
San Martin; segundo ele, o mais seguro de todo o Caribe. O novo cofre é bastante
espesso, e pesa quase uma tonelada. Mas ao abri-lo, veem que há um pirata
dormindo lá dentro. E não um pirata qualquer: ninguém mais, ninguém menos que o
nosso amado e infame Capitão Jack Sparrow.
E ele não está
sozinho. Há uma mulher dormindo com ele.
Vish! Bom, pelo
menos, nela o governador não vai
deixar atirar. Mas depois que a tiram do caminho, Jack, que estava tão bêbado
que mal conseguia se orientar, finalmente lembra o motivo de estar ali.
Gibbs, Scrum e
outros piratas estavam atrás do prédio, atrelando o cofre a uma carroça puxada
por vários cavalos, e quando eles dispararam, o prédio inteiro acabou sendo
arrastado atrás deles. Naturalmente, isso não fazia parte do plano; tampouco
arrastar o cofre aberto, deixando cair todo o dinheiro pelo caminho para ser
recolhido pela população; e também não estava nos planos de Jack ser arrastado
pelos pés, esfolando o fiofó pela estrada.
Ele consegue se
libertar das amarras, vai escalando o prédio, e acaba seguindo viagem sentado
em cima do cofre em movimento, enquanto são perseguidos por toda a guarda da
ilha.
No meio dessa
confusão, a suposta bruxa consegue se esgueirar para dentro do instituto de
astronomia, chocando o curador, que a surpreende mexendo em seu telescópio. O
choque dele não se deu por ela ser uma curiosa brincando com seus instrumentos,
mas por ser mulher. Se repararem bem, há uma placa na entrada da loja, dizendo
que é proibida a entrada de cães e mulheres.
Só para se ter
uma ideia do nível de machismo do lugar.
E ela já chega
levando bronca, embora tenha reposicionado corretamente a lente do telescópio
para focalizar uma constelação, provando que sabe o que está fazendo. E é
quando descobrimos porque ela foi acusada de bruxaria: essa mocinha catalogou
mais de duzentas estrelas. Ela é uma astrônoma. Se fosse homem, estaria tudo
certo, mas uma mulher se intrometendo numa ciência tão complexa, só pode ser
uma bruxa.
Ela entrou ali
para comprar um cronômetro, e como está vendendo para uma mulher, e isso parece
ofendê-lo, ela está disposta a pagar em dobro. Nesse momento, porém, o local é
invadido por Jack Sparrow, que ainda está sendo perseguido pelos guardas e
procurando seu banco, que ele perdeu de vista durante a fuga.
Jack aproveita
que está por ali, ajuda a moça a fugir pelos telhados, e a joga numa carroça de
feno.
Depois ele
continua despistando os guardas e consegue chegar ao seu novo navio velho, o
Gaivota Moribunda – o nome faz justiça ao estado da embarcação –, que está em
terra firme, junto à praia, seguro por uma parafernália de troncos de madeira,
cordas e escadas de mão. Os piratas até conseguiram subir o cofre até o convés,
mas foi um trabalho inútil, já que ele estava completamente vazio, depois de
eles terem bancado os Robin Hoods involuntários, derramando seu conteúdo no
meio da gentalha pelas ruas da cidade enquanto fugiam dos guardas. O desânimo
foi tanto por terem ficado sem o tesouro, tecnicamente sem navio, e com um Capitão
batendo biela, que os homens decidiram abandonar o barco e seu Capitão à
própria sorte.
Enquanto Jack
fica sozinho, abandonado na praia da amargura, a suposta bruxa se veste de
freira para visitar Henry no hospital. Ele foi encontrado sozinho, remando contra
a maré até San Martin num pedaço de tábua, e ela ouviu dizer que ele está
procurando o Tridente de Poseidon. Segundo a lenda, quem tiver o Tridente, terá
o domínio dos mares. Acontece que essa moça, Carina Smyth, possui o diário de
Galileu Galilei, o astrônomo, que passou a vida pesquisando o Tridente. Foi por
isso que ele inventou a luneta e passou a vida olhando pro céu. Reza a lenda
que a localização do Tridente está escondida num Mapa Que o Homem Não Consegue
Ler, traçado pelo próprio Poseidon. Felizmente, ela é uma mulher, então, talvez
consiga ler o mapa. Há uma lua de sangue se aproximando, e se o mapa for lido
sob ela, podem descobrir onde está o Tridente. Ela só não gosta é do papinho do
Henry sobre os fantasmas que o enviaram àquele lugar como moleque de recados, a
maldição do Triângulo Sinistro, e do Holandês Voador, e sobre querer o Tridente
para libertar o pai de uma maldição.
Carina dá ao
jovem Turner um pedaço de arame para abrir as algemas – como o que ela usou
para escapar da prisão, quando nocauteou seu confessor –, pois ele está sob
custódia da Marinha Real desde que foi encontrado, porque todos já sabem que
ele foi o único sobrevivente de qualquer que tenha sido o desastre que vitimou
o navio Monarch. E como ele foi encontrado com as mangas rasgadas, um claro
sinal de traição, decidiram investigar se não foi ele o responsável pela perda
do navio e da tripulação. Enquanto ele luta com o arame para abrir as algemas
que o prendem à cama, Carina foge correndo, porque os guardas já a reconheceram
e estão em seu encalço.
Mas desta vez, a
moça acaba sendo recapturada, assim como Jack, que, depois de encher a cara de
rum sozinho no navio, teve a necessidade de sair para comprar outra garrafa, e
como não tinha dinheiro, precisou dar sua preciosa bússola como pagamento. Um
grande erro, pois era exatamente a posse do objeto que impedia os mortos de
saírem para brincar à luz do dia. Mas falaremos a respeito disso mais adiante.
Jack acabou sendo
capturado quando saía da taverna com sua nova garrafa de rum, e foi conduzido a
uma cela na prisão, depois de ter batido um papinho com seu tio, que também se
chama Jack, também estava preso em San Martin e é tão pirado quanto ele. O
sujeito está esperando a manhã toda por uma surra, mas o serviço ali é péssimo.
Nesse encontro, Jack e tio Jack falam brevemente sobre os mares estarem sangrentos
demais, e o tio o aconselha a ficar em terra firme, o que não é problema, já
que Jack está para ser executado.
Por que
apareceram com esse parente fora de hora? Provavelmente porque desta vez, Keith
Richards estava sem agenda para participar do filme. Ou em coma alcoólico. Vai
saber...
Uma curiosidade,
é que Jack é aparentado de tudo quanto é tiozão do rock britânico: depois de
ter sido filho de Keith Richards, ele agora também se revela sobrinho de Paul
McCartney. Sir Paul McCartney, aliás!
Gente chique é outro nível, hein...
Mais tarde, Jack
recebe a visita do jovem Turner em sua cela – o rapaz conseguiu escapar graças
a ajuda de Carina, ficando sem vigilância enquanto os guardas perseguiam a
suposta bruxa. Depois de sair de fininho, Henry roubou o uniforme de um guarda,
e refez os passos de seu pai, que no primeiro filme também havia ajudado Jack a
fugir da prisão. Só que desta vez ele não se prevalece de seus conhecimentos a
respeito das fragilidades das barras da cela, e Jack terá que esperar até o dia
seguinte para sair dessa encrenca.
Por enquanto,
Henry apenas faz o reconhecimento do homem de quem tanto ouviu falar, e se surpreende
ao descobrir que o pirata que viveu tantas aventuras com seus pais é um bêbado
pirado na batatinha, mas Jack concorda em ajudá-lo em sua aventura, se ele
conseguir livrá-lo da execução.
Pois é, Jack...
Não temos notícias desse nosso amiguinho desde a Baía Naufrágio. Tudo leva a
crer que o Madruguinha foi aposentado por tempo de serviço. Ou vai ver
transferiram a função dele para os arames que Carina Smyth adora sacar dos
bolsos...
As execuções do
pirata e da bruxa foram marcadas para o dia seguinte logo cedo. Jack teve até a
oportunidade de escolher como gostaria de morrer, na forca ou na guilhotina, e
como ele nunca ouviu falar na segunda, mas o nome é francês, ele imagina que
seja o método mais simpático de passar desta para melhor.
Quanto à
afirmação do Jack sobre a culinária francesa, há controvérsias. Mas ao
descobrir que perderá a cabeça – literalmente –, ele se arrepende de ter escolhido
a guilhotina, e tenta trocar por apedrejamento, ou esquartejamento, ou um
confronto direto com a Dona Florinda, ver o filme do Pelé, qualquer coisa... Mas
é tarde demais. Ele é posto na guilhotina, e fica a minutos de exalar seu
último suspiro.
Enquanto isso,
Carina Smyth também é levada ao patíbulo, e já está com a corda no pescoço
quando decide fazer um discurso com suas considerações finais.
Em seguida ela
começa a discutir com Jack, que também quer ter o direito às suas últimas
palavras, mas ela não quer ceder a vez. Então, Jack decide ser cavalheiro, e
ceder a ela a honra de morrer primeiro. Afinal, primeiro as damas.
Claro que ela não
está nem um pouco ansiosa para ser pendurada pelo pescoço, embora Jack tenha
lhe informado que nem sempre ele se quebra, mas apenas se desloca. Se estão
lembrados, foi o que aconteceu com Rick O’Connell em A Múmia, e ele só
não sufocou até a morte, porque Evy se aproveitou da burrice do homem que o
condenara à morte para comprar sua liberdade a preço de banana. Que mais tarde
se transformou num escaravelho carnívoro, que devorou os poucos miolos que o
sujeito possuía, mas esta é uma outra história.
Mas no caso de Jack,
a escapatória é pouco provável, já que não existem muitas possibilidades de sua
cabeça continuar casada com o pescoço depois de ter sido atravessado por uma
lâmina.
Eis que os
guardas começam a perder a paciência com essa lenga-lenga, e decidem
executá-los de uma vez, mas bem nesse momento Henry Turner imita seu pai mais
uma vez, invadindo a praça pendurado numa corda, e se jogando no meio da
confusão para lutar com os guardas pela liberdade dos prisioneiros.
Então os piratas
da tripulação de Jack, que se esgueiraram sorrateiramente para a praça, abrem
fogo contra os guardas. Eles conseguiram arrastar um canhão para o meio da
praça, e começaram a disparar suas cargas uma atrás da outra. Boa parte da
plateia é evacuada pelo pânico, e uma bala de canhão acaba atingindo a
guilhotina onde Jack está preso, transformando o aparelho no brinquedo de
parque de diversões mais perigoso do mundo, com a lâmina subindo e descendo
enquanto ele dá voltas e mais voltas, sob o risco de ter a cabeça cortada no
processo.
Scrum sobe ao
cadafalso para ajudar Carina, e a moça aproveita para chutar o carrasco para
fora do patíbulo, mas no meio da confusão, alguém esbarra na alavanca que abre
o alçapão, fazendo a moça despencar, e ela só não se enforca porque Henry
aparece na hora certa para segurá-la pela popa... Ou pelo bombordo... Eles não
chegaram a um acordo sobre isso.
Anna Valerious já
tinha dado esse conselho à vampira Aleera em Van Helsing – O Caçador de Monstros, ao lhe enfiar uma estaca no coração: se você quer matar alguém,
mate logo, não fique apenas se gabando.
Assim sendo,
depois de toda a confusão ter terminado – depois de Jack ter conseguido sair da
armadilha mortal, e de escapar por alguns centímetros de ser atingido pela
lâmina voadora; e de ter negociado o valor de seu resgate com seus homens, e só
para esclarecer, ele negociou o valor que os piratas deveriam pagar a ele por ter lhes concedido a honra de resgatá-lo; e de ter ficado com três
ou quatro espadas cravadas na placa de madeira que restou da guilhotina, e da
qual ele só conseguiu se livrar depois de ter chutado meio mundo – o jovem
casal é levado para o navio dos piratas.
Se é que dá para
chamar aquilo de navio...
Uma engenhoca bastante
engenhosa acaba por lançar o navio de volta ao mar. Os piratas derrubam as
escadas e os troncos que sustentam o navio em terra, e a quilha desliza por uma
espécie de trilho até atingir a água. E, surpreendentemente, o navio consegue
flutuar no raso do mar.
Então Jack resume
as condições para a viagem: Carina e Henry ficarão amarrados no mastro, e
informarão a direção para onde devem navegar. Isso, porque Jack já foi traído
vezes suficientes para saber que não deve confiar em qualquer um que atravesse
o seu caminho. Além disso, ele já revistou o diário que encontrou com a bruxa,
e não viu mapa nenhum traçado nele, embora ela continue alegando que possui o
mapa para o Tridente de Poseidon.
Não que faça
muita diferença. O próprio Jack alega que aqueles homens são analfabetos. Para
eles todo mapa é o Mapa Que o Homem Não Consegue Ler. Se bem que Gibbs
conseguiu ler direitinho o mapa que roubaram de Sao Feng, antes de queimá-lo na
frente do Barbossa, de modo que ele fosse o único que soubesse como chegar à
Fonte da Juventude na aventura passada. Bem, ele e o Jack, é claro, mas
sabemos que Gibbs tomou essa precaução para salvar o próprio rabo, e não porque
estava com saudade de navegar com o amotinado.
Enfim, ao ser
pressionada, Carina explica que o mapa não está completo. Tecnicamente, ele ainda
nem existe. E como sua historinha está mal contada, Jack decide ameaçar jogar o
jovem Turner para fora do navio – pois supôs corretamente que entre eles estava
rolando um clima –, para forçá-la a contar direitinho onde é que estava o mapa.
Quando ela revela que o mapa está escondido nas estrelas, eles permitem que ela
veja que havia um bote amarrado na popa do navio, e que eles arremessaram o
rapaz dentro dele.
Agora que já
sabem que o mapa não está no papel, deixem a mocinha trabalhar para encontrá-lo,
seus piratas, faz favor!
Ah, sim, a
propósito, Carina, como você pretende encontrar o mapa escondido nas estrelas?
Joga nada! Todo mundo sabe que você adoraria ter
sido o pai dessa criança, Jack.
Aliás, longe de
mim querer xingar a mãe do moleque, mas considerando a folha corrida dela, não
é exatamente impossível que você seja o pai do Henry, não é, Jack?
Depois que os
piratas fazem uma série de piadinhas sobre a afirmação de Carina ser também
horologista – ela se referia a ciência relacionada aos instrumentos de medição
de tempo, mas os piratas interpretaram equivocadamente como sendo algo que eu
vou referir aqui como a atividades de
reprodução biológica grupal –, eles finalmente deixam a moça observar as
estrelas para tentar determinar a rota a ser seguida.
Enquanto isso, finalmente
temos notícias de outro personagem extremamente importante nessa saga: o
Capitão Barbossa. Se estão lembrados, no filme anterior, Barbossa se apossara
da espada encantada, do chapéu, do navio e da tripulação de Barba Negra, depois
de ter despachado o sujeito para o outro mundo. Desde então, muita água rolou,
e Barbossa se tornou o senhor dos mares do Caribe. Sua frota já conta com dez
navios, sendo o maior deles o Vingança da
Rainha Ana, que ele roubou de Barba Negra, cujo camarote ele aparentemente
andou ampliando, pois agora parece uma mansão flutuante.
Aliás, contava com dez navios em sua frota,
pois eles acabam de ser atacados pelo Capitão Salazar, que deixou somente um
homem vivo em cada navio, para avisar ao Barbossa que ele está em busca de Jack
Sparrow. O fantasmão já havia contado ao Henry, lá no início do filme que a
única coisa que poderia libertá-lo do Triângulo Sinistro era Jack Sparrow e a
bússola que ele possui – aquela que aponta para o que a pessoa mais quer. E,
como já citei, Jack se desfez da bússola antes de ser preso em San Martin, e
graças a isso, os fantasmas puderam sair do Triângulo. E eu detesto ter que
fazer esse tipo de observação numa saga tão boa, mas se estão lembrados, Jack
já havia se separado daquela bússola antes: no segundo filme, quando a deu à
Elizabeth, para que encontrasse o baú que guardava o coração de Davy Jones; e
depois ele a deu ao seu imediato, Joshamee Gibbs, no quarto filme, para que ele
pudesse localizar o Pérola Negra no armário do navio de Barba Negra – e aliás,
isso aconteceu depois de tê-la recuperado numa barganha, pois o instrumento
havia sido furtado dele por Angélica. Isso não deveria ter libertado os
fantasmas antes desse filme?
Enfim...
Ao ser informado
de que Salazar está procurando seu antigo desafeto, e do boato de que Jack
estaria numa nova aventura em busca do Tridente de Poseidon, Barbossa consulta
uma bruxa que vive no porão de seu navio, sobre como deve proceder.
Ela o adverte de
que todos que cruzam sua porta pagam com sangue, de um jeito ou de outro. Mas
como ela lhe deve um favor, uma vez que ele a salvou de ser executada muitas
luas atrás, ela lhe dá a bússola de Jack, que eu nem quero saber como chegou às
suas mãos, para que ele barganhe com o Capitão Amaldiçoado.
Assim, Barbossa
vai ao encontro do navio de Salazar – um encontro fatal para vários membros de
sua tripulação.
Barbossa também
não sabe qual é a picuinha daquele homem sinistro com Jack, e o homem não se
faz de rogado em lhe contar a história.
Acontece que num
passado muitíssimo distante, quando Jack era ainda um adolescente imberbe,
Salazar era o que se pode chamar de caçador de piratas, conhecido pela alcunha
de El Matador Del Mar. Ele estava determinado
a expurgar os mares de toda aquela corja de bandidos, purificando aquelas águas
manchadas de sangue. E teria conseguido, não fosse por certa criança
intrometida.
Essa criança, era
Jack Sparrow. Foi justamente nessa ocasião que Jack ganhou o apelido que o tornou
famoso – Sparrow, em inglês, quer dizer pardal, e foi com um pardal que o
Capitão Salazar comparou as maneiras de Jack naquele encontro funesto.
O capitão do
navio que Jack tripulava, e que navegava com uma esquadra, foi mortalmente
ferido quando Salazar os atacou, e em seu último suspiro, entregou a bússola a
Jack – aquela bússola que Tia Dalma disse que tinha dado ao Jack pessoalmente,
no segundo filme –, e o incentivou a destruir o espanhol. O navio de Jack era o
único ainda inteiro, e o único que ainda tinha marujos vivos – a maioria bem
jovem –, e Jack organizou rapidamente um contra-ataque. Chamando a atenção de
Salazar, ele tirou o navio do meio da fumaça da esquadra incendiada, e o conduziu
para uma armadilha. Com o auxílio de diversos cabos, a tripulação de Jack
conseguiu fazer o navio se agarrar às pedras perto do grande rochedo,
desviando-os antes de chegar ao Triângulo Sinistro, mas a visão de Salazar
estava bloqueada pelo navio de Jack, e eles não tiveram tempo de manobrar o
navio, indo direto para dentro da fenda amaldiçoada. Ali, seu navio foi
destruído e consumido pelo fogo, mas sua tripulação não pôde descansar em paz.
Bem, essa foi a
explicação do filme, mas a vida real traz uma curiosidade interessante: Javier
Bardem, que deu vida ao Capitão Salazar nesse filme, é marido de Penélope Cruz,
a intérprete de Angélica Teach, que fora abandonada por Jack numa ilha deserta
ao regressarem da Fonte da Juventude na aventura passada. E não vamos nos
esquecer que Jack já havia enganado a mocinha, na época em que ela trilhava o
caminho dos santos, pretendente a tornar-se freira na Espanha. Então, conte
essa história direito, Salazar: você quer é se vingar do malandro por ter dado
um perdido na sua digníssima senhora, né?
A escolha do
elenco nessa saga é uma coincidência, no mínimo, interessante.
Barbossa, que não
tem nada a ver com nenhum desses rolos, promete entregar Jack Sparrow ao
Capitão Amaldiçoado até o nascer do sol do dia seguinte. Se não cumprir a
promessa, Salazar pode matá-los como preferir.
E por que causa,
motivo, razão ou circunstância o Barbossa foi se intrometer nesse rolo? Este é
um mistério muito complexo, e para resolvê-lo, precisaremos consultar aquele
sábio...
Sério. Ninguém
apresentou um motivo convincente para o seu envolvimento nessa confusão, exceto
que o Barbossa estava interessado no Tridente. O que não fez muito sentido,
pois naquela altura, Barbossa era, como já foi dito, o manda-chuva dos oceanos,
com vários navios a seu serviço. Nem imagino o que mais ele poderia querer
dominar com o Tridente. Ele até tinha um tesouro a reencontrar, mas não teria
precisado do Tridente para isso, como verão mais à frente.
O império Britânico
também quer o Tridente para dominar os mares, e obrigam a Bruxa de Barbossa a
traçar uma rota para eles.
Enquanto isso, no
navio de Jack, ele está pressionando Carina a lhes fornecer a rota para a ilha
onde o Tridente de Poseidon está escondido. Como ela sabe que é uma ilha? Bem,
acontece que em sua última noite em San Martin, enquanto Jack estava na prisão,
e Henry procurava confusão e um meio para libertá-lo, ela estudou o diário de
Galileu Galilei que seu pai lhe deixou, e quando a lua de sangue apareceu no
céu, ela iluminou o rubi incrustado na capa de couro, e ele começou a brilhar,
revelando uma mensagem escrita na capa, que dizia “Revelará o poder dos oceanos se tudo dividir”, e uma ilha em
relevo logo abaixo.
Mas descobrir a
rota certa da ilha era mais difícil do que ela imaginava. E agora não há mais
tempo para examinar o céu, pois tão logo o sol nasce, eles se deparam com o
navio de Barbossa rebocando o do Capitão Salazar no horizonte. Barbossa usara a
bússola para encontrar Jack pelo caminho mais curto. E como os piratas sabiam
que, de novo, o monstro só estava interessado em seu Capitão, decidiram
lançá-lo ao mar num bote com o casalzinho de penetras, em direção a uma ilha
qualquer para poderem escapar. Tipo a Elizabeth, abandonando Jack para o
Kraken.
Honrando o
espartilho que veste nessa saga, a mocinha não demorou a abandonar o bote,
decidida a alcançar a ilha a nado, sem correr o risco de ser capturada com os
piratas. E quisera Henry fazer o mesmo, mas nesse momento começaram a ser atacados
por tubarões fantasmas.
Não entendeu essa
piada? Leia a review número dois da saga.
O barco quase foi
pra cucuia, mas nossos amigos conseguiram alcançar a ilha, e imediatamente
descobriram que estavam em segurança, pois os fantasmas não podem pisar em
terra firme, ou viram poeira. De novo, é mais ou menos a mesma lógica aplicada
ao Davy Jones.
Pena que a Carina
tenha fugido correndo antes de ser informada desse detalhe, justamente com medo
dos fantasmas, em quem até um minuto atrás ela sequer acreditava, e num
descuido, acabou caindo numa armadilha no interior da ilha.
Jack e Henry
foram correndo lhe dar as boas notícias, e não demoraram a encontrá-la, mas
também acabaram capturados.
Mas, calma aí,
gente, porque os nativos dessa ilha não estão interessados em comer nossos
heróis. Quer dizer, tem uma certa nativa que até tem intenções de jantar o
Jack, mas com outra conotação.
Acontece que –
surpresa #SóQueNão – Jack já andou arrumando confusão com o governador daquela
ilha, e agora ele está querendo se vingar. E com requintes de crueldade:
casando-o com uma baranga bem embarangada, e obrigando-o a assumir três ou
quatro capetinhas que ela andou parindo sabe-se lá com quem. E aí tem o
problema: se correr, o bicho pega – ele se enforca com a corda que puseram em
seu pescoço –, se ficar, a monstra o come. E vai dar indigestão, porque a
mulher parece ser portadora de todas as doenças contagiosas que já apareceram
nesse planeta desde o início do mundo.
E quem aparece
para salvar o dia?
Mas não se empolga,
não, Jack, porque, embora ele não vá te jogar às feras, também não faz questão
de te livrar da sua pendenga com o Capitão Salazar. Barbossa quer propor uma
aliança que os levará ao Tridente de Poseidon, com o qual eles poderão
despachar a fantasmada para o quinto dos infernos.
Sim, o Pérola
Negra! O navio havia sido engarrafado por Barba Negra em algum momento entre No
Fim do Mundo e Navegando Em Águas Misteriosas, e Jack o guardara, esperando
encontrar um modo de devolvê-lo aos oceanos. Esse meio agora se apresenta sem
ser procurado: a espada de Barba Negra perfurando o vidro da garrafa quebra o
feitiço, e o navio começa a crescer imediatamente nas mãos de Jack.
Experimenta jogar
na água, Jack, quem sabe...
Finalmente,
depois de todo esse trabalhão, nossos heróis estão prontos para sair à caça do
Tridente, e com alguma vantagem sobre os fantasmas.
Carina retoma seu
trabalho, estudando as estrelas para revelar o mapa, e Jack passa a ocupar o
lugar que havia sido destinado aos pombinhos: amarrado no mastro – pois
Barbossa não confia nele.
Como no caminho
para Deus-Sabe-Onde não havia muito que fazer, Barbossa decidiu gastar seu
tempo conhecendo melhor a mocinha que prometia lhe revelar o mapa escondido nas
estrelas. E já chega cheio de galanteios...
Naturalmente,
Carina não foi tão lisonjeira ao
responder ao Barbossa. Acontece que esta não foi a primeira vez que o velho
pirata pôs os olhos naquele livro. E ele sabia que o diário havia sido roubado
de um navio italiano durante um ataque pirata, e se lembra de que havia um rubi
incrustado na capa, que ela ainda carrega no bolso. Mas, contrariando sua
acusação, ela não o roubou de lugar nenhum.
E apesar de suas
acusações enfurecerem Carina, ele tem certa razão no que diz, como comprova ao
perguntar o nome dela.
É natural que
Barbossa conheça as estrelas, afinal, ele é um Capitão, e no mar, na
impossibilidade de se encontrar ruas e avenidas, são as estrelas que indicam
quais caminhos seguir.
Mas é bom que ele
saiba que tinha boi na linha, prestando bastante atenção nessa conversa.
Daí é claro que o
Jack tenta usar essa informação para barganhar sua liberdade, mas Barbossa não
cede, embora também não queira que a coisa seja divulgada. Afinal, ele agiu com
muito mais decência do que outro patife qualquer teria feito, depois que a mãe
da menina morreu no parto, deixando-a num orfanato, com aquele diário,
esperando que o rubi incrustado na capa pudesse lhe dar algum sossego na vida.
Claro que ele nunca pensou que ela fosse levar a sério aqueles rabiscos e
deduzir que o pai era um homem da ciência, interessado em fazer grandes
descobertas para a humanidade.
Pelo menos ele
pode se orgulhar de uma coisa: sua filha é uma mulher inteligente – muito mais
do que a maioria dos homens que já passaram por esse elenco. E ao assumir o
leme, ela não demora encontrar a direção certa.
E como o filme
ainda está meio longe de acabar, é claro que os problemas também estão a
caminho. Como era de se imaginar, Salazar está novamente no encalço dos nossos
heróis, agora que perdeu sua bússola – literalmente! E eu estou falando do
Barbossa.
Uma tempestade
cai enquanto os piratas lutam contra os fantasmas, o que teoricamente deveria
atrapalhar Carina, que precisava ver as estrelas para se certificar de que
estava no caminho certo. Mas, provando ser realmente uma boa horologista, ela
se mantém firme no curso, e leva o navio em direção à ilha mostrada na capa do
diário.
O Pérola Negra é
conduzido para o interior de um ancoradouro, o que os livra momentaneamente da
presença inconveniente dos fantasmas, que ainda não podem pisar em terra firme.
A ilha para onde
o mapa os conduziu é repleta de cristais, que formam um reflexo perfeito do céu
estrelado. E uma única olhada basta para Carina descobrir que falta uma
estrela.
Eles se aproximam
do local apontado por ela, e descobrem um cristal vermelho quebrado ali, que
não está brilhando sob o sol como os outros. Então ela percebe que o rubi que
estava incrustado na capa do diário é um pedaço daquela estrela, e o encaixa de
volta. Imediatamente, a estrela começa a brilhar, conectando-se a outras
estrelas também vermelhas, formando a constelação que leva o nome da mocinha, e
que corta a ilha ao meio. Uma linha também é traçada no oceano, que começa a se
abrir, fazendo Carina e Jack despencarem no abismo subaquático.
Enquanto isso,
Henry, que tinha sido capturado pelos fantasmas durante a luta, está prestes a
ser molestado por uma entidade. Isto é, ele será forçado a um contato imediato
do terceiro grau com o Capitão Salazar, que pretende tomar seu corpo por possessão,
para poder ir à terra, e matar Jack Sparrow com suas próprias mãos. Ou melhor,
com as mãos do jovem Turner. Mas os outros fantasmas o advertem de que a
possessão é um caminho sem volta: se tomar o corpo do garoto, ficará preso nele
para sempre.
Assim, ele também
se joga no abismo, para tentar enfiar a espada em Jack, enquanto Carina luta
para remover o Tridente do túmulo de Poseidon, o que ela só consegue dando uma
voadora no negócio.
O problema é que
quem consegue se apoderar dele é o Capitão Salazar, que imediatamente se
liberta do corpo de Henry, e volta a atacar Jack, usando agora todo o poder dos
oceanos contra ele.
E é nesse momento
que Carina finalmente decifra o enigma escrito na capa do diário: o Tridente
controla tudo o que há nos mares, inclusive suas maldições; ou seja, se quebrar
o Tridente, todas as maldições serão quebradas.
Eis que Carina e
Henry se unem e avançam contra Salazar, conseguindo quebrar o Tridente com uma
espada. Como previram, as maldições se quebram junto, e Salazar e seus homens
recuperam a forma humana natural. Mas bem nesse momento, o oceano começa a se
fechar. Jack, Henry e Carina correm para a âncora do Pérola Negra, que começa a
ser puxada pela tripulação. Barbossa, que desceu para dar uma mãozinha aos
amigos na última hora, impede que Carina despenque da corrente, e nesse momento
ela vê a tatuagem no braço dele, com a constelação de quem ela herdou o nome, e
percebe que ele é o seu pai.
Pena que eles não
tiveram tempo de estreitar esse laço recém-descoberto, pois Barbossa decidiu se
sacrificar para impedir o Capitão Salazar de alcançar seus amigos. Ele deixa
Carina segura na corrente e salta, golpeando Salazar com sua espada. O corpo do
espanhol bate na âncora, esbagaçando-se inteiro, e Carina vê o pai que acabou
de reconhecer despencar para a morte no abismo que está se fechando.
Considerando que
Barbossa já ressuscitou uma vez nessa saga, é possível que, caso o filme tenha
mais uma continuação, e Geoffrey Rush não se considere velho demais para voltar
ao personagem, ele volte outra vez para continuar sua guerra de trapaças com o
Jack.
Quando a âncora
emerge, e todos são levados a bordo, Jack – que é um grande alcoviteiro nessa
saga, convenhamos – entrega discretamente ao Henry o diário que Carina perdera
no fundo do oceano, para que ele o devolva à moça, e arranje assim um pretexto
para se entender com ela.
Quando Henry se
aproxima, Carina conta que por um instante teve tudo, e agora não tem mais nada.
Todo mundo já
entendeu que a história está chegando ao fim, não é?
Nosso novo
casalzinho desembarca na ilha onde mora Elizabeth, e ficam no aguardo de notícias
a respeito do propósito que levou Henry a entrar nessa aventura, que, caso não
se lembrem, era libertar o pai do controle do Holandês Voador. Se bem que eu
acho que até o Henry já se esqueceu a essa altura que o objetivo era esse. E
desconfio que a amnésia começou no momento em que ele deu uma apalpada na popa
dessa mocinha.
Tanto faz!
Carina admite que
se equivocou por não acreditar no sobrenatural, e que há coisas que a ciência
não pode explicar. E Henry escolhe esse momento para tentar beijá-la. Só para levar um tapa!
Pois é, moça,
seguro morreu de velho.
Mas não dá tempo
para muita coisa, porque, bem nesse momento, o Holandês Voador surge no
horizonte, e Will Turner desembarca na ilha, subindo o morro em direção aos
pombinhos.
Mas desta vez
Will Turner está disposto a ouvir tudo nos mínimos detalhes, agora que seu
tempo em terra deixou de ser limitado.
Estão sentindo
falta de alguém, para completar esse núcleo familiar?
Aí vem ela:
senhoras e senhores, Elizabeth Swann!
E para apagar o
fogo dessa donzelinha beijoqueira, cujo currículo a gente conhece bem.
Enquanto a
família Turner começa a fazer planos para curtir a aposentadoria do seu
patriarca – a propósito, alguém viu o Bootstrap por aí? Parece que esqueceram
de contar o que aconteceu com ele –, Jack finalmente retoma o posto de Capitão
do Pérola Negra – o tesouro que ele tanto lutou para recuperar desde o primeiro
filme, sempre perdendo-o das maneiras mais inacreditáveis –, mas agora, ele vai
zarpar sem destino certo.
E, apesar das
afirmações do estúdio na época da produção do filme, a cena extra no final dos
créditos deixa em aberto a possibilidade de uma sequência: Will e Elizabeth são
vistos dormindo tranquilamente em uma casa visivelmente mais modesta do que a
mansão do governador da Jamaica onde a moça cresceu. Eis que de repente surge
uma sombra grotesca, cuja silhueta muito se assemelha à Davy Jones, invade o
quarto e ergue uma espada sobre a cabeça de Will, que acorda assustado,
constatando que foi apenas um pesadelo.
No entanto, os
rastros de água e pedaços de peixe no chão ao pé da cama indicam que a aparição
pode não ter sido só um sonho.
Considerando que
Davy Jones morreu como um amaldiçoado, e todas as maldições dos mares foram
quebradas com a destruição do Tridente de Poseidon, é possível que tenhamos
notícias do nosso velho amigo Barba de Tentáculos, caso a Disney decida
produzir novas sequências para a franquia. O que é bem provável, considerando
que: embora menor que a da trilogia inicial, a bilheteria dos últimos dois
filmes não chegou a ser ruim – arrecadando cinco e quatro vezes o orçamento,
respectivamente –; e que o filme mais recente pareceu enunciar um reboot da
saga; e que alguns atores já deram a entender que podem participar de uma
possível continuação; acho que podemos alimentar esperanças para o futuro.
De minha parte,
espero que, caso novos filmes sejam produzidos nesta franquia, possamos
conhecer melhor esses novos personagens tão brilhantemente introduzidos neste
capítulo, Henry Turner e Carina Smyth-Barbossa; e se possível conhecer o futuro
de personagens que já estão entranhados nesta história, como Will e Elizabeth.
E claro, Jack, nosso amado Capitão Jack Sparrow. Até porque, certa mocinha
ficou devendo uma vingancinha para cima do pirata, não é mesmo, Angélica?
Então, é provável
que um dia desses voltemos com novidades a respeito dessa saga. Até lá, é com
você Will Turner:
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